quinta-feira, 8 de outubro de 2009

História: 25 anos do Grande Prêmio da Europa de 1984


Faziam oito anos que a F1 não ia as montanhas de Eifel, na Alemanha. O acidente quase fatal de Niki Lauda era apenas a confirmação de que Nürburgring, que recebia sua última prova de F1 no circuito antigo em 1976, estava fora dos ainda precários padrões de segurança da F1 e nem a emoção de cruzar a densa floresta pelos sete quilometros do emocionante circuito foram capazes de segurar a tradicional pista no calendário na F1. Contudo, os organizadores alemães não ficaram parados e dentro do antigo circuito, foi feito um novo trajeto, bem mais curto e seguro, rodiado de modernas instalações e novas arquibancadas para 175.000 espectadores. Brigando pelo título, Niki Lauda retornava ao circuito que quase o matou oito anos antes e esperava uma sorte diferente. "Se a corrida fosse oito anos atrás eu não voltaria, mas agora está mais tranquilo. O novo circuito ficou bom e é um dos mais seguros do mundo".

Embora o novo Nürburgring esteja recebendo pela primeira vez a F1, os pilotos já conheciam a pista após um teste de três dias em setembro e a participação de uma corrida de Esporte-Protótipo em julho. E a opinião dos pilotos era quase unânime: a pista era extremamente sem graça, sem fazer sombra a antiga e desafiadora pista. A Classificação, como sempre, foi uma briga entre as McLarens e a Brabham de Nelson Piquet. Sendo que neste caso, apenas uma McLaren. Querendo fazer bonito na casa da BMW, o brasileiro conseguiu mais uma pole, superando Prost em três décimos. Num final de semana em que a chuva também marcou presença, algumas surpresas marcaram a Classificação, como o líder do campeonato Niki Lauda ficando apenas em 15º e o regular Elio de Angelis numa melancólica 23º posição. Essa era uma chance de ouro para Prost conseguir tomar a ponta do companheiro de equipe.

Grid:
1) Piquet (Brabham) - 1:18.871
2) Prost (McLaren) - 1:19.175
3) Tambay (Renault) - 1:19.499
4) Rosberg (Williams) - 1:20.652
5) Alboreto (Ferrari) - 1:20.910
6) Arnoux (Ferrari) - 1:21.180
7) Warwick (Renault) - 1:21.571
8) Mansell (Lotus) - 1:21.710
9) Patrese (Alfa Romeo) - 1:21.937
10) Fabi (Brabham) - 1:22.206

O dia 6 de outubro de 1984 estava nublado e frio, existindo até a previsão de chuva durante a prova. Algo que era bastante comum no antigo Nürburgring. Sabendo que tinha uma chance rara de obter alguma vantagem no campeonato, Prost larga agressivamente e assume a ponta, com Piquet não cosneguindo emular o desempenho do francês e também sendo ultrapassado por Tambay. Os três passaram ilesos a primeira curva, não vendo a confusão instalada logo atrás. Rosberg deixa as rotações do seu motor Honda cair e suas rodas patinam, fazendo com que o finlandês fosse para as posições intermediárias. De olho em uma boa posição na 1º curva, Senna força uma ultrapassagem em cima de Cheever, mas não calcula bem a manobra e acerta com força a traseira de Rosberg, com o brasileiro da Toleman montando em cima da Williams de Rosberg. Tentando evitar a bagunça à sua frente, Berger roda e acaba atingindo Surer, enquanto Ghinzani acerta a traseira de Fabi. No total, seis pilotos estavam fora da corrida na primeira curva!

Prost completa a primeira volta 1s à frente de Tambay, com Piquet, Warwick, Alboreto e Arnoux logo atrás. Quem se aproveita bem da carambola da primeira curva é Lauda, que pula de 15º para 9º e o austrríaco não demoraria a ganhar posições. Usando sua experiência, o piloto da McLaren estava ficando conhecido por suas corridas de recuperação ao longo do ano, barganhando postos ao longo da prova. Na quinta volta, Lauda já tina feito três ultrapassagens e estava na zona de pontuação, mas Niki se vê preso atrás de Warwick e Alboreto, que brigavam pela quarta posição. Enquanto isso, Prost aumentava sua vantagem em cima de Tambay, que mantinha Piquet a uma boa distância. A corrida fica estática, com nenhuma ultrapassagem entre os primeiros colocados, auxiliando Prost, que via Lauda em dificuldades.

