quinta-feira, 22 de setembro de 2011

História: 20 anos do Grande Prêmio de Portugal de 1991

A F1 chegava ao circuito do Estoril com a disputa cada vez mais polarizada entre Ayrton Senna e Nigel Mansell. Alain Prost se arrastava em uma Ferrari em crise, enquanto Nelson Piquet cumpria suas últimas corridas na F1 e os dois segundos pilotos de McLaren e Williams, Gerhard Berger e Ricardo Patrese, apenas comboiavam seus ilustres companheiros de equipe na luta pelo título mundial de 1991. A grande realidade é que desde a descoberta das irregularidades no carro da McLaren no início da temporada e o ganho de confiabilidade no carro da Williams, o campeonato se tornou mais emocionante, com Senna tendo que se virar em como segurar o ímpeto de Mansell, que algumas vezes atrapalhava o próprio inglês, que perdia corridas ganhas por erros próprios.

Porém, a Classificação em Portugal foi emocionante e protagonizada pelos pilotos ‘errados’. Enquanto todos esperavam assistir ao embate entre o talento de Senna em tirar o coelho da cartola e conseguir uma volta excepcional contra a força da Williams de um agressivo Mansell, eis que os coadjuvantes de McLaren e Williams se sobressaem e ficam com a primeira fila, com Ricardo Patrese conseguindo a sétima pole na sua longeva carreira. O fato surpreendeu ainda mais por que o italiano teve o motor fundido na sexta-feira e sem carro reserva, Patrese teve que usar o carro que estava acertado para Mansell, que tinha um set-up todo particular que somente o inglês conseguia guiar. Mais atrás, o novato Michael Schumacher novamente superava Nelson Piquet, mostrando as suas credenciais logo de cara...

Grid:
1) Patrese(Williams) – 1:13.001
2) Berger(McLaren) – 1:13.221
3) Senna(McLaren) – 1:13.444
4) Mansell(Williams) – 1:13.667
5) Prost(Ferrari) – 1:14.352
6) Alesi(Ferrari) – 1:14.852
7) Gugelmin(Leyton House) – 1:15.266
8) Martini(Minardi) – 1:15.394
9) Capelli(March) – 1:15.481
10) Schumacher(Benetton) – 1:15.578

O dia 22 de setembro de 1991 estava quente e ensolarado no Estoril e o dia estava perfeito para uma corrida de F1, ainda mais decisiva. A reta muito estreita do autódromo Fernanda Pires da Silva algumas vezes trouxe problemas na largada, mas se não houve acidentes, não deixou de haver confusões. Usando sua conhecida agressividade, Mansell forçou para cima de Senna e tomou a posição do brasileiro, deixando o piloto da McLaren. Senna ainda tentou uma revanche, mas Mansell não apenas fechou a porta, como ainda na mesma manobra conseguiu tomar o segundo lugar de Berger. Depois da corrida, Senna demonstrou a irritação com a manobra de Mansell e de forma ameaçadora, dizia que não tiraria o pé na próxima vez. O mundo pensou em ver novamente os lamentáveis incidentes de Suzuka nas duas últimas temporadas...

O que importava era que a Williams liderava o Grande Prêmio de Portugal em dobradinha e não demoraria muito para Patrese e Mansell trocarem de posições e o inglês, não apenas primeiro piloto como também lutando pelo título, subisse uma posição e ganhasse pontos preciosos. Sem chances frente aos carros da Williams, Senna e Berger apenas viam os carros azuis e brancos dispararem à sua frente, para completa impotência de Senna, que via a possibilidade do tricampeonato ir abaixo. E as coisas pioraram bastante quando a esperada troca de posições entre Mansell e Patrese aconteceu na volta 18, com o inglês abrindo uma boa diferença logo que seu nome apareceu na primeira posição. A corrida era sem graça, com dois Williams, dois McLarens e duas Ferraris, com bastante espaço entre eles, na ponta da corrida. Isso, até as paradas.

Naquela época era conhecida a pouca eficiência da Williams em matéria de pit-stops. Quando a corrida era decidida na rapidez dos mecânicos, o piloto da Williams sempre acabava perdendo e isso era até mesmo folclórico na F1. Como também era folclórica a falta de sorte de Mansell em pit-stops, não raras vezes ficando pelo caminho ainda no pit-lane. Dois anos antes, no mesmo circuito de Portugal, Mansell tinha aprontado uma das suas besteiras mais famosas quando errou o pit da Ferrari, meteu uma ré, acabou desclassificado, mas levando Senna consigo. Na volta 30, o inglês da Williams entra nos boxes no que seria sua única parada. A tensão estava no ar. O pit-stop tinha que ser rápido para não dar chance a McLaren. Tudo parecia normal, quando os mecânicos se atrapalham na roda traseira direita. Quando o carro foi ao chão, um mecânico acena desesperado para não liberarem Mansell, mas aí era tarde demais. Nigel engata a primeira e sai com a roda em questão solta. Não demorou mais do que alguns metros para a roda sair em direção a uma equipe que esperava um dos seus carros. A cena era até cômica, enquanto Mansell parecia chorar dentro do seu carro e os mecânicos faziam um pit-stop irregular bem no meio do pit-lane.

Após quase um minuto parado, Mansell retornou a pista em 17º e com uma ferocidade típica de um Leão, saiu devorando seus adversários com seu Williams, mas após onze ultrapassagens em dezesseis voltas, a esperada bandeira preta veio a cena e ao contrário de 1989, Mansell rapidamente foi aos boxes para abandonar a corrida e o campeonato. Após esse incidente, nada demais aconteceu durante a corrida e mesmo com a Williams vencendo, Senna estava praticamente com o tricampeonato garantido. Até o vencedor Patrese parecia sem graça no pódio, tamanho era a decepção da Williams, mas quem não tinha nada a reclamar era Senna, com boas chances de ser campeão já na corrida seguinte em Barcelona.

Chegada:
1) Patrese
2) Senna
3) Alesi
4) Martini
5) Piquet
6) Schumacher

Um comentário:

Anônimo disse...

Relatos da prova:

- O desempenho do Williams FW14 Renault em corridas era fantástico; em 1992, a Williams tinha um carro dominante;

- Primeira vez que Nelson Piquet terminou a corrida à frente de Michael Schumacher (seu companheiro de equipe na Benetton) e

- 6 pontos do 2º lugar importantíssimo para Ayrton Senna na luta do campeonato de 1991, já que Nigel Mansell foi desclassificado, porque a equipe Williams trocou o pneu traseiro direito do seu carro na pista de rolamento.