terça-feira, 12 de agosto de 2014

História: 35 anos do Grande Prêmio da Áustria de 1979

Duas semanas após a vitória de Alan Jones em Hockenheim, a F1 foi à Áustria ver se o australiano da Williams continuaria seu domínio, ou se as duas vitórias dominantes e consecutivas da equipe de Frank Williams seriam nuvens passageiras da mesma forma como foram os domínios de Ligier e Ferrari mais cedo no ano. Fora das pistas, Jean Pierre Jarier continuava fora de combate e desta vez a Tyrrell substituiu Jarier pelo irlandês Derek Daly, que tinha alguma experiência na F1 em equipes pequenas e vinha se destacando na F2.

Se em Hockenheim a Renault tinha a vantagem das retas enormes do circuito alemão para favorecer seu motor turbo, nas montanhas austríacas essa vantagem aumentaria ainda mais com o ar rarefeito ajudando os motores turbo e por isso não foi surpresa ver René Arnoux conquistando sua primeira pole na F1, mas tendo o ameaçador Alan Jones na primeira fila, mostrando que a Williams, mesmo tendo os velhos motores Ford Cosworth V8 aspirados, tinha um carro bastante equilibrado para atormentar a vida da Renault. Jabouille colocava a segunda Renault na segunda fila, tendo Lauda com seu problemático Brabham-Alfa Romeo em quarto e somente em quinto vindo a primeira Ferrari de Gilles Villeneuve. 

Grid: 
1) Arnoux (Renault) - 1:34.07
2) Jones (Williams) - 1:34.28
3) Jabouille (Renault) - 1:34.45
4) Lauda (Brabham) - 1:35.51
5) Villeneuve (Ferrari) - 1:35.70
6) Regazzoni (Williams) - 1:35.82
7) Piquet (Brabham) - 1:35.85
8) Laffite (Ligier) - 1:35.92
9) Scheckter (Ferrari) - 1:36.10
10) Pironi (Tyrrell) - 1:36.26

O dia 12 de agosto de 1979 amanheceu nublado e com chuva em Zeltweg, uma característica marcante daquela região, porém, com a aproximação da largada, o tempo se firmou e mesmo nublado, não choveu mais e a pista secou, mas havia um grande receio por parte de equipes e pilotos de mudanças de tempo durante a corrida. O retardo dos motores turbo em baixa rotação era bastante conhecido dos pilotos e por isso as más largadas de Arnoux e Jabouille eram até mesmo esperadas. Contudo, ninguém poderia esperar a espetacular largada de Gilles Villeneuve. Na luz verde, Arnoux e Jones titubearam, enquanto Jabouille perde sua embreagem quase que imediatamente, caindo para 11º. Aproveitando a brecha, Villeneuve deu um salto surpreendente, saindo da quinta posição para a liderança jogando seu carro para a direita da pista, colocando duas rodas na grama, mas emergindo na ponta no contorno da primeira curva. Era outra largada épica do canadense!

Porém, logo ficava claro que a Ferrari não tinha o equilíbrio necessário para segurar a ponta por muito tempo e não demorou para Alan Jones, que estava em segundo, passar a pressionar de todas as formas o canadense nas primeiras três voltas, mas só efetuando a ultrapassagem quando Villeneuve cometeu um pequeno erro na curva Rindt. Incrivelmente, em apenas quatro voltas (e sem embreagem!) Jabouille tinha feito sete ultrapassagens e estava na traseira do seu companheiro de equipe Arnoux, fustigando Villeneuve pela segunda posição. A pressão dos carros amarelos em cima de Villeneuve durou até a volta 11, quando Arnoux assumiu a segunda posição, sendo logo seguido por Jabouille. O tempo perdido dos dois carros da Renault atrás da Ferrari mais lenta de Villeneuve fora decisivo para Jones, que abriu uma enorme diferença para Arnoux e Jabouille, mas que logo seria reduzido a apenas um carro na volta 15, quando o câmbio de Jabouille, forçado ao máximo pelo francês pela falta de embreagem nas primeiras voltas, entregou os pontos e Jean-Pierre, que havia ultrapassado Arnoux poucas voltas antes e estava em segundo, abandonou a corrida.

Enquanto isso acontecia, uma animada briga pela quarta posição envolvia Jody Scheckter, Clay Regazzoni e Jacques Laffite. Os três andavam juntos, mas na volta 21 Laffite ultrapassa Regazzoni e imediatamente passa a pressionar Scheckter. Sem ter o mesmo ritmo do seu companheiro de equipe (dizem que também sem o mesmo tratamento por parte da Williams...), Regazzoni perde terreno e passa a andar sozinho. Laffite pressionava Scheckter e ambos passaram a imprimir um ritmo muito forte. Quando se viu isolado na segunda posição e com Villeneuve a uma distância confortável, Arnoux apertou o ritmo e marcou a volta mais rápida da corrida, porém Jones foi avisado por sua equipe para aumentar o ritmo e a diferença entre os dois primeiros colocados se estabilizou nos 25s, com Villeneuve isolado em terceiro, fazendo uma corrida claramente acima das expectativas da Ferrari em Zeltweg.

Contudo, a Renault ainda não estava livre dos problemas de confiabilidade que marcou a equipe francesa em 1979. Faltando apenas cinco voltas para o fim, o motor de Arnoux começou a ratear. Com problemas na bomba de combustível do seu motor Renault, houve um aumentou de consumo e Arnoux simplesmente ficou sem gasolina no final da prova, tendo que ir aos boxes nas voltas finais para fazer uma improvisado reabastecimento. Enquanto isso, a briga pelo terceiro lugar esquentava entre Scheckter e Laffite. Havia uma enorme tensão nos boxes de Ferrari e Ligier e na abertura da última volta, Laffite pegou o vácuo da traseira de Scheckter e então o francês dá uma guinada à direita, com Scheckter jogando sua Ferrari para o meio da pista, tentando uma defesa desesperada. Com os dois carros com os freios travados, absolutamente no limite, Laffite consegue ficar por dentro e mesmo com as rodas dos dois carros tocando levemente, Laffite consegue completar uma emocionante ultrapassagem que lhe valeu o último degrau no pódio. Jones venceu com extrema facilidade o Grande Prêmio da Áustria, com 36s de frente a Villeneuve. Mesmo tendo que fazer um pit-stop nada programado, Arnoux ainda foi capaz de marcar um ponto com o sexto lugar. Jones mostrava que a Williams tinha o equilíbrio perfeito naquele momento da temporada 1979, conseguindo andar bem em qualquer tipo de circuito e bem conduzido por Jones. Porém, como o bizarro regulamento de 1979 só computava os quatro melhores resultados de cada metade do campeonato, Jones, mesmo em melhor forma no momento, estava praticamente fora da disputa pelo título pelo mau início de campeonato do australiano. Mesmo sendo ultrapassado por Laffite na última volta, Scheckter permanecia na ponta do campeonato e era o maior favorito ao título daquele ano.

Chegada:
1) Jones
2) Villeneuve
3) Laffite
4) Scheckter
5) Regazzoni
6) Arnoux

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