sexta-feira, 18 de fevereiro de 2011

O intimidador


Poucos pilotos caracterizam tanto uma categoria como Dale Earnhardt. Dono de um estilo hiper-agressivo e um carisma sem igual, Earnhardt se tornou uma lenda viva da Nascar por encarnar o piloto durão, até mesmo sujo algumas vezes, mas que está disposto a tudo para vencer, não importando o tamanho ou o equipamento do adversário. Com um intimidador carro todo negro, Earnhardt foi o terror dos seus adversários nos anos 80 e 90 ao mesmo tempo em que fez a alegria de milhares de torcedores, que o seguiam de forma fiel por todos os circuitos da Nascar, onde conseguiu sete títulos, se igualando ao também mito Richard Petty. Fazendo dez anos de sua trágica morte, vamos conhecer um pouco mais da carreira deste verdadeiro ícone americano.

Ralph Dale Earnhardt nasceu no dia 29 de abril de 1951 na pequena cidade de Kannapolis, no estado da Carolina do Norte. Berço da stock-car americana. Seu pai, Ralph, era um piloto de sucesso de Stock-Car na região sudeste americana, principalmente nas pistas de terra dos estados de Carolina. O velho Ralph pilotou por 23 anos e venceu várias corridas regionais e quando seu filho, Dale, completou 10 anos ele começou a levá-lo as suas corridas. O pequeno Earnhardt ficava em cima do caminhão da equipe e prestava bastante atenção nos movimentos do seu pai e dos demais pilotos na pista, sendo esse um grande aprendizado para o futuro piloto. Porém, nem mesmo as vitórias deram fortuna a Ralph e por isso ele não queria que seu filho seguisse seus passos. Tarde demais. Dale já estava envolvido demais com as corridas e com a pequena equipe do seu pai. Como adolescente Dale Earnhardt consertava o carro do seu pai na oficina que tinha no quintal de casa e mais tarde ele se tornou membro da equipe, algo que lhe interessava muito mais do que estudar, a ponto de fazê-lo abandonar a escola antes de completar o high school. Além de poder ajudar a aumentar o orçamento familiar. Aos 19 anos Dale fez suas primeiras corridas em pistas de terra, mas três anos mais tarde ele teria um enorme baque.

Enquanto trabalhava em seu carro, Ralph Earnhardt sofreu um infarto fulminante e faleceu. Dale Earnhardt sempre fez questão de levar consigo a memória do seu pai, enquanto tentava dar os primeiros passos na carreira de piloto, enquanto trabalhava numa fábrica têxtil próximo a sua casa. Em 1975 Dale Earnhardt fez sua estréia na principal categoria da Nascar e escolheu logo de cara a corrida mais longa do calendário: World 600, em Charlotte. Correndo com um Dodge Charger de número 8 (o mesmo número que seu pai utilizava enquanto correu), Earnhardt largou em 25º, mas chegou a correr no pelotão da frente, surpreendendo a todos. Mesmo com essa boa exibição, demorou para que Dale se firmasse na Nascar. Ele fez provas pontuais entre 1976 e 1978, sempre mostrando talento, além de ter seu sobrenome bastante reconhecido por causa do pai. Naqueles tempos a Nascar era dominada por poucos nomes e ainda era uma categoria considerada do interior, até mesmo mambembe e caipira, bem longe do glamour dos dias atuais. O dinheiro era curto e os americanos em geral ainda preferiam a Indy e sua corrida principal, as 500 Milhas de Indianápolis. Eram tempos em que Cale Yarborough, os irmão Allison e, principalmente, Darrell Waltrip dominavam a stock-car. Em 1979 Dale Earnhardt conseguiu um bom contrato com a equipe de Rod Osterlund e os resultados não demoraram a acontecer. Na sétima corrida do ano, ele conseguiu sua primeira vitória da Nascar em Bristol, derrotando nas últimas voltas Bobby Allison e Darrell Waltrip. Porém, três meses depois a alegria de Dale acabaria com um espetacular acidente em Pocono, que lhe custou uma fratura na clavícula e algumas provas de molho, mas isso não o fez perder o conceituado título de Novato do Ano, derrotando na ocasião Terry Labonte.
Dale Earnhardt tinha deixado sua marca na Nascar e a equipe Ros Osterlund sabia disso, a ponto de lhe oferecer um contrato de cinco anos, garantindo a Dale Earnhardt seu futuro na Nascar. Earnhardt quase derrota seu ídolo Richard Petty em Daytona e consegue vários top-5 nas primeiras corridas do ano, culminando com a primeira vitória na temporada de 1980 em Atlanta, seu primeiro triunfo num super-oval, derrotando na ocasião o jovem Rusty Wallace, que simplesmente fazia sua estréia na Nascar. Por sinal, o bom desempenho de Earnhardt em super-ovais seria uma de suas marcas registradas, com dez vitórias em Talladega. A equipe Osterlund era nova e agressiva como seu principal piloto, mas também inexperiente. Após a vitória em Atlanta, Ros Osterlund se desentende com o chefe de mecânicos Jake Elder e o jovem Doug Richert assumiria o carro de Earnhardt. De azarão no início do ano, Dale Earnhardt se aproveita dos problemas de Waltrip e Yarborough, vence outras quatro corridas (Bristol, Nashville, Martinsville e Charlotte), se tornando Campeão da Nascar logo em sua segunda temporada completa na categoria. Dale se tornava um dos principais pilotos da Nascar, mas 1981 seria um ano conturbado para ele. Primeiramente a Osterlund troca a Chevrolet pela Pontiac, além de mais uma troca de chefe de mecânicos. Essa transição se reflete na pista e Earnhardt não consegue bons resultados e para piorar, no meio do ano Osterlund vende sua equipe para Jim Stacy, aumentando o caos dentro da equipe. Após um 29º lugar em Talladega, Earnhardt anuncia que estava abandonando o time, levando consigo o valioso patrocínio da Wrangler Jeans. Quatro dias após a saída de Dale da equipe Osterlund, o piloto Richard Childress anuncia que estava se aposentando como piloto e que se tornava chefe de equipe. Earnhardt passa a correr com Childress imediatamente, iniciando uma das parcerias mais vitoriosas da Nascar.

