Até 1971, o circuito de Monza era uma mal disfarçada pista oval, com a diferença de que a maioria das curvas era para a direita. Sem as chicanes, Monza era composta apenas por três grandes retões, a Curva Grande, as duas de Lesmo, a Curva Del Vialone e a Parabólica. Por sinal, as corridas na pista italiana eram bem parecidas com as atuais corridas da Indy em oval, onde o vácuo era muito importante e vários carros corriam agrupados, usando a tática para estar no melhor lugar na chegada e conseguir a melhor posição possível. Por causa das altíssimas velocidades, as equipes faziam acertos bem extremos, onde asas dianteiras eram arrancadas e os carros ficavam pelados aerodinamicamente. A Lotus foi ainda mais radical e trouxe o Lotus 56, mais conhecido como Lotus Turbina. Sendo testado por Emerson Fittipaldi em pequenas corridas na Inglaterra, o revolucionário carro com um motor de helicóptero Pratt & Whitney faria sua estréia oficial na F1 em Monza. Porém, isso também seria conveniente para Colin Chapman se livrar do processo judicial contra ele na Itália por causa da morte de Jochen Rindt no ano anterior, tanto que a Lotus não participou oficialmente da corrida, correndo pela bandeira da World Wide Racing.
Como a potência era essencial em Monza, quem tinha motores de doze cilindros levariam uma vantagem substancial e isso ficou claro com a Matra conseguindo a pole com Chris Amon, além das boas posições da BRM e da Ferrari. Dos carros com motores Ford Cosworth, quem estavam bem era Tyrrell e March, enquanto o problemático Lotus Turbina só deu a 18º posição para Emerson Fittipaldi.
Grid:
1) Amon(Matra) – 1:22.40
2) Ickx(Ferrari) – 1:22.82
3) Siffert(BRM) – 1:23.03
4) Ganley(BRM) – 1:23.15
5) Cevert(Tyrrell) – 1:23.41
6) Peterson(March) – 1:23.46
7) Stewart(Tyrrell) – 1:23.61
8) Regazzoni(Ferrari) – 1:23.69
9) Schenken(Brabham) – 1:23.73
10) Pescarolo(March) – 1:23.77
O dia 5 de setembro de 1971 estava quente e ensolarado, como sempre acontece em Monza no início de setembro, favorecendo para que a corrida na pista próxima de Milão se desenrolasse de forma normal. Bom, normal entre aspas. A prova em Monza era uma corrida única, diferente de todas as outras. Na largada, Clay Regazzoni consegue uma espetacular saída e pula de oitavo para primeiro, liderando os momentos iniciais da corrida. Contudo, o suíço não tinha sossego e era constantemente acossado por vários carros, que o rodeavam na briga pelo primeiro lugar.
A briga constante pelo vácuo em alta velocidade fazia com que vários carros se amontoassem, provocando a imagem de um verdadeiro esquadrão. O que temos parecido hoje é em Texas, com os carros da Indy andando lado a lado o tempo inteiro. Regazzoni liderou até a volta 17, quando entrou nos boxes com problemas no motor. O March de Ronnie Peterson, correndo praticamente sem nenhum aparato aerodinâmico, parecia ser o mais rápido naquela tarde, porém, o sueco tinha que se virar nas curvas. Isso não era propriamente um problema grave para Peterson, que era visto atravessando em algumas curvas, bem ao seu estilo. Stewart, Cevert, Hailwood, Siffert e Amon disputavam a liderança com Peterson, mas Stewart abandonaria com o motor quebrado, enquanto Siffert iria aos boxes com o câmbio travado na 4º marcha. Mais atrás, o inglês Peter Gethin avançava no pelotão. Tendo largado em 11º com seu BRM V12, Gethin rapidamente se aproximava do pelotão que tinha Cevert, Peterson, Hailwood, Ganley e Amon. Dos seis, Chris Amon era o mais experiente e todos apostavam no neozelandês como possível vencedor da prova, mas o azar, velha companheiro do piloto da Matra, se fez presente mais uma vez. E de forma bizarra. Na volta 46, Amon foi retirar uma sobreviseira, já suja de óleo e borracha, mas Chris acabou por tirar sobreviseira e viseira! Com a visão embaçada, o neozelandês perderia rendimento e saía da briga pela vitória.
