Há piloto que nem o talento e a velocidade o fazem ser ídolos de uma nação e até mesmo de todo o globo. Além de ter talento e ser estupidamente veloz, Nigel Mansell foi um dos pilotos mais carismáticos da história da F1 pelo jeito estilo agressivo e, principalmente, por sua garra em determinadas situações. O inglês brilhou intensamente na Williams com o "Red Five" e seu capacete com a bandeira da Grã-Bretanha estilizada, principalmente com a voz emocionada de Murray Walker, levantou toda a Inglaterra. Mesmo com seu jeito atrapalhado, tanto dentro como fora das pistas, Mansell marcou uma era que até hoje deixa muitas saudades na F1 e completando 55 anos nessa semana, vamos conhecer um pouco mais a carreira desse inglês, que por sua ferocidade nas pistas, ficou conhecido como Leão.
Nigel Ernest James Mansell nasceu no dia 8 de agosto de 1953 na pequena cidade de Upton-on-Seven, interior da Inglaterra. Terceiro filho de uma família modesta, o pequeno Nigel teve muitas dificuldades na escola, já que passou a infância viajando por causa do trabalho do pai e assim teve um desempenho pífio na escola, além de ser conhecido como encrenqueiro. Aos 15 anos Mansell teve suas primeiras experiências no kart, mas sofreu com a falta de dinheiro e desde cedo teve ralar para continuar o seu sonho de se tornar um piloto de competição. Talvez por isso seus resultados demoraram a aparecer, mas confiante de suas habilidades, Nigel vendeu um terreno dado pelo pai e o seu carro para poder estrear na F-Ford Inglesa em 1976. Por sinal, o pai de Nigel nunca apoiou a carreira do filho. Mansell se forma em engenharia e com parte do dinheiro que ganhava na Lucas Engineering, ele investe na sua carreira, enquanto se casava com sua amada Roseanne.
Logo na estréia pela F-Ford, Mansell surpreende ao vencer em Mallory Park, mas o nosso bravo herói não participa de todas as provas, por causa da falta de dinheiro. No entanto, Nigel vence seis das nove provas que participou, mas no ano seguinte Mansell disputa toda a temporada da F-Ford Inglesa e vence 32 das 42 corridas do campeonato, conquistando o seu primeiro título na carreira. Porém, nem tudo foram flores para Nigel em 1977. Durante um treino em Brands Hatch, Mansell sofreu um seríssimo acidente e teve uma luxação no pescoço. Os médicos disseram que ele teria que ficar seis meses na cama, ficaria tetraplégico se sofresse uma lesão no local e por isso não poderia mais correr. Demonstrando a garra que lhe seria característica mais tarde, Mansell voltou às pistas apenas três semanas depois! Ainda no final de 1977 Mansell teve uma chance com um Lola T750 numa corrida da F3 Inglesa em Silverstone e ele terminou em quarto, decidindo participar de toda a temporada em 1978. Sem dinheiro para investir, Mansell teve que pedir patrocínio para a Unipart, que lhe obrigou a utilizar os motores Triumph, muito mais fraco que os potentes Toyota. Mesmo largando na pole em sua estréia e fechando a prova em segundo, esse foi o único grande momento de Mansell em 1978 e o inglês passou o resto da temporada se arrastando no meio do pelotão, conquitando apenas mais um quarto lugar como melhor resultado.
Por essa empreitada, Mansell ficou sem contrato para 1979 e, principalmente, sem dinheiro. Então Roseanne demonstrou todo o amor que sentia por Nigel e simplesmente fez a hipoteca da casa onde moravam apenas para financiar a temporada do marido na equipe Dave Price Racing, que usava o ótimo chassi da March. No meio do campeonato conseguiu sua primeira vitória na F3, em Silverstone, no mesmo final de semana em que a F1 disputava seu Grande Prêmio da Inglaterra. Seu estilo brigador atraiu a atenção de Colin Chapman, que ofereceu um contrato para o Nigel correr na Lotus. Quando tudo parecia que a carreira de Mansell ia entrar nos trilhos, eis que um conhecido trem italiano quase põe tudo a perder. Pouco antes do teste, Nigel teve esmagado algumas vértebras do pescoço depois de um acidente com o italiano Andrea de Cesaris em uma corrida de Fórmula 3. Chapman estava em dúvida se Mansell estaria em forma para um teste com um Fórmula 1, mas Nigel respondeu: "Não se preocupem, eu vou estar lá!" No início de 1980, Mansell assinou um contrato com a Lotus para ser piloto de testes da equipe durante essa temporada. Na verdade, Nigel tinha esperanças de conseguir a segunda vaga na equipe ainda em 1980, correndo ao lado de Mario Andretti, mas Chapman achou que Mansell ainda era muito inexperiente e deu a vaga para o italiano Elio de Angelis, que tinha impressionado em seu ano de estréia na em 1979 pela pequena equipe Shadow. Nigel seria teste-driver mesmo...
Na medida em que Mansell pegava a mão do Lotus 81B, o seu talento ficava mais aparente. Na sua segunda casa, o circuito de Silverstone, Nigel surpreendeu ao quebrar o recorde da pista e com isso teve uma chance de correr em um terceiro carro da Lotus ainda em 1980. Em agosto, ele foi inscrito para o Grande Prêmio da Áustria, no rápido e difícil circuito de Zeltweg. Mansell conseguiu a vigésima quarta e última posição no grid, mas um curioso problema surgiu antes da largada. Um vazamento de combustível no banco o inglês fez Mansell correr com queimaduras de segundo e terceiro grau no seu traseiro até abandonar na volta 40 com problemas no motor. Após outro abandono no Grande Prêmio da Holanda, Mansell negociava com a Lotus para ser piloto titular em 1981. Porém, alguns patrocinadores queriam colocar Jean-Pierre Jarier na equipe, mas Chapman bateu o pé e deu o segundo cockpit da Lotus para o seu pupilo. Era a verdadeira estréia de Mansell na F1.
A Lotus já não tinha a mesma competitividade de antes e Mansell teria que dividir a equipe com um grande piloto e com um estilo totalmente diferente do seu: Elio de Angelis. Enquanto o italiano pilotava com a suavidade de um chofer de madame, Mansell pilotava com a brutalidade de um motorista de caminhão. Mansell consegue seus primeiros pontos no Grande Prêmio da Bélgica e logo com um pódio, chegando em terceiro lugar. Em Jarama, Espanha (6 ª posição) e Las Vegas, E.U.A. (4 ª posição) Nigel marcou pontos novamente. Chapman e Nigel Mansell se tornaram amigos próximos e Mansell tinha uma ótima relação com a equipe. Em 1982 Mansell praticamente repete o que fez em 1981, marcando um pódio com um terceiro lugar no Grande Prêmio do Brasil e um quarto lugar no Grande Prêmio de Mônaco, quando quase venceu por causa da confusão que marcou aquele GP no final. No Grande Prêmio do Canadá, Mansell se envolveu em um acidente com Bruno Giacomelli e machucou o pulso, o deixando de fora de algumas corridas. Mansell participou das 24 Horas de Le Mans em 1982 para poder conseguir mais dinheiro. Sua participação na corrida francesa seria o equivalente a 20% do que ganhava por ano na Lotus.
Contudo, Mansell sofreu um enorme baque no final de 1982 quando Colin Chapman morreu de repente. Quem assume as rédeas da equipe Lotus foi Peter Warr, que não admirava Mansell tanto quanto Chapman. Na verdade, Colin Chapman tinha a esperança que Mansell lhe devolvesse as vitórias e por isso tinha tanta paciência com os erros do inglês. Warr, no entanto, preferia De Angelis abertamente e deixou isso claro ao dar o motor turbo da Renault primeiramente para o italiano em 1983, enquanto Mansell ficou até a metade da temporada com o raquítico motor Cosworth aspirado. Em 1984, Mansell terminou entre os 10 primeiros no Campeonato pela primeira vez. Também conquistou sua primeira pole e liderou uma corrida pela primeira vez no famoso GP de Monaco, após superar Prost na pista molhada, mas pisou numa faixa branca, rodou e saiu desesperado do carro, chutando o pneu. Porém, sua cena mais marcante no ano foi em Dallas. Mansell consegue sua primeira pole na F1 e tinha ao seu lado De Angelis. Contudo, a cidade do Texas fervia e a corrida foi disputada com uma temperatura superior aos 40 graus. Mansell tinha um carro mais lento, mas não deixava ninguém pensar. Bateu no muro, jogou carro para fora e distribuiu várias fechadas. Porém, não resistiu ao ataque da Williams de Keke Rosberg e desapareceu na corrida. Até ficar sem combustível na reta final e empurrar de forma emocionante o seu carro rumo a bandeirada. Totalmente exausto, Mansell acabou desmaindo antes de cruzar a linha de chagada.
Apesar da boa temporada em 1984, Mansell era visto como uma piada dentro da F1. Alguns bons resultados de Nigel eram desperdiçados após rodadas espetaculares e quebras mecânicas. Ayrton Senna tinha sido contratado pela Lotus para 1985 e Mansell teve que negociar com outra equipe. Após conversar com a Arrows, Mansell acabou acertando com a Williams. Mas a fama de Mansell era tão latente na F1, que após Frank Williams ter anunciado o nome de Nigel Mansell como piloto da equipe em 1985, o chefe da equipe McLaren, Ron Dennis, mostrou uma "coleção" de rodadas e acidentes de Mansell, e perguntou a Frank Williams em voz alta: "Isso é o seu piloto de ponta?" Quando Mansell chegou a Williams, passou a usar o famoso “Red 5” em seu carro e passou a ter um grande aliado para o resto da sua carreira: o narrado da BBC Murray Walker. A narração emocionada do veterano fez com que a Inglaterra inteira passasse a torcer por Nigel. Mesmo com Mansell não conseguindo grandes resultados na primeira parte da temporada.
Quando o inglês se adaptou ao rápido Williams-Honda FW10 na metade final da temporada 1985, Mansell passou a andar mais à frente no pelotão e isso lhe rendeu a sua primeira vitória, num emocionante Grande Prêmio da Europa em Brands Hatch, na frente de seu público. Com mais uma vitória quinze dias depois no Grande Prêmio da África do Sul, juntamente com uma pole position, finalmente Mansell mostrava o seu talento. Após o final da temporada Keke Rosberg deixou a equipe e Nigel Mansell foi deixado com Nelson Piquet. O carro da Williams evoluía a olhos vistos e o motor Honda caminhava para ser o melhor da F1. Quando Piquet chegou à Williams, combinou com Frank que seria o piloto número 1, não importando o quanto Mansell fosse mais rápido ou não. Contudo, no início de 1986 Frank sofre o acidente que o deixou de cadeira de rodas e a equipe ficou nas mãos de Patrick Head. Mansell vinha numa ótima fase e Piquet não esperava nada de um piloto que dizia que chamava de panaca sem Nigel perceber.
