domingo, 23 de setembro de 2012

Estrela de Vettel. E Alonso.


Fernando Alonso tem aquele negócio que tudo o que deseja, ele acaba conseguindo. Claro, com muito trabalho e competência, mas também com sua dose de sorte. Depois de levar oito décimos de Hamilton nos treinos, o espanhol falou que lutaria unicamente pelo pódio, pois não tinha chances de enfrentar a McLaren e a Red Bull de Sebastian Vettel. Ainda antes de levar tudo isso de Hamilton, o piloto da Ferrari apontou para o inglês como seu rival mais perigoso. Pois com a corrida nas mãos, Hamilton viu um enorme zero no meio do seu volante indicando a quebra do seu câmbio e a vitória acabou caindo nas mãos de Vettel, que foi o mais rápido nos treinos livres e era realmente o mais veloz com os pneus macios. E Alonso, se aproveitando de mais uma quebra do azarado Maldonado, conseguiu o que queria e diminuiu o prejuízo frente a Vettel, que provavelmente seria o único a ter chances de impedir a vitória de Hamilton.

Quando digo que Cingapura tem sua cara, foi provado hoje. A corrida estourou em uma volta o limite de duas horas de prova. Os pilotos saíam dos carros suando em bicas pelo forte calor, mesmo a prova sendo realizada à noite. E vários incidentes, principalmente no pelotão intermediário, marcaram a corrida de hoje, que trouxe, como sempre, o safety-car. Hamilton dominou a primeira parte da corrida até ter o câmbio quebrado e seu movimento de mãos era como se dissesse a si mesmo ‘Porque comigo?’, enquanto Vettel tomou o bastão de piloto dominante no país asiático e venceu com enorme facilidade, mesmo tendo que se preocupar com duas relargadas e Button algumas vezes lhe fungando no cangote. O jovem alemão venceu pela segunda corrida consecutiva em Cingapura, mas a Red Bull vem mostrando um desempenho irregular neste ano, saindo de corridas excelentes para outras medíocres, particularmente em circuitos rápidos, como o de Suzuka na próxima quinzena. Quem também se mostra irregular é Mark Webber, que após sua vitória em Silverstone se tornou o piloto burocrático do ano passado e teve que se contentar com a décima posição, atrás de Daniel Ricciardo, que marcou pontos novamente com a Toro Rosso. Do jeito que vai, Webber terá que engolir ser o escudeiro de Vettel até o final do ano, pois o alemão ainda não tem situação fácil no campeonato.

Alonso fez uma corrida discreta e se aproveitando de problemas mecânicos de pilotos que vinham à sua frente (Hamilton e Maldonado), conseguiu seu objetivo no final de semana: o pódio. E quase que o espanhol ainda conseguia algo mais quando na primeira relargada, Button quase encheu a traseira de Vettel. A McLaren tem o melhor carro, mas a agressividade de Hamilton está tirando mais do carro do que a delicadeza de Button, que muitas vezes de aproximou de Vettel, mas faltou o instinto assassino, como diria Damon Hill em referência à Ayrton Senna, para atacar o alemão. E este instinto sobra para Hamilton, mas o inglês não teve nada o que fazer e a McLaren poderá perde-lo, pois Hamilton parece cansado de sempre morrer na praia com a McLaren e os Euros da Mercedes, fora a perspectiva de melhoria da equipe, lhe parecem agradar bastante. Felipe Massa teve um início de corrida altamente negativo e até a entrada do safety-car, o brasileiro parecia ter um dia daquelas, mas ajudado pela entrada do Mercedes pilotado por Bernd Maylander, Massa protagonizou a manobra da corrida ao ultrapassar Bruno Senna com o carro totalmente desequilibrado, na parte mais estreita da pista. Massa ainda teve tempo de passar Ricciardo e encostrar em Grosjean, mas teve que se conformar com a oitava posição. Contudo, por tudo o que aconteceu com o brasileiro no começo da prova, estes pontos podem ser comemorados, mesmo não ajudando Alonso, que hoje é o principal objetivo de Massa.

Quem irá comemorar hoje é Paul di Resta, que conseguiu um ótimo quarto lugar em sua melhor posição na F1 e o que foi melhor, com méritos próprios e sem atacado pelo quinto colocado Nico Rosberg, quando na verdade, o escocês estava mais próximo de se aproximar de Alonso. Já Hulkenberg tentou uma estratégia diferente e acabou se dando mal pela sequencia de safety-car e um toque em Kobayashi, que furou seu pneu já no final da prova, mas lhe garantiu, com pneus supermacios, a melhor volta da corrida. Rosberg fez uma prova anônima, mas garantiu bons pontos para si e para a Mercedes com o quinto lugar, ao contrário de Schumacher, que cometeu um erro grosseiro no mesmo em que também encheu a traseira de Petrov. Em 2012, a vez foi de Jean-Eric Vergne. Schumacher até recuperava aos poucos sua reputação com boas atuações, mas esse erro em Cingapura poderá trazer novas críticas e a pergunta: Não está passando da hora de se aposentar? Pérez não conseguiu o milagre da multiplicação de voltas com um mesmo set de pneus e não marcou pontos, enquanto Kobayashi errava no final e fazia Peter Sauber reclamar de outro bico quebrado. Koba é agressivo, mas de mitológico, sinceramente, não tem nada e digo isso faz tempo.

A Williams foi a grande perdedora do dia. Maldonado fez uma largada limpa e tranquila, mesmo perdendo duas posições para Vettel e Button. Tudo o que o venezuelano não precisava era um acidente com os líderes do campeonato. Depois, Pastor fez uma corrida limpa, andando no ritmo dos líderes da prova e sem ser muito pressionado por Alonso, mas um problema hidráulico o fez perder rendimento, foi atacado fortemente pela Ferrari de Alonso e a Williams, como é tradicional, errou na estratégia antes do venezuelano abandonar. Uma lástima. Assim como para Bruno Senna, que largou em 22º após uma punição, mas fez uma baita corrida de recuperação até abandonar nas voltas finais, quando tentava se manter na zona de pontuação. Mesmo num circuito de alto downforce, onde era seu forte, a Lotus não foi nada bem em Cingapura e dificilmente ganhará uma corrida em 2012, mesmo com os vários pódios que o sexto colocado Kimi Raikkonen conseguiu ao longo do ano. Voltando de sua suspensão, Romain Grosjean andou mais rápido do que o finlandês nos treinos, mas recebeu a famosa ‘Kimi is faster than you’ e cedeu sua posição à Kimi. A Marussia ficou bem próximo de marcar um pontinho com Glock finalizando a prova em 13º, mas os abandonos acabaram por ali, enquanto Karthikeyan trouxe o primeiro safety-car e a Caterham, após sonhar em se aproximar do pelotão intermediário, agora está mais próximo da Marussia.

Não foi uma corrida dos sonhos de todos e foi até cansativa de ver, com poucos bons momentos, mas que pode trazer a Red Bull de volta à briga pelo título com outra boa exibição de Vettel. Hamilton terá que lutar muito nas seis provas que restam para enfrentar um Alonso que parece conseguir tudo o que quer. Quem sabe, até o tricampeonato.

Um comentário:

Ron Groo disse...

Alonso venceu sem vencer.
Lewis zerou e parece ser o único que pode pegar o espanhol. O único que tem carro pra isto.
Vettel venceu mas o carro não tem o perfil pras próximas.
Ta cheirando tri.