Faltando cinco voltas, a corrida estava indefinida, com cinco pilotos que nunca haviam vencido uma corrida de F1 andando juntos na perigosa pista de Monza. Até aquele momento, sete pilotos diferentes já tinham liderado uma volta e a liderança tinha mudado de mãos 24 vezes. Aquela não era uma cena incomum em Monza, pois em 1967 e em 1969 o Grande Prêmio da Itália foram lembrado por chegadas emocionantes, decidida nos metros finais. E seria assim novamente! Na volta 52 Gethin seria o oitavo piloto a liderar uma volta naquele dia ao ultrapassar Hailwood, mas na passagem seguinte, a última, Ronnie Peterson retomava a ponta. Quando os carros se aproximaram da Parabólica pela última vez, Cevert pôs seu Tyrrell por dentro, mas Peterson freou muito tarde, permanecendo em primeiro, mas sem o impulso necessário para ter uma boa velocidade na reta dos boxes. Cevert passa Peterson na saída da última curva, mas Gethin, por dentro e mais embalado, usa a potência do motor BRM para conseguir sua única vitória da F1 e a última da construtora inglesa. Tendo que frear para não bater em Gethin, Cevert ainda perde a segunda posição para Peterson, que cruza a bandeirada 0.01s atrás de Gethin. Não se sabe se essa é a menor diferença entre o 1º e 2º colocado na história dos Grandes Prêmios, pois Barrichello venceu o GP dos Estados Unidos de 2002 com apenas 0.011s de vantagem sobre Schumacher, mas obtida por erro do alemão, que se confundiu com a linha de chegada e de largada, freando antes da hora.
Peter Gethin não marcaria mais pontos no campeonato de 1971 e os nove pontos da sua vitória representou mais de 80% do cartel do inglês, pois ele só marcaria outros dois pontos na carreira. Aquela corrida em Monza foi a mais rápida da história e Henri Pescarolo havia conseguido a volta mais rápida da história da F1 com uma média absurda de 247 km/h, que só seria batida mais de trinta anos depois por Juan Pablo Montoya também em Monza, com uma F1 infinitamente mais segura do que naquela época. Com o clamor pela segurança ficando mais forte no início da década de 70, Monza sofreria uma grande reformulação em 1972, com duas chicanes aparecendo no final da reta dos boxes e também no final da Curva Del Vialone, surgindo em seu lugar a Variante Ascari. O lay-out da pista permanece o mesmo deste então, mas corridas como a de quarenta anos atrás em Monza nunca mais voltou a acontecer.
Chegada:
1) Gethin
2) Peterson
3) Cevert
4) Hailwood
5) Ganley
6) Amon
Como a potência era essencial em Monza, quem tinha motores de doze cilindros levariam uma vantagem substancial e isso ficou claro com a Matra conseguindo a pole com Chris Amon, além das boas posições da BRM e da Ferrari. Dos carros com motores Ford Cosworth, quem estavam bem era Tyrrell e March, enquanto o problemático Lotus Turbina só deu a 18º posição para Emerson Fittipaldi.
Grid:
1) Amon(Matra) – 1:22.40
2) Ickx(Ferrari) – 1:22.82
3) Siffert(BRM) – 1:23.03
4) Ganley(BRM) – 1:23.15
5) Cevert(Tyrrell) – 1:23.41
6) Peterson(March) – 1:23.46
7) Stewart(Tyrrell) – 1:23.61
8) Regazzoni(Ferrari) – 1:23.69
9) Schenken(Brabham) – 1:23.73
10) Pescarolo(March) – 1:23.77
O dia 5 de setembro de 1971 estava quente e ensolarado, como sempre acontece em Monza no início de setembro, favorecendo para que a corrida na pista próxima de Milão se desenrolasse de forma normal. Bom, normal entre aspas. A prova em Monza era uma corrida única, diferente de todas as outras. Na largada, Clay Regazzoni consegue uma espetacular saída e pula de oitavo para primeiro, liderando os momentos iniciais da corrida. Contudo, o suíço não tinha sossego e era constantemente acossado por vários carros, que o rodeavam na briga pelo primeiro lugar.
