quinta-feira, 30 de maio de 2013

A Corrida da morte

Quarenta anos atrás realizava-se uma edição das 500 Milhas marcada por tristeza lembrança de todos. Foram três mortes e doze feridos gravemente ao longo do mês de maio de 1973. Era uma era em que os pilotos enfrentavam o solo sagrado de Indianápolis com carros rapidíssimos, mas com gasolina até o talo no tanque e a segurança beirando a precariedade. Porém, a época permitia e até incentivava esse tipo de loucura, onde grandes pilotos como Johnny Rutherford, Bobby e Al Unser, Mark Donohue, Mario Andretti e A.J. Foyt arriscavam seus pescoços pelo prêmio máximo de vencer em Indianápolis, além do milhão de dólares do qual o vencedor tinha direito.

Porém, antes mesmo da bandeira verde aquela edição seria sinistra, com a morte de veterano Art Pollard durante os treinos, 47º vítima até então de Indianápolis. Piloto mais velho na época, com 46 anos, Pollard morreu na hora quando estampou seu carro na curva 1, capotou logo em seguida e se incendiou. Rutheford ficou com a pole em seu McLaren-Offenhauser, mas os grandes favoritos eram os carros Eagle. No dia 28 de maio, a segunda-feira do final de semana do Memorial Day, estava muito nublado e a largada já havia sido atrasada pela insistente chuva. Para piorar, havia perspectiva real de mais chuva naquele restante de tarde, porém um enorme acidente na largada fez com que a programação atrasasse, a esperada chuva deu finalmente as caras e a corrida foi adiada em um dia.

O americano Salt Walther largava em 17º quando foi tocado por Jerry Grant. O McLaren de Walther foi jogado contra a cerca de segurança e com tanques cheios, espalhou gasolina para o público que estava próximo do local do acidente, ferindo seriamente onze pessoas. Com a pista encharcada de gasolina, vários carros derraparam bateram, totalizando nove carros acidentados, mas o caso mais sério era mesmo de Walther, que para deixar a sua situação mais dramática, além do fogo, a frente do seu carro foi arrancada e seus pés ficaram expostos. Com a pista cheia de detritos e a chuva caindo forte, a corrida foi adiada para terça-feira, mas o clima em Indianápolis estava ainda pior naquele dia, incluindo um nevoeiro e a prova foi para a quarta-feira.

Os pilotos já estavam apreensivos e os torcedores cansados. A corrida já era conhecida como as 72 Horas de Indianápolis. E para piorar, a quarta-feira amanheceu chovendo novamente, mas por volta do meio dia a chuva parou e a segunda largada foi dada às duas horas de tarde. Bobby Unser dominou o início da prova até seu Eagle quebrar. Quem assumiu a liderança foi a nova promessa do automobilismo americano e discípulo de Dan Gurney, o jovem Swede Savage, de 26 anos. Com o estilo de James Hunt, o californiano Savage era um piloto bastante promissor e tinha tudo para seguir os passos do seu tutor. Na volta 57 Savage fez seu pit-stop normalmente e encheu seu tanque de combustível. Porém, duas voltas mais tarde, Savage perdeu o controle do seu carro na saída da curva quatro e foi em direção ao muro externo. O acidente foi violentíssimo, com o Eagle se desintegrando e explodindo em chamas. Imediatamente os pilotos que vinham atrás pararam seus carros, enquanto o socorro era feito. Apesar da severidade do acidente, Savage estava consciente e tentou sair do carro sozinho, mas seu estado era crítico, com várias queimaduras pelo seu corpo. Para completar a tragédia, o jovem Aramando Teran, mecânico da equipe Patrick, de Savage, vendo a violência do acidente, correu em direção ao local do acidente, mas acabou atingido por um carros dos bombeiros, o matando na hora.

A corrida foi interrompida para a pista ser limpa e quando a terceira largada foi dada, Gordon Johncock, companheiro de equipe de Savage, foi o vencedor da prova, que não teve suas 500 Milhas completadas por causa de outra pancada de chuva. Cansados e horrorizados, a Indy juntou os cacos de uma edição histórica e aprendeu várias lições. Os tanques de combustíveis foram diminuídos na tentativa de diminuir os incêndios que caracterizou a Indy 500 de 1973. Outra modificação se deu no muro externo da curva 4, que teve seu ângulo mudado para evitar outro acidente como o de Savage. Suspeitou-se de um problema no pneu Firestone de Savage na época e com isso a fabricante Firestone abandonou a Indy por mais de vinte anos. Porém, a tragédia daquela edição não havia terminado. Swede Savage ficou vários dias internado no hospital Metodista em estado grave e acabaria falecendo 33 dias por problemas em seu tratamento.

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