Ontem, quando meteu quase 1s sobre quem quer fosse, Sebastian Vettel mostrou que dominaria no molhado em Interlagos, mas no seco, situação não vista até o momento em São Paulo, haveria dúvidas se o alemão faria no circuito José Carlos Pace o mesmo que fez nas oito etapas anteriores. A largada não foi promissora, mas Vettel precisou de apenas uma volta para estabelecer a verdade na F1 em 2013. Sua nona vitória consecutiva foi bem parecida com outros triunfos de Sebastian na carreira, com uma dominação nas primeiras voltas e administração nas seguintes. E Vettel igualou a Ascari com nova consecutivas, mesmo o italiano ter as 500 Milhas de Indianápolis no calendário oficial da F1 no meio desta série, e o piloto da Red Bull agora está isolado no quesito vitórias consecutivas numa mesma temporada.
A prova de hoje não foi das mais empolgantes, já que a chuva veio mais fraca do que o esperado e não chegou a mexer de verdade na dinâmica da corrida. Porém, a emoção ficou fora das pistas. Quando Felipe Massa levava sua Ferrari pela última vez para o grid, os mecânicos da Ferrari fizeram uma espécie de corredor para homenagear Massa com aplausos, numa situação nunca vista na história da F1. Felipe está longe de ser o virtuose do mesmo nível de Vettel, Alonso ou Hamilton, mas seu estilo combativo o fez andar no meio dessa galera ao longo de todos esses anos, conquistando também os latinos e passionais italianos da Ferrari, mas seu acidente parece ter tirado isso de Massa. O carinho para com Felipe fez com que a Ferrari o segurasse por tanto tempo mesmo com tantos resultados ruins nos últimos anos. Sua falta de consistência foi demonstrada hoje, quando foi punido por um Drive-Through e a corrida de Massa praticamente acabou ali, pois se pressionava Hamilton firmemente para ser quarto, não repetiu mais seu ritmo anterior e acabou em sétimo. Pouco, para quem queria um pódio e estava fazendo por onde. Seu futuro? A Williams teve sua pior temporada justamente em 2013 e se levantar depois de um baque desse, ainda mais sem dinheiro, será difícil, mas Massa tem duas vantagens para 2014. Primeiro, fazer pior do que 2013, a Williams não fará e por isso haverá, sim, uma evolução no time de Grove. E Massa trabalhará em outra filosofia, onde ele poderá aprender muito e se motivar cada para o resto de sua carreira. Não concordo que o fato de se livrar de Alonso fará de Massa um piloto melhor. A diferença entre Felipe e Fernando é que o espanhol é melhor mesmo.
Já Webber teve sua despedia definitiva com uma corrida parecida com as últimas: na sombra de Vettel. Mas o australiano fez bem mais do que muitos previram quando ele estreou na F1 em 2002. Quando Mark teve como companheiro de equipe Antonio Pizzônia e destruiu o brasileiro na Jaguar, Webber passou a ser persona non grata no Brasil, particularmente pela imprensa brasileira, que via em Pizzônia na grande revelação brasileira na primeira década do século 21. Porém, a carreira de Webber deslanchou quando foi para a Red Bull. Após uma relacionamento conturbado com David Coulthard, mas ainda com vantagem para o australiano, Webber passou a encarar a promessa Sebastian Vettel. E Webber conheceu sua primeira derrota para um companheiro de equipe e com seu humor irascível, também se estranhou com o alemão, queridinho da Red Bull e particularmente de Helmut Marko. Porém, foi na Red Bull que Webber conseguiu suas únicas glórias, com suas nove vitórias, incluindo algumas marcantes, como as duas em Monte Carlo. O fato de ter perdido o título de 2010 praticamente definiu quem é quem na Red Bull nos anos seguintes e aos 37 anos, Webber deixou a F1 com outro segundo lugar e subindo uma posição no Mundial de Pilotos. Ao final da prova, meio que desafiando a FIA, tirou o capacete na volta de desaceleração para sentir na cara a velocidade de um F1 pela primeira e última vez. O detalhe foi que essa atitude foi a terceira na história, não inédita, como falou Galvão. Nas outras, Didier Pironi em Imola/82 e Gerhard Berger em Estoril/89, venceram as respectivas corridas. Webber ficou com uma despedida digna de um piloto que, igual a Massa, não estava no nível das grandes estrelas de sua geração, mas lutou muito para estar entre eles.
