sábado, 4 de setembro de 2010

Um piloto único


Este homem foi um dos pilotos mais espetaculares e agressivos que a F1 já viu. Porém, muitos só lembram-se de Jochen Rindt como o único (e tomara que único) Campeão Mundial de F1 post-mortem da história da categoria. No entanto, este alemão de nascimento, mas austríaco de coração, foi um dos melhores de sua geração e quem o viu correr pelas pistas européias nunca esqueceu o que viu. Dono de uma personalidade forte e extremamente confiante dentro de uma pista de corrida, Jochen Rindt causou fascínio em todas as pessoas que o conheceram e sua prematura morte chocou a F1 para sempre e como isso ocorreu há exatos quarenta anos, iremos conhecer a breve, mas movimentada carreira de Rindt.

Karl Jochen Rindt nasceu no dia 18 de abril de 1942 na cidade alemã de Mainz, em meio aos bombardeios aliados sobre seu país natal. Mesmo durante a Segunda Guerra Mundial, a família Rindt vivia bem graças a negócios de importação e por isso eles moravam em Hamburgo. Infelizmente, a grande cidade alemã foi vítima de um grande bombardeio e o pequeno Jochen, que não havia completado sequer um ano, teve o primeiro grande drama de sua vida, com a morte dos seus pais, vítimas das bombas de B-17s. Seus avós maternos o adotaram e o levaram para a Graz, na Áustria e mesmo não se naturalizando austríaco, Jochen Rindt sempre correu pela Áustria e se dizia austríaco. Sem o amor dos pais, Rindt se tornou um jovem rebelde, com uma personalidade agressiva e quando aprendeu a dirigir, comprou um Fusca e transbordava sua agressividade atrás do volante, onde corria feito louco e fez com que ele tivesse vários problemas com a polícia local. Expulso de vários colégios particulares por mau comportamento, isso causou uma séria preocupação aos seus avós acerca do seu futuro, mas Jochen começava a se interessar por esportes, primeiramente o esqui, onde quebrou suas pernas duas vezes em competições escolares, e depois por corridas.

Primeiramente em duas rodas, Rindt ora vencia, ora sofria uma queda espetacular. Inspirado no seu grande ídolo Wolfgang Von Trips, Jochen se mudou para o automobilismo, primeiramente no turismo, depois passando aos monopostos. Ainda com sua agressividade a flor da pele, Jochen sofreu vários acidentes em suas primeiras corridas e foi parar no hospital algumas vezes. Mesmo já contando com algumas fraturas, Rindt se sentia cada vez mais obcecado em obter sucesso nas corridas e toma uma decisão drástica, que mudaria para sempre sua vida. Mesmo cuidando dos negócios da família, Jochen se mudou para a Inglaterra em 1963, juntamente com três amigos, entre eles Harald Ertl, que também se tornaria piloto de F1. Inicialmente, os quatro foram para a ilha aprender inglês, porém Rindt compra com recursos próprios um Cooper F-Junior para participar de provas locais, mas o carro era inferior aos demais na categoria, contudo isso não impede Rindt de se sair surpreendentemente bem e isso chama a atenção da Ford austríaca, que o ajuda a comprar um Brabham-Ford de F2 para 1964, por 4.000 libras. Rapidamente Jochen se adapta maravilhosamente bem ao carro e em sua primeira corrida, em Mallory Park, Rindt chega em segundo, mas seu nome chama a atenção de todos na sua segunda prova de F2, em Crystal Palace. A imprensa inglesa fica embasbacada quando um ‘desconhecido austríaco’ bate o favorito Graham Hill, que ficara impressionado com o estilo do jovem piloto que havia o batido. “Ele entrava de lado em todas as curvas!” De uma hora para outra Rindt se torna uma estrela em ascensão, a ponto de fazer sua estréia na F1 um ano e meio após chegar a Inglaterra, quando participa do primeiro Grande Prêmio da Áustria de 1964, no improvisado e ondulado circuito de Zeltweg, pela equipe de Rob Walker.

Walker corria em carros da Cooper particulares, mas a exibição sólida de Rindt em casa chama a atenção da equipe oficial da Cooper, que o contrata para três temporadas, a partir de 1965. Porém, os tempos áureos da equipe haviam ficado para trás e Rindt não tem chances de vitórias, obtendo um 4º lugar na Alemanha, seus primeiros pontos no Mundial, e um 6º lugar no Grande Prêmio dos Estados Unidos. Em conjunto com a temporada de F1, Rindt complementava sua renda correndo em provas de F2, que ainda não tinha um campeonato regular. Numa associação com a equipe de Roy Winkelmann, que competia com Brabhams particulares, Rindt conseguiu uma vitória e dois 3º lugares durante o ano. Primeiro piloto austríaco a se destacar no cenário internacional das corridas, Rindt era uma espécie de herói nacional para o país no centro da Europa, algo que seria visto mais tarde com Emerson Fittipaldi no Brasil, e essa impressão fica mais forte quando ele vence o Grand Prix Du Tirol, em Innsbruck, com um Abarth 2000. Mesmo relativamente pouco experiente, Rindt é convidado pela Ferrari para disputar as 24 Horas de Le Mans de 1965, pela equipe americana NART, ao lado do ianque Masten Gregory, que também era conhecido pela sua agressividade nas pistas. Conta a lenda que a Ferrari colocou os dois juntos porque sabia que dois pilotos agressivos dificilmente chegariam ao fim da longa corrida, mas andariam forte o bastante para enganar a Ford, que iniciava sua cruzada para derrotar a Ferrari em Le Mans. Colocados na pista como ‘coelhos’, a dupla Rindt/Gregory não ‘decepciona’ a Ferrari e realmente imprimiram um ritmo alucinante nas primeiras voltas, fazendo com que os Fords tentassem o acompanhar. Como resultado, nenhum carro da marca americana resistiu por muito tempo, mas o problema foi que os demais carros da Ferrari também quebraram, enquanto o modelo 275LM de Rindt e Gregory permanecia liderando e, o que era melhor, funcionando. Diminuindo o ritmo para chegar até o fim, Jochen Rindt consegue sua primeira grande vitória na carreira ao faturar, de forma surpreendente e extraordinária, as 24 Horas de Le Mans daquela ano.

Quando Bruce McLaren deixou a equipe Cooper no final de 1965 para construir seu próprio time, Jochen Rindt assumiu o posto de piloto número um da equipe, mas o carro, com o pesado motor Maserati, era difícil de guiar e quebrava muito. Porém, quando o veículo permitia, Rindt conseguia grandes resultados, como o segundo lugar no Grande Prêmio da Bélgica de 1966, uma etapa histórica, quando uma tempestade se abateu sobre os pilotos no meio da primeira volta e vários rodaram. Rindt ainda conseguiria outro segundo lugar no GP dos Estados Unidos e um 3º lugar na Alemanha. Apesar de alguns resultados promissores em 1966, a temporada seguinte seria ruim para Jochen na F1. O Cooper era claramente um carro ultrapassado e tudo o que o austríaco pôde fazer era conseguir dois 4º lugares na Bélgica e na Itália. Porém, na F2, Rindt mostrou seu verdadeiro talento ao conseguir nove vitórias ao longo da temporada e muitos podem perguntar o porquê dele não ter sido Campeão Europeu da categoria. Pelas regras da época, pilotos da F1 poderiam participar normalmente das corridas de F2, mas não pontuariam no campeonato, pois eram considerados ‘Pilotos Graduados’, por já terem conquistado três pontos ou mais no Mundial de F1. Muitos falam que Jochen Rindt foi o melhor piloto que a F2 já viu e foi por isso que, mesmo após ter tido um ano ruim na F1, não faltaram equipes interessadas nos serviços do austríaco para a temporada 1968.

Sempre correndo com um carro aquém do seu talento, Rindt andava sempre no limite e isso forçava seu carro a quebras, mas também a grandes exibições de perícia e mesmo com poucos resultados a mostrar, todos viam no austríaco um potencial tão grande quanto Jackie Stewart e Jacky Ickx, os outros dois pilotos promissores da época. Tentando dar um salto na sua carreira, Rindt se transfere para a Brabham, para o lugar do então Campeão Mundial Denny Hulme, de partida para a equipe McLaren. Porém, Rindt teria de enfrentar duas realidades na sua nova equipe. Primeiro Jack Brabham era não apenas o chefe, como também o primeiro piloto da equipe e muito provavelmente não gostaria de ver se repetir o que havia acontecido no ano anterior, quando foi derrotado pelo ‘subalterno’ e segundo piloto, Denny Hulme. Segundo, o motor Repco, que havia dado dois títulos seguidos a equipe nas duas temporadas anteriores, havia ficado de uma hora para outro antiquado com a chegada do novo motor Ford-Cosworth DFV, que equipariam os carros da Lotus, McLaren e a Matra de Stewart. Rindt conseguia boas posições no grid de largada e ótimos inícios de corrida, mas problemas faziam com que perdesse rendimento e o austríaco marcou poucos pontos em sua primeira temporada numa equipe dita grande. Apesar de ninguém duvidar do enorme talento de Rindt, já havia quem questionasse se um dia o austríaco fosse vencer um GP. O famoso jornalista inglês Denis Jenkinson apostou que, no dia em que Rindt vencesse uma corrida de F1, tiraria sua longa e famosa barba. Ainda em 1968, Jochen toma três decisões que marcariam para sempre sua vida. A primeira foi abandonar suas tentativas de vencer as 500 Milhas de Indianápolis, após mais uma vez abandonar a prova no começo. “Indianápolis é um lugar para se fazer dinheiro, nada mais do que isso...”, relatou Rindt sobre a famosa corrida americana. A segunda foi o casamento com a belíssima modelo Nina Lincoln, filha de um empresário finlandês. O casamento trouxe um pouco de paz ao espírito rebelde de Jochen, principalmente quando sua esposa ficou grávida do que seria sua única filha. A terceira decisão foi aceitar ou não a proposta de Colin Chapman de se juntar a Lotus a partir de 1969. Apesar dos parcos resultados, Rindt se sentia muito bem na equipe Brabham, além do que a Lotus possuía a fama de ter carros inseguros, a ponto de dois pilotos (Jim Clark e Mike Spence) terem morrido ao volante de um carro da Lotus em 1968. Porém, Rindt teria um salário bem melhor, além de ter a certeza de ter um carro competitivo. Ao consultar o amigo e projetista da Brabham, Ron Tauranac, Rindt recebeu a seguinte resposta. “Se você quiser ser campeão, vá para a Lotus. Se quiser se manter vivo, fique conosco.” Infelizmente, uma frase profética.

Rindt acaba aceitando e se transfere para a Lotus em 1969, para correr ao lado então Campeão Mundial Graham Hill, mas Jochen não tarda a sobrepujar o veterano campeão, mas o Lotus 49 era tão rápido quanto frágil. E isso fica evidente durante o Grande Prêmio da Espanha daquele ano, em Montjuich Park. Os primeiros aerofólios apareceram no início daquela temporada e eram grandes e desengonçados. Com seu espírito vanguardista, Chapman resolve inovar e instala um regulador na asa traseira, fazendo com que o piloto acionasse um mecanismo para que a asa subisse e descesse na medida em que se necessitava de mais ou menos downforce, palavra até então desconhecida no momento. A idéia era ótima e garantiu uma dobradinha da Lotus no circuito de rua espanhol, mas o mecanismo quebrou nas voltas iniciais, provocando o colapso das asas traseiras dos dois carros. Primeiro foi Hill que bateu forte no guard-rail, mas o inglês saiu ileso do acidente. Algumas voltas mais tarde, praticamente no mesmo setor da pista, Rindt, que liderava tranqüilo a corrida desde o seu início, tem o mesmo destino e sofre um forte acidente. Porém, o austríaco tem uma mandíbula quebrada e uma pequena concussão. De volta para casa, um irritado Rindt escreve uma famosa carta a Colin Chapman:

Querido Colin

Acabei de voltar de Genebra e amanhã terei uma segunda opinião sobre minha cabeça. Pessoalmente sinto-me fraco e debilitado. Depois de ver o médico e ouvir sua opinião, podemos ter uma decisão mais clara sobre Mônaco e Indy.

Vi uma foto que praticamente explica o acidente. Eu não sabia que tinha voado tão alto.

Agora, vamos falar sério, Colin. Eu tenho cinco anos de F1 e só havia cometido um erro, quando bati em Chris Amon em Clermont-Ferrand, e tive um acidente em Zandvoort quando tive um problema de câmbio, de outra forma sempre estive livre dos problemas. Esta situação mudou desde que entrei em sua equipe. Foram problemas de suspensão em Levin e Eiffeland na F2 e agora em Barcelona.

Honestamente seus carros são tão rápidos que nós ainda seríamos competitivos com alguns quilos a mais para fortalecer algumas partes frágeis do carro. Eu acho que você deve gastar mais tempo verificando o que seus empregados andam fazendo. Por favor, pense no que falei e dê algumas sugestões sobre o que acho. Eu só posso dirigir um carro no qual eu possa confiar e sinto que não tenho confiança o bastante no seu carro.

