domingo, 5 de maio de 2013

Para ficar na memória

Para as milhares de pessoas que assistiram a corrida da Indy nas ruas de São Paulo in loco, espero que as últimas voltas fiquem na memória delas. O mesmo a quem acompanhou na TV. Para quem gosta de automobilismo e acompanha a Indy, pela intensa briga proporcionada por James Hinchcliffe, Takuma Sato, Marco Andretti e Josef Newgarden. Com certeza, ninguém esquecerá tão cedo. Já para quem acompanha de forma eventual ou pelo tom ufanista ridículo da TV Bandeirantes neste final de semana, espero que eles saibam que o automobilismo tem sua beleza justamente nesses momentos que levantaram as pessoas das arquibancadas ou das poltronas em casa. A emoção não é um brasileirinho derrotando os gringos, apesar da soberba corrida de Tony Kanaan. É numa ultrapassagem na última curva, por exemplo.

Como vem se tornando rotina, a corrida em São Paulo foi das mais emocionantes do calendário da Indy e hoje não foi exceção. O traçado do circuito de rua proporciona disputas sensacionais como num autódromo tradicional, mas com os perigos eminentes dos circuitos de rua. Por isso, não faltam ultrapassagens e bandeiras amarelas. Agora, um parentese para a imbecilidade de dizer que o circuito de rua no Anhembi é referência mundial e que dentro do calendário da Indy, São Paulo só perde para Indianápolis. No primeiro quesito, sugiro para quem fala isso ir a Cingapura, pois parece que tem um circuito de rua lá muito bom. Quanto a importância no calendário, lembro de Long Beach, uma corrida sem nenhuma tradição, só com quase 40 anos de provas ininterruptas... 

Voltando a prova em si, destaque para Tony Kanaan, esse guerreiro que enfrentou uma luxação na mão direita para lutar seriamente pela vitória, fazer belas ultrapassagens, mas ser traído pela pequeneza de sua equipe, que mal consegue fazer um cálculo de combustível. As palmas no momento em que parava na frente da arquibancada principal foram altamente merecidas para este baiano bom de volante. Ryan Hunter-Reay liderou o início da corrida, mas a ciranda de bandeiras amarelas fez com que vários pilotos assumissem a ponta da corrida e trouxesse várias alternativas. A primeira, logo no começo, foi provocada por Bia Figueiredo de forma que, na minha opinião, deveria lhe custar uma punição. Com o câmbio sem funcionar, a paulistana se arrastou pela pista até ficar irremediavelmente parada, trazendo o pace-car pela primeira vez de forma besta e sem motivos. Além de ser muito fraca pilotando, Bia se mostrou não muito inteligente...

O vencedor de todas as edições da corrida no Anhembi, Will Power, fazia uma feroz corrida de recuperação depois de largar em 22º por causa desses regulamentos incríveis que o afetou na classificação. Na pista, o australiano da Penske vinha fazendo ultrapassagem sobre ultrapassagem, mostrando muita força até um incêndio em seu carro decretar o fim do seu domínio em São Paulo. Foi um dia ruim para a Penske, pois Helio Castroneves se meteu em várias confusões durante a corrida e acabou, por sorte, ainda em 13º. Porém, comparei o ritmo dos dois pilotos da Penske enquanto eles tentavam escalar o pelotão. A diferença a favor de Power em termos de agressividade e velocidade chega  a espantar!

No fim, após quase duas horas de corrida, a última perna em bandeira verde da corrida tinha Takuma Sato na frente, seguido por Josef Newgarden. Ambos em equipes pequenas. Aos poucos, Sato vem transformando a equipe Foyt, antes zombada pelos métodos antiquados do seu dono A.J. Foyt, num time coeso e consistente, além do próprio Sato estar pilotando cada vez melhor. Já Newgarden está na equipe de Sarah Fisher e é uma promessa americana. Só o fato de Newgarden ter largado em último e estar em posição de vitória já demonstra que ele veio para ficar. O problema era que atrás deles vinham pilotos de equipe maiores, como James Hinchcliffe e Marco Andretti. Os dois vieram para cima dos dois pilotos nas voltas finais, quando Sato fechou de forma até perigosa Newgarden no retão da marginal. Quando Hinchcliffe ultrapassou Newgarden e partiu para cima de Sato, recebeu o mesmo 'tratamento', recebendo fechadas criminosas, mas o canadense resolveu usar a inteligência para superar o aguerrimento samurai de Sato.

Vendo que Sato venderia caro a ultrapassagem na reta, Hinchcliffe freou no limite, induzindo Sato fazer o mesmo. Foi fatal. Na parte suja da pista, Sato escorregou e Hinchcliffe, na última curva, executou a ultrapassagem vitoriosa de forma magnífica, conseguindo a segunda vitória em quatro corridas no campeonato, mas sua irregularidade o faz ficar apenas em quarto no campeonato. Mostrando a sua força, Sato agora lidera o campeonato, mesmo com a decepção no Anhembi, por sinal, a segunda, já que dois anos atrás Takuma quase ganhou pela primeira vez na Indy, mas foi traído por uma estratégia errada de sua então equipe. Marco Andretti ainda ficou com último lugar do pódio e também está numa boa posição no campeonato, que pode se tornar espetacular se houver outras corridas como essa. Pena que a Band não pensa assim. Enquanto os quatro primeiros faziam um final de corrida épico, Luciano do Valle parecia narrar um velório...

Um comentário:

Vinicius disse...

Vitória espetacular do ``Danico´´!!!
como diria Rodrigo Mattar!