quarta-feira, 14 de maio de 2008

História: 40 anos do Grande Prêmio da Espanha de 1968

Quatro meses para a F1 sempre pareceu uma eternidade. Em 1968, então, esse longo período de tempo foi particularmente longo para todo o circo. Entre a primeira e a segunda etapa do Mundial daquele ano aconteceram vários fatos desagradáveis, como a morte de Jim Clark em abril, numa corrida de F2. Enquanto isso, a McLaren começava a mostrar força com o seu dono vencendo a Corrida dos Campeões e o novo contratado da equipe, Denny Hulme, vencendo o International Trophy. O novo McLaren M7A, já com o motor Cosworth, parecia ter nascido bom, mas a Lotus ainda era uma força considerada, apesar do outro choque que viria a seguir. Num dos dias de testes em Indianápolis, Mike Spence bateu seu Lotus Turbina contra o muro da Curva 1 e um pneu voou em cima de sua cabeça, o matando na hora. Colin Chapman pensou em abandonar o automobilismo, mas o chefe de equipe resolveu mudar de idéia e, após enterrar o seu amigo Mike, voou para a Espanha.

General Franco tinha reunido todas as forças para trazer a F1 para a Espanha e contruíra o novo circuito de Jarama, nas proximidades de Madri. O circuito teria a assinatura de John Hugenholz, uma espécia de Hermann Tilke dos anos 60, que desenhara os circuitos de Zolder, Zandvoort e Suzuka. Seria o primeiro GP na Espanha desde a vitória de Mike Hawthorn em 1954 nas ruas de Barcelona. O que Franco não contava era com a série de complicações que a F1 passava na época e apenas treze carros largariam. Mesmo chocada, a Lotus iria para Jarama apenas com Graham Hill e a grande novidade daquele final de semana. Se na África do Sul a marca Gunston patrocinara o carro de John Love, a Lotus teria um esquema mais profissional com a Gold Leaf e deixava para trás as tradicionais cores verde e amarelo pelo vermelho, branco e dourado. Outro desfalque era Jackie Stewart, que tinha andado muito bem em Kyalami, mas tentanto conhecer o circuito de Jarama numa prova de F2, acabou sofrendo um acidente e machucando o pulso, o deixando de fora das pistas por uma mês. Jean Pierre Beltoise substituiria o escocês na equipe de Ken Tyrrell. Por essas e outras, apenas a Ferrari estaria completa para Jarama e Chris Amon, mostrando a boa fase dos pilotos vindo da Nova Zelândia, marcava sua primeira pole na F1. A McLaren mostrava força com seus pilotos, enquanto Hill ficava mais para trás.

1) Amon (Ferrari) - 1:27.9
2) Rodriguez (BRM) - 1:28.1
3) Hulme (McLaren) - 1:28.3
4) McLaren (McLaren) - 1:28.3
5) Beltoise (Matra) - 1:28.3
6) Hill (Lotus) - 1:28.4
7) Surtees (Honda) - 1:28.8
8) Ickx (Ferrari) - 1:29.6
9) Rindt (Brabham) - 1:29.7
10) Siffert (Lotus) - 1:29.7

O clima estava quente naquele dia 12 de maio de 1968 em Jarama e os pilotos teriam trabalho numa corrida extremamente longa. Amon, talvez nervoso com sua primeira pole, larga mal e é ultrapassado pelas surpresas Pedro Rodriguez e Jean Pierre Beltoise. Desde que Hill e Stewart tinham deixado a BRM, a tradicional equipe só caía e por isso era surpresa ver o mexicano, que era talentosíssimo, na liderança à frente de Beltoise, que fazia sua primeira corrida no Matra-Ford e era um dos pilotos mais promissores da época.

No início da prova, dois trios lideravam a prova, com Rodríguez, Beltoise e Amon colados na frente, seguidos a meia distância por uma legião de feras e com piloto já com Mundias na carreira: Hulme, Surtees e Hill. Enquanto os "velhinhos" brigavam entre si, os "novatos" eram mais comportados lá na frente e mantiveram suas posições até a volta 12 quando Beltoise ultrapassou Rodríguez e foi o primeiro francês a liderar uma corrida de F1 desde Maurice Trintignant nos anos 50. Amon se aproveita do momento de fraqueza do mexicano e ultrapassa o piloto da BRM na volta seguinte. No entanto, Beltoise começou a ter problemas de motor e teve que ir aos boxes para reparos, saindo da briga pela vitória.


Apesar de ter uma Ferrari em mãos, Amon não conseguia se desvincilhar de Rodríguez, que o perseguia de perto. Até que o mexicano perdeu o controle do seu BRM na volta 28 e teve que abandonar a prova. A essa altura Hill já tinha vencido a dura disputa com Hulme e Surtees e estava num seguro segundo lugar. Com uma corrida de 90 voltas, os pilotos decidiram poupar o equipamento e por muito tempo não houve trocas de posições e Amon parecia que venceria pela primeira vez na carreira. Porém, o apelido que o neozelândes ganharia no futuro seria de "Rei do Azar" e foi em Jarama que o apelido começou a pegar. Com a vitória praticamente em suas mãos, Amon teve que abandonar na volta 58 com a bomba de combustível quebrada.

Hill assumiu a dianteira, seguido por Hulme. Surtees e McLaren quebraram próximos ao fim da prova e assim quem completou o pódio foi a zebra Brian Redman, com o carro da Cooper. Essa vitória de Graham Hill foi muito importante para levantar o astral da Lotus e o ajudaria bastante na briga pelo título daquele ano.

Chegada:
1) Hill
2) Hulme
3) Redman
4) Scarfiotti
5) Beltoise

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