quarta-feira, 21 de outubro de 2009

História: 25 anos do Grande Prêmio de Portugal de 1984


A decisão do Mundial de Pilotos de 1984 iria ser decidido no reformado circuito de Estoril e a briga era entre a juventude de Alain Prost e a experiência de Niki Lauda. Os dois pilotos da McLaren chegaram a Portugal separados por 3,5 pontos, com vantagem para Lauda, que precisava de um segundo lugar para conseguir o seu terceiro título independente do resultado de Prost. Vinte e quatro anos após o último Grande Prêmio de Portugal no Porto, Estoril teve sua estrutura melhorada para receber a moderna F1, mas as reformas ainda estavam em andamento quando o circo da F1 chegou ao circuito, gerando reclamações de pilotos e equipes sobre as instalações.

A Classificação foi a mesma história do que tinha acontecido nas corridas anteriores com Nelson Piquet ficando com a nona pole da temporada, menos de um décimo à frente de Prost. Lauda havia conseguido várias recuperações durante as provas ao longo do ano, mas no ponto decisivo do campeonato, o austríaco gostaria de uma posição melhor que a 11º que tinha conseguido no sábado. Ayrton Senna tinha sido a grata surpresa da Classificação, com o novato chegando a liderar a sessão de sábado, mas o brasileiro acabou superado por Piquet e Prost no final, tendo que se conformar com a 3º posição.

Grid:
1) Piquet (Brabham) - 1:21.703
2) Prost (McLaren) - 1:21.774
3) Senna (Toleman) - 1:21.936
4) Rosberg (Williams) - 1:22.049
5) De Angelis (Lotus) - 1:22.291
6) Mansell (Lotus) - 1:22..319
7) Tambay (Renault) - 1:22.583
8) Alboreto (Ferrari) - 1:22.686
9) Warwick (Renault) - 1:22.801
10) Johansson (Toleman) - 1:22.942

O dia 21 de outubro de 1984 estava ensolarado em Portugal, afastando a possibilidade de chuva, que havia caído nos últimos dias e até atrapalhado o acabamento das reformas no circuito do Estoril. Um dado que tinha se tornado comum em 1984 era a pole de Piquet e sua péssima largada e como o piloto da Brabham havia conseguido outra vespa como prêmio pelo primeiro lugar no grid, não era de se admirar por uma má largada do bicampeão mundial. Nelson larga vagarosamente, com Prost ficando à sua frente, mas o francês é surpreendido pelas ótimas largadas de Rosberg e Mansell, que vieram por fora e assumiram a ponta da corrida, com Keke à frente de Nigel. Na pressa em recuperar as posições perdidas, Piquet começou a forçar desde o início e partiu para cima de Prost, mas Nelson acabaria rodando no meio da primeira volta e caía para último, não sendo mais um fator na briga pela vitória.

Na briga pelo título, Lauda larga com cautela e permanece em 11º, enquanto Prost pressionava Mansell para subir logo de posição, mesmo que o 3º lugar que ocupava no momento lhe desse o título. Porém, o francês conhecia as capacidades do seu companheiro de equipe e deixou Mansell para trás na segunda volta e imediatamente partiu para cima de Rosberg. O austríaco inicia sua corrida de recuperação e ultrapassa a Alfa Romeo de Eddie Cheever, mas acaba encontrando a Toleman de Stefan Johansson. O sueco havia sido chamado pela equipe para ocupar o lugar vago de Johnny Cecotto e até o momento não tinha feito nenhuma grande apresentação. Até aquela tarde. Lá na frente, Prost pressionava Rosberg e levou uma fechada escandalosa do finlandês no final da reta dos boxes, mas o francês tinha o carro mais rápido e executa a manobra na volta seguinte, a oitava.

Lauda era surpreendido com a resistência imposta por Johansson e estava preso na nona posição, enquanto Prost abria diferença sobre Rosberg. O piloto da Williams começa a ter problemas com seus pneus e é alcançado por Mansell, que seria seu companheiro de equipe em 1985, mas eles não se davam muito bem, com Keke reclamando da agressividade do inglês em outras corridas. Porém, foi Rosberg que foi agressivo e fechou Mansell por algumas voltas, mas Nigel acabaria por efetuar a ultrapassagem na 12º volta. Lauda pressionava Johansson na vã tentativa de fazer com que o sueco errasse, mas, ao contrário, Johansson melhorava seu rendimento e conseguia a ultrapassagem sobre De Angelis, trazendo Lauda consigo. Como Senna tinha acabado de ultrapassar Rosberg e estava num sólido 3º lugar, a Toleman estava bem feliz com a apresentação dos seus dois pilotos. Parecia que Lauda não queria cometer o mesmo erro de Nürburgring e fazia uma corrida de espera, mas na volta 27, Niki surpreende Johansson e o sueco chega a bater na traseira da McLaren. Houve a expectativa de que o carro de Lauda estivesse danificado, mas quem teve que ir aos boxes foi Johansson, acabando com a bela corrida do sueco.

