domingo, 10 de novembro de 2013

E épico foi...

Quando falava sobre esta temporada 2013 de MotoGP em abril, falei sobre a história deste ano ser escrita por quatro pilotos, mas que um título de Márquez ou Rossi seria uma grande história a ser contada. E 2013 foi uma grande temporada. Um ano histórico. Cheio de dramas e exibições de tirar o fôlego do trio espanhol Marc Márquez, o novato sensação, Jorge Lorenzo, o bicampeão lutando com uma moto inferior que os rivais, e Daniel Pedrosa, ainda à espera do seu triunfo definitivo. Mesmo com uma vitória nesse ano, o tempo do glorioso Valentino Rossi ficou na história, pois o italiano simplesmente não consegue mais acompanhar os líderes desta geração e com isso, Rossi colecionou quartos lugares.

Em Valencia, a grande decisão teria apenas Márquez e Lorenzo como favoritos. Se Sebatian Vettel já está fazendo história na F1 derrubando as grandes estrelas da categoria com vitórias em sequencia, a MotoGP pode estar vendo o nascimento de uma era parecida com Marc Márquez. O estilo agressivo ao extremo do espanhol lhe traz muitos fãs e triunfos, mas também atrai acidentes. Mesmo tendo 18 pontos de vantagem sobre Lorenzo nessa última etapa no circuito Ricardo Tormo, ninguém poderia afirmar que Márquez era o favorito destacado, pois além de sua agressividade habitual, Marc era um novato e novamente fazendo uma analogia com a F1, Hamilton começou como um furacão em seu ano de estreia seis anos atrás, mas acabou traído pelo noviciado no momento crucial. Lorenzo não tem a melhor moto, com sua Yamaha inferior a Honda de Márquez e Pedrosa. Porém, Jorge tirou a diferença no braço. Cada vez mais experiente e maduro, o espanhol lutou de forma até mesmo tocante contra a força da Honda de Márquez e Pedrosa a temporada inteira, conseguindo vitórias improváveis, mas chegou a Valencia em clara desvantagem para com Márquez. Lorenzo teria que ir para o tudo ou nada.

E Lorenzo foi. Como normalmente fez esse ano, Lorenzo largou muito bem e assumiu a ponta, sendo acossado pelas Hondas de Pedrosa e Márquez. Essa cena aconteceu o ano todo, mas desta vez Lorenzo simplesmente não cederia a posição frente a força das Hondas. Ele iria lutar ainda mais como fez esse ano. E Jorge lutou. Talvez tenha arriscado mais do que o limite aceitável, principalmente nas disputas com Pedrosa, que no momento tinha como principal missão ajudar Márquez, que assistia a tudo de camarote, tendo a Honda de Álvaro Bautista como escudo de possíveis ataques da Yamaha de Rossi, que tinha missão parecida com a de Pedrosa. As primeiras dez voltas foram emocionantes e tensas. Uma queda poderia ser crucial tanto para Márquez como que para Lorenzo. E Jorge quase caiu quando tocou com Pedrosa, com Márquez assumindo a primeira posição. Lorenzo contra-atacou. Márquez não se importou. Ele só necessitava de um quarto lugar. Nesse momento, os cinco primeiros já não estava tão juntos assim. A tensão ainda era grande, mas o pior para Márquez já havia passado. Pedrosa passou Rossi (novamente em quarto...) e Bautista. Jorge Lorenzo queria uma pelotão agrupado, para forçar um erro de Márquez, mas vendo que isso já não mais possível, Lorenzo resolveu fazer sua própria corrida, disparando na frente, enquanto Márquez deixava Pedrosa assumir a segunda posição e fazer sua contagem regressiva mental.

Lorenzo recebeu a bandeirada em primeiro e mal comemorou. Alguns segundos mais tarde, o dono da festa empinava sua moto e levantava os braços em júbilo. Marc Márquez, com 20 anos de idade, se tornava o mais jovem Campeão da MotoGP, se tornando também um dos mais jovens campeões mundias do esporte.  Mesmo com algumas polêmicas em que se envolveu, Marc Márquez entrou para a história não apenas pela precocidade, mas também pela forma como pilota e por ter derrotado dois grandíssimos pilotos, mais experientes do que ele, que mesmo sofrendo sérios acidentes (Lorenzo e Pedrosa tiveram suas clavículas quebradas e o primeiro chegou a correr trinta horas após uma operação...), andaram num nível altíssimo, onde os anos os calejaram para isso. Márquez só precisou de um ano para andar no nível de Lorenzo e Pedrosa. 

Foi um final de campeonato épico. Márquez pode estar iniciando uma era na MotoGP, como fizeram no passado Rainey, Doohan e Rossi. Porém, o espanhol não terá sua vida facilitada, pois Pedrosa, mordido por, pela terceira vez, ver seu companheiro de equipe campeão, e Lorenzo, hoje o piloto mais completo do grid, farão de tudo para que Márquez não consiga o bicampeonato. Só que Marc, mais experiente e sem a pressão de já ter um título, estará ainda mais forte. Que venha 2014, com os mesmos dramas e exibições de 2013. 

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