quinta-feira, 16 de setembro de 2010

Filho de peixe, peixinho é


Certos pilotos não tem seus feitos reconhecidos e muitas vezes é subestimado ou até mesmo marginalizado, mas quando se aposentam, suas reais qualidades ficam aparentes e passam a ser mais respeitados pelos críticos. Esse reflete bem o caso de Damon Hill. Até chegar a F1, Damon era apenas o filho do grande Graham Hill, bicampeão mundial de F1 e um dos pilotos mais carismáticos da história da categoria. Em apenas um ano de carreira, Damon se vê como primeiro piloto da melhor equipe da F1 de então e tendo que enfrentar um futuro monstro sagrado chamado Michael Schumacher. Nem mesmo o título conquistado com todos os méritos fizeram com que Hill fosse mais respeitado, mas seu cavalheirismo e simpatia, além de desempenhos surpreendentes nas pistas após sua passagem pela Williams, fizeram com que Damon finalmente conseguisse mais respaldo entre os amantes da F1. Completando 50 anos nessa semana, iremos conhecer um pouco mais da carreira do filho de Graham Hill.

Damon Graham Devereux Hill nasceu no dia 17 de setembro de 1960, em Hampstead, próximo a Londres, pouco mais de um mês após seu pai, Graham Hill, ter abandonado o Grande Prêmio de Portugal com problemas de câmbio. Mesmo não tendo o talento de Jim Clark ou John Surtees, Graham Hill era um dos pilotos mais carismáticos do mundo e por isso permitia que sua família morasse numa mansão em Haberdashers, com 25 quartos. Nessa 'pequena' casa, a família Hill recebia personalidades como Colin Chapman, Jim Clark, Stirling Moss (nascido exatamente 31 anos antes de Damon) e outras feras da velocidade. Inicialmente, o pequeno Damon, que sempre acompanhava seu pai nas corridas pelo mundo, se interessa por motos e longe de se opor, Graham lhe presenteia com uma mini-moto quando o filho tinha 11 anos. Desde cedo Damon Hill também se interessa por música, participando da banda do colégio. Contudo, toda a estrutura familiar Hill sofre um colapso em 1975 quando Graham sofre um acidente de avião em um monomotor particular, causando não apenas a morte do bicampeão, mas de toda a sua equipe de F1, incluindo aí o promissor Tony Brise. Soube-se então que Graham estava tendo problemas financeiros e seu avião não tinha seguro, fazendo com que Bette Hill, a matriarca da família, tivesse que arcar com todas as indenizações pelo acidente aéreo.

Junto com suas irmãs Samantha e Brigitte, Damon passou por um aperto enorme pela nova situação financeira, mas Bette teve mão firme para segurar a barra nesse momento tão complicado. Para continuar a estudar (ele estudou Inglês, História, Economia e Administração), Damon foi operário e motoboy e quando se envolveu novamente com motos, ele se sentiu encorajado a voltar ao seu antigo amor pelo motociclismo e em 1981 fez sua estréia tardia no esporte a motor, utilizando uma cópia fiel do antigo capacete do seu pai: oito lâminas de remo branco na vertical, com um fundo azul escuro. Mesmo tendo vencido uma corrida de 350cc em Brands Hatch, Damon não chama muita atenção dos especialistas e seu orçamento apertado não lhe permitia comprar bons equipamentos. Para poupar dinheiro, Hill preparava ele mesmo as motos, rebocava a moto com seu próprio carro e dormia em uma barraca. Contudo, Damon Hill sabia que uma passagem para o automobilismo chamaria mais atenção e dinheiro para sua empreitada no esporte a motor e por isso troca as duas pelas quatro rodas em 1983. Como esperado, a imprensa inglesa dá uma ampla cobertura para o filho de Graham, que utilizava o mesmo capacete e também como o pai, iniciava no automobilismo muito tarde para os padrões da época. Porém, as coisas não saem como esperado e Damon não embala rapidamente no Campeonato Inglês de Formula Ford, só conseguindo uma temporada mais digna em 1985, seu terceiro ano na categoria. Hill se muda para a F3 em 1986, mas apenas no ano seguinte consegue bons resultados, mas o máximo que realiza em três anos na F3 são três vitórias. Estava longe de ser um currículo primoroso, mas Hill não desiste e pula para o Campeonato Europeu de F3000 em 1989. Mesmo com o sobrenome famoso, Hill não conseguia muitos patrocínios e seus resultados, a primeira vista, são pífios na F3000. Porém, houve algumas evoluções e vários azares na passagem de Hill pela importante categoria de base. O inglês largou várias vezes em boas posições, mas incidentes de corrida e problemas mecânicos faziam-no desistir da corrida. Nunca da carreira!

Seu enorme esforço chama a atenção de Frank Williams, que enxerga em Damon Hill uma boa chance de conseguir alguma publicidade, mesmo o colocando apenas como piloto de testes, em 1991. Damon aproveita a chance e testa alucinadamente o fantástico Williams FW13, ganhando uma experiência valiosa. Nigel Mansell conquista seu único título em 1992 com o pé nas costas num bólido que Damon testou por mais de 10.000 km. Mesmo sem nenhuma experiência em corrida, Hill conhecia muito bem um carro de F1 e por isso foi chamado para correr pela Brabham em 1992. Williams sabia das dificuldades em manter seus dois pilotos de então (Mansell e Riccardo Patrese) para 1993 e por isso liberou facilmente Hill para ganhar rodagem, em caso de alguma necessidade futura. Porém, a Brabham de 1992 estava anos-luz dos seus tempos auréos e Hill não ganhou a experiência desejada, participando de apenas duas corridas em oito tentativas, por culpa única e exclusivamente da ruindade do carro. Porém, como se esperava, Frank Williams tem dificuldades em renovar o contrato com seus dois pilotos para 1993, principalmente porque Mansell e Patrese sabiam que a Williams tinha tudo acertado com Alain Prost. Mansell tivera uma péssima experiência como companheiro de equipe de Prost na Ferrari e se mandou para os Estados Unidos, enquanto Patrese não queria outro ano como segundo piloto. Mesmo tendo sondado pilotos mais experientes, como Martin Brundle e Mika Hakkinen, Williams resolve apostar na prata da casa e promove Damon Hill como piloto titular da Williams em 1993.

Não faltou quem criticasse a escolha de Hill como piloto da Williams. Já contando com 33 anos, sem nenhum título nas categorias de base e parca experiência na F1, muitos diziam que Damon seria apenas um subserviente segundo piloto da Williams enquanto estivesse por lá. Corroborando com isso, Hill tem um péssimo início de temporada quando sofre um acidente ainda no início do Grande Prêmio da África do Sul, mas se recupera de forma magistral ao conseguir ficar em 2º lugar em Interlagos e Donington Park, em situações difíceis na chuva onde Prost foi muito mal. A curva de crescimento de Hill era clara e mesmo que Prost tivesse a primazia dentro da equipe, Damon melhorava no decorrer da temporada. Ele consegue sua primeira pole na carreira em Magny-Cours e só não vence por ordens de equipe para Prost triunfar em casa. Correndo em Silverstone, Hill levou os ingleses à loucura quando liderou boa parte da corrida, mas seu motor Renault lhe deixou na mão. Na prova seguinte, em Hockenheim, Damon liderou até próximo do fim quando foi um pneu a lhe tirar a sonhada primeira vitória. Porém, quando o triunfo veio, Hill deslanchou. A primeira vitória de Damon na F1 foi na Hungria. A primeira de uma série de três triunfos consecutivos! Prost foi tetracampeão, mas Damon Hill surpreendeu o mais cético dos seus críticos ao ficar em terceiro lugar do Mundial, com três vitórias. Com Prost se aposentando definitivamente no final do ano, Hill teria um novo companheiro de equipe, pois apesar de sua excepcional primeira temporada completa, todos sabiam que o inglês ainda precisava ganhar mais experiência.

Senna realizava um velho sonho de ingressar na Williams e mesmo tendo a mesma idade do brasileiro, Damon Hill ficaria numa situação muito parecida com a temporada anterior, com mais uma dificuldade. Prost era conhecido por não se esforçar muito nas Classificações, muito ao contrário de Senna, que forçava ao máximo nos sábados. O resultado foi uma situação desagradável para o inglês, levando sempre mais de 1s para Senna nos treinos classificatórios. Porém, uma tragédia muda tudo. No dia primeiro de maio de 1994, Senna deixava de ser apenas um grande campeão para se tornar um mito e Damon Hill se vê como único piloto da Williams, até então a melhor equipe do campeonato. Na teoria. Michael Schumacher e sua Benetton vencera as quatro primeiras corridas do ano e para bater o alemão naquele momento, somente por motivos extra-pista. A Williams, de forma tímida, passa a apostar em Hill, mas procura outros pilotos, como Rubens Barrichelo, Heinz-Harald Frentzen e até mesmo Nelson Piquet, que menos de um ano antes quase perdera um pé num acidente em Indianápolis. Mostrando sua tenacidade, Hill vence o Grande Prêmio da Espanha, um mês após a morte de Senna, imitando o que seu pai fizera 26 anos antes, quando Jim Clark, primeiro piloto da Lotus em 1968, perdeu a vida e Graham venceu uma prova na Espanha poucos dias depois. Porém, Schumacher já havia conquistado uma enorme diferença no campeonato sobre Hill e a própria Williams contratara Nigel Mansell, com 42 anos de idade, para ajudar Damon na difícil luta pelo título. Porém, como imaginado, foram forças extra-pista que fizeram que Schumacher quase perdesse aquele título. Primeiro, foi uma desclassificação no Grande Prêmio da Inglaterra por desrespeitar uma bandeira preta por que o alemão havia ultrapassado Hill na volta de apresentação. Mais tarde, Schummy roda durante o Grande Prêmio da Bélgica e estraga o extrator de madeira embaixo do seu carro, causando-lhe mais uma desclassificação. Por mais uma desclassificação, Schumacher é suspenso de outras duas corridas, numa manobra bastante discutível da FIA, acusada de querer manter o campeonato aberto de forma artificial.

De qualquer forma, o fato foi que Damon venceu as quatro provas em que Schumacher tem problemas e encosta no alemão no final do campeonato. Schumacher acusa Hill de que não teria estofo para ser Campeão Mundial e vence sua primeira corrida em sua volta após as suspensões. Damon devolve com uma vitória categórica em Suzuka, debaixo de um diluvio que interrompeu a corridas duas vezes, fazendo com que os dois rivais chegasse a última etapa do campeonato, em Adelaide, separados por um ponto, com vantagem sobre o alemão. Schumacher e Hill se aproveitam de uma má largada do pole Mansell e partem para uma tensa corrida de gato e rato nas ruas australianas. Damon começava a colocar seu Williams de lado no final da grande reta dos boxes, mas Schumacher acaba errando numa curva besta e quebra sua suspensão, ao bater no muro. Mostrando sua inexperiência, Damon Hill não espera Schumacher encostar e o ataca na curva seguinte, com o alemão iniciando definitivamente sua carreira polêmica ao jogar seu carro em cima do Williams de Hill. Schumacher quase capota, mas o estrago estava feito. Damon se arrasta até os boxes e lá os mecânicos percebem que a suspensão da Williams estava amassada. Final de prova para Damon e Schumacher campeão de forma controversa. Mesmo Hill sendo visto nas comemorações do título do alemão, isso foi estopim de uma rivalidade que marcaria a carreira de ambos e toda a F1 nos próximos anos.

