sexta-feira, 20 de março de 2009

Alex


Dentre os inúmeros pilotos italianos que invadiram a F1 no final dos anos 1980 e início dos anos 1990, Alex Caffi foi um dos mais promissores, mas assim como aconteceu com todos os seus compatriotas na época, o talento desse piloto da bota não foi suficiente para lhe garantir sucesso na F1 e Alex acabou saindo da categoria quietamente, num dos maiores vexames que a Fórmula 1 já viu. Completando 45 anos nessa semana, vamos ver um pouco mais da carreira de mais uma promessa que não vingou vinda da Itália.

Alessandro Caffi nasceu no dia 18 de março de 1964 na cidade de Rovato, próximo a Brescia, na Itália. Desde cedo o pequeno Alex teve contato com o esporte a motor, pois seu pai foi um piloto amador da região, mas Caffi não se interessou pelo automobilismo de cara, preferindo iniciar sua carreira no motocross. Somente aos 16 anos Caffi se voltou para as quatro rodas competindo no kart, onde conseguiu uma vitória e se sentiu preparado para subir para os monopostos, onde debutou na Fórmula 4, conquistando duas vitórias. Após dois anos na F-Fiat Abarth, Caffi passou a disputar o Campeonato Italiano de Fórmula 3 a partir de 1984 com muito sucesso. Logo em sua estreia, Alex ficou com o vice-campeonato, perdendo o título para Alessandro Santin. Diga-se de passagem, o Campeonato Italiano de F3 tinha vários pilotos que disputariam a F1 nos anos seguintes, como Nicola Larini, Stefano Modena e Marco Apicella. Caffi foi tri-vice campeão da F3 Italiana e ainda serviu o seu país em 1986.

Mesmo tendo perdido o título de 1986, quando era franco favorito, Caffi chama a atenção da equipe Osella, que desde 1980 disputava a F1 sem o mínimo de sucesso. Enzo Osella convida Caffi a disputar o Grande Prêmio da Itália de 1986 e mesmo largando em último num carro muito mais potente do que estava acostumado, Caffi consegue terminar a corrida em décimo primeiro lugar. Isso foi o suficiente para que a Osella contratasse Caffi para 1987, mas o motor Alfa Romeo turbo da pequena equipe italiana se mostrava fraco, guloso e pouco confiável, tendo quatro quebras de motor ao longo do ano e três panes secas. A única vez em que Caffi completa uma corrida é no Grande Prêmio de San Marino em Ímola e com uma décima sexta posição no Grande Prêmio de Mônaco, Caffi chama a atenção dos demais chefes de equipe da F1 por causa de sua atitude em um carro muito ruim.

Para 1988, Gianpaolo Dallara, conhecido contrutor de carros de F3 e F3000, resolve construir um chassi de F1 e se junta a Scuderia Italia para debutar na F1. Caffi é chamado para ser o único piloto da equipe e como todo começo de trabalho, o chassi Dallara dava muita dor de cabeça a Caffi e poucas vezes o italiano pôde demonstrar seu talento. Porém, quando surgia oportunidades, Alex aproveitava bem, como o sétimo lugar no Grande Prêmio de Portugal. Mesmo não marcando nenhum ponto em 1988, Caffi permaneceria na mesma equipe em 1989 e ainda ganharia um companheiro de equipe. Mesmo sendo um piloto extremamente desastrado, Andrea de Cesaris sempre contou com o patrocínio da Marlboro, graças aos contatos do seu pai, para lhe garantir um lugar na F1 e foi dessa forma que ele entrou na Dallara em 1989. Outra mudança seria a introdução dos pneus Pirelli, que voltavam a F1 naquele ano. E foi essa mudança que daria a Caffi seus melhores momentos na F1. A marca de pneus italianas ainda estava instalada em equipe pequenas, como a própria Dallara, e queria aparecer para as equipes grandes fabricando excelentes pneus de classificação e ótimos para pistas com pouca aderência.

Após não conseguir classificação para a primeira corrida em Jacarepaguá, Caffi consegue uma ótima sétima posição em San Marino e marcaria seus primeiros pontos com um quarto lugar no Grande Prêmio de Mônaco. Alex conseguia ficar entre os dez primeiros do grid com regularidade, mas as coisas começaram a desandar no Grande Prêmio dos Estados Unidos, na estréia do circuito de rua de Phoenix. Como sempre Caffi largaria bem (6°), mas o seu ritmo no forte calor do Arizona era muito bom e o italiano estava em segundo lugar após o abandono do então líder Ayrton Senna e a quebra de Mansell. No início da prova, Andrea de Cesaris, que também vinha bem na prova, teve um pequeno incidente com Stefano Modena e teve que trocar um pneu furado, caindo para as últimas posições. Quando Caffi foi colocar um volta em De Cesaris, seu companheiro de equipe simplesmente ignorou ele e Alex acabou no muro. Seria o melhor resultado da equipe Dallara, mas De Cesaris praticamente assegurava as finanças da equipe e o clima ficou extremamente tenso para Caffi nos bastidores do time. Como resultado, os bons momentos que Caffi vinha conseguindo rarearam, afora um surpreendente terceiro lugar no grid para o Grande Prêmio da Hungria.

Apesar dos contratempos, Alex Caffi era visto como um piloto promissor e a Arrows o contrata para 1990. A equipe de Jackie Oliver tinha planos ambiciosos para os próximos anos com o retorno da Porsche à F1, via Arrows, após quatro anos de fora da categoria. Os alemães estavam desenvolvendo um motor V12 para 1991 e, assim como tinha feito com a McLaren no início dos anos 80, o título era o objetivo da Porsche. Alex Caffi e Michele Alboreto faziam parte desses planos, mas para 1990 a temporada seria de aprendizado e Alex não começa o ano bem, sofrendo um acidente ciclístico na pré-temporada, fazendo-o perder a primeira corrida do ano. Caffi volta no Grande Prêmio do Brasil e em Mônaco, a essa altura uma corrida especial para o italiano, Alex consegue um ótimo quinto lugar. O que Caffi não sabia era que os dois pontos conquistados no principado eram últimos que ele conquistaria na F1...

O carro da Arrows era confiável, mas muito lento, garantindo a Caffi várias bandeiradas fora dos pontos. Contudo, o novo motor Porsche era a esperança para melhores momentos em 1991. No entanto, o motor Porsche V12 era pesado, inconfiável e, pior, extremamente lento. Nas primeiras quatro corridas com o novo motor alemão, Caffi não consegue se classificar e a equipe resolve desistir do projeto Porsche, voltando aos velhos Cosworth do ano anterior. Em Mônaco, sua pista favorita, Caffi sofre um incrível acidente nos Esses da piscina e seu carro foi dividido em dois. Apesar do susto, Caffi não sofreu um único ferimento, mas semanas depois, Alex sofreria outro sério acidente fora das pistas, desta vez numa estrada italiana, e ele ficaria de fora do Grande Prêmio do Canadá. Esses dois acidentes foram um ponto na carreira de Caffi. O italiano não consegue tempo para as próximas seis corridas e o piloto promissor de 1989 parecia uma pálida sombra no final de 1991. A Arrows contrata Aguri Suzuki para 1992 e Alex tem que procurar uma equipe, mas, sem dinheiro, aceita o convite da Andrea Moda.

A equipe de Andrea Sasseti foi um dos maiores vexames da história da F1. O empresário havia comprado os espólios da equipe Coloni e por isso Sasseti se recusava a pagar a taxa de inscrição. Na sexta-feira da corrida inaugural na África do Sul, Caffi dá apenas algumas voltas, mas a FIA expulsa a equipe do circuito de Kyalami pelo calote. Para a corrida seguinte, no México, a equipe simplesmente se atrasa e não tem tempo para montar seus carros para irem à pista. Caffi percebe a confusão que tinha se metido e abandona o barco após a presepada mexicana. Sem lugar em nenhuma equipe de F1, aquela seria a última participação do italiano na categoria. Foram 56 Grandes Prêmios e apenas seis pontos conquistados. Com certeza, muito pouco para o que Caffi prometia.

Tendo apenas 27 anos de idade, Caffi passou a se dedicar as competições de turismo na Europa, primeiramente no Mundial de Esporte-Protótipo, passando pelo Campeonato Espanhol e Italiano de turismo, até chegar as corridas de endurance, algo que faz até hoje. Em 2006, Caffi participou do malogrado campeonato da GP Masters sem muