terça-feira, 19 de abril de 2011

Enquanto isso no domingo...

O comentarista de futebol Paulo Cesar Vasconcellos é mestre em criar bordões e um deles era que “o futebol é uma benção”. Ele se referia a jogadores de futebol medianos que conseguiam lugar em grandes clubes e acabam por conquistar títulos importantes. Um exemplo que ele dava era o atual comentarista Caio Ribeiro. Parafraseando PC Vasconcellos, “o automobilismo é uma benção” no que se refere a Helio Castroneves.

Castroneves nunca foi campeão em nenhuma categoria por onde passou, mas conseguiu alcançar a CART em 1999 graças aos contatos que o seu então empresário Emerson Fittipaldi tinha. Não fez nada demais, mas com a morte de Greg Moore no final daquele ano, a tradicional Penske ficou com um lugar vago para o ano seguinte. Praticamente desempregado por nada ter feito, Castroneves foi para a melhor equipe dos Estados Unidos graças a Fittipaldi e com a Penske conquistou várias vitórias, inclusive nas 500 Milhas de Indianápolis, fama e dinheiro. Contudo, Hélio levou pau de todos seus companheiros de equipe sem exceção (Gil de Ferran, Sam Hornish Jr., Ryan Briscoe e mais recentemente Will Power) e nunca faturou o título da Indy mesmo estando na fortíssima Penske há onze anos. Mostrando o quanto Castroneves está abaixo dos seus companheiros de equipe ficou claro em Long Beach, neste domingo. A Penske dominava a corrida, com seus três pilotos entre os quatro primeiros. Numa relargada, Briscoe, Ryan Hunter-Reay (da Andretti) e Power disputavam a freada, enquanto Castroneves, longe da briga e com medo de um ataque de Franchitti, apertou o pedal de freio o mais forte possível. Atrasou o máximo a freada e conseguiu bater no líder do campeonato Power e ainda estragar sua própria corrida.

Como resultado da barbeiragem de Helio Castroneves a Penske começou a perder o domínio que exercia na prova. Power havia feito a sua habitual pole no tradicional circuito de rua em Long Beach, mas perdeu a ponta após um acaso do destino numa bandeira amarela causada por Simone di Silvestro. Ryan Briscoe tinha acabado de fazer sua parada e liderava a corrida quando a bandeira verde foi mostrada novamente. E então Helio fez seu desastroso strike. Mesmo ainda tendo Briscoe na pista, a Penske perdeu a corrida para a grande surpresa do dia. Mike Conway já havia mostrado algum talento nos circuitos mistos e havia largado em 3º, quando teve problemas em seu pit-stop. O inglês da Andretti começou sua recuperação e na última relargada já aparecia em 4º, atrás de Briscoe, Hunter-Reay e Franchitti. Conway não tomou conhecimento do tricampeão da Indy e deixou Franchitti para trás e no momento em que se aproximava do seu companheiro de equipe, Hunter-Reay tem problemas elétricos e Michael Andretti se desesperava. Michael acahava que havia perdido seu principal piloto e que Conway, que passou o ano passado se recuperando de um forte acidente em Indianápolis, não aprontaria em cima do experiente Briscoe. Pois no mesmo local em que ultrapassou Franchitti, Conway deixou Briscoe para trás e iniciou um impressionante ritmo de corrida e venceu com folga, novamente arrancando o sorriso de Michael Andretti. Para quem não conhece, Conway foi o principal rival de Nelsinho Piquet e Bruno Senna na F3 Inglesa e após duas temporadas infrutíferas na GP2, se mudou com mala e cuia para a América. De forma até surpreendente, ele conseguiu uma transferência para a Andretti, sendo uma espécie de piloto-junior da equipe, mas Conway já superou o desastrado Marco Andretti (que aprontou das suas em Long Beach...) e a ruinzinha da Danica, ficando atrás apenas do regular Hunter-Reay. A primeira vitória de um estreante não ocorria desde 2008, mostrando o quanto a Indy permanece nas mãos dos mesmos, tanto que Franchitti reassumiu a liderança do campeonato e após ser atropelado por Castroneves, Power ainda conseguiu se recuperar e chegar em 10º, se segurando na vice-liderança. Precisando de muitos pontos nos mistos por causa de sua fraqueza em ovais, essa errata de Castroneves pode custar caro ao australiano.

Como último destaque fica a emocionante chegada na corrida da Nascar em Talladega. Os pilotos descobriram que conseguiam mais velocidade andando em dupla, empurrando um ao outro durante toda a prova. As longas filas deixaram de existir e a possibilidade de um ‘Big One’ diminuiu bastante, mas o final da corrida fica extremamente emocionante, como nesse domingo. Quatro duplas chegaram praticamente lado a lado na curva 4 da última volta da corrida e Jimmie Johnson superou Clint Bowyer pela mínima margem de um milésimo de segundo, provavelmente a menor diferença na Nascar. Uma vitória abençoada!

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