quarta-feira, 20 de agosto de 2014

História: 40 anos do Grande Prêmio da Áustria de 1974

Clay Regazzoni assumiu a ponta do campeonato em Nürburgring numa campanha bastante regular do suíço, deixando para trás Emerson Fittipaldi e Niki Lauda, que não pontuaram na Alemanha e agora corriam atrás do prejuízo, sendo que Lauda teria a vantagem de poder correr em casa e juntamente com sua velocidade demonstrada ao longo de 1974, era o grande favorito para a prova em Zeltweg. Nos bastidores da F1, o seriamente contundido Mike Hailwood era substituído por David Hobbs na terceira McLaren, sendo que o inglês não participa de uma prova de F1 desde... 1971! Cansado dos problemas do seu carro, Jochen Mass abandona a Surtees, mas o velho campeão de 1964 se vê sem o importante dinheiro trazido pelos patrocinadores do alemão e a equipe Surtees fica com sérios problemas financeiros. Seria o longo declínio da equipe de 'Big John'. 

Como esperado, Niki Lauda consegue a pole em sua casa, para delírio da torcida. Com essa pole, a quinta consecutiva, Lauda se igualava a Stirling Moss e Phil Hill como recordista de pole-positions consecutivas. Os carros da Brabham havia se adaptado muito bem ao rápido circuito de Zeltweg e Carlos Reutemann completava a primeira fila, com José Carlos Pace em quarto, com Emerson Fittipaldi separando os pupilos de Bernie Ecclestone, fazendo uma segunda fila toda brasileira. Também em uma temporada bastante regular, Scheckter consegue o quinto tempo, enquanto o então líder do campeonato Regazzoni fica com um decepcionante oitavo lugar.

Grid:
1) Lauda (Ferrari) - 1:35.40
2) Reutemann (Brabham) - 1:35.56
3) Fittipaldi (McLaren) - 1:35.76
4) Pace (Brabham) - 1:35.91
5) Scheckter (Tyrrell) - 1:35.94
6) Peterson (Lotus) - 1:36.00
7) Hunt (Hesketh) - 1:36.11
8) Regazzoni (Ferrari) - 1:36.31
9) Merzario (Iso) - 1:36.35
10) Hulme (McLaren) - 1:36.39

O dia 18 de agosto de 1974 estava quente e ensolarado em Zeltweg, um dia perfeito para uma corrida de F1 e com Niki Lauda na pole e com reais possibilidade de vitória, as arquibancadas estavam lotadas. Nas última posições, Jacques Laffite tem problemas com seu Iso/Williams e por isso larga com muito atraso. Quando a bandeira austríaca foi baixada, Carlos Reutemann tem os reflexos mais rápidos e ainda antes da primeira freada, o argentino já apontava na primeira posição, para tristeza da torcida austríaca que foi ao autódromo para torcer por Lauda, que ficou em segundo, seguido por Pace e por Regazzoni, após o suíço fazer uma largada sensacional saindo de oitavo para quarto. Ao contrário aconteceu com Fittipaldi, que caiu de terceiro para sétimo ao final da primeira volta.

Reutemann tentava abrir na primeira posição, mas a formação Brabham-Ferrari-Brabham-Ferrari foi terminada no final da segunda volta quando Regazzoni ultrapassou Pace e subiu para terceiro, efetivando uma bela corrida de recuperação ainda no começo da prova. Scheckter, em quinto, acompanhava os quatro primeiros no primeiro pelotão, com James Hunt liderando o segundo pelotão em sexto lugar. Scheckter ultrapassa Pace na oitava volta, mas a alegria do sul-africano só dura uma volta quando o motor do seu Tyrrell quebra e força o abandono de Scheckter, o primeiro do sul-africano desde o Grande Prêmio da Argentina e complicando a vida do então vice-líder do campeonato. Pace começa a perder rendimento e descola do pelotão principal, logo sendo alcançado pelo compatriota Emerson Fittipaldi, que juntamente com Peterson acabara de ultrapassar James Hunt. A briga entre os brasileiros é breve e Emerson assume o quarto lugar praticamente no mesmo momento em que a torcida austríaca esmorece mais uma vez quando Regazzoni ultrapassa Lauda para tomar o segundo lugar. O austríaco estava sofrendo com superaquecimento do seu motor Ferrari e não demoraria para Lauda abandonar a prova, para profundo desgosto de sua esperançosa torcida.