O resultado foi uma temporada histórica, recheada de lances espetaculares envolvendo os dois pilotos da Williams, Ayrton Senna da Lotus e Alain Prost da McLaren. No Grande Prêmio da Espanha, Mansell começava a mostrar o quanto estava competitivo e fez uma grande corrida. Após ultrapassar Rosberg, Prost e Senna, Mansell assumia a liderança da corrida, mas problemas nos pneus o fizeram ir aos boxes. Com borracha nova, Mansell bateu o recorde de Jerez de la Frontera várias vezes até encostar no líder Senna na penúltima volta. Completamente sem pneus, Senna se defendia como podia, enquanto Mansell vinha como nen um louco. Na reta de chegada, Nigel colocou de lado e esperava usar a potência do motor Honda para ultrapassar Senna. O resultado foi uma histórica chegada, com Senna derrotando Mansell por apenas 0.014s de diferença. Com cinco vitórias na temporada, Mansell era o piloto mais rápido de 1986, mas após errar a largada no Grande Prêmio do México (dizem que Nigel ficou tão emocionado com a possbilidade de ser campeão que acabou esquecendo de passar a primeira marcha...), a temporada seria decidida no Grande Prêmio da Austrália. Nigel chegou ao último GP à frente de seus concorrentes, que eram Piquet e Prost, ambos com 63 pontos, 7 atrás de Mansell. Para melhorar, ainda largava na pole, e se mantia nos pontos, podendo até chegar em 3º para ser campeão. A Goodyear tinha produzido um pneu que teoricamente duraria a prova toda, mas os pneus americanos começaram a estourar e as equipes começaram a trazer seus carros para os boxes. Com o título nas mãos, Mansell podia ir ao boxes tranqüilamente e ainda voltar nos pontos. Porém, na volta 63, seu pneu traseiro esquerdo estoura danificando a suspensão, assim abandonando a prova. Nesse momento só restava torcer para que seus concorrentes não vencesse, mas não foi o que aconteceu, acabando com Prost sendo bicampeão, numa das maiores zebras da F1. Ao "Leão", restou se contentar com o vice-campeonato mundial, mas Mansell ainda foi eleito a Personalidade do Ano pela BBC.
Apesar das brigas entre Mansell e Piquet, a Williams mantém seus dois pilotos para 1987. O Williams-Honda FW11 era disparado o melhor carro do ano e a disputa fica mesmo entre os dois pilotos da Williams. Nos treinos para o Grande Prêmio de San Marino, Piquet sofre um sério acidente na Tamburello e sente o acidente até o final do ano. Enquanto isso, Mansell desperdiçava chances valiosas para disparar na liderança. Mesmo com várias vitórias, Nigel também contava com vários abandonos. Porém, uma grande vitória de Nigel Mansell aconteceu no Grande Prêmio da Inglaterra em Silverstone. Piquet obtém a primeira pole no ano, larga bem, passa na frente na primeira volta com Mansell colado, após o inglês ter que ultrapassar Prost. Piquet estabelece uma vantagem de dois ou três segundos e parecia absolutamente incapaz de ampliá-la da mesma forma que Mansell parecia incapaz de reduzi-la. Os dois pilotos faziam uma corrida particular, com os outros ficando para trás. Então Mansell tem problemas em seus pneus e tem que fazer uma parada não programada. A corrida em Silverstone era tão curta que não precisava paradas, mas a vantagem da Williams sobre as demais naquele dia era tão grande que Mansell ainda voltou em segundo. Ele retornou à pista 28s atrás de Piquet. Quando o pneu atingiu a temperatura ideal, Mansell inicia uma irresistível recuperação, diminuindo a diferença para Piquet a razão de 1,5 segundo por volta. Era uma aposta arriscada. Ao ritmo que estava, a gasolina do Williams número 5 de Mansell acabaria antes do final da corrida. Faltando quatro voltas, Mansell colou em Piquet. No meio da reta do Hangar, Mansell prepara a ultrapassagem. Enquanto Piquet torcia a cabeça para vigiá-lo pelo retrovisor, Mansell joga o seu carro para a esquerda, buscando o lado de fora da pista; Piquet o bloqueia, mas Mansell volta para a direita, retardando o ponto de freada e chegando ao ponto de tangência da Curva Stowe por dentro. Uma manobra plasticamente bela e inteligente O inglês vence, mas não conseguiria terminar a sua volta da consagração. O combustível acabou. Uma multidão invadiu a pista e cercou o Williams. Foi um grande dia para Mansell.
