quinta-feira, 9 de setembro de 2010

Transparência, por favor


O resultado do julgamento de ontem foi o mais lógico e esperado possível. Desculpem a franqueza, mas quem caiu na história de que a Ferrari poderia ser punida durante a Assembléia da FIA, comprou gato por lebre. Ordens de equipe sempre existiram e essa regra foi uma das mais absurdas dos últimos tempos, pois os times podem muito bem passar mensagens codificadas a seus pilotos e eles fazer o que quiserem na pista, sem que ninguém possa desconficar de nada. E podem ter certeza que isso sempre aconteceu de 2002 para cá, quando esta regra foi posta em prática. Contudo, a Ferrari se ferra justamente em sua empáfia e quando transmite essas ordens, o faz para todo mundo ver e isso acaba causando problemas para ela própria, como ocorreu em Hockenheim esse ano. Esse tal de Carlos Gracia, uma espécie de cheerleader do Alonso e presidente da Federação Espanhola de Automobilismo, acabou de dizer que Massa deixou o espanhol passar porque estava irritado de tanto a Ferrari dizer que Alonso estava mais rápido. Tenha dó, Ferrari, Gracia e cia limitada!

Contudo, desde ontem vejo várias pessoas revoltadas e dizendo que nunca mais assistirão F1 na vida. É falta de esportividade, falta de ética, a F1 é só um negócio... Pergunto: se fosse favorecendo um brasileiro, haveria esse alvoroço todo? Se fosse Alonso deixando Massa passar, essas mesmas pessoas pensariam assim? O que elas disseram quando Raikkonen deixou Massa passar, no Grande Prêmio da China de 2008? Foi no final do campeonato? O campeonato não se decide na última etapa, nem na penúltima e antepenúltima...

Quando Emerson Fittipaldi saiu da Lotus em 1973, ele mesmo falou que a gota d'água foi uma ordem de equipe não cumprida por Ronnie Peterson durante o Grande Prêmio da Itália daquele ano. O brasileiro ficou colado na traseira do sueco, esperando um sinal de Chapman que não veio e acabou se conformando com a 2º posição. Isso é falta de esportividade?

A famosa entrevista de Nelson Piquet à Playboy no início de 1988 continha uma fala interessante sobre sua nova situação na Lotus. Ele disse que colocou no contrato que seria o primeiro piloto e, em determinadas ocasiões, o segundo piloto teria que deixá-lo passar, não repetindo o erro na Williams. Isso é falta de ética?

No final de 1985, a Lotus procurava um novo piloto e a John Player Special indicou Derek Warwick, o principal piloto inglês da época. Warwick chegou a vestir o macacão negro da Lotus, mas Senna disse que a Lotus não poderia oferecer dois carros bons e forçou a saída de Warwick antes mesmo que eles fossem a pista. A F1 é um negócio?

Amigos, não vamos ser hipócritas. Ordem de equipe e favorecimentos sempre aconteceram, mas não estávamos acostumados as ordens contra os brasileiros. Apenas a favor. Por isso essa cruzada pela dignidade e lisura no ambiente pesado e mesquinho da F1. Como vemos na campanha eleitoral para presidente desse ano, se a acusação de vazamento na Receita ocorresse do modo inverso, trocando o acusado e o acusador, a gritaria seria muito maior e disso tenho certeza. O que precisamos é de transparência em tudo e talvez, na F1, com o fim dessa regra, tudo fique mais claro para todos nós.

3 comentários:

Ron Groo disse...

Não adianta JC, isto é coisa que nunca teremos neste ex-esporte.

João Carlos Viana disse...

Não chamaria de ex-esporte Groo. Sempre foi assim e ninguém reclamava, pq reclamar agora?

Anônimo disse...
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