terça-feira, 21 de maio de 2013

História: 40 anos do Grande Prêmio da Bélgica de 1973

Tudo começou duas semanas antes do GP da Espanha. Nesse dia, Emerson Fittipaldi e a Lotus foram a Zolder fazer um teste particular no circuito belga, que no mês seguinte receberia o Grande Prêmio local. Emerson saiu extremamente preocupado com a situação da pista, sem guard-rails, zebras e, principalmente, com o asfalto em frangalhos. Fittipaldi fez um relatório apontando 35 problemas e cobrou providências dos organizadores. Duas semanas depois Emerson voltou a Zolder e encontrou um asfalto novo totalmente destruído por causa de um corrida no domingo anterior e prova estava para ser cancelada, quando os organizadores pediram um prazo de uma semana para colocar uma segunda camada de asfalto, que aliviaria os problemas da pista, além de terminarem as reformas de segurança. Acompanhado do secretário da Comissão Esportiva Internacional, Claude Legesk, e do presidente da GPDA, Denny Hulme, Fittipaldi voltou à Zolder na data marcada e se as reformas de segurança estavam ok, o asfalto era a grande questão. Ele resistiria? A resposta seria não. Com uma hora e meia de treino de sexta-feira, vários carros sofreram acidentes e o treino foi suspenso. 

Os pilotos se uniram e exigiram uma carta aos organizadores no qual eles se comprometeriam em cancelar a prova caso chovesse no sábado (e na Bélgica isso era bastante comum) ou se o asfalto estivesse em más condições. Sem essa carta, a greve estava feita. Por voltas das 12:30 de sábado, Jacky Ickx pegou sua Ferrari e treinou por conta própria, para espanto dos pilotos. O belga não fazia parte da GPDA e não ligava muito para o quesito segurança nas corridas. Quando Ickx voltou aos boxes, os organizadores entregaram os pontos e assinaram a carta e os treinos recomeçaram no sábado. Ronnie Peterson conseguiu a pole após os dois carros da Tyrrell dominarem os treinos livres, mas os carros azuis também seriam superados pela McLaren de Hulme e do local Ickx, enquanto Emerson sofria com um problema na bomba de gasolina que lhe daria um grande susto na corrida.

Grid:
1) Peterson (Lotus) - 1:22.46
2) Hulme (McLaren) - 1:23.00
3) Ickx (Ferrari) - 1:23.10
4) Cevert (Tyrrell) - 1:23.22
5) Beltoise (BRM) - 1:23.25
6) Stewart (Tyrrell) - 1:23.28
7) Reutemann (Brabham) - 1:23.34
8) Pace (Surtees) - 1:23.34
9) E.Fittipaldi (Lotus) - 1:23.44
10) Revson (McLaren) - 1:23.52

O dia 20 de maio de 1973 estava quente e com tempo firme, para alívio de pilotos e organizadores, mas o trabalho não cessou em nenhum momento para deixar o asfalto em um nível decente durante a prova. Como praticamente não se treinou na sexta-feira, a pista foi liberada para um treino livre e um faro curioso aconteceu quando o pole Ronnie Peterson sofreu dois acidentes com os dois carros que o sueco tinha à disposição e quase o tiraram da corrida. Porém, na largada, o sueco manteve a ponta seguido por Ickx, numa grande largada, e Cevert, enquanto Hulme caía para quarto. Mostrando o quão bem estava o carro da Tyrrell, François Cevert não espera terminar a primeira volta para ultrapassar Ickx e assumir a segunda posição, enquanto Stewart larga mal e cai para oitavo, logo à frente de Emerson. 

Com o acidente que sofrera pela manhã, Peterson parecia sem confiança em seu carro e é ultrapassado por Cevert ainda na segunda volta, com o francês da Tyrrell disparando quando que imediatamente. Com o problema do asfalto na cabeça, boa parte dos pilotos resolve maneirar no ritmo inicial de corrida e correm quase quem em linha, com receio de sujar seus pneus na sujeira. Na quinta volta Stewart tenta ultrapassar José Carlos Pace, mas o brasileiro não alivia e não apenas fecha o escocês, como proporciona ao seu compatriota Emerson efetuar a ultrapassagem. Algumas curvas depois, Fittipaldi é mais eficaz do que Stewart e deixa Pace para trás. Uma volta mais tarde, a Ferrari de Ickx começava a desenvolver um problema na bomba de óleo que o faria abandonar mais tarde, porém, o óleo deixado pelo carro do belga faria Hulme rodar e cair para as últimas posições. A evolução de Fittipaldi e Stewart (que rapidamente passou Pace) era estonteante e quando encostaram no quarto colocado Beltoise, este teve que ir aos boxes com problemas no cabo do acelerador do seu BRM. O terceiro colocado Carlos Reutemann também tinha problemas em seu motor e quando Emerson se aproximou dele na 14º volta, o argentino finalmente abandonou com o motor fundido.

Cevert tinha uma boa vantagem de 6s sobre Peterson, enquanto Emerson e Stewart se aproximavam dos seus companheiros de equipe. Porém, Peterson tinha problemas com os freios de sua Lotus e não resiste aos ataques de Emerson e Stewart, caindo para quarto. Quando Emerson assumiu o segundo lugar, imediatamente a Tyrrell avisou a Cevert que o brasileiro vinha mais rápido e o francês aumentou seu ritmo, porém, o asfalto começava a se soltar em alguns lugares e Cevert acabaria rodando na curva do cotovelo, caindo para oitavo, mas ainda na prova. E com um carro rápido. Infelizmente para a Lotus, esse não era o caso de Emerson Fittipaldi, que via os problemas da bomba de combustível se manifestar nesse momento e com Stewart apenas meio segundo atrás, ele não foi páreo para o rival, sendo ultrapassado pelo escocês na volta 26. Seria a ultrapassagem da vitória para Stewart e o começo do tormento de Emerson, que via seu motor falhar em altas rotações. Para piorar, Cevert vinha que nem um foguete e fazia volta mais rápida em cima de volta mais rápida, subindo o pelotão rapidamente. Emerson ainda se mantinha 5s atrás de Stewart, enquanto Cevert ultrapassa José Carlos Pace e Ronnie Peterson, com seus problemas de freios cada vez piores, para assumir o terceiro lugar. Um pouco depois da metade da corrida, os freios de Peterson não respondem e o sueco acaba saindo da pista, sofrendo seu terceiro acidente do dia. Mesmo com uma pilotagem espetacular, Peterson não sabia o que era marcar pontos em 1973.

Stewart consegue abrir 20s sobre Emerson Fittipaldi, que via, impotente, a aproximação de Cevert. Sem potência suficiente em seu carro por causa do problema na bomba de combustível, o brasileiro praticamente cede sua posição a Cevert na volta 48, completando a dobradinha da Tyrrell em Zolder. Aquele não era o melhor momento para os pilotos brasileiros, pois Pace, num ótimo quarto lugar, tem que ir aos boxes com problemas de vibração em seu Surtees e quem assume o quarto lugar é Niki Lauda, mas o austríaco estava longos 20s atrás de Emerson, que rezava para a bandeirada. Porém, o asfalto traiçoeiro faz suas vítimas, como Jean-Pierre Jarier, Clay Regazzoni e Mike Beuttler. Mesmo com um minuto na frente de Emerson, o duo da Tyrrell pilota com muita cautela e recebem a bandeirada tranquilamente, com Stewart 35s na frente de Cevert. O mesmo não se podia dizer de Emerson. Faltando duas voltas para o fim, a bomba de combustível do seu Lotus finalmente quebra e ele se arrasta na pista, gerando até uma cena curiosa. Uma volta atrás e vendo Emerson lentamente com o braço levantado, Beltoise praticamente pára seu carro e acena para o 'vencedor' Fittipaldi. O brasileiro recebe a bandeirada ainda em terceiro lugar, graças a briga entre Andrea de Adamich e Niki Lauda, que acabaram se atrapalhando e não capitalizaram o problema de Fittipaldi. O italiano fez a ultrapassagem sobre Lauda na última volta. Com essa vitória, Stewart se iguala aso 24 triunfos de Juan Manuel Fangio e mostrava que estava na briga pelo título com Emerson, sempre no pódio nas cinco corridas de 1973, mas vendo sua vantagem cair cada vez mais para Stewart e seu novo Tyrrell 006.

Chegada:
1) Stewart
2) Cevert
3) E.Fittipaldi
4) De Adamich
5) Lauda
6) Amon

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