Ainda em 1987, a Williams desenvolvia a suspensão ativa e Nelson Piquet tomou as redéas do desenvolvimento do novidade. No Grande Prêmio da Itália o brasileiro estréia a nova suspensão e Piquet consegue uma vitória incontestável, enquanto Mansell reclamava da Honda, que àquele altura já tinha anunciado que abandonaria a Williams, mas permaneceria com Piquet. Percebendo que Mansell não se adapta a nova suspensão, a Williams tira a suspensão ativa de Piquet e Nigel vence duas provas seguidas na Espanha e no México. Porém, Mansell precisava de um milagre para ser campeão e esse milagre começaria com uma vitória no Grande Prêmio do Japão, em Suzuka. Na sexta-feira, na sessão de qualificação, na ânsia de superar o tempo marcado de Piquet, o piloto inglês sofre um forte acidente, que o retira dos últimos GPs, decretando assim o tricampeonato de Piquet, e terminando, pela segunda vez consecutiva, com o vice-campeonato. Um ano depois, Piquet diria que Mansell tinha condições de correr e só desistiu porque ficou com medo de uma derrota nas pistas. Por sinal, Piquet fez de tudo para desestabilizar Mansell, chegando a dizer que o seu título era a "vitória da inteligência contra a burrice."Contudo, o que mais magoou Mansell foi outra frase de Piquet após o fim da temporada. Num programa ao vivo, Murray Walker pergunta a Nelson Piquet qual era a diferença era o brasileiro e Mansell. Assim respondeu Piquet: "Eu gosto de sol, ele gosta de chuva. Ele gosta de golfe, eu gosto de tênis. Eu gosto de mulher bonita, ele gosta de mulher feia, como sua mulher. Eu ganhei três campeonato, ele perdeu dois." Falar mal de Roseanne, sua esposa que vendeu até a própria casa para que Nigel continuasse correndo, foi demais para Mansell, que nunca perdoou totalmente Piquet por isso.
Com a saída da Honda, Frank Williams teve que se conformar com os fracos motores Judd. O ano de 1988 se transformou em uma catástrofe. Nigel Mansell poderia terminar apenas duas corridas onde ele ficou em segundo lugar. Todas as outras corridas ele abandonou. Para piorar, Mansell pegou sarampo no meio da temporada, que o fez perder algumas corridas. Porém, Mansell negociava com a Ferrari e em agosto de 1988, poucos dias antes de Enzo Ferrari morrer, Nigel foi contratado pela Ferrari para os próximos dois anos, ao lado de Gehard Berger. Como parte das negociações, Mansell ganhou de presente uma exclusiva Ferrari F40. A Ferrari estava desenvolvendo um novo câmbio semi-automático, mas que até o início da temporada não tinha andado 50 quilômetros seguidos! Mesmo tendo comprado as passagens de volta para a Inglaterra bem no meio do Grande Prêmio do Brasil de 1989, já que imaginava que a Ferrari não conseguiria resistir até o final, Mansell faz uma grande prova e estreou na Ferrari com uma surpreendente e inesquecível vitória. Tão inesquecível, que Mansell sofreu um corte profundo na mão quando recebeu o trófeu de vencedor...
Porém, o carro da Ferrari raramente chegava até o fim e a McLaren ainda tinha o melhor carro do pelotão, com Senna e Prost inspirados. No Grande Prêmio da Hungria, Mansell largou numa longuínqua décima segunda posição num circuito já conhecido por ser extremamente difícil de se ultrapassar. Porém, em poucas voltas Nigel estava colado no primeiro pelotão, que tinha, na seqüência, Patrese, Senna, Berger e Prost. Berger e Patrese abandonaram logo, enquanto Mansell ultrapassa Prost logo após a metade da corrida. Então o inglês da Ferrari persegue Senna de perto, esperando dar o bote. E ele vem quando Senna se atrapalha ao tentar colocar uma volta no retardatário Stefan Johansson e Mansell ultrapassa ambos numa bela ultrapassagem e consegue uma vitória espetacular. Mais tarde Mansell diria que essa foi sua melhor corrida na carreira.
