quinta-feira, 8 de maio de 2008

História: 30 anos do Grande Prêmio de Mônaco de 1978


Após fazer um verdadeiro tour pelo hemisfério ocidental, a F1 finalmente voltava ao seu habitat natuual e logo de cara na sua corrida mais tradicional. O Grande Prêmio de Mônaco teria algumas novidades entre os carros, como o novo Ligier e o novo Wolf. Porém, ambos os modelos deixaram a desejar e ambas as equipes utilizariam seus carros antigos, contudo a grande novidade era mais um retorno de Jacky Ickx à F1 no péssimo carro da Ensign. Até aquele momento, Ferrari e Lotus tinham dividido igualmente o número de vitórias nas quatro etapas anteriores, mas a Brabham e Patrick Depailler vinham sendo adversários complicados para as duas equipes principais. A Lotus ainda usava o modelo de 1977 e esperava ansiosamente o Lotus 79, onde o efeito-solo seria levado a outro nível.

Como em Mônaco apenas vinte carros largariam, houve uma pré-classificação e muita gente boa ficou de fora, como foi o caso de Clay Regazzoni, Jean-Pierre Jarier e Jochen Mass. Emerson Fittipaldi teve que suar sangue para colocar seu Copersucar na última posição no grid. E pensar que dois meses antes o piloto comemorava o pódio em Jacarepaguá... Lá na frente, Carlos Reutemann confirmava a boa fase da Ferrari e marca a sua quarta pole na F1, mas a Brabham mostrava força ao botar seus dois pilotos logo a seguir, com John Watson na frente de Lauda.

Grid:
1) Reutemann (Ferrari) - 1:28.34
2) Watson (Brabham) - 1:28.83
3) Lauda (Brabham) - 1:28.84
4) Andretti (Lotus) - 1:29.10
5) Depailler (Tyrrell) - 1:29.14
6) Hunt (McLaren) - 1:29.22
7) Peterson (Lotus) - 1:29.23
8) Villeneuve (Ferrari) - 1:29.40
9) Scheckter (Wolf) - 1:29.50
10) Jones (Williams) - 1:29.51

O dia 7 de maio de 1978 amanheceu nublado nas charmosas ruas de Monte Carlo, mas não havia chuva. Carlos Reutemann não era exatamente um piloto com muita sorte e patinou bastante na largada, permitindo a Watson pular na frente antes da complicada freada para a Saint-Devote. Ao contrário do argentino, Patrick Depailler faz uma largada sensacional e pula para a segunda posição, enquanto Lauda, Hunt e Reutemann brigavam pela terceira posição. Se num circuito normal isso não daria muito certo, numa pista apertada e estreita como Mônaco seria ainda pior. Na chicane, Niki Lauda bateu no pneu traseiro de Reutemann e para não bater, James Hunt estatelou sua McLaren num guard-rail. Como resultado, Reutemann e Hunt foram aos boxes ainda na primeira volta para consertar seus carros, enquanto Watson disparava na frente, seguido por Depailler e Lauda.

Em quarto lugar, um pouco distanciados, vinham Andretti, Scheckter, Peterson, Jones e Villeneuve. Um pequeno intervalo e lá vinha um pelotão comandado por Tambay e seguido por Laffite, Pironi, Ickx e Patrese. Rapidamente a vantagem de Watson desapareceu e Depailler começou a pressionar o irlandês, enquanto Lauda pressionava o piloto da Tyrrell. Os três andaram em forma de trenzinho por várias voltas, imprimindo um ritmo forte e com isso Andretti ficava para trás. As posições foram as mesmas até Jones ser ultrapassado na volta 13 por Peterson e Villeneuve.

Watson, Depailler e Lauda já vinham 17s na frente de Andretti, quando os velhos problemas da Brabham começaram a se manifestar. Watson passou a ter problemas nos freios e quando se aproximou da St. Devote após completar a volta 37 na liderança, o irlandês passou reto, deixando a liderança no colo de Depailler. Porém, o francês não teria vida fácil, pois Lauda vinha babando atrás dele. Até que a Brabham foi "premiada" com outra falta de sorte quando Lauda foi aos boxes na volta 45 trocar um pneu furado. Foi o início de uma epidemia de problemas entre os ponteiros e um show do bicampeão mundial. Mario Andretti tinha acabado de assumir a terceira posição quando foi aos boxes na volta 46 com vazamento de combustível em seu cockpit. Na volta 56 foi a vez de Ronnier Peterson abandonar com o câmbio quebrado, enquanto Gilles Villeneuve deixava a prova na volta 62 quando o freio de sua Ferrari lhe deixa na mão na saída do túnel e o canadense bate muito forte, mas sem grandes conseqüências.

Porém, Villeneuve já vinha sendo pressionado por Lauda, que a essa altura voava na tentativa de recuperar o terreno perdido. Quase sem freios, Watson erra novamente na St. Devote e é ultrapassado por Scheckter na volta 65 e por Lauda na volta seguinte, caindo para a quarta posição. Então Lauda resolveu continuar seu show e por quatro voltas consecutivas bate o recorde da pista de Monte Carlo, superando até mesmo o tempo da pole conquistado no sábado. Nas voltas finais Lauda partiu para cima de Scheckter para lhe tomar a segunda posição na volta 72, apenas três para o final, numa bela manobra na Rascasse. O piloto da Brabham ainda tentou ir para cima de Depailler, mas naquele frio dio de maio, o piloto da Tyrrell foi perfeito e após 69 Grandes Prêmios, Patrick Depailler vencia pela primeira vez na F1. De quebra, ainda assumia a liderança do campeonato, mas Lauda tinha dado um espetáculo de pilotagem e recebeu todos os prêmios de melhor piloto da corrida monagasca. Contudo, essa seria marcada como a única vitória de Patrick Depailler, um grande piloto que nos deixou apenas dois anos depois.

Chegada:
1) Depailler
2) Lauda
3) Scheckter
4) Watson
5) Pironi
6) Patrese

2 comentários:

Anônimo disse...

Mônaco é sempre espetacular... Algumas vezes é até emocionante... Mas espetacular é sempre.

PHSF disse...

Belo texto.
Correção: não foi a única vitória de Depailler. Em 1979, com a Ligier, Depailler venceu o GP da Espanha, em Jarama.
Valeu!