A briga constante pelo vácuo em alta velocidade fazia com que vários carros se amontoassem, provocando a imagem de um verdadeiro esquadrão. O que temos parecido hoje é em Texas, com os carros da Indy andando lado a lado o tempo inteiro. Regazzoni liderou até a volta 17, quando entrou nos boxes com problemas no motor. O March de Ronnie Peterson, correndo praticamente sem nenhum aparato aerodinâmico, parecia ser o mais rápido naquela tarde, porém, o sueco tinha que se virar nas curvas. Isso não era propriamente um problema grave para Peterson, que era visto atravessando em algumas curvas, bem ao seu estilo. Stewart, Cevert, Hailwood, Siffert e Amon disputavam a liderança com Peterson, mas Stewart abandonaria com o motor quebrado, enquanto Siffert iria aos boxes com o câmbio travado na 4º marcha. Mais atrás, o inglês Peter Gethin avançava no pelotão. Tendo largado em 11º com seu BRM V12, Gethin rapidamente se aproximava do pelotão que tinha Cevert, Peterson, Hailwood, Ganley e Amon. Dos seis, Chris Amon era o mais experiente e todos apostavam no neozelandês como possível vencedor da prova, mas o azar, velha companheiro do piloto da Matra, se fez presente mais uma vez. E de forma bizarra. Na volta 46, Amon foi retirar uma sobreviseira, já suja de óleo e borracha, mas Chris acabou por tirar sobreviseira e viseira! Com a visão embaçada, o neozelandês perderia rendimento e saía da briga pela vitória.
Faltando cinco voltas, a corrida estava indefinida, com cinco pilotos que nunca haviam vencido uma corrida de F1 andando juntos na perigosa pista de Monza. Até aquele momento, sete pilotos diferentes já tinham liderado uma volta e a liderança tinha mudado de mãos 24 vezes. Aquela não era uma cena incomum em Monza, pois em 1967 e em 1969 o Grande Prêmio da Itália foram lembrado por chegadas emocionantes, decidida nos metros finais. E seria assim novamente! Na volta 52 Gethin seria o oitavo piloto a liderar uma volta naquele dia ao ultrapassar Hailwood, mas na passagem seguinte, a última, Ronnie Peterson retomava a ponta. Quando os carros se aproximaram da Parabólica pela última vez, Cevert pôs seu Tyrrell por dentro, mas Peterson freou muito tarde, permanecendo em primeiro, mas sem o impulso necessário para ter uma boa velocidade na reta dos boxes. Cevert passa Peterson na saída da última curva, mas Gethin, por dentro e mais embalado, usa a potência do motor BRM para conseguir sua única vitória da F1 e a última da construtora inglesa. Tendo que frear para não bater em Gethin, Cevert ainda perde a segunda posição para Peterson, que cruza a bandeirada 0.01s atrás de Gethin. Não se sabe se essa é a menor diferença entre o 1º e 2º colocado na história dos Grandes Prêmios, pois Barrichello venceu o GP dos Estados Unidos de 2002 com apenas 0.011s de vantagem sobre Schumacher, mas obtida por erro do alemão, que se confundiu com a linha de chegada e de largada, freando antes da hora.
Peter Gethin não marcaria mais pontos no campeonato de 1971 e os nove pontos da sua vitória representou mais de 80% do cartel do inglês, pois ele só marcaria outros dois pontos na carreira. Aquela corrida em Monza foi a mais rápida da história e Henri Pescarolo havia conseguido a volta mais rápida da história da F1 com uma média absurda de 247 km/h, que só seria batida mais de trinta anos depois por Juan Pablo Montoya também em Monza, com uma F1 infinitamente mais segura do que naquela época. Com o clamor pela segurança ficando mais forte no início da década de 70, Monza sofreria uma grande reformulação em 1972, com duas chicanes aparecendo no final da reta dos boxes e também no final da Curva Del Vialone, surgindo em seu lugar a Variante Ascari. O lay-out da pista permanece o mesmo deste então, mas corridas como a de quarenta anos atrás em Monza nunca mais voltou a acontecer.
Chegada:
1) Gethin
2) Peterson
3) Cevert
4) Hailwood
5) Ganley
6) Amon
Um comentário:
Muito Obrigado amigo.
Gostaria de saber se estaria interessado em participar de nosso campeonato de Formula 1 Clássicos da www.ligacbr.com ???
Grande Abraço!
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