quinta-feira, 5 de abril de 2007

A separação que não deu certo

Muitos casamentos já nascem com a pecha do "não vai dar certo" e no final acaba acontecendo isso mesmo. Acaba em separação e as partes envolvidas seguem suas vidas muitas vezes mais felizes que quando estavam juntas. No caso do automobilismo americano de monoposto aconteceu ao contrário. Um casamento feliz acabou em separação e hoje as duas partes estão mais infelizes do que nunca.

No final dos anos 80, a IndyCar chegou a causar uma coceirinha na cabeça de Bernie Ecclestone graças ao campeonato mais disputado que a F1 àquela altura e a novidade para muita gente das corridas em oval. O campeonato era realmente forte e as corridas eram mais disputadas que a F1 de então. A transferência de Mansell para os Estados Unidos e um teste de Senna pela Penske foi muito ruim para a imagem da F1, pois ambos elogiaram bastante a categoria americana.

Dizem que foi Ecclestone que encheu a cabeça de Tony George para provocar a cisão da categoria. Em 1996 havia a CART de um lado e a IRL do outro. No começo a CART, com a maior parte das equipes, ficou em vantagem e a IRL era uma piada. O tempo passou, a CART tomou decisões estranhas, e a IRL ainda tinha seu maior trunfo: as 500 Milhas de Indianápolis.

Esse era o ponto. A CART tinha as equipes e os pilotos, mas não tinha o palco principal, enquanto a IRL tinha o palco e estava ganhando equipes e pilotos por causa disso. Na virada do milênio, a situação se modificou e a IRL virou a categoria séria e a CART, que nem é mais CART, virou piada. Mas o tempo passou e hoje as duas categorias agonizam.

A Champ Car hoje vive de duas grandes equipes e uma grande estrela, que nem americano é: Sebastien Bourdais. Nesse ano a categoria irá estrear um chassi novo e mais moderno, mas a expectativa é de que 16 carros larguem para a primeira corrida. Na IRL, a preocupação é ainda maior. Quando Tony George lançou a categoria em 1996, o objetivo era uma corrida de americanos para americanos. O que vimos eram ex-pilotos americanos voltando a ativa correndo em ovais. Hoje, são poucos os americanos que são destaques na IRL e agora temos cinco circuitos mistos. Mas o pior é a notícia de hoje, último dia de inscrição para as 500 Milhas de Indianápolis.

Apenas 27 carros foram inscritos, um pouco longe dos 33 originais. Esse mico Tony George vinha evitando com muito esforço faz tempo, arrumando carros e pilotos de última hora e completando o grid, mas esse ano, as coisas parecem masi difíceis. Atualmente largam de forma regular apenas 18 carros. Faltando então 15 carros para completar o tradicional grid.

Com essa presepada, vem a pergunta: Por que eles não se juntam novamente? Uma explicação muito simples me vem a cabeça. Por que todo americano gosta de ficar por cima, não aceita seus erros e preferem prejudicar várias pessoas (inclusive nós, fãs) do que dar o braço a torcer. Um divórcio muito triste, mas até mesmo esperado.

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