Na 22º volta, o trio Warwick-Alboreto-Lauda se aproximaram dos retardatários Gardner e Baldi e isto era uma chance para que a pasmaceira da corrida terminasse. Warwick deixou o duo mais lento na chicane antes da última curva, enquanto Alboreto hesita por um momento. Lauda vê isso uma oportunidade perfeita para ultrapassar o italiano, mas o austríaco calcula mal a manobra e para não bater na Ferrari, Niki freia bruscamente, roda e saí da pista. Por sorte, o 7º colocado Elio de Angelis estava longe e Lauda faz um ótimo trabalho ao não deixar o motor TAG-Porsche não morrer, mas havia uma dificuldade a mais. Seus pneus Michelin (que havia anunciado neste final de semana que sairiam da F1 no final da temporada) estava danificados e a McLaren do austríaco passou a ter grandes vibrações, ficando longe da briga. De Angelis tentou capitalizar os problemas de Lauda, mas o motor Renault do italiano estourou. E não seria o último.

Então, a corrida voltou a ficar parada, com Prost conseguindo uma vantagem de 20s na volta 40 em cima de Tambay, que estava num tranquilo segundo lugar. O ano de 1984 tinha sido de dificuldades para o francês e sua alegria acabaria mais tarde, quando problemas elétricos em seu Renault fizessem que ele abandonasse a prova. Para piorar a situação da equipe francesa, o motor de Warwick passou a apresentar problemas e o inglês não demoraria a abandonar com superaquecimento. Como Mansell havia abandonado a corrida com um problema parecido, a Renault via três dos seus quatro motores terem problemas em uma corrida! Alboreto usou o desaparecimento de Warwick para aumentar seu ritmo e diminuir a diferença para o 2º colocado Piquet. Nas voltas finais, o piloto da Brabham parecia que seguraria a posição e marcou a melhor volta da corrida na 62º passagem da prova, mas logo atrás, Alboreto simplesmente igualava o tempo de Nelson, inclusive nos milésimos!

Naqueles tempos, o consumo de combustível era um problema sério e como Nürburgring era uma prova "nova", as equipes não tinham muita noção de como se comportariam com relação ao consumo. Piquet e Alboreto eram os únicos que vinham forçando o ritmo, enquantos os demais apenas levavam seus carros rumo a bandeirada. Prost venceu de ponta a ponta, com mais uma atuação perfeita em sua carreira. Mais atrás, o motor BMW de Piquet falha na última volta com falta de combustível e o bicampeão mundial passou a jogar seu carro de um lado para outro, tentando pescar algum pingo de gasolina. Alboreto se aproveita do ocorrido e pula para segundo, mas quando o italiano aponta na reta, sua Ferrari também fica sem combustível e o italiano cruza a linha de chegada no embalo, com Piquet chegando 1s depois. Metros após a bandeirada, os dois pilotos encostam na grama e enquanto voltavam aos boxes, Aboreto abre os braços em direção a Piquet, como dizendo, "O que posso fazer?" Sem nenhum pressão por resultado, Piquet repete a cena e os dois se dirigem ao pódio.

Com essa vitória, a McLaren se sagrava campeã do Mundial de Construtores com muita facilidade, com mais do que o dobro da segunda colocada. Ainda naquela semana, a FIA decide que todos os pontos da Tyrrell em 1984 seriam cassados, por causa do escândalo em Detroit, e Prost ganharia um ponto retroativa, na mesma corrida nos Estados Unidos. Em outras palavras, a diferença entre os pilotos da McLaren estavam 3,5 pontos a favor de Lauda, mas todos sabiam que o melhor carro (McLaren), o melhor motor (TAG-Porsche), além do melhor piloto, não importa quem seja, venceria o Mundial. Prost e Lauda fariam uma disputa de gato e rato na última corrida do ano. E seria uma corrida histórica!

Chegada:
1) Prost
2) Alboreto
3) Piquet
4) Lauda
5) Arnoux
6) Patrese

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