A Ford resolvera retornar a Nascar em 1982 e pensa em Dale Earnhardt como um piloto capaz de levá-los rapidamente às vitórias. No entanto Dale tem que abandonar repentinamente seu contrato com Childress, se juntando ao construtor Bud Moore numa equipe praticamente nova que teria a responsabilidade de desenvolver o novo modelo Thunderbird. Foi um fracasso. Apesar de algumas pessoas terem duvidado do talento de Earnhardt, foi por causa do talento dele que a Ford conseguiu uma vitória naquele ano, em Darlington, sendo esse praticamente o único resultado de realce da equipe. Apesar da frustração, Dale permaneceu mais um ano com Bud Moore e os resultados até melhoraram, mas Earnhardt estava deveras decepcionado com a Ford, que não mostrava o mesmo ritmo de desenvolvimento em comparação as demais montadoras. Cansado das promessas da Ford, ele retorna para a equipe do seu amigo Richard Childress levando consigo o patrocínio da Wrangler e voltando a utilizar o número 3, no qual jamais o abandonaria em sua carreira. A equipe Childress se mostrava promissora e agora com os carros da Chevrolet, Earnhardt parecia cada vez mais confiante. O ano de 1986 começa bem quando Dale quase vence as 500 Milhas de Daytona, ficando sem combustível faltando três voltas para o final. Darrell Waltrip liderou o início do campeonato, mas em Richmond Dale Earnhardt começava a ficar conhecido pela sua agressividade em excesso e ganharia um grande rival. O estilo do piloto da Childress já era conhecido pelos toques que ele dava na traseira dos carros a ponto de criar a ‘arte’ de bater nos adversário para ganhar posições. Porém, no oval de Richmond, Earnhardt brigava com Waltrip pela liderança quando o jogou no muro de forma desavergonhada, deixando Waltrip furioso. Earnhardt não ligou muito para as críticas e as multas recebidas pela manobra. Os fãs adoravam e Dale se tornava mais e mais popular com seu estilo duro e rústico de pilotar. Porém, essa idolatria iria aumentar com o título de 1986, após um duelo fortíssimo contra Waltrip na segunda metade do campeonato.
Childress e Earnhardt começavam a mostrar que sua parceria entraria para a história. A Nascar costuma chamar a temporada de 1987 como a ‘temporada perfeita’. Dale Earnhardt venceu seis das primeiras oito corridas do ano, vencendo em todos os tipos de circuitos, mas era nos ovais curtos que o Dale ganhou o apelido que o faria conhecido: Intimidador. Com seu estilo selvagem, Earnhardt ganhava, na mesma proporção, inimigos e fãs. Inimigos eram os pilotos e chefes de mecânicos irados com os toques recebidos em ovais como Richmond, Martinsville e Bristol. Mas os fãs adoravam esse jeito de pilotar. Mostrando que podia vencer em qualquer tipo de pista, Dale venceu nos superovais de Pocono e Michigan, chegando a impressionante marca de 608 pontos à frente do vice-campeão Bill Elliot, totalizando onze vitórias no ano. Para o ano seguinte, a Wrangler decidiu parar de investir na Nascar e a Childress correu atrás de um novo patrocinador. Com um grande apoio da Chevrolet, o time passou a ser apoiado pela GM Goodwrench, uma empresa de serviços da GM. No imaginário da torcida, o mais importante do novo patrocinador de Earnhardt foi que o carro passou a ser inteiramente negro, dando um ar ainda mais sinistro ao carro de número 3. Porém isso não deu muita sorte a Earnhardt, que tentava em 1988 ser o primeiro piloto a vencer três campeonatos consecutivos da Nascar desde Cale Yarborough, mas ele acabou derrotado por Bill Elliott. Contudo mais decepcionante seria a temporada de 1989, quando Dale venceu mais do que Rusty Wallace (6x5), mas acabaria derrotado pelo piloto da Penske. A essa altura Dale Earnhardt sabia que era o melhor piloto e tinha o melhor carro e por isso dominou a temporada de 1990 com nove vitórias, bem à frente do vice-campeão Mark Martin. Nesse momento Dale começava a ser comparado com Richard Petty, seu ídolo e piloto mais popular da Nascar até então, mas que vivia a fase descendente de sua carreira. Mas graças ao estilo de Earnhardt (que não agradava muito a Richard Childress) sua popularidade já podia ser comparada a Petty e com quatro títulos na carreira, ele já era o segundo maior vencedor na história da Nascar.

E esse número subiria para cinco em 1991, com mais um título, desta vez derrotando Ricky Rudd numa temporada em que nas dez primeiras provas, houve nove vencedores diferentes e Dale Earnhardt faturou o título com o menor número de vitórias (4). Após um ano complicado, Dale chegaria em Daytona, em 1993, com a seguinte faixa: The Black is Back. Isso era mais do que um recado aos adversários. Era profético. Porém, não foi um campeonato fácil e o campeonato só foi decidido na última prova em Atlanta, com Earnhardt derrotando mais uma vez Rusty Wallace. Quando se iniciou 1994, vários pilotos que estavam chegando à Nascar cresceram vendo Dale Earnhardt vencer com seu Chevrolet Lumina negro de número 3. Em dez anos, o piloto da Childress tinha a impressionante de 40% de chegadas entre os cinco primeiros colocados. Porém, isso marcava também uma espécie de troca de guarda da Nascar. Richard Petty não estava mais correndo e na mesma prova onde o lendário piloto se aposentou, estreou Jeff Gordon, um piloto jovem e bem diferente de Earnhardt, que era o ponto de referência da Nascar no momento. Dale poderia se tornar uma lenda viva da Nascar ainda naquele ano, se ele vencesse o campeonato e igualasse a marca de sete títulos de Petty. E foi exatamente isso que Earnhardt fez. Com a melhor equipe por trás, Dale só teve um adversário a altura em 1994: Mark Martin, piloto da equipe de Jack Roush, time oficial da Ford. O que ninguém sabia era que esse seria o último título do intimidador. Já em 1995 a equipe de Rick Hendrick, liderada por Jeff Gordon e o chefe de mecânicos Ray Everham dominou o campeonato, com Earnhardt vendo impotente Gordon, a quem se referia como ‘Garoto Maravilha’, se impor da mesma forma como ele havia feito alguns anos antes. A Nascar passou a ver uma disputa entre a velha guarda (Earnhardt) contra os jovens emergentes (Gordon). E os torcedores de Earnhardt passaram a odiar Jeff Gordon, inclusive se referindo ao termo Garoto Maravilha de forma pejorativa.