Essa carta não seria nada demais, se Rindt não apenas a mandasse para Chapman, mas também a publicasse em vários jornais europeus, praticamente denunciando seu patrão de fazer carros inseguros! Isso era apenas o começo da relação tumultuada entre Rindt e Chapman. Felizmente, Jochen se recuperou logo do acidente, embora tivesse alguns problemas de visão e equilíbrio durante algum tempo. Contudo, Rindt estava em perfeitas condições quando participou do Grande Prêmio da Inglaterra e travou uma batalha histórica com seu grande amigo Jackie Stewart, que durou praticamente toda a corrida. Rindt acabou traído por um problema no carro, mas a sua sonhada primeira vitória não tardaria a acontecer. Em Watkins Glen, última etapa do certame, Rindt finalmente consegue seu primeiro triunfo, numa corrida marcada pelo terrível acidente de Graham Hill, onde o inglês foi jogado para fora do seu carro e teve várias fraturas nas duas pernas. Rindt terminou a temporada de 1969 em quarto lugar no Mundial e com a certeza de que seria o piloto número um da Lotus no ano seguinte, mesmo com todos os problemas que tinha com Chapman. Apesar do relacionamento turbulento, ambos sabiam que necessitavam um do outro. Rindt sabia que, bem ou mal, Chapman era capaz de lhe entregar um carro vencedor, enquanto Chapman sabia de todo o potencial de Rindt de ser o sucessor de Clark e Hill.

Logo no início de 1970 as brigas entre Chapman e Rindt ficam mais freqüentes, quando o chefe de equipe projeta o revolucionário Lotus 72, que mostra um potencial incrível logo nos seus primeiros testes, mas Rindt achava o carro ainda mais inseguro e inconfiável do que o Lotus 49. Enquanto Chapman pressionava para colocar logo o modelo 72 na pista, Rindt insistia que o carro ainda não estava pronto e que o seguro e mais experimentado modelo 49 era mais adequado no momento. Apesar de sua maior confiança no modelo antigo, a verdade era que Rindt não vinha obtendo grandes resultados no início da temporada de 1970. Isso até o Grande Prêmio de Mônaco daquele ano. Jochen resolveu insistir no modelo 49 para a corrida no principado, mas o austríaco não estava bem, com problemas estomacais desde os primeiros treinos. Jochen passa a maior parte da corrida em quinto, mas abandonos à sua frente o colocam na 2º posição, 15s atrás de Jack Brabham, nas voltas finais. Vendo a possibilidade de uma vitória se aproximar, Rindt passou a forçar o ritmo e num ritmo alucinante, até mesmo perigoso, o austríaco passou a tirar a diferença para o australiano. O recorde da pista de Monte Carlo foi esmagado por Rindt e até mesmo o tempo da pole daquele ano foi superado em 1s! Faltando duas voltas para o fim da corrida, Rindt já estava colado na traseira de Brabham, mas ninguém esperava que o tricampeão de 44 anos fosse falhar num momento como aquele. Porém, na última volta, Brabham se aproxima do carro de Piers Courage, que estava tendo problemas mecânicos e Brabham decide ultrapassar o retardatário bem na curva final, mesmo com Rindt colado na sua traseira. Porém, Brabham comete um erro de novato ao entrar rápido demais na curva e acaba indo parar direto nas barreiras de proteção. Na última curva, Rindt assume a ponta e vence a corrida. Emocionado com a dramática vitória, Jochen chora de alegria quando recebe o troféu de vencedor do Príncipe Rainier e da Princesa Grace. Infelizmente, Rindt choraria mais tarde de tristeza. Primeiro, foi com a morte de Bruce McLaren, em junho, durante um teste em Goodwood, com um carro da Can-Am. Ainda abatido com a tragédia com McLaren, Rindt faz sua estréia com o modelo 72 no Grande Prêmio da Holanda e corroborando com o enorme potencial do carro, Rindt vence com facilidade, mas no pódio ele ainda lamentava a morte de Piers Courage, ainda nas primeiras voltas da corrida. McLaren e Courage eram os amigos mais próximos de Rindt e quando sua filha única, Natasha, nasce, Jochen promete a sua esposa que se aposentaria no final do ano, independente do resultado.

