Uma das coisas interessantes deste campeonato é a variedade
de pilotos e equipes que conseguem sucesso de uma prova para outra. Desde 1997 não
se via uma variedade tão grande de pilotos e equipes conseguindo sucesso na F1
e isso faz da temporada 2012 excelente. Sebastian Vettel vencendo após liderar
de ponta a ponta e assumindo o primeiro lugar do campeonato não é uma surpresa
à primeira vista, mas o alemão da Red Bull passou por dificuldades nas três primeiras
provas do ano e até mesmo hoje teve que agüentar uma pressão do surpreendente
Lotus de Kimi Raikkonen, que voltou ao pódio depois de dois anos e meio,
provando que o tempo fora das pistas não lhe fez mal. Romain Grosjean,
considerado um desastrado há pouco tempo, conseguiu seu primeiro pódio,
corroborando com a ótima corrida da equipe chefiada por Eric Boullier.
A prova no Bahrein teve um enredo parecido das demais, com
muitas disputas por posição na medida em que as estratégias apareciam e os
pilotos precisavam forçar ou poupar equipamento. Somente Sebastian Vettel
destoou um pouco com uma ótima largada e um ritmo muito forte nas voltas
iniciais, como ele fazia quando a Red Bull tinha o melhor carro disparado no
ano passado. Porém, Vettel não teve sossego na parte final da prova com a
aproximação de Raikkonen e o finlandês chegou a colocar de lado uma vez, não conseguindo
a ultrapassagem. Contudo, essa vitória no Bahrein foi muito importante para o
representante da Red Bull, pois esse triunfo lhe dará uma grande dose de
confiança e ainda lhe rendeu a liderança de um campeonato extremamente
apertado. Mark Webber vem fazendo sua parte em ajudar a Red Bull conseguir
assumir a liderança do Mundial de Construtores, mas o australiano precisa sair
um pouco de sua cômoda estratégia de regularidade, onde se fosse para apostar
alguma coisa na F1, é cravar Mark Webber em quarto.
Eric Boullier, chefe da Lotus, clamava por uma corrida
normal para que o seu time pudesse mostrar o seu real potencial este ano. Se na
China fracassou, no Bahrein a Lotus fez sua melhor corrida e se consolida como
uma das grandes este ano. A boa largada de Grosjean e Raikkonen foi o começo de
uma bela corrida de ambos os pilotos, particularmente de Kimi, que largou
apenas em 11º. As ultrapassagens de ambos poderiam sugerir que os pilotos dos
carros negros estariam forçando os pneus e que isso sairia caro para eles, mas
o desenrolar da corrida mostrou o contrário e após a primeira parada eles já
estavam em 2º e 3º, só que Grosjean à frente. Raikkonen, que ficou no Q2 ontem
e por isso tinha um pneu macio de reserva, ultrapassou o companheiro de equipe
e partiu à caça de Vettel, chegando a abrir a asa traseira na reta principal
algumas vezes, colocando de lado uma vez. Porém, após a terceira parada, Vettel
deu um gás e apenas administrou sua vitória, mas isso não diminui em nada a
belíssima corrida de Kimi Raikkonen e Romain Grosjean, que se manteve
tranquilamente na terceira posição, deixando Webber bastante longe. Com a
vitória na corrida passada, Nico Rosberg se tornou favorito à vitória no
Bahrein e os melhores tempos nos treinos livres era a indicação disso, mas a
coisa começou a degringolar quando Rosberg foi apenas quinto no grid. O alemão
foi um dos que largaram mal e esteve longe da briga pela vitória ou até mesmo
do pódio, além de ter arriscado demais em disputas com Hamilton e Alonso. Seria
frustração?
Já Schumacher foi um dos destaques da prova ao conseguir
sair da 22º posição do grid rumo ao seu segundo ponto no campeonato, ganhando
doze posições e fazendo boas ultrapassagens nesse ínterim. Depois do gelo dado
pela FOM pelo abandono do segundo treino livre na sexta-feira, a Force India
fez uma belíssima prova com Paul di Resta, com o escocês parando somente duas
vezes e só perdendo o quinto lugar para Rosberg nas voltas finais. Di Resta vem
mostrando ser um ótimo piloto e supera com folgas Hulkenberg, que fez uma prova
anônima hoje. Quem não consegue fazer uma prova discreta é mesmo Maldonado.
