segunda-feira, 4 de agosto de 2014

História: 40 anos do Grande Prêmio da Alemanha de 1974

O Campeonato Mundial de Pilotos de F1 em 1974 era um dos mais equilibrados da história, com quatro pilotos brigando diretamente pelo título. Quando a F1 chegou à Alemanha para o seu tradicional Grande Prêmio em Nürburgring, Emerson Fittipaldi estava em segundo lugar no campeonato com seu McLaren, mas o carro da equipe de Teddy Mayer era inferior à Ferrari e somente pela experiência do brasileiro, Fittipaldi se mantinha na briga pelo título. Junto com Emerson vinha os dois pilotos da Ferrari, mas cada um fazendo um campeonato distinto. Enquanto Niki Lauda era considerado o piloto mais rápido do ano, fazendo várias poles, o austríaco sofreu vários problemas mecânicos e perdeu vários pontos importantes, enquanto Clay Regazzoni fazia um campeonato de regularidade, terminando oito das corridas até Nürburgring, décima primeira etapa, nos pontos. O quarto fator era o surpreendente Jody Scheckter. Até 1973 o sul-africano era considerado um piloto até mesmo perigoso, mas Scheckter foi 'domesticado' por Ken Tyrrell e fazia um campeonato também de chegada, marcando pontos em nove corridas consecutivas.

Mesmo Nürburgring ficando a cada ano mais seguro devido à pressão da GPDA, Howden Ganley sofreu um sério acidente durantes os treinos e fraturou seus dois tornozelos, abandonando o final de semana. Durante os treinos livres Niki Lauda havia se tornado o primeiro piloto a completar os 22 km de Nürburgring em menos de sete minutos, mas o piloto da Ferrari não conseguiu repetir a proeza na classificação para valer, porém Lauda ficou com a quarta pole consecutiva na temporada, com Regazzoni completando uma primeira fila toda ferrarista. Os outros postulantes ao título estavam na segunda fila, com Emerson superando Scheckter. Frank Williams necessitava de um piloto para o seu segundo carro e o escolhido foi o francês Jacques Laffite, de 30 anos, grande revelação da F2. Seria a primeira corrida de Laffite, que marcaria presença na F1 pelos próximos doze anos.

Grid:
1) Lauda (Ferrari) - 7:00.8
2) Regazzoni (Ferrari) - 7:01.1
3) Fittipaldi (McLaren) - 7:02.3
4) Scheckter (Tyrrell) - 7:03.4
5) Depailler (Tyrrell) - 7:06.2
6) Reutemann (Brabham) - 7:07.2
7) Hulme (Brabham) - 7:08.8
8) Peterson (Lotus) - 7:09.0
9) Ickx (Lotus) - 7:09.1
10) Mass (Surtess) - 7:09.8

O dia 4 de agosto de 1974 tinha um dia típico da região Eifel, com um tempo nebuloso e com chuva iminente, como também podendo ocorrer sol. Contava-se na época que um piloto poderia encontrar as quatro estações do ano em uma volta completa em Nürburgring. Antes da corrida, Jackie Stewart e o presidente da CSI, o príncipe Metternich, davam instruções de segurança aos pilotos no grid de largada, numa cena insólita, se levarmos para os nossos tempos. Porém, quando a bandeira alemã baixou, Lauda não largou bem e foi logo ultrapassado por Regazzoni e Scheckter, enquanto Emerson Fittipaldi tinha uma largada ainda pior, quando o piloto da McLaren não consegue engatar a primeira marcha e levanta os dois braços para avisar aos demais pilotos que estava parado. Apesar do esforço de Emerson, ele acabou atingido por... Dennis Hulme, seu companheiro na McLaren! A pancada fez com que Fittipaldi saísse do lugar, mesmo com seu carro avariado, mas Hulme se torna o primeiro abandono do dia. Teoricamente...

Em terceiro lugar, Lauda tenta imediatamente dar o troco em seus rivais e logo nas primeiras curvas, o austríaco ataca o segundo colocado Scheckter, que se defendia como podia. Numa manobra ousada na curva Nordkehre, Lauda acaba acertando uma das rodas traseiras de Scheckter, voa e bate no muro, destruindo sua corrida ainda na primeira volta, para profundo desgosto do austríaco, enquanto o sul-africano permanecia ileso em segundo, 2s atrás de Regazzoni, enquanto Carlos Reutemann subia para terceiro. No final da primeira volta Emerson leva sua McLaren aos boxes para trocar um pneu, mas a suspensão traseira fora atingida por Hulme e o brasileiro abandonaria na volta seguinte. Porém, isso não era a única movimentação nos boxes da McLaren. Tentando ser mais espertos do que a esperteza, Teddy Mayer manda Hulme sair com o carro reserva, alegando que o acidente tinha acontecido antes do final da primeira volta... a esperteza foi descoberta rapidinho e Hulme acabaria desclassificado no final da terceira volta.

Apesar de nunca ter vencido em Nürburgring, Clay Regazzoni era um piloto que reconhecidamente andava muito bem no circuito alemão e vendo uma ótima chance de vencer, o suíço abria uma boa diferença para Scheckter e Reutemann, que andavam separados por apenas 2s, enquanto o alemão Jochen Mass, que aproveitava para usar seu conhecimento do circuito, fazia uma boa corrida em quarto com seu Surtees, mas já estava distante de Reutemann. Porém, uma pancada de chuva começou a cair em parte do circuito de Nürburgring quando a corrida chegava na sua metade, mas para sorte de Regazzoni, ele tinha acabado de passar por essa parte da pista com a chuva muito leve, enquanto Scheckter e Reutemann tiveram que diminuir bastante o ritmo quando foram surpreendidos pelo piso muito molhado e com isso, a vantagem de Regazzoni subiu para 32s. Mais atrás, nem todo o conhecimento de Mass poderia impedir as traiçoeiras condições climáticas do local e o alemão quase sai da pista e perde duas posições para os dois carros da Lotus, com Ronnie Peterson, que usava o novo Lotus 76, à frente de Jacky Ickx, mestre em condições molhadas e um dos poucos que conhecia muito bem o circuito de Nürburgring, mas ainda ao volante do obsoleto Lotus 72. Menos sorte teve Patrick Depailler, que bateu com seu Tyrrell e teve que abandonar. A chuva é passageira e na volta seguinte, os pilotos encontraram o piso apenas úmido e sem maiores problemas em continuar com pneus slicks, mas Peterson sai do trilho e com isso perde a quarta posição para Ickx, e depois é ultrapassado por Mass e Hailwood. Porém, o belga, que liderava esse pelotão, já estava quase um minuto atrás do terceiro colocado Reutemann.

Mesmo liderando com enorme facilidade, Regazzoni abre uma enorme vantagem de 50s para Scheckter, que se conforma em ter feito a melhor volta da prova. Na décima volta, a boa corrida de Jochen Mass acaba quando o motor do seu Surtees quebra. Quando tudo se encaminhava para um final de corrida tranquilo, Mike Hailwood perde o controle de seu McLaren inexplicavelmente na descida Pflanzgarten e bate de frente do guard-rail. A frente do McLaren de Hailwood fica destruída e o inglês fica preso em seu carro, mas a corrida continua e Clay Regazzoni vence pela primeira vez em 1974, assumindo a ponta do campeonato. Era também a segunda vitória do suíço na F1, sendo que o seu primeiro triunfo na F1 fora quase quatro anos antes. Scheckter consegue importantes seis pontos do segundo lugar, enquanto Reutemann conseguia seu primeiro pódio na Alemanha, mesmo o argentino perdendo muito rendimento nas voltas finais. Na última volta, Peterson toma o quarto lugar de Ickx e marca os primeiros pontos do novo Lotus 76, assim como Tom Pryce, que fechou a zona de pontuação. Com esse resultado, Clay Regazzoni assumia a ponta do campeonato, com Scheckter em segundo, enquanto a Ferrari disparava no Campeonato de Construtores após um dia muito ruim da McLaren, que estava fora do pódio em Nürburgring pela primeira vez desde 1971. Porém, a pior notícia da McLaren era sobre o seu terceiro piloto Mike Hailwood. O inglês multi-campeão nas motos tinha sofrido uma fratura na perna, além de deslocamento do joelho e rompimento do tendão de aquiles. Era o fim da carreira de Mike 'The Bike' na F1, relembrando os perigos de Nürburgring, provavelmente o melhor e mais perigoso circuito da história da F1.

Chegada:
1) Regazzoni
2) Scheckter
3) Reutemann
4) Peterson
5) Ickx
6) Pryce

Nenhum comentário: