terça-feira, 14 de setembro de 2010

História: 30 anos do Grande Prêmio da Itália de 1980


Desde a morte de Ronnie Peterson em 1978 que o veloz circuito de Monza sofria ameaças para deixar o calendário da F1, mesmo a tradicional pista italiana ser o santuário sagrado ferrarista. Ímola havia recebido uma corrida não-oficial em 1979 e com o sugestivo nome de Autodromo Enzo e Dino Ferrari, poderia suprir muito bem como no templo ferrarista em solo pátrio e por isso recebeu o Grande Prêmio da Itália de 1980, pela primeira vez não sendo realizado em Monza desde a década de 30. Ímola trazia de volta dois ícones ferrarista, que era o próprio Enzo, desaparecido das pistas havia mais de quinze anos, além de Clay Regazzoni, que voltava ao paddock de cadeira de rodas após seu pavoroso acidente no início do ano.

A parte veloz de Ímola, entre a Variante Bassa e a Tosa, era um prato cheio para a Renault conseguir sua quarta pole seguida, com Arnoux, já fora da briga pelo título, se sobressaindo sobre Jabouille. A Williams mostrava o equilíbrio do seu carro com Reutemann ficando em terceiro, com Bruno Giacomelli conseguindo um quarto lugar apesar de todos os infortúnios possíveis e imaginários de sua equipe na sexta-feira. O helicóptero da equipe caiu, ferindo o piloto e três mecânicos. Para completar, o segundo piloto Vittorio Brambilla tenta compensar o atraso para chegar ao autódromo, juntamente com o chefe de equipe Carlos Chiti e Giacomelli, e acabou por sofrer um acidente sério de entrada em seu Alfetta Turbo. Apesar do carro ter capotado, ninguém ficou ferido.

Grid:
1) Arnoux (Renault) - 1:33.988
2) Jabouille (Renault) - 1:34.339
3) Reutemann (Williams) - 1:34.686
4) Giacomelli (Alfa Romeo) - 1:34.912
5) Piquet (Brabham) - 1:34.960
6) Jones (Williams) - 1:35.109
7) Patrese (Brabham) - 1:35.618
8) Villeneuve (Ferrari) - 1:35.751
9) Rebaque (Brabham) - 1:35.872
10) Andretti (Lotus) - 1:36.084

O dia 14 de setembro de 1980 estava ensolarado e com clima relativamente ameno, condições muito parecidas do que são vistas em Monza nessa época do ano. Portanto, o desgaste de pneus não seria um problema, se o piloto em questão soubesse dosar bem sua velocidade. Sabendo do famoso retardo do turbo do carro da Renault, Reutemann tenta dar o bote logo na largada e força demais seu carro. Apesar do argentino ter conseguido a ultrapassagem, a embreagem do seu Williams quebra quase que imediatamente e Reutemann cai para último. Mas ainda na corrida. Arnoux assume a ponta da corrida, seguido por Jabouille, Piquet, Giacomelli, Rebaque e Villeneuve.

Ao contrário do script habitual, a dupla da Renault resolve brigar entre si e faz com que Nelson Piquet ficasse próximo dos carros amarelos. O brasileiro vinha numa ótima fase e tentava desesperadamente se aproximar de Jones no campeonato. Uma vitória seria essencial. Sem querer saber muito dos problemas de Piquet e dos interesses da equipe, Arnoux e Jabouille se engafinham na pista veloz de Ímola e Jabouille ultrapassa o companheiro de equipe no início da terceira volta. Piquet se aproveita da hesitação de Arnoux e toma o segundo lugar do francês ainda na mesma volta, na Acqua Minerale. Aproveitando o embalo, Piquet permanece encostado em Jabouille, mas num incômodo recheio da Renault, mas o brasileiro rapidamente sai dessa situação na volta seguinte deixando Jabouille para trás na mesma curva em que ultrapassara Arnoux. Ao contrário dos prognósticos, Piquet passa a abrir dos carros da Renault, num trem de corrida alucinante, mas ao mesmo tempo, sem erros.

Mais atrás, Villeneuve fazia mais uma de suas corridas extremamente fortes, sem se importar muito em resguardar o material. Sua Ferrari lhe proporcionara apenas o oitavo posto com muito custo, mas o canadense achou pouco e numa de suas famosas largadas-relâmpagos, já estava em quinto, pressionando Giacomelli. Na quarta volta o ferrarista deixa o representante da Alfa para trás, mas Gilles pilotava claramente acima dos limites respeitáveis de segurança, destruindo seus frágeis pneus Michelin. Na rápida curva anterior a Tosa, Villeneuve tem seu pneu estourado e bate no muro a 250 km/h, fazendo com que sua Ferrari voltasse a pista e ainda atingisse a Alfa de Giacomelli, que também abandonou ali. O azar da Alfa foi tamanho, que Brambilla, que vinha logo atrás, acabou tendo o pneu furado ainda por destroços do acidente de Villeneuve e abandonou logo depois. Pela violência do acidente, foi um milagre Villeneuve ter emergido de sua Ferrari praticamente ileso, mas os tifosi ficaram emocionados com a forma como o canadense tirou tudo de sua Ferrari naquele dia. E a curva sem-nome anterior a Tosa passou a se chamar Villeneuve!

A corrida fica estática na frente, com Piquet cada vez mais distante das Renaults, mas havia um destaque não esperado mais atrás. Mesmo sem embreagem, Reutemann dava um show e fazia uma corrida de recuperação repleta de ultrapassagens, deixando vários pilotos para trás em carros em condições muito melhores do que o dele. Quando estava num dia bom, era difícil bater Carlos Reutemann. O problema era que esses dias às vezes demoravam muito a aparecer. Ao contrário do seu companheiro de equipe, Alan Jones fazia uma corrida apagada, ganhando posições na base de abandonos à sua frente, mas o australiano, claramente já pensando no campeonato, já estava em quarto na volta 11 quando ele se aproximou de Arnoux.

Os carros da Renault já eram poupados pelos seus pilotos, tão acostumados a quebras espetaculares do bólido francês. Arnoux foi ultrapassado sem muita cerimônia por Jones, enquanto Jabouille já não fazia a mínima questão de acompanhar Piquet lá na frente. Por isso, não foi surpresa quando Jones começou a tirar a diferença para o francês e efetuar a ultrapassagem na volta 28. Com seu único adversário ao seu alcance, Jones tratou de forçar o ritmo atrás de Piquet, mas o brasileiro tinha o domínio da situação. Quando Jones assumiu a segunda posição, tinha 14s de deficit para Piquet, mas o brasileiro nunca deixava que a diferença caísse para menos de 10s. Quando isso acontecia, Piquet era informado pelo box e acelerava por duas ou três voltas para por ordem na casa. Jones desiste e Piquet vence com uma ótima diferença para o piloto da Williams. O brasileiro ainda tinha chances reais de conquistar o título em sua segunda temporada completa da F1 e Jones sente o baque a ponto de não comparecer ao pódio. Com os abandonos das duas Renault, já na parte final da corrida, Reutemann coroa sua excelente atuação com o lugar mais baixo do pódio. O campeonato saía da Europa com o campeonato a ser decidido de forma encarniçada entre Jones e Piquet nas duas últimas etapas do certame.

Chegada:
1) Piquet
2) Jones
3) Reutemann
4) De Angelis
5) Rosberg
6) Pironi

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