Dale ainda mostrava fôlego para dar trabalho ao jovem Jeff Gordon e liderava o campeonato de 1996 até sofrer um impressionante em Talladega, onde destruiu completamente o seu carro e teve sorte em sair apenas com alguns ferimentos leves. Porém isso foi como um aviso para Dale, que foi suplantado pela dupla da Hendrick, que viu Terry Labonte vencer. Earnhardt passou a pensar em parar de correr, enquanto a Nascar sofria uma grande metamorfose. Com a separação entre Cart e IRL, a Nascar foi a principal beneficiada e o público americano passou a ver cada vez mais a Stock-Car. Com Dale Earnhardt como a ponta da espada com sua popularidade, a Nascar superou a Indy em popularidade, prestígio e prêmios. Novos pilotos, que antes sonhavam em correr em Indianápolis, agora passavam a querer correr em Daytona e no circo cada vez menos mambembe da Nascar. Mesmo com o recorde de títulos e sendo o piloto mais popular da Nascar, ainda faltava algo para Dale Earnhardt.

Até 1997 o americano tinha 59 vitórias no currículo (quase duas temporadas inteiras!), mas sempre vinha alguém perguntar a Dale Earnhardt: E Daytona? Não faltaram ocasiões em que Earnhardt esteve bastante próximo de vencer a principal prova da Nascar. Ele foi o mais rápidos nos treinos, venceu a segunda prova em Daytona (no meio do ano), garantiu alguns Gatorade Duels (corridas preparatórias que definem o grid da corrida), mas por algum motivo a vitória nas 500 Milhas sempre lhe escapou. Sem nenhuma vitória em 1997 (a 1º vez que isso havia lhe acontecido desde 1981!), Dale não era o principal favorito em 1998, prova que abria o campeonato, mas seu bom desempenho em super-ovais não lhe deixavam dúvidas que ele poderia conseguir quebrar o tabu. Após a última bandeira amarela da corrida, Earnhardt saiu dos boxes na frente e liderou as 30 últimas voltas. O público estava prendendo a respiração. Ele ficaria sem combustível como já havia acontecido outras vezes? Porém um acidente envolvendo John Andretti e Stirling Marlin na última volta acabou com todo o suspense. Finalmente Dale Earnhardt vencia as 500 Milhas de Daytona! O enorme público delirou, mas a maior forma de demonstrar o quanto Dale Earnhardt era querido e respeitado foi a quantidade de mecânicos, chefe de mecânicos e chefe de equipes de times rivais pulando o pit-wall para parabenizar o velho campeão. Nesse momento, todos prestaram homenagens a Dale Earnhardt, mas ainda havia outro tipo de emoção ao veterano piloto.

Em 1998 seu filho Dale Earnhardt Jr. venceu a Busch Series (2º divisão da Nascar), repetindo o feito no ano seguinte. Com muito orgulho, Earnhardt fundou uma equipe unicamente para que seu filho pudesse correr na Nascar, a DEI (Dale Earnhardt Incorporated), enquanto permanecia fiel a Richard Childress. Após um ano regular em 1999, marcado por uma vitória polêmica em Bristol, quando jogou Terry Labonte no muro na volta final e foi vaiado por isso, Dale Earnhardt voltou a brigar pelo título no ano 2000, sendo derrotado por Bobby Labonte nas corridas finais. Muitos se perguntavam se Dale Earnhardt ainda tinha fôlego para superar Petty e conquistar seu oitavo título na carreira, derrotando pilotos muito mais jovens do que ele, incluindo aí nesse pelotão seu filho, que aos poucos se tornava um piloto de ponta. Dale completaria 50 anos em abril e já não era um garoto. Semanas antes da abertura da temporada, Dale Earnhardt participou pela primeira vez das 24 Horas de Daytona com um carro próprio e chegou em 4º lugar, correndo ao lado do filho. Como sempre acontecia nas corridas com placa restritora (Daytona e Talladega), Dale Earnhardt esteve sempre andando na frente nos treinos para as 500 Milhas de Daytona. No dia 18 de fevereiro de 2001, Dale liderou a prova durante muito tempo, mas um espetacular acidente envolvendo Tony Stewart paralisou a prova. Na relargada, já nas voltas finais, Dale estava em 3º e particularmente feliz. Nas duas primeiras posições, brigando pela vitória, estavam os dois pilotos da DEI, Michael Waltrip (irmão mais novo do velho rival Darrell) e seu filho, Dale Jr. Tentando proteger ambos, Earnhardt fechava o pelotão enorme que vinha atrás dele. Na última volta, Dale foi para a parte de baixo da pista e acabou batendo de leve no carro de Stirling Marlin. Isso foi o suficiente para Dale perder o controle do seu carro, colher o Pontiac de Kenny Schrader e bater forte no muro da curva 4. A corrida terminou com a primeira vitória de Michael Waltrip na Nascar, mas o carro de número 3 de Dale Earnhardt estava imóvel na pista de Daytona. O acidente não tinha tão espetacular quanto o de Stewart mais cedo e por isso não chamou tanta atenção assim do público que lotava as dependências de Daytona e muito menos dos comentaristas da TV. No entanto, à medida em que o resgate demorava em retirar o campeão, a apreensão aumentou no coração dos milhões de torcedores da Nascar. Dale Earnhardt foi levado às pressas para o Halifax Hospital, mas ele havia morrido praticamente na hora. A Nascar perdia seu ídolo ao vivo, como a F1 havia perdido Ayrton Senna sete anos antes. Porém, a título de comparação, para a Nascar a perca de Earnhardt foi ainda mais forte e traumática do que o falecimento de Senna para a F1. Dale Earnhardt tinha feito 677 corridas pela Nascar, com 76 vitórias, 22 poles, 428 top-10 e sete títulos (1980, 1986, 1987, 1990, 1991, 1993 e 1994).

