sexta-feira, 30 de setembro de 2011

História: 20 anos do Grande Prêmio da Espanha de 1991

Após os resultados do Grande Prêmio de Portugal, o novo circuito de Barcelona poderia já ver uma decisão de campeonato em sua estréia no calendário da F1, pois Ayrton Senna estava com a faca e o queijo nas mãos. Mesmo Mansell já tendo o melhor carro do momento, Senna tinha chances reais de conquistar o tricampeonato na Espanha, ainda mais após outra presepada de Mansell antes mesmo dos carros irem a pista. Num simples amistoso de futebol entre pilotos e jornalistas, Mansell marca dois gols e era candidato a melhor em campo, quando torce o tornozelo esquerdo. O inglês mal conseguia andar, mas para sorte dele, o moderno Williams FW13 não utilizava embreagem no pé, mas Frank Williams ficou extremamente irritado com mais uma de Mansell.

A McLaren sabia que teria que ser criativa para conseguir segurar o ímpeto de Mansell e passa a usar mais Gerhard Berger, em péssima temporada, mas querendo se manter útil à equipe. O austríaco consegue sua sétima pole na carreira, enquanto Mansell se mantém ainda com chances de título ao ficar à frente de Senna, mas o inglês estava cercado pelas McLarens. Entre as demais equipes, destaque para Michael Schumacher, mais uma vez mais rápido do que Nelson Piquet, desta vez com quase um segundo de vantagem. O tricampeão estava claramente desmotivado, ainda mais com a saída do seu amigo Roberto Moreno da F1 na Espanha, substituído pelo promissor Alessandro Zanardi na Jordan.

GRID:
1) Berger(McLaren) – 1:18.751
2) Mansell(Williams) – 1:18.970
3) Senna(McLaren) – 1:19.064
4) Patrese(Williams) – 1:19.643
5) Schumacher(Benetton) – 1:19.733
6) Prost(Ferrari) – 1:19.936
7) Alesi(Ferrari) – 1:20.137
8) Capelli(Leyton House) – 1:20.584
9) Pirro(Dallara) – 1:20.651
10) Piquet(Benetton) – 1:20.676

O dia 29 de setembro de 1991 estava chuvoso em Barcelona e o clima não estava nada bom entre os pilotos de ponta. Durante o briefing, foi discutido a largada de Mansell no Estoril, onde o inglês conseguiu fechar Senna em apenas poucos metros. Claro que Mansell não concordou e tomando as dores do amigo e companheiro de equipe, Berger se exaltou e os dois componentes da primeira fila quase saem no tapa antes mesmo da largada! Para piorar as coisas, a chuva pára e a pista secava claramente. Prost exige largar com pneus slicks, mas a Ferrari não deixa, expondo as feridas entre o piloto francês e a equipe italiana. Havia uma natural expectativa sobre o comportamento de Mansell e Berger na largada, mas ambos se comportaram tão bem que Senna quase sobe para primeiro, mas Berger se mantém na ponta graças ao pouco entusiasmo de Senna em não ultrapassar o companheiro de equipe. Outro que faz uma bela largada é Schumacher, que pula para quarto, deixando Mansell para trás durante a primeira volta. Apesar de não haver muito spray, a pista de Barcelona estava claramente escorregadia, mas não houve maiores incidentes na primeira curva.

Os quatro primeiros colocados abrem uma boa diferença para os demais e tomam a corrida para si. Ao contrário do normal, Senna não se aproveitava da pista em condições variáveis, em que gosta mais, e não ataca Berger, enquanto Mansell não tem tanta paciência assim e logo ultrapassa Schumacher, ainda na segunda volta. Em poucas curvas, Mansell já colava em Senna, mostrando todo o equilíbrio do Williams-Renault. Na abertura da quinta volta, Mansell sai do vácuo de Senna e cruza a reta dos boxes ao lado do brasileiro. McLaren e Williams a ponto de tocar pneus, com seus dois pilotos acelerando a fundo numa das mais conhecidas e impressionantes imagens da história da F1. O mundo prendeu a respiração, pois sabia que nem Senna, muito menos Mansell iriam aliviar. Chegou o momento da freada. Ambos frearam no limite, mas Mansell estava por dentro e executa a ultrapassagem. Foi um dos momentos mais bonitos da F1 e um dos marcos de uma era, pois 1991 foi a última vez em que Piquet, Prost, Mansell e Senna correram juntos. Para muitos, foi a maior geração que a F1 já viu!

Contudo, a corrida não foi decidida nesse momento, pois com a pista claramente seca, começaram os pit-stops para colocar pneus slicks, começando com Prost, ainda irritado por a Ferrari não o ter deixado largar com esses pneus. Quando Mansell já alcançava Berger, o inglês resolveu ir aos boxes, com Senna logo atrás. A Williams não queria repetir o vexame da semana anterior e fez um pit-stop muito cauteloso, fazendo com que Mansell voltasse atrás de Senna. Quando todos estavam com pneus slicks, era Senna quem liderava a corrida, seguido por Berger, Mansell, Schumacher, Prost e Piquet. Claramente fazendo sinais para Berger passar, Senna deixa o companheiro de equipe assumir a ponta novamente, mas a chuva voltou a dar as caras! Não foi uma pancada de chuva tropical, mas molhou a pista ainda mais e para surpresa de todos, Senna foi o primeiro a cair nas armadilhas do piso molhado ao rodar bem na frente de Mansell. Um ás da pista molhada, Senna estava irreconhecível em Barcelona.

A chuva deu apenas uma pitada na corrida, uma das melhores de 1991, e Mansell rapidamente se aproximou de Berger para brigar pela ponta. Se alguém esperava uma briga acirrada, uma continuação do arranca-rabo da manhã, se decepcionou, com Mansell mergulhando por dentro e Berger quase perdendo o controle do seu McLaren, como se tivesse levado um susto. Schumacher se empolga e quando estava prestes a ultrapassar Berger, acaba errando e saindo da pista. Para piorar as coisas para a Benetton, Schumacher entra de surpresa nos boxes e acaba atrapalhando a parada programada de Piquet! Ambos perdem muito tempo com a manobra, enquanto Mansell liderava com ampla vantagem sobre o segundo colocado, que seria Prost quando Berger tem o motor quebrado na volta 33. Mesmo com um carro aquém do esperado, o professor ainda era capaz de fazer algo mais! Mansell venceria novamente e o campeonato não estava fechado, mas se não decidiu o campeonato, o novo circuito de Montmeló viu uma linda corrida de F1 e mais uma exibição de gala de Mansell.

Chegada:
1) Mansell
2) Prost
3) Patrese
4) Alesi
5) Senna
6) Schumacher

Um comentário:

Anônimo disse...

Apenas uma correção, o modelo que a Williams utilizava no campeonato de 1991 era o "FW14".

Lembrete:

É bom lembrar que Senna poderia ser campeão na Espanha (com duas provas de antecedência) caso:

- Mansell terminasse a prova em 2º e o piloto brasileiro da McLaren em 3º ou 4º lugar, porque a diferença no campeonato cairia para 22 ou 21 pontos respectivamente, e só teria 20 pontos em jogo restando duas provas (Senna 87 ou 86 X 85 pontos de Mansell);

- Se Mansell for 3º, aí Senna poderia terminar em 6º lugar (Senna 84 X 83 pontos de Mansell) e

- Se Mansell for 4º até 6º, então Senna nem precisaria terminar a prova, porque o piloto inglês da Williams não alcançaria os 83 pontos do piloto brasileiro (Senna 83 X 82, 81 ou 80 pontos de Mansell).