quinta-feira, 5 de junho de 2008

História: 25 anos do Grande Prêmio Estados Unidos-Leste de 1983


A disputa pelo campeonato de 1983 parecia que seria tão acirrada como nos últimos anos. Renault, Ferrari e Brabham-BMW dominavam a temporada com seus potentes motores turbo. Porém, Detroit era ainda mais travado do que Monte Carlo e os pilotos com motores aspirados poderiam ter uma nova chance, assim como tiveram em Long Beach e Mônaco. Keke Rosberg e os pilotos da McLaren, Lauda e Watson, esperavam repetir seus triunfos, como nas etapas em circuitos de rua.

Porém, o primeiro carro aspirado no grid para Detroit era a Arrows de Marc Surer na quinta posição, enquanto as duas primeiras filas eram dominadas por carros com motores turbo. René Arnoux começava a ser pressionado dentro da Ferrari e precisava mostrar serviço logo e a pole seria uma ótima resposta. Mesmo não gostando de circuitos de rua, Nelson Piquet largaria na primeira fila e poderia se aproximar ainda mais do líder do campeonato Alain Prost, que colocou seu Renault numa humilde décima terceira posição. Em quarto, Elio de Angelis levava seu Lotus 93T com o novo motor Renault turbo a melhor posição na temporada. Antes da F1 chegar em Detroit, a Lotus tinha anunciado a contratação de Gerard Ducarouge e o francês começava a mostrar trabalho.

Grid:
1) Arnoux (Ferrari) - 1:44.734
2) Piquet (Brabham) - 1:44.933
3) Tambay (Ferrari) - 1:45.991
4) De Angelis (Lotus) - 1:46.258
5) Surer (Arrows) - 1:46.745
6) Alboreto (Tyrrell) - 1:47.013
7) Cheever (Renault) - 1:47.334
8) De Cesaris (Alfa Romeo) - 1:47.453
9) Warwick (Toleman) - 1:47.534
10) Boutsen (Arrows) - 1:47.586

O dia 5 de junho de 1983 estava nublado, mas não havia possibilidade de chuva naquele momento. Porém, uma nuvemzinha negra estava em cima da cabeça de Patrick Tambay, que ficou parado durante a largada e mesmo tendo a sorte de não ter sido atingido por ninguém, o francês da Ferrari abandonou a corrida sem sequer ter feito um metro!

Nelson Piquet e René Arnoux largam muito bem, mas o brasileiro faz uma boa manobra por fora e assumia a liderança. Elio de Angelis queima a largada de forma descarada e fica em terceiro, enquanto Surer é atrasado pela Ferrari de Tambay e perde várias posições. Com um carro praticamente novo, De Angelis tem problemas ainda na quinta volta e abandona com a transmissão quebrada. Quem assumia a terceira posição era Andrea de Cesaris, mostrando o quanto o italiano se sentia à vontade em circuitos de rua. No entanto, Keke Rosberg vinha de uma obscura décima segunda posição no grid para as cabeças. Na sétima volta o finlandês ultrapassava Alboreto e assumia a quarta posição, enquanto Lauda e Watson vinham ganhando posições mais atrás.

Piquet e Arnoux impriam um ritmo muito forte e já tinha se destacado dos demais pilotos. O francês tinha claramente um carro mais rápido, mas Piquet resistia e os dois brigavam fortemente. Quando o piloto da Brabham sentiu que era inútil segurar Arnoux, praticamente deixou o piloto da Ferrari passar na nona volta. Mais atrás Rosberg ultrapassava De Cesaris e começava a se aproximar de Rosberg e realizaria a ultrapassagem na volta 19. Então a estratégia começou a entrar na corrida. A Brabham tinha sido a pioneira nos pit-stops modernos e todos esperavam por uma parada de Piquet durante as provas, porém o brasileiro não vinha num ritmo alucinante, como normalmente fazia nos inícios de prova e vinha num seguro terceiro lugar. Na volta 29, Rosberg foi aos boxes reabastecer, mostrando que seu ritmo inicial era mais por um carro bem mais leve.

Na volta 31, Arnoux começa a perder rendimento e abandona com problemas elétricos. Piquet liderava a corrida. E mais da metade da prova já tinha passado e nada do brasileiro parar. Depois de ter praticamente inventado as paradas programadas, Piquet daria o bote e não pararia? Parecia o caso e o final da corrida foi se aproximando com Piquet praticamente garantindo a vitória. Contudo, Michele Alboreto estava numa estratégia semelhante e começava a se aproximar de Piquet. E se aproximava rápido. Rápido demais! Logo o italiano estava colado na Brabham de Piquet e quando todos esperavam por uma grande batalha nas voltas finais, o pneu traseiro direito de Piquet baixou de vez e o brasileiro teve que ir aos boxes fazer sua parada. Com isso, Alboreto desfilou tranqüilo nas dez últimas voltas para conquistar sua segunda vitória na carreira. Rosberg conseguia uma boa segundo posição, enquanto Watson completava um pódio inteiro "aspirado". Piquet ainda voltou a tempo de conquistar um quarto lugar, que o deixava apenas um ponto atrás de Prost no campeonato.

O triunfo de Alboreto era tão inesperado, que até então o italiano não tinha marcado pontos no campeonato, mas esta prova teria um sentido ainda mais especial. Apesar de toda a festa da Tyrrel, o que ninguém sabia era que essa seria a última vitória da tradicional equipe, que quinze anos depois seria vendida para a BAR.

Chegada:
1) Alboreto
2) Rosberg
3) Watson
4) Piquet
5) Laffite
6) Mansell

4 comentários:

Anônimo disse...

Esta deve ter sido uma das poucas vitorias do Alboretto, não?
E era um circuito enjoado de dificil este ai...

Speeder76 disse...

Groo, o Alboreto venceu apenas cinco vezes na sua carreira: duas com a Tyrrell e três com a Ferrari.

E apesar de ser um circuito "enjoado", deu ao Ayrton Senna três vitórias na sua carreira, em 1986, 87 e 88.


E estava a ser um campeonato equilibrado! Seis vencedores em sete corridas é obra...

Anônimo disse...

O resultado da prova, do 1º ao 6º lugar (os pilotos que pontuaram naquela época), foi o último "reinado" dos motores Ford Cosworth aspirado V8. Apenas o 4º colocado era Turbo.

Anônimo disse...

Uma curiosidade que não tem nada a ver com a corrida de Fórmula 1 em Detroit, 5 de Junho de 1983:
- A data mencionada foi a estreia da Rede Manchete de Televisão.