Após a morte de Dale Earnhardt, passou a ser obrigatório o uso do HANS DEVICE na Nascar, na época apenas um aparato optativo aos pilotos. Na verdade, a partir desse ano em praticamente todas as categorias top passaram a utilizar o HANS. Muitas pessoas também apontaram para dois detalhes particulares de Dale que influenciaram em sua morte. Primeiro era que ele era o único piloto da Nascar a utilizar o capacete aberto, bem mais inseguro que o fechado. Outro era que Earnhardt gostava de utilizar o cinto de segurança mais solto, para poder ter uma maior mobilidade dentro do carro. Posteriormente foi descoberto que o cinto de segurança se partiu, fazendo com que o corpo de Dale fosse inteiramente para frente, causando os seus danos fatais. Porém, isso não traria o grande Dale Earnhardt de volta. Durante todo o ano houve uma série de homenagens ao piloto e apenas três semanas após a tragédia, Kevin Harvick, que havia o substituído na Richard Childress, venceu em Atlanta. O número 3, que pertence a Richard Childress na Nascar, jamais foi utilizado novamente e se depender do chefe de equipe, o mítico número só retornará quando seu neto, Austin Dillon, chegar a categoria principal da Nascar. A imensa popularidade de Dale Earnhardt foi transferida à Dale Jr., que se tornou um dos principais pilotos da Nascar nessa década. Após dois casamentos fracassados que lhe renderam quatro filhos (Kerry, o mais velho, também se tornou piloto, mas bem abaixo do irmão mais novo), Dale Earnhardt se casou com Teresa Houston em 1982 e com ela ficou até o fim da vida, morando próximo a Kannapolis, cidade onde nasceu e cresceu. Teresa se tornou chefe da DEI, mas como ela nunca se deu muito bem com Dale Jr., houve a separação em 2008. Que foi prejudicial a ambos. A DEI nunca se recuperou com a saída de Dale Jr. e, principalmente, dos patrocinadores que o piloto trazia a equipe e apenas dois anos depois se juntou a equipe Ganassi para sobreviver. Dale Jr. se transferiu para a equipe Hendrick, a melhor da Nascar, e muitos pensavam que Junior, como também é chamado, poderia começar ganhar títulos como o pai, mas o que se viu for Dale Jr. se tornar facilmente o quarto piloto da equipe, conquistar apenas uma vitória desde então, enquanto seus companheiros de equipe brigam pelo título e seu talento começa a ser questionado pelos especialistas da Nascar, apesar de sua popularidade não ter diminuído, mesmo não tendo o estilo agressivo do pai. Dez anos depois de sua morte, a Nascar nunca esqueceu Dale Earnhardt e sempre haverá nas arquibancadas de um oval americano uma bandeira preta com o número 3 no fundo.

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