Largando lá atrás devido a uma punição e problemas na Classificação, o
venezuelano fez ultrapassagens, brigou e acabou rodando espetacularmente após
ter um pneu traseiro furado, forçando seu abandono. Bruno Senna não repetiu
suas boas corridas na Malásia e na China, podendo indicar que a Williams tem um
comportamento distinto em condições de temperatura diferentes. A Ferrari
continuou sua toada de equipe média e Alonso ficou em sétimo, sem mostrar a
mesma magia de antes, enquanto Felipe Massa conseguiu seus primeiros pontos com
um nono lugar. Largando quatro posições atrás de Alonso, o brasileiro fez sua
melhor corrida do ano e realmente andou na balada de Alonso, o que não deixa de
ser importante no seu momento atual, mas será que isso basta para permanecer em
2013?
A McLaren fez uma corrida para esquecer em Sakhir. Primeiro,
seus dois pilotos não largaram bem e se Hamilton ainda manteve a segunda
posição a duras penas, Button caiu várias posições. Com um desgaste acentuado
de pneus, os dois pilotos prateados iam parando logo nos pits e isso quando a
equipe vacilou novamente. E novamente. As duas primeiras paradas de Hamilton
foram desastrosas e se ele estava em terceiro antes da parada, o inglês chegou
a andar fora da zona de pontuação, tendo que se conformar com uma oitava
posição, perdendo a liderança do campeonato. Já Button foi ainda pior. O inglês
conseguiu se recuperar da má largada e chegou a ocupar a quinta posição, quando
foi ultrapassado por Rosberg nos boxes no terceiro round de paradas. Porém,
quando atacava Di Resta, o inglês acabou tendo um pneu furado e teve que
abandonar e não é surpresa a McLaren ter perdido a liderança do Mundial de
Construtores para a Red Bull. Outra equipe que começou muito forte e caiu
demais foi a Sauber, que prometia brigar por um pódio, de repente,e agora se
conforma com pontos, algo que não conseguiu,
mesmo Pérez tendo chegado colado em Schumacher. Kobayashi largou muito mal mais
uma vez e numa estratégia diferente, acabou se dando mal. O japonês, chamado de
mito por muitos, está passando da hora de honrar o apelido. A Toro Rosso tinha
uma boa expectativa com o sexto lugar de Daniel Ricciardo no grid, mas o
australiano largou pessimamente, perdeu dez posições e ficou no seu pelotão da mediocridade,
chegando até mesmo atrás de Vergne, seu companheiro de equipe que largou várias
posições atrás dele. O sonho da Caterham de um bom resultado acabou logo na
primeira volta quando Kovalainen teve o pneu furado após um toque com Maldonado
e o finlandês, bem mais rápido do que Petrov, teve que fazer uma corrida de
recuperação. Porém, vale destacar que os carros verdes de Tony Fernandez já tem
uma volta de vantagem para Marussia e HRT, mostrando o quão está a frente das
duas equipes piores da F1.
Se muita gente não assistiu ou não escreverá sobre o Grande
Prêmio do Bahrein, aqui estou falando da prova, que acabou sendo bem
interessante. Até o momento, não houve nada de diferente do que houve em outros
dias no conturbado dia-a-dia do Bahrein. A prova deveria ser realizada em meio
a tanta confusão? Não. Mas a F1 já correu na África do Sul do Apartheid, nas ditaduras
do Brasil e da Argentina, fora que semana passada correu na China, país recorde
em violações dos direitos humanos e ano que vem poderemos ter duas corridas nos
Estados Unidos e Guantánamo. E nem por isso as pessoas deixaram de assistir
essas corridas ou cobri-las. Por isso, para mim, a corrida no Bahrein foi como
outra qualquer. Um fato interessante é que o pódio do Bahrein foi totalmente
diferente da China e se semana passada os três primeiros utilizavam motores
Mercedes, desta vez todo mundo tinha o emblema da Renault no seu macacão,
mostrando o equilíbrio deste campeonato, que deverá ser um dos melhores dos
últimos tempos.
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