quarta-feira, 15 de maio de 2013

História: 30 anos do Grande Prêmio de Mônaco de 1983

Após quatro Grandes Prêmios, a disputa estava acirrada entre Nelson Piquet e os franceses Alain Prost e Patrick Tambay na briga pela liderança do campeonato, com o brasileiro e o representante da Renault empatados na liderança do campeonato. Até poucos anos antes, os motores turbo sofriam horrores nas tortuosas curvas de Mônaco, mas já em 1982 isso tinha ficado no passado quando o duo da Renault dominou a prova. Para perdê-la por erros dos seus pilotos. Por isso, o trio Renault-Ferrari-Brabham lutaria pela ponta da corrida monagasca, mas o atual campeão Keke Rosberg e seu Williams com o velho Cosworth tentariam se sobressair nos circuitos travados e de rua, como o finlandês havia feito em Long Beach e em Mônaco não seria diferente.

Porém, os pilotos equipados com motores turbo dominaram na quinta-feira, primeira dia útil do GP de Mônaco, com Prost e Arnoux bisando a dobradinha da primeira fila de 1982. O primeiro carro aspirado era o de Rosberg numa boa quinta posição, logo à frente de Piquet. A previsão de tempo para todo o fim de semana era de instabilidade climática e quem acabaria sofrendo bastante com isso seria a McLaren. John Watson e Niki Lauda não conseguiram acertar seus carros com os pneus Michelin e por isso ficaram apenas em 22º e 23º na quinta-feira. Porém, como ficara provado em Long Beach, quando Watson e Lauda conseguiram uma dobradinha depois de largarem fora do top-20, os experientes pupilos de Ron Dennis teriam uma chance de se recuperar no sábado. Teria. Os dois acertaram bem seus carros no sábado pela manhã durante os treinos livres, mas a chuva apareceu com força à tarde, fazendo impossível que os pilotos melhorassem seus tempos de quinta-feira. Como naquele tempo só largavam vinte carros, Lauda e Watson teriam que ver a corrida pela TV.

Grid:
1) Prost(Renault) - 1:24.840
2) Arnoux(Ferrari) - 1:25.182
3) Cheever(Renault) - 1:26.279
4) Tambay(Ferrari) - 1:26.298
5) Rosberg(Williams) - 1:26.307
6) Piquet(Brabham) - 1:27.273
7) De Cesaris(Alfa Romeo) - 1:27.680
8) Laffite(Williams) - 1:27.726
9) Jarier(Ligier) - 1:27.906
10) Warwick(Toleman) - 1:28.017

O dia 15 de maio de 1983 estava chuvoso e carrancudo no principado comando pela família Grimaldi. Porém, não era nenhuma tempestade e mesmo o warm-up sendo realizado com pista molhada, proporcionando momentos de escapadas e derrapagens controladas dos pilotos, quando o momento do sinal verde se aproximava, apenas uma garoa caía em Monte Carlo. Era hora das apostas. Pneus para pista seca ou molhada? Os líderes resolveram ser convencionais e montaram seus pilotos com pneus para pista molhada, mas Williams, Marc Surer da Arrows e Derek Warwick da Toleman resolveram arriscar e largaram com pneus para pista seca. Foi o início de uma vitória histórica da Williams! Mesmo com a pista escorregadia, Rosberg pulou de quinto para segundo ainda antes da St. Devote, enquanto Arnoux largava muito mal, chegando a atrapalhar Piquet. Cheever pula para segundo por um momento, mas quando vê um Rosberg voador, se assusta e tira seu carro da frente. 

Ainda no descorrer da primeira volta Rosberg deixou Prost para trás e não seria mais incomodado por ninguém. A pista secava a olhos vistos e quem apostou nos pneus slicks, mesmo sendo bastante perigoso num primeiro momento, começaria a colher os frutos rapidamente. Após ultrapassar Tambay, Arnoux assume o terceiro posto quando deixa Cheever para trás na volta 3, bem distante do seu rival Prost, totalmente isolado em segundo. Nessa mesma volta Piquet percebe o erro tático de sua equipe e vai aos boxes colocar pneus slicks, enquanto Laffite, na outra Williams, passava com facilidade pelas duas Ferraris. E o francês só não fez o mesmo com Prost porque ele foi aos boxes colocar os pneus corretos da ocasião. Arnoux continuava com seu início ruim de temporada ao bater na saída do túnel, destruindo sua corrida como no ano anterior: errando sozinho.