Quando se viu livre de Johansson, Lauda passou a ser mais agressivo e já na volta seguinte ultrapassa Alboreto e assume a quinta posição. O piloto da McLaren era o piloto mais rápido na pista e na volta 31 o austríaco ultrapassou Rosberg no final da reta dos boxes e Senna não estava muito longe. Logo, todos imaginaram que Senna daria um trabalho ainda maior a Lauda, vide o que tinha feito Johansson, mas Niki só precisou de duas voltas para deixar o piloto da Toleman para trás, completando uma incrível sequencia de quatro ultrapassagens em seis voltas!

A corrida para os pilotos da McLaren se assemelhava a uma contagem regressiva, com Prost contando as voltas para que a volta 70 chegasse e a bandeirada fosse dada, enquanto Lauda só tinha Mansell entre suas mãos e o terceiro título mundial da F1. Prost já diminuía o ritmo, pois sabia que a vantagem que tinha já lhe garantia a vitória. Sua parte estava feita. Porém, para desespero do francês, Mansell passa a ter problemas nos freios da sua Lotus e Lauda estava estava cada vez mais perto. O inglês rodou na volta 51, ainda retornou à pista, mas com Lauda colado na sua traseira. Sem muitos dramas, Lauda efetua a ultrapassagem, enquanto Mansell roda no mesmo local na volta seguinte e abandona sua última corrida pela Lotus.

Ao saber que Lauda estava em segundo, Prost desanima e diminui ainda mais seu ritmo, enquanto Lauda, já na posição que precisava e apenas precisando levar seu carro ao final da corrida, diminui a pressão do turbo e alivia seu ritmo forte. No final, Prost recebe a bandeirada para sua sétima vitória na temporada, mas 13s depois Lauda chega em segundo e leva o título mundial para casa. O terceiro! Piquet, que estava uma volta atrás, recebe a bandeirada logo atrás de Lauda e é o primeiro a parabenizá-lo, numa verdadeiro encontro de campeões. Com esses resultados, Niki vence o título com apenas meio ponto de vantagem sobre Prost, que perdia seu segundo título seguido. Após o pódio, Lauda dizia que aquele tinha sido seu melhor título e ele sabia bem o motivo. No início do ano, Prost respeitava bastante Lauda, mas o francês era político e Ron Dennis passou a priorizar Prost durante a temporada. No meio do ano Dennis oferece um novo contrato para Lauda para 1985, mas com metade do salário. Subsequentemente, Lauda acerta um acordo verbal com a Renault para 1985, mas algumas pessoas dentro da equipe francesa não queriam um salário tão alto no time e vazaram a negociação para Dennis, que pressionou Lauda, apenas duas horas antes da largada para o GP da Áustria, para que o austríaco assinasse o contrato naquele momento e que já tinha acertado com Rosberg. Lauda recusa. Porém, no início de setembro de 1984, a Renault informa a Lauda que não poderia honra o compromisso e Niki fica a mercê de Dennis. Sem pestanejar, o austríaco apela para a Marlboro, que pressiona Dennis a assinar com Lauda nas condições que o piloto queria. Lauda iria correr pela McLaren em 1985 com o mesmo salário, mas tinha se queimado com Ron Dennis, que passa a apoiar claramente Prost, que respeitava tanto o bicampeão, que eles não chegaram a ter problemas. Já no Estoril, alguém pregou posteres no box da McLaren dizendo "Alain Prost Campeão Mundial de 1984", mas isso deixou Prost ainda mais nervoso, enquanto Lauda ficou imune a essa pressão psicológica e acabou ficando com o campeonato. "Ron Dennis me felicitou e disse que estava muito satisfeito. Eu não acredito nisso nem por um minuto!" falou o agora tricampeão Niki Lauda.

Chegada:
1) Prost
2) Lauda
3) Senna
4) Alboreto
5) De Angelis
6) Piquet

Um comentário:

Pedro disse...

Olá, tudo bem com vc??

O Grande Prémio de Portugal foi disputado no circuito do Estoril ainda em reformas porque, foi um circuito achado à ultima hora para substituir o GP que se deveria ter disputado em Espanha, mas como ninguem contava com isso, ainda tentaram fazer o melhor possivel para ter tudo pronto, se se tivesse sabido logo no inicio da época que a ultima corrida seria no Estoril, tudo estraria pronto.

Um grande abraço

Pedro Costa

http://maniadcarrinhos.blogspot.com/