Carlos Reutemann controlava a corrida na ponta, mas a diferença para o segundo colocado não era superior a 2s. Emerson Fittipaldi aumentava o ritmo, trazendo consigo Ronnie Peterson e começa a se aproximar de Clay Regazzoni na briga não apenas pela segunda posição, como também pela liderança do campeonato. A corrida se aproximava da sua metade com os quatro primeiros colocados andando juntos, mas sem muita agressividade nas disputas de posição, com José Carlos Pace vendo tudo à distância em quinto lugar, enquanto Depailler já aparecia 16s depois. Na volta 31, Pace aumenta o seu ritmo, sentindo que era a hora de atacar e ultrapassa Peterson, logo se aproximando do seu compatriota Fittipaldi. Regazzoni podia vir perto de Reutemann, mas não dava sinais que poderia ultrapassar o argentino, o mesmo acontecendo com Emerson, mas que teria agora a presença incômoda de Pace. Porém, o status quo sofre uma profunda modificação quando o motor de Emerson Fittipaldi quebra na Rindt Kurve, fazendo com que Regazzoni abra um largo sorriso em baixo do capacete e do seu bigodão, pois não apenas correria sem pressão, com a única preocupação de atacar Reutemann, como também via a chance de disparar no campeonato, já que todos os seus adversários estavam fora da prova. Contudo a alegria do suíço dura muito pouco. A Ferrari de Regazzoni demonstrava problemas de dirigibilidade e logo é ultrapassado por Pace, o que significava festa para a Bernie Ecclestone, pois seus dois piloto corriam em dobradinha. Logo Regazzoni teria a companhia de Peterson, mas a sorte voltou a sorrir para o suíço da Ferrari quando Pace encosta seu Brabham nos boxes com um sério vazamento de combustível. O brasileiro tendo continuar na prova, mas acabaria abandonando na volta 41.

Na briga pela quarta posição, Jacky Ickx tenta ultrapassar Patrick Depailler na curva Texaco e os dois acabam se tocando, forçando o abandono de ambos. Com todos esses problemas, Reutemann abria 10s para a briga entre Regazzoni e Peterson, enquanto quietinho, quietinho, a raposa felpuda Dennis Hulme assumiu o quatro lugar com sua McLaren, seguido por Hunt, Watson e Brambilla. Os problemas de dirigibilidade de Regazzoni ficam claros quando é identificado um furo lento num dos seus pneus e o suíço entra nos boxes para um pit-stop, um verdadeiro evento para época, retornando à pista em sétimo. Peterson fica apenas uma volta em segundo lugar, quando ele tem uma quebra na transmissão do seu Lotus e abandona tristemente, enquanto Regazzoni tentava uma nova corrida de recuperação e faz a volta mais rápida da corrida. Com a saída de Peterson, a vida de Reutemann fica muito mais tranquila e ele recebe a bandeirada com 40s de vantagem sobre Hulme, enquanto o terceiro colocado Hunt termina um minuto atrás. Demonstrando o bom desempenho da Brabham na Áustria, John Watson completa em quarto na sua primeira vez com um Brabham numa equipe particular. Na penúltima volta Regazzoni ainda consegue ultrapassar Brambilla para marcar importantes dois pontos, enquanto italiano marcava o seu primeiro ponto na F1. Regazzoni continuava sua temporada de regularidade e com os dois pontos marcados, agora ele tinha cinco pontos de vantagem sobre Scheckter, mas como na época havia os descartes, logo Rega teria que descontar pontos dos seus piores resultados. Enquanto Reutemann comemorava e Hunt mandava beijinhos do pódio, Dennis Hulme curtia o que seria seu último pódio na F1.

Chegada:
1)  Reutemann
2) Hulme
3) Hunt
4) Watson
5) Regazzoni
6) Brambilla 

Um comentário:

Por Dentro dos Boxes disse...

João,

Nessa prova o Reutemann e seu BT44 não deram chances para os adversários. O argentino, largando em 2º, tomou a dianteira e depois das 54 voltas colocou mas de 42s de vantagem para Hulme o 2º colocado...

Pena que o Emerson e o Moco não foram bem nessa prova...

abs...