Com quatro vitória em quatro corridas, o campeonato de 1988 estava praticamente definido a favor da McLaren, mas como Ron Dennis não gosta muito de definir quem era o primeiro piloto, Senna e Prost iriam duelar pelo campeonato de pilotos até o final do ano. E seria uma briga por vitórias. Tirando os Grandes Prêmios do Brasil e de Mônaco, onde havia abandonado, a McLaren tinha marcado dobradinhas e essa era a expectativa para o Grande Prêmio do Canadá.
Por causa de disputas contratuais, a corrida realizada na Ile de Notre Dame não foi realizada em 1987, mas quando as coisas ($) foram acertadas, Montreal tinha feito algumas modificações no belo Circuito Gilles Villeneuve. Os boxes foram trocados de lugar, indo para reta de chegada, que, por sinal, também veria a largada, já que o começo era sempre na reta oposta. Algumas curvas foram modificadas, mas o traçado ainda era praticamente o mesmo de 1978, quando foi realizada a primeira prova de F1 em Montreal. A Classificação tinha sido marcada pelo fortíssimo acidente de Derek Warwick, com seu Arrows quase capotando após atingir uma zebra mais alta. O inglês sofreu muito com sua aterrissagem forçada, mas ainda pôde correr. Lá na frente, os meninos da McLaren dominavam o cenário, com Prost liderando a Classificação de sábado até Senna entrar na pista nos minutos finais e conseguir sua quinta pole consecutiva. O brasileiro estava invicto no ano no quesito pole-positions.
Grid:
1) Senna (McLaren) - 1:21.681
2) Prost (McLaren) - 1:21.863
3) Berger (Ferrari) - 1:22.719
4) Alboreto (Ferrari) - 1:23.296
5) Nannini (Benetton) - 1:23.968
6) Piquet (Lotus) - 1:23.995
7) Boutsen (Benetton) - 1:24.115
8) Cheever (Arrows) - 1:24.679
9) Mansell (Williams) - 1:24.844
10) Streiff (AGS) - 1:24.968
O dia 12 de junho amanheceu com sol forte em Montreal e uma forte reclamação de Senna. O piloto da McLaren reclamou com os organizadores que a sua posição de pole-position estava no lado errado da pista e que teria que haver uma modificação. Essa seria a primeira de muitas das reclamações de Senna com relação ao local do pole-position no grid. Afinal, ele quase sempre largava lá mesmo...
Senna mostrou que sua teoria estava certa quando não tracionou tão bem sua McLaren no sinal verde e Prost emparelhou com o seu companheiro de equipe na freada para a primeira curva e obtendo vantagem na segunda. Atrás das duas Mclarens, vinham duas Ferraris e duas Benettons, seguidos pelos ex-companheiros de equipe na Williams, Nelson Piquet e Nigel Mansell. Enquanto os pilotos da McLaren começavam a disparar, as Ferraris eram superadas pelas Benettons, que logo ficou representada apenas com Thierry Boutsen, quando Nannini abandonou ainda no início.
Apesar do campeonato estar claramente sendo decidido entre Senna e Prost, ainda não havia tido uma briga direta entre os dois gênios. Uma ultrapassagem. Uma fechada de porta. Uma dipsuta na freada. Um toque de rodas. Até agora, nada. Os torcedores canadenses nas arquibancadas e todo o mundo na TV se preparava para o primeiro choque entre os dois titãs da F1. Senna parecia ter um melhor carro, mas não encontrava lugar para ultrapassar. O brasileiro tinha colocado um pouco de lado seu lado agressivo e estudava as linhas de Prost, esperando a menor das oportunidades para fazer a ultrapassagem. E ela veio exatamente quando o francês deu um pequeno, mas fatal vacilo. Na volta 19, na entrada do hairpin, Senna veio mais forte e freou o mais forte possível. Prost, talvez sendo um cavalheiro, talvez não esperando a manobra do seu vizinho de box, nem fechou a porta. Senna completou a ultrapassagem e foi embora, deixando Prost e todo mundo embasbacado com tamanha precisão numa ultrapassagem sobre um bicampeão mundial.
A corrida passou a ser uma constante preocupação com o combustível, já que Montreal costuma apresentar algumas surpresas no final de suas corridas, com carros encostando com pane seca. A corrida fica bem estática, sem nenhuma ultrapassagem entre os primeiros colocados. As únicas modificações foram as duas Ferraris quebrando na metade da prova. E Senna conquistando sua segunda vitória no ano, com apenas 5.9s de vantagem para Prost. Mas 51s na frente do primeiro carro não-McLaren, a Benetton de Thierry Boutsen. O Campeonato de Construtores estava mais do que decidido, mas o de piloto ainda nos daria bastante história para contar!
Chegada:
1) Senna
2) Prost
3) Boutsen
4) Piquet
5) Capelli
6) Palmer
2 comentários:
Parabéns pelo texto JC!!!
Faço menção a Philippe Streiff que vinha em quinto com a AGS até quebrar e a De Cesaris que tava em quinto também com a Rial.
Valeu JC!!!
O ventilador atrás do carro era muito bom... hehehehe
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