terça-feira, 19 de novembro de 2013

Não torcemos juntos

No ano em que esse humilde blog foi ao ar em 2007, o canal Speed entrou na programação da Sky tendo prato principal a Nascar. Já tive relação de amor e ódio com a categoria, mas hoje posso dizer que curto bastante a Stock americana. Minhas tardes de domingo eram na sua maioria preenchidas pela Nascar, mas do ano passado para cá, o canal Speed deu lugar ao Fox Sports (e sua vinheta 'Torcemos Juntos') e ao mesmo tempo em que variou o cardápio, praticamente extirpou a Nascar de sua programação dominical. Ao invés de passar as corridas ao vivo, a Fox preferia passar reprises de jogos que haviam acabado de terminar no canal aberto ou jogos do insosso campeonato argentino. Para quem queria ver a Nascar, teria que esperar dar meia-noite (ou mais...) e assistir provas que duram de três a quatro horas. Para quem trabalha na segunda-feira, era o paraíso...

E o pior foi que a Fox resolveu colocar essa programação justamente no momento decisivo da Nascar, o famigerado Play-Off. Voltando no tempo no quesito Campeonato Brasileiro de futebol, seria o mesmo que um canal passar toda a fase classificatória, mas deixar de transmitir os jogos decisivos de mata-mata. As nove corridas decisivas (a última prova, em Homestead, só passou ao vivo por que, por coincidência, não havia campeonato europeu neste final de semana) da Nascar foram assistidas apenas para quem não tinha nenhum compromisso na segunda pela manhã e não vimos outra demonstração desse gênio chamado Jimmie Johnson. Comparar Johnson a lendas como Loeb, Schumacher e Rossi pode parecer heresia num primeiro momento, mas o dono do carro número 48 venceu seis títulos em doze temporadas completas e já é o sexto maior vencedor da história da Sprint Cup (e outras variáveis de patrocinadores...). Levando-se em conta que a Nascar é uma categoria em que os pilotos chegam a ficar vinte anos ou mais correndo de forma razoável, o futuro de Johnson leva a crer que ele baterá todos os recordes da categoria e já no próximo ano Jimmie poderá se igualar aos setes campeonatos de Richard Petty e Dale Earnhardt, duas das maiores bandeiras da Nascar.

Mesmo com todas conquistas, Jimmie Johnson não tem o carisma de outros pilotos top da Nascar e dentro da categoria pilotos bem piores do que ele, como Dale Jr, tem bem mais popularidade. Se Dale Pai era conhecido como o Intimidador, Johnson usa como principal característica a regularidade e a eficácia, adjetivos não muito admirados pelos fãs da Nascar. Desde a introdução dos Play-Offs em 2004, Johnson passou a dominar a Sprint Cup, com seis títulos e três vices, usando essas características de pilotagem como seu principal aliado, juntamente com a equipe Hendrick, maior campeã da Nascar, além do chefe de mecânicos Chad Knaus.

E a Nascar viu a história passar pelos seus olhos, pelo menos para quem morava nos States ou tinha insônia no Brasil. Adoro futebol, mas o que a Fox Sports fez com a Nascar nos faz pensar em como a cobertura da Globo, mesmo com todos os seus defeitos, é boa com relação a F1. Se um dia a Globo não quiser mais a F1, poderemos ficar reféns a situações como essa, onde não vimos Jimmie Johnson fazer história.

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