Quando todos na pista estavam com os mesmos pneus, os quatro pilotos que largaram com pneus slicks dominavam a prova, com Rosberg, Laffite, Surer e Warwick, nessa ordem. O primeiros dos pilotos que pararam nos boxes era Prost, com Piquet, que foi um dos primeiros a parar e por isso ganhara bastante terreno, logo atrás. Com os pneus corretos, Prost e Piquet tiraram a diferença para Warwick, que vinha se aproximando da Arrows de Surer. Na volta 21, Piquet realiza uma ultrapassagem audaciosa sobre Prost dentro do túnel e sempre que o Galvão diz que viu isso apenas uma vez, quando Mansell ultrapassou o próprio Prost em 1991, me pergunto que o narrador global faltou a corrida de 1983... Agora com Piquet liderando, o duo se aproximou definitivamente de Warwick que, pressionado, partiu para cima de Surer. Os quatro passaram a correr colados, mas sem muitas chances de ultrapassagem entre eles. Por volta da 50º passagem, haviam poucos carros (11) na pista e Surer se aproximava da Tyrrell de Danny Sullivan para colocar uma volta no americano. Nesse momento Piquet, como ele próprio afirmou após a corrida, deu um espaço para esfriar seu carro, superaquecido após andar tanto tempo colado na traseira do seu antigo rival da F3 Warwick. Vendo a indecisão de Surer em ultrapassar Sullivan, Warwick resolveu arriscar na entrada da St Devote, mas tudo acabaria numa grande asneira do inglês. Warwick bate seu pneu dianteiro direito na roda traseira esquerda de Surer, fazendo o suíço bater muito forte, de frente, no guard-rail. Milagrosamente Surer sai inteiro do acidente, mesmo tendo seu Arrows bastante danificado, enquanto Warwick dá uma guinada para a direita, indo para a área de escape, uma das poucas, da St. Devote. Sua corrida também estava terminada ali.

Piquet tem a sorte de campeão de estar a uma distância segura do engodo e sai ileso do acidente, seguido por Prost, enquanto Surer e Warwick lamentavam a chance perdida de uma ótimo resultado para as suas medianas equipes. Porém, a sorte de Piquet e Prost ainda não havia terminado. Dezoito segundo atrás do seu companheiro de equipe, Laffite entra nos boxes na volta 54 bem lentamente e quando se aproximou do pit da Williams, ele acenou com os braços, identificando um problema terminal no câmbio. Quando Patrese abandonou na volta 64 com problemas elétricos, haviam apenas sete carros rodando naquele Grande Prêmio de forma bem espalhada e foi assim até o final. Keke Rosberg foi soberano e conquistou sua segunda vitória na carreira com enorme categoria, enquanto Piquet e Prost, bafejados pela sorte, conseguiram um pódio que os mantinham na briga pelo título, agora com Piquet desempatando a disputa a seu favor. Numa prova discretíssima, Tambay finalizou em quarto e mostrando a corrida se sobrevivência de trinta anos atrás, Danny Sullivan e Mauro Baldi completaram a zona de pontuação com duas voltas de atraso cada. Este seria os únicos pontos marcados por Sullivan na F1, enquanto o sétimo colocado, Chico Serra, encerrava melancolicamente sua carreira na F1 que parecia tão promissora pelo o que fizera nas categorias de base. Muitos ainda reclamavam do título de Rosberg em 1982, com apenas uma vitória, mas com uma pilotagem espetacular, junto com a sorte e o senso estratégico de todo campeão, Keke mostrava que estava entre as estrelas da F1 da época.

Chegada:
1) Rosberg
2) Piquet
3) Prost
4) Tambay
5) Sullivan
6) Baldi 

Um comentário:

Anônimo disse...

30 anos e 11 dias depois aconteceu a vitória de Nico Rosberg.