sexta-feira, 29 de abril de 2011

História: 10 anos do Grande Prêmio da Espanha de 2001

Apenas na quinta etapa do Mundial, foi que a grande novidade do ano apareceu nas pistas: a volta da eletrônica na F1. Desde 1993 boa parte da eletrônica da categoria, como O câmbio automático, suspensão ativa e o controle de tração haviam sido banidos da Formula 1, mas o que aconteceu foi que as equipes passaram a tentar burlar o regulamento de todas as formas, fabricando carros cheio de ‘máscaras’ para evitar punições da FIA e ainda ganhar vantagens. Mostrando sua incompetência em fiscalizar as equipes, a FIA resolveu liberar novamente as traquitanas eletrônicas e em Barcelona, o câmbio automático e o controle de tração estavam de volta, para grande decepção dos puristas.

Na pista em que todos conhecem de cor e salteado, as novas regras mostraram pouca serventia com relação a mudança na ordem das equipes. Mesmo com a vitória da Williams em Ímola com Ralf Schumacher depois de quatro anos, Ferrari e McLaren voltaram ao topo, com Schumacher conseguindo sua quarta pole no ano, enquanto Hakkinen completava a primeira fila na sua pista preferida. Mais atrás, mudanças aconteciam nas equipes, com Luciano Burti deixando a Jaguar, pois sabia que estaria demitido no final do ano, e indo para a Prost, no lugar do demitido (merecidamente) Gastón Mazzacane. Pedro de la Rosa, já contratado pela Jaguar em 2002, entrou na equipe antes da hora e correria em casa, junto com o compatriota Fernando Alonso, que mais uma vez surpreendeu ao colocar sua péssima Minardi na frente de quatro carros no grid.

Grid:
1) M.Schumacher(Ferrari) – 1:18.201
2) Hakkinen(McLaren) – 1:18.286
3) Coulthard(McLaren) – 1:18.635
4) Barrichello(Ferrari) – 1:18.674
5) R.Schumacher(Williams) – 1:18.674
6) Trulli(Jordan) – 1:19.093
7) Villeneuve(BAR) – 1:19.122
8) Frentzen(Jordan) – 1:19.150
9) Raikkonen(Sauber) – 1:19.229
10) Heidfeld(Sauber) – 1:19.232

O dia 29 de abril de 2001 amanheceu com pouco sol em Barcelona, mas não havia nenhuma chance de chuva, espantando a chance de uma corrida emocionante na Espanha, pois a prova em Montmeló já estava se tornando tradicionalmente chata e somente uma chuvinha serviria para amenizar este problema. Uma das novidades que apareceriam na F1 naquele final de semana seria o controle de largada, um dispositivo que controlava a combinação acelerador-freio-embreagem do carro no momento em que as cinco luzes vermelhas se apagavam. A sensibilidade do piloto era trocada por um simples toque no volante. Porém, como todo equipamento novo, isso poderia ocasionar problemas e a primeira vítima acabou sendo David Coulthard, que foi testar seu equipamento na volta de apresentação e viu sua McLaren parada, tendo que largar na última posição. Frentzen também sofreu com o novo dispositivo e caiu várias posições na largada, enquanto Juan Pablo Montoya pulava de 12º para 6º, mas isso não influenciou nas primeiras posições, com Schumacher e Hakkinen na ponta.

Enquanto a dupla da frente fazia uma corrida própria, Coulthard sofria no pelotão de trás, se engalfinhando com a Benetton de Fisichella e tendo que trocar o bico de sua McLaren no fim da primeira volta. Como normalmente ocorre em Barcelona, a corrida é bastante estática no seu começo, com Schumacher e Hakkinen trocando melhores voltas na frente, com Barrichello num solitário 3º lugar, seguido por Ralf Schumacher, Trulli e Montoya. Todos espalhados e sem brigar por posição. Por sinal, a única briga ocorreu no pelotão de trás, quando Frentzen tentava se recuperar de sua desastrosa largada e atacou o piloto local, Pedro de la Rosa. O resultado foi uma batida e ambos fora da corrida. Outro momento que destoou na monotonia da corrida foi a rodada de Ralf Schumacher no momento em que os líderes se preparavam para a primeira rodada de paradas. As paradas ocorreram normalmente, com Schumacher aumentando sua vantagem para Hakkinen. A decisão ocorreria na segunda rodada de paradas e até lá, outra procissão foi vista na pista de Barcelona.

Porém, as coisas não andavam boas para a Ferrari. Primeiro, Rubens Barrichello sofre um abalo na sua corrida solitária e sai da pista na curva 7, voltando lentamente à corrida. Infelizmente para o brasileiro, a embreagem de sua Ferrari havia quebrado e ele estava fora da prova. Depois, Schumacher sentiu uma forte vibração em seu carro, diminuindo seu ritmo, permitindo a rápida aproximação de Hakkinen. O alemão antecipou sua parada para verificar se algo havia de errado, mas foi a deixa para Hakkinen voar em suas voltas anteriores ao seu pit-stop e assumir a ponta da corrida. Schumacher estava com grandes problemas, chegando a virar 6s abaixo do seu ritmo normal, mas como a diferença para Montoya era muito grande, o alemão resolveu ficar na pista e receber a bandeirada tranquilamente. Hakkinen já tinha 29s de vantagem sobre Schumacher quando apontou para a última volta. Então, de forma inesperada, uma fumaça branca surgiu na traseira da McLaren do finlandês. O mundo prendeu a respiração. Enquanto descia a enorme reta dos boxes, Hakkinen perdia ainda mais velocidade. Ele teria como receber a bandeirada na frente? De forma curiosa, Schumacher estava tão lento em 2º, que parecia também não ter forças para chegar em Hakkinen, mas bastou uma subida para a McLaren em chamas ficar parada no meio da pista e Schumacher vencer a corrida mais sortuda de sua carreira. O alemão ficou todo sem jeito nos boxes e quando encontrou Hakkinen, que voltou aos boxes de carona no carro do 5º colocado Coulthard, Schumacher parecia até mesmo se desculpar pela vitória tirada do piloto da McLaren. Hakkinen parecia até rir da própria desgraça e com um início de temporada horrível, o finlandês praticamente dava adeus ao campeonato. Meses depois, descobriríamos que ele também daria adeus a carreira na F1. Outros fatos importantes foi o primeiro pódio de Montoya, que mesmo tendo andando muito forte nas outras corridas, só agora marcava seus primeiros pontos na F1, e do primeiro pódio da BAR e de Jacques Villeneuve, esse após três anos. O canadense tinha feito uma corrida discreta, mas se aproveitando dos muitos abandonos na sua frente, reencontrou o caminho do pódio. Michael Schumacher mostrava em Barcelona que um campeão não necessita apenas de talento, mas uma sorte mastodôntica também ajudava bastante...

Chegada:
1) M.Schumacher
2) Montoya
3) Villeneuve
4) Trulli
5) Coulthard
6) Heidfeld

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