Porém, o que marcou a temporada de Mansell foi o Grande Prêmio de Portugal, onde o "Leão" liderava a prova, quando em sua entrada nos boxes ele passou pela equipe e foi preciso que desse uma ré para voltar. Isso estava claramente contra as regras e Mansell foi desclassificado, mas continuou na pista. Vindo que nem um desesperado, Mansell encostou com Senna que naquele momento ainda brigava pelo título com Prost. Senna não tirava o pé e Mansell não aliviava. O resultado foi um acidente besta e os dois estavam fora da corrida. Após esse acontecimento, Mansell foi punido, com a exclusão da corrida seguinte, na Espanha. Por sinal, esse incidente foi apenas mais um da longa série de entreveros entre Senna e Mansell. O brasileiro já tinha colocado Mansell para fora da pista, na primeira volta, nos Grandes Prêmios da Austrália/85 e Brasil/86. Na Bélgica em 1987, após os dois se tocarem e abandorem, Senna e Mansell trocaram sopapos quando chegaram nos boxes.
Para a temporada 1990 os italianos contrataram o tricampeão mundial Alain Prost, com pleno apoio de Nigel Mansell, esperando que a equipe Ferrari fosse reforçada com a chegada do Prost. Ele formou rapidamente uma boa dupla com Alain, quando eles estavam fazendo um intenso treinamento no inverno. Porém, Mansell começou a ser prejudicado por Prost. A telemetria do carro de Nigel era passada abertamente para os engenheiros do francês e esses não trocavam qualquer informação com o britânico. Numa jogada de marketing, a Ferrari deu um carro melhor para Mansell no Grande Prêmio da Inglaterra e ao perceber isso, Prost deixou de falar com Mansell. Nessa mesma corrida, após abandonar mais um vez, Mansell surpreendeu ao anunciar que iria se aposentar no final de 1990. Foi o início de uma enorme onda de apoio público para ele permanecer na F1. Quando Mansell venceu o Grande Prêmio de Portugal, ele se tornou o inglês com o maior número de vitórias ao lado de Stiling Moss, com 16 trinfos. Por sinal, foi nessa corrida que a relação entre Mansell e Prost azedou de vez, quando Mansell jogou o carro para cima de Prost na largada, fazendo o francês perder várias posições.
Com a promessa de um carro campeão e alguns milhões de Frank Williams fez Mansell mudar de idéia e Nigel mostrou que estava mesmo em forma, ao fazer uma bela ultrapassagem na perigosa curva Peraltada, por fora, na última volta, sobre Gerhard Berger no Grande Prêmio do México de 1990. Apesar dos testes positivos na pré-temporada, 1991 não começou muito bem para Nigel. Três abandonos nas quatro primeiras corridas e ainda a vitória no Canadá colocada no lixo devido a uma pane elétrica e mental do inglês, que baixou muito o ritmo na última volta, fazendo o carro desligar, dando a vitória de bandeja, por sinal, a última, do seu grande rival Nelson Piquet, que declarou que quando viu Mansell parado na última volta "quase teve um orgasmo". Porém, há quem diga que Mansell, enquanto acenava para o público canadense, desligou o carro sem querer...
Contudo, o Williams-Renault FW14 já mostrava ser mais rápido do que a McLaren MP4/16 de Senna, e Mansell conseguia diminuir a diferença pouco a pouco para o brasileiro. O marco da virada foi a corrida de Barcelona, onde, na chuva, Nigel percorreu toda a reta principal a centímetros das rodas de Senna, ganhando a liderança na freada. Foi uma manobra inesquecível. Mas novamente o destino foi cruel com o Leão. E novamente o drama se desenvolveu no pit-lane do circuito do Estoril. No GP de Portugal um pitstop atrapalhado da Williams transformou o carro num triciclo, com Mansell chorando desesperado no cockpit. Os mecânicos terminaram a troca fora da área reservada (o que era irregular) e o inglês saiu desesperado dos boxes, recuperou uma volta, mas acabou desqualificado. No Japão, Mansell precisava vencer para levar a decisão para a última corrida. A McLaren armou uma arapuca para Mansell e deixou Berger disparar na frente, enquanto Senna segura o "Leão". Tentando ultrapassar, Mansell acabou se submetendo a pressão, errou, saiu da pista e viu Senna ser tricampeão antecipado e ele acabando mais uma vez com o vice-campeonato, pela terceira vez.