E Vettel fez sua prova padrão com uma ultrapassagem na primeira volta sobre Nico Rosberg e a partir de então abrir 1s por volta para quem quer que fosse o segundo colocado. Nem uma atrapalhada da Red Bull em sua segunda parada de box atrapalhou o alemão em sua jornada rumo a nona vitória consecutiva, outro recorde, 13º na temporada, outro recorde igualado e 39º na carreira, o deixando a apenas três de ultrapassar Senna e se tornar o terceiro maior vencedor na história da F1. A cara de Alonso no pódio, mesmo estando ao lado o amigo Webber em sua despedida, mostrou bem os resultado de suas altas expectativas para essa temporada. Sem armas para enfrentar a Red Bull, deve ser frustrante para alguém ambicioso como Alonso lutar, fazer o seu melhor, andar mais do que o carro e ter que se conformar com o terceiro lugar. Mas foi o máximo que o espanhol fez e Fernando fez tão mais do que o seu carro permitia, que ele ainda beliscou um vice-campeonato, algo grandioso para quem tem apenas o terceiro ou quarto melhor carro do pelotão. As Mercedes estavam irreconhecíveis, particularmente Nico Rosberg, que dominou os treinos na sexta, tomou a ponta de Vettel na largada e depois perdeu rendimento de forma absoluta no resto da corrida, caindo para o quinto lugar, ficando entre os dois carros da McLaren. Com Hamilton tendo outra diarreia mental quando jogou seu carro para cima de Bottas e foi punido, quase que a Mercedes perdeu o vice-campeonato no Mundial de Construtores para a Ferrari, o que seria um golpe forte parra uma das equipes que mais investem na F1 atualmente.
Jenson Button conseguiu o melhor resultado da McLaren no ano com um bom quarto lugar, mostrando toda sua elegância ao pilotar, mas o time de Martin Whitmarsh estava tão bem que até mesmo o demissionário Sergio Pérez fez uma boa corrida para terminar em sexto, pressionando o quinto colocado Rosberg. Tomara que seja o ressurgimento da McLaren, pois a tradicional equipe bem, a F1 como todo ganha com mais gente na briga pela vitória. Nico Hulkenberg marcou pontinhos valiosos para a Sauber nesta que deve ser sua última prova pelo time suíço esse ano, mas ao contrário de outras provas, o alemão foi discreto e não esteve envolvido em brigas mais à frente. Também se despedindo da Toro Rosso, Daniel Ricciardo marcou o ponto final para a sua equipe e agora parte para o maior desafio de sua carreira, que é andar ao lado de uma lenda chamado Sebastian Vettel e substituir a altura, ou melhor, seu compatriota Webber na equipe atual tetracampeã do mundo. Será um desafio e tanto, bem mais difícil do que superar Jean-Eric Vergne, claramente desmotivado nas últimas corridas. Outro que pode estar se despedindo da F1 é Paul di Resta, que pode estar se mudando para a Indy em substituição ao seu primo Dario Franchitti. E a F1 está tão de cabeça para baixo, que Pastor Maldonado, num ano completamente errático e sendo o último entre as equipes mais, digamos, antigas, deve assinar com a Lotus, quarta colocada no Mundial de Cosntrutores, mas que fez uma prova medíocre em Interlagos, muito pelo abandono precoce de Grosjean com um motor quebrado, enquanto Kovalainen... mostrou por que passou por McLaren e Renault e ninguém sente sua falta. Entre as nanicas, desta vez a Marussia conseguiu segurar a décima posição dos ataques da Caterham e não terá que pagar para viajar pelo mundo em 2014.
Aos 26 anos, Sebastian Vettel escreveu com sua habilidosas mãos seu nome ainda mais na história. Seus recordes não são mais pela precocidade ao chegar a algum feito, mas agora pelos números absolutos. Seus feitos assustam, pois seu futuro ainda deve ser longo e mesmo tendo ao lado pilotos da estirpe de Alonso, Hamilton e Button, o alemão simplesmente massacra os adversários, ajudado pelo mago das pranchetas Adryan Newey e a administração de Christian Horner. Com o fim da era de pilotos como Webber e Massa, esse na luta direta pela vitória, a F1 está vivenciando agora a Era Vettel.
Um comentário:
Em 2005,Webber estava perdendo de Heidfeld,mas acabou ganhando a disputa,porque seu colega na Williams se ausentou das 5 últimas corridas,o que permitiu a Webber,superar Heidfeld na classificação,durante o ano o melhor que Webber conseguiu foi um 3o lugar em Mônaco e um 2o no Grid na Espanha,enquanto Heidfeld conseguiu 2 segundos(Mônaco e Europa) e um terceiro(Malásia) lugar e uma pole na Europa como os melhores resultados da Williams em 2005.
e é curioso o quanto Webber se indispôs com TODOS os seus colegas de time,não apenas com Pizzonia e Vettel,mas Wilson,Klien,Heidfeld,Rosberg e até mesmo Coulthard,um piloto muito boa gente e querido entre seus colegas de time,não podem ver o Australiano nem pintado de ouro.
Webber é um cara que não é muito popular,até pelos seus métodos pouco ortodoxos de ser firmar em um time,sai sem nenhuma vitória enquanto seu colega Vettel levou 13 vitórias,uma suprema e incontestável humilhação.
Webber já foi tarde,e não deixa a menor saudade,mas aquele tombo que levou,Vettel,Pizzonia,Wilson e Klien devem ter rido um bocado daquilo.
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