quinta-feira, 18 de novembro de 2010

Eu vi!


Como bom cinéfilo e amante do automobilismo que sou, não poderia perder o filme-documentário sobre o Senna. Porém, tinha alguns receios. Poucas horas antes de ir ao cinema, li o post do Pandini e vi que poderia me decepcionar, pois o mesmo viu algo que temia ver: um filme que poderia ser mandado ao Vaticano para canonizar Senna. No cartaz podia se ver como adjetivo ao piloto a acunha de "O herói" e muitos comentavam que o filme tinha poucas cenas de corridas. Apesar dos receios, me arrumei e fui ao Shopping Benfica ver para crer.

Não me arrependi!

O filme não tem nenhuma novidade para quem conhece a carreira de Senna e algumas vezes, até parecia que eu já havia assistido a película, pois sempre adivinhava o que vinha a seguir. Houve cenas de histeria pela presença de Senna, mas nada muito exagerado. O Instituto Ayrton Senna só é citado no início e no final, apenas nos créditos. Xuxa e Galisteu apareceram praticamente na mesma quantidade de tempo. Mas o melhor do filme são justamente as imagens das corridas, pois a qualidade de som superior no cinema chegou a me arrepiar em alguns momentos.

Contudo, para quem acompanha seriamente a F1 enxerga alguns erros muito claros no filme. Como todo herói (Senna), tem que haver um vilão e ele se chamava Alain Prost. Não faltaram entrevistas cortadas onde o francês fala mal de Senna, mas não é transmitido ao público os elogios do francês ao rival. O incidente em Suzuka/89 é tratado como a injustiça-mor da história dos esportes, mas o filme se 'esquece' de dizer o outro motivo pelo qual Senna foi desclassificado naquele dia. Além do fato de ter cortado a chicane, mencionado no filme, Senna também foi excluído por ter sido empurrado pelos comissários para voltar a corrida, algo proibido em todo os 60 anos de história da F1. Mostrado claramente no filme, não foi sequer mencionado. Isso pode ludibriar o público leigo ou que não lembra da confusão. Outro destaque negativo foi ter falado tanto de Prost e terem se esquecido de Piquet e Mansell. O inglês só aparece quando sai da pista na corrida em que o tricampeonato de Senna é confirmado e quando vence o campeonato de 1992, quando o filme trata o episódio como algo ruim por causa da enorme tecnologia embarcada no Williams FW14. Já Piquet só aparece de forma clara numa grande ironia: defendendo Senna no famoso briefing de Suzuka em 1990...

Porém, o filme nos traz cenas em que o público comum nunca tinha visto e outras até mesmo inéditas, como o acidente que matou Ratzenberger. O cinema estava longe de estar lotado, até mesmo pelo horário, mas havia muitas pessoas que se emocionaram com a película-homenagem. Atrás de mim tinha um casal cujo o choro no final era evidente. Mais para trás, tinha uma mulher que acompanhou em voz alta o famoso grito de torcida (Olê, olê, olê... sennaaa, senaaaa). Ouvi muitos murmurinhos quando o nome de Michael Schumacher foi falado já no final do filme e namorados explicando a namoradas o acontecia na tela.

Enfim, eu recomendo passar um tempo no cinema vendo o filme que, pelo o que esperar, superou as expectativas. Antes que alguém pergunte, não, não chorei em nenhum momento.

2 comentários:

ALFA Brazilian Miniatures disse...

Olá...em um pais que parece adorar filmar favelas, pobreza, prostituição (como que seja essa forma unica e legitima de tratar do problema), drogas, propagando aos 4 cantos do mundo um Brasil, que ainda que seja a realidade (em momentos exagerada), não é a nossa única realidade (pois sendo assim ao inves do filme LULA deveriam filmar os ene Watergates daqui... nossa!!! ia ter materaial para fazer longas series....)

Maravilha...a ultima vez que vi algo parecido foi na decada de 70. Na época, perdi de ver Speed fever, pois, perto de sampa passou apenas em uns autocines na baixada...e em uma seção unica em um autocine da capital.

Se houvesse um jeito de ganhar dinheiro com os homens que pilotaram os p47 na italia o ja´teriam feito. paciencia...assitamos o que nos cabe e o que é fertil. Prefiro a senna (ainda que esteja mais para piquet e prost)a essas apologias a um reduto da latrina da sociedade que em nada contribui, pois sua função de 'choque' não existe e toma proporções de ideologia.
abraço
Julio

Diego Wendhausen Passos disse...

Gostei do filme. Mais ainda do que escrevesse. Pensei também em Gerhard Berger, Thierry Boutsen, ou até Jean Alesi, pilotos que tiveram bom relacionamento com Ayrton fora das pistas.

O Mansell e o Piquet mereciam maior destaque, pois também tiveram muito relevância na história de Senna. Ron Dennis, Frank Williams e Reginaldo Leme tiveram boa participação, na minha opinião.

Não acho que Prost tenha sido um vilão, porém ficou tachado como o grande adversário do brasileiro. Aliás, foi o principal parceiro ao lado do Instituto Ayrton Senna durante a produção do filme.