O que Mansell não sabia era que o FW14 era apenas o início de um carro arrasador. Nem nos seus melhores sonhos, Nigel pensava que teria um carro tão superior aos demais. Dotado de uma tecnologia embarcada nunca vista na categoria, o FW14 dizimou a concorrência durante o ano. Foram 14 poles em 16 corridas. Mansell venceu as cinco primeiras etapas de forma esmagadora e juntamente com outras quatro vitórias, título estava assegurado em apenas onze provas, em Hungaroring, com 52 pontos de diferença para o segundo colocado, o seu companheiro de equipe Riccardo Patrese, no final do ano. Finalmente, já contando com 39 anos de idade, o Campeonato Mundial fora conquistado por Mansell. Porém, ainda festejando o título em Budapeste, Mansell ficou sabendo que a Williams tinha contratado Prost para 1993. Não querendo repetir a triste pareceria com o francês, Mansell anunciou no Grande Prêmio da Itália que estava abandonando a F1 no final daquele ano.
De forma surpreendente, Mansell anunciou um contrato de dois anos com a equipe Newman-Hass da F-Indy. A categoria americana tinha perdido a estrela Michael Andretti para a McLaren e como forma de troco tirou o campeão da F1. Foi um golpe de mestre da categoria e Mansell se reecontraria com Mario Andretti dentro da equipe de Paul Newman. Nigel Mansell conseguiu uma pole logo em sua primeira corrida na F-Indy em Surfers Paradise, na Austrália. As estrelas da Indycar, como Emerson Fittipaldi e o companheiro de equipe na Newman-Haas Mario Andretti foram um pouco surpreendidos, mas Nigel Mansell não estava satisfeito com a pole position e assim ele conseguiu a vitória. Ele foi o primeiro novato a conseguir tanto a pole, como a vitória na estréia. Na próxima corrida em Phoenix, sua primeira aparição em um Oval, Mansell perdeu o controle do seu Lola-Ford e bateu fortemente no muro. Ele retornou às pistas na corrida seguinte em Long Beach, apesar de uma pequena operação nas costas. Ele terminou a corrida em terceiro lugar, mostrando o quanto Nigel poderia superar as dificuldades.
Diziam na época que Mansell estava querendo se livrar dos brasileiros (Senna e Piquet) na F1, mas acabou encontrando outros (Fittipaldi e Boesel) na F-Indy. Em Cleveland, Nigel teve uma briga histórica em Emerson, com os dois veteranos brigando roda e roda como se fossem dois garotos no kart. Todos esperavam para ver o comportamento de Mansell em ovais, mas fora Phoenix e Indianápolis, Mansell venceu todas as corridas em oval, como em Milwaukee, Michigan, New Hampshire e Nazareh. E mesmo em Indianapolis, ele ficou perto de vencer, liderando mais voltas, mas faltando algumas voltas para o fim ele tocou o muro ligeiramente danificado sua suspensão dianteira. Mas ele fez um grande trabalho, mantendo-se na luta e terminando na 3a posição. Após sua vitória em Nazareh era evidente que a sua vantagem sobre Emerson Fittipaldi seria suficiente para que ele se tornasse campeão como novato. Foi a única vez que um piloto foi campeão da F1 e da F-Indy em anos consecutivos. No final do ano, Mansell recebeu o prêmio de ESPY Award de Melhor Piloto em 1993.