Apesar dessa sua decisão, Rindt não perde o ímpeto e vence também as corridas na França, Inglaterra e Alemanha. Com cinco vitórias consecutivas, Rindt era o virtual campeão daquela temporada. O austríaco já fazia planos do que fazer na sua aposentadoria, e isso incluía o lançamento de um grife de roupas esportivas e ser chefe de equipe na F2. Seu piloto estava até escolhido. Jochen começou o ano tendo como companheiro de equipe na Lotus John Miles, mas o inglês é logo substituído por um brasileiro que acabara de vencer o Campeonato Inglês de F3 e havia estreado na F1 pela Lotus na Inglaterra. Emerson Fittipaldi se torna uma espécie de aprendiz para Rindt, que lhe passava várias dicas e o contrata como piloto de sua equipe de F2 em 1971. Porém, antes de pensar no futuro, Rindt ainda tinha que garantir o que seria seu único título e tem uma enorme decepção quando tem problemas em seu Lotus no Grande Prêmio da Áustria e ainda vê Jacky Ickx, da Ferrari, seu maior rival na luta pelo campeonato, vencer a sua prova natal.

Contudo, a vingança poderia ocorrer na casa da Ferrari, em Monza, onde Rindt poderia conquistar seu título com três provas de antecipação. Durante os treinos para o Grande Prêmio da Itália, Chapman e Rindt finalmente concordaram em alguma coisa quando resolvem seguir o exemplo de outros pilotos e tiraram a asa traseira do carro para conseguir uma melhor velocidade final. Não devemos nos esquecer que Monza ainda não tinha as três chicanes e a volta era feita com 90% do tempo de pé embaixo, como se fosse um circuito oval. Miles, que correria desta vez, discorda da idéia, pois achava que o carro ficaria muito perigoso. O inglês jamais correria de F1 novamente, admitindo que a categoria estava perigosa demais. Na sexta-feira, Chapman pede para Fittipaldi dar umas voltas com o carro de Rindt e o brasileiro acaba perdendo a freada da curva Parabolica, passa reto e destrói o carro titular do austríaco, para profundo descontentamento de Chapman. Com apenas um Lotus 72 a disposição, que seria guiado por Emerson, Chapman o entrega a Rindt e o austríaco vai para a pista com ele no sábado, dia 5 de setembro de 1970. Sem as asas traseiras, o carro atingia incríveis 330 km/h no final da reta dos boxes, mas na quinta volta do treino livre, Rindt tem problemas na freada para a curva Parabólica, o Lotus dá uma guinada para a direita e depois para a esquerda, indo diretamente para cima do guard-rail. A dianteira do Lotus foi totalmente arrancada. Por motivos de conforto, Rindt não usava o cinto de segurança integral de seis pontos, pedindo para cortar o cinto que passava por sua virilha. Com apenas a parte de cima do seu corpo segura pelo cinto, quando a dianteira do carro foi arrancada, o corpo de Rindt deslizou para baixo e o cinto lhe cortou a garganta. Jochen foi levado ás pressas ao hospital, mas foi declarado morto ainda na ambulância. Ele tinha 28 anos.

O mundo da F1 ficou chocado com a morte de Rindt. Quando se toca no assunto da troca dos carros feita por Chapman, Emerson Fittipaldi sempre chora, pois Rindt morreu no seu carro. Um tribunal italiano culpou os organizadores pelo guard-rail mal colocado, juntamente com a falha no freio dianteiro do Lotus 72, trazendo muitos problemas a Chapman nos anos seguintes. Apesar do choque, a F1 seguia o ditado que ‘o show tem que continuar’ e a corrida foi realizada normalmente no domingo, com vitória de Clay Regazzoni, da Ferrari. Ickx ainda tinha chances de tomar o título de Rindt, mas Emerson Fittipaldi confirma o título de Jochen ao vencer pela primeira vez na carreira em Watkins Glen, mesmo local onde Rindt havia vencido pela primeira vez um ano antes. O troféu foi entregue a Nina Rindt. O acidente de Rindt ocorreu bem próximo ao local onde o seu ídolo de infância, Wolfgang Von Trips, havia falecido nove anos antes, mas se o alemão acabaria por perder o campeonato daquele ano, nem a morte fez com que Jochen Rindt perdesse aquele título e os inúmeros fãs que o veneram, mesmo tanto tempo após sua morte.

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