A Williams não protesta pelo incidente em Adelaide, ainda enterrada no caso Senna, e dá um voto de confiança para Damon Hill, não contratando nenhum piloto de ponta e deixando o inglês como líder da equipe. David Coulthard seria o que foi Damon em 1993, um segundo piloto obediente. Hill inicia o ano de forma inédita, como um dos favoritos ao título e primeiro piloto da equipe campeã do Mundial de Construtores. Mesmo abandonando na primeira corrida do ano no Brasil, Hill vence duas corridas seguidas e pela primeira vez na carreira lidera o campeonato, mas logo Schumacher tira no braço a desvantagem técnica que tinha com relação aos carros da Williams e vence sete corridas, conquistando o título com duas corridas de antecedência. Hill começa a ficar frustrado e em duas oportunidades erra bizonhamente em disputas com Schumacher e tira ambos da corrida. Por mais que Hill fosse considerado um gentleman, ele não falava mais com Schumacher. Os críticos retornam com força, afirmando que Damon Hill realmente não era capaz de brigar pelo título e que a Williams necessitava de um piloto realmente de ponta. Contatos foram feitos e Heinz-Harald Frentzen foi sondado novamente, mas Hill ainda tinha mais um ano de contrato. Se não podia substituí-lo, a Williams resolve lhe trazer uma sombra. Jacques Villeneuve havia acabado de conquistar o então forte Campeonato da Formula Indy e as 500 Milhas de Indianápolis e é contratado pela Williams ainda em 1995. Para não repetir o papelão de Michael Andretti dois anos antes, Jacques testa com o carro da Williams por mais de 5.000 km. Agora, Damon não era mais o primeiro piloto absoluto da equipe.

A Williams iniciava 1996 com uma inédita dupla de pilotos filho de antigas lendas do automobilismo, mas havia algumas vantagens com relação aos anos anteriores. Schumacher saía da vitoriosa Benetton rumo a claudicane Ferrari numa espetacular transação e já nos primeiros testes fica claro que o alemão teria muito trabalho na equipe italiana. Tanto que promete o título em três anos! A Benetton contrata os decadentes Jean Alesi e Gerhard Berger e mesmo com os motores Renault, faltava ao time um diferencial, como Schumacher era até 1995. A Williams começa o ano arrasadora, novamente com o melhor carro, mas Hill não tem vida fácil com Villeneuve conquistando uma pole surpreendente logo na sua estréia e só perdendo a vitória quando tem problemas de vazamento de óleo no final da corrida. Damon Hill vence, mas compreende que o seu sonhado primeiro título não viria por osmose. Damon vence as próximas quatro corridas em seis e nunca largaria fora da primeira fila. Porém, quando o campeonato se aproxima do seu final, Hill novamente tem problemas e Villeneuve se aproxima. Damon tinha tudo para conquistar o título na penúltima etapa do mundial em Portugal, mas Villeneuve faz uma corrida espetacular (com direito a ultrapassagem por fora em Schumacher na temida curva Parábolica) e chega a Suzuka ainda com chances de roubar o título de Hill. Damon vê velhos fantasmas lhe atormentar, ainda mais quando Villeneuve fica com a pole no Japão, mas Hill faz uma prova cerebral, onde utilizou seu melhor equipamento e contou com uma corrida problemática de Villeneuve, onde o canadense abandonou quando perdeu uma roda no meio da prova. Finalmente, contra todos os prognósticos, Damon Hill era Campeão Mundial de F1, se tornando o primeiro filho de campeão a repetir o feito do pai.

Apesar de toda a festa pelo título, Damon finalizava 1996 numa tremenda encruzilhada na carreira. Durante a negociação para renovar seu contrato, Hill pediu um salário digno do Campeão Mundial que era, mas Frank Williams faz com Hill o que já fizera com pilotos como Nelson Piquet e Nigel Mansell: manda-o embora mesmo campeão. Apesar do título incontestável, com direito a oito vitórias, a verdade foi que Hill ainda cometeu pequenos erros (como a corrida bizonha na Espanha, onde saiu da pista três vezes em onze voltas) que fizeram muitos falar, injustamente, que ele era um campeão medíocre. No pensamento da Williams, Jacques Villeneuve era um substituto mais do que natural de Hill. Era até melhor! Carregando apenas o número um nas costas, Damon procura outras equipes, mas apenas Tom Walkinshaw acreditou no talento do inglês o contratou para 1997. Walkinshaw tinha um projeto ousado quando passou a controlar a Arrows e via em Hill uma forma de chamar a atenção para uma equipe que não havia ganho uma corrida em 20 anos de F1. Porém, Damon sofreria bastante com a combinação do motor Yamaha e os novos pneus Bridgestone. Logo na apresentação do carro, houve tantos problemas que o bólido só apareceu ao público de noite! Mas o pior ainda estava por vir. Na primeira corrida na Austrália, o carro apresenta um rosário de problemas e Damon faz poucas voltas nos treinos, fazendo com que ficasse na penúltima fila do grid. Tudo isso para abandonar... na volta de apresentação! Foi um prelúdio do que estava por vir, com o carro quebrando muito e sem muitos resultados. Apesar de todos os esforços de Damon, ele só marcaria seu primeiro ponto em casa, em Silverstone, por abandono de Shinji Nakano na última volta. Apesar de tudo isso, Damon Hill foi protagonista de um dos momentos mais emocionantes da história recente da F1. Em Hungaroring, a Bridgestone acha uma 'fórmula mágica' e os pneus japoneses funcionam otimamente no quente asfalto hungáro. Se a melhor posição de grid da Arrows até aquele momento em 1997 era um nono lugar, na Hungria Hill consegue um ótimo terceiro lugar! Damon faz uma corrida mágica e para nos fazer relembrar os bons tempos das brigas com o seu arqui-rival Schumacher, Hill ultrapassar o alemão no final da pequena reta dos boxes após várias voltas. Damon liderava a corrida e para surpresa de todos, a Arrows faz todos os pit-stops de forma perfeita e Hill tinha uma diferença tranquila em cima da Williams de Villeneuve. Porém, os deuses da velocidade não estavam bondosos naquele dia e Hill tem um problema hidráulico na penúltima volta. Quando Damon iniciou a última volta, se arrastando, Villeneuve já estava muito próximo, mas o canadense tem que sair da pista para conseguir a ultrapassagem e a injusta vitória. Todo o paddock aplaudiu Damon Hill naquele dia, que provava que era um piloto de alto nível se tivesse o equipamento certo.

O segundo lugar na Hungria provocou lágrimas de alegria (era o melhor resultado da Arrows em anos) e tristeza (pela vitória se esvair pelos dedos tão no final da corrida), mas Hill procurava algo melhor para sua carreira, pois o inglês sabia que milagres como aquele em Hungaroring não acontecem muitas vezes. Primeiramente ele negocia com Prost, seu antigo companheiro de equipe e agora chefe de escuderia, mas Damon enxerga mais potencial na emergente Jordan, do também roqueiro Eddie Jordan. A equipe era uma das mais divertidas da F1, mas Damon teria ao seu lado o piloto mais antipático da F1 de então, Ralf Schumacher, irmão do seu velho inimigo Michael Schumacher. Em 1998 a F1 teve o primeiro 'Pacotão do Max Mosley' e a Jordan não se adapta rapidamente aos novos regulamentos, com a equipe não marcando pontos até metade da temporada. O ano para Hill era bem similar a temporada anterior, até por que seu primeiro ponto na temporada precede uma espetacular pilotagem. Em Spa, Hill consegue um surpreendente terceiro lugar, mas como normalmente acontece na pista das Ardenas, uma chuva forte se abateu no domingo e Hill se aproveitou dos problemas de Schumacher (que quase saiu no tapa com Coulthard) e Hakkinen (que bateu na primeira curva da segunda largada, após a primeira ter sido cancelada por um acidente com 15 carros) e deu a Jordan sua primeira vitória na F1. Ao contrário do que muitos imaginavam, Damon Hill foi capaz de vencer no seu período pós-Williams. Hill terminou 1998 em alta, após uma ultrapassagem em Frentzen na última volta da última corrida do ano, mas a chegada do próprio alemão na equipe causou danos em sua moral. Frentzen queria provar que ainda era um piloto de ponta após sua passagem apagada na Williams e forma com Jordan um duo capaz de enfrentar McLaren e Ferrari, as duas potências em 1999. Já contando com 39 anos de idade, Damon fica para trás com relação ao seu companheiro de equipe e após uma péssima corrida na França, quando abandonou ao bater em outro carro em pleno pit-lane, enquanto Frentzen vencia, Hill anuncia que estava abandonando a carreira naquele momento. Na verdade, foi o início de uma chata novela mexicana, com Hill sempre anunciando sua aposentadoria para a próxima corrida, mas desistindo no meio do caminho. Eddie Jordan sempre levava Jos Verstappen a tira colo, pois tinha receio das decisões de Hill. Na última corrida de 1999, em Suzuka, Damon Hill sente que seu carro não estava bem equilibrado e abandona de forma espontânea, terminando sua carreira na F1. Foram 115 Grandes Prêmios, 22 vitórias, 20 poles, 19 melhores voltas, 42 pódio, 360 pontos conquistados e o título mundial em 1996.

Após o final de sua carreira, Damon Hill passou a se dedicar a revendas de carros e a sua família. Sua esposa, Georgie, foi uma companheira fiel em todos os momentos de Hill, sempre presente nos boxes para lhe consolar em caso de derrota ou lhe felicitar em caso de sucesso. Eles tiveram quatro filhos, inclusive Oliver, que tem Síndrome de Down e por isso o casal sempre participa de Associações para pessoas com Síndrome de Down. Logo no início de sua carreira, Hill passou a se dedicar também a uma antiga paixão: a música. Um bom guitarrista, Damon sempre toca em algumas festas beneficentes. Em 2006, já com um visual de antigo roqueiro, Damon Hill assumiu a presidência da BRDC e iniciou a cruzada para manter Silverstone no calendário da F1, em complicadas negociações com Bernie Ecclestone, culminando com a reforma de Silverstone vista este ano. Se antigamente Damon se esquivava das comparações com seu pai, aos poucos ele passou a juntar sua imagem a Graham Hill e prepara a terceira geração da família Hill nas pistas, com seu filho Joshua, que participa atualmente do Campeonato Inglês de F-Ford. Se repetir os feitos do pai e do avô, o garoto vai longe! Damon passou por cima de vários obstáculos para chegar ao sonhado título mundial, contra todas as expectativas e hoje é tão respeitado quanto os outros Campeões Mundiais de F1.

Parabéns!
Damon Hill

4 comentários:

De Gennaro Motors disse...

Amigo

Fiquei um tempo sumido mas agora estou de volta. Por causa do trabalho as coisas estão muito corridas, mas as vezes reservo um tempinho para o blog.

Vejam as novidades nele:

www.degennaromotors.blogspot.com

Um abraço, Fernando Gennaro

Otávio Ricardo Cruz disse...

Parabéns ao Hill

Quem conhece a historia dele, vira fã

Ron Groo disse...

Nunca fui muito fã do Oswaldo Montenegro... Ops, do Damon Hill, mas sempre tive total certeza de que ele sabia acertar um carro como ninguém.

Agora esta história de filho de peixe é mentira... Gilles era um tubarão na pista e seu filho não passa de um caranguejo.

João Carlos Viana disse...

Ah, Groo, não concordo muito contigo. Jacques era um ótimo piloto, mas não tinha 2% do carisma do pai e ainda procurou ganhar mais dinheiro do que corrida em determinado momento.