O segundo ano com a Newman-Haas foi muito decepcionante, porque todas as equipes foram dominadas pela Penske, com uma performance dominante de Al Unser Jr, Emerson Fittipaldi e Pual Tracy. Mansell começava a ficar desgostoso com a F-Indy e se envolveu um acidente esquisito com Dennis Vitolo nas 500 Milhas de Indianápolis, com o carro do americano aparecendo em cima do carro de Mansell. Outro problema foi uma crise ciúmes de Mario Andretti, que não conseguia acompanhar o ritmo de Mansell. “Eu acho Ronnie Peterson meu melhor companheiro de equipe e Nigel Mansell o pior. Eu tenho muito respeito por ele como piloto, não como homem”. Contudo, muitas coisas acontecia do outro lado do Atlântico. Após conquistar o tetracampeonato, Prost deixou o posto da Williams para Ayrton Senna, mas o brasileiro não se entende com o carro nas primeiras corridas de 1994. Então, vem a tragédia com a morte do brasileiro. Naquele momento, a F1 passava por uma enorme crise de credibilidade e precisava de um grande chamariz. Michael Schumacher ainda era um garoto atrás do seu primeiro título e Damon Hill não tinha a mesma garra e carisma de Mansell. Juntamente com Bernie Ecclestone, Frank Williams trouxe Mansell de volta a F1 no Grande Prêmio da França de 1994, para o lugar do novato David Coulthard. Mansell ganharia US$ 900.000,00 por corrida, enquanto Damon Hill ganhava 300.000 por ano...
Nas quatro corridas que disputou, Mansell sofreu um pouco para voltar ao ritmo, mas teve uma briga sensacional com Jean Alesi no molhado Grande Prêmio do Japão e sua última vitória no controverso Grande Prêmio da Austrália, onde Damon Hill e Michael Schumacher, que disputavam o título, colidiram, dando o título ao alemão e a vitória ao "Leão". Ainda nesse GP, Mansell conquistou sua última pole position. Quando todos pensavam que Mansell estaria se aposentando, eis que a McLaren, que estava sofrendo desde a saída de Senna, lhe oferecesse um contrato para 1995. Ron Dennis, que dez anos antes tinha humilhado Mansell, contratou o inglês a contra-gosto. Nigel teve sua vingança. Primeiro, disse que o McLaren MP4/10 era estreito demais e que não cabia no carro. A McLaren passou a humilhação de ter que fazer um novo carro especialmente para Mansell, enquanto Mark Blundell substituía Nigel nas primeiras corridas. Mansell estreou na sua nova equipe na terceira etapa, em Ímola. Ele largou na 9ª posição e terminou em 10º lugar na corrida. Na etapa seguinte, o Grande Prêmio da Espanha, larga na 10ª posição e abandona após 18 voltas com problemas na direção. Acabou sendo a última corrida de Mansell na F1, encerrando a sua carreira aos 41 anos. Mesmo com esse fiasco, os números de Mansell eram impressionantes. Um título mundial, 187 Grandes Prêmios, 31 vitórias, 32 poles positions, 30 melhores voltas, 59 pódios e 482 pontos.
Mansell retornou ao automobilismo em 1998 correndo pela equipe Ford no Campeonato Britânico de Turismo (BTCC), mas o carro era tão ruim que Nigel abandonou o barco no meio da temporada. Somente em 2005 Mansell voltou a um cockpit ao disputar as primeiras provas da GPMasters, antiga categoria com velhos pilotos do passado. Na primeira corrida da categoria, em Kyalami, Mansell venceu após vencer uma disputa espetacular com Emerson Fittipaldi. Mansell voltaria a vencer outra prova em Silverstone, mas a categoria acabaria falindo logo depois. Hoje, Mansell vive com Roseanne em Jersey e ajuda os seus filhos, Leo e Greg, na longa batalha para se chegar na F1. Mesmo sem ter a técnica de Alain Prost, o conhecimento técnico de Nelson Piquet e o talento de Ayrton Senna, Mansell compensava com sua garra e determinação para poder enfrentar esse monstros sagrados do autobilismo. Não restam dúvidas que Mansell deixou saudades e que um piloto como ele faz falta a F1 atual.
Parabéns!
Nigel Mansell
3 comentários:
Muito já se falou e se escreveu sobre Mansell.
Até de o idiota mais rapido do mundo já o chamaram.
Eu prefiro apenas dizer que foi um dos melhores nos melhores tempos.
Saudades...
Impagável a foto do Piquet com o Mansell...HUAHUAHUA
O Piquet é um safado sarcástico mas hilário... O Senna sem comentários (fantástico)... O Prost um FDP puxa saco... e o Mansell, ahh o Mansell... sou fan deste cara até hoje... Estilo único de guiar que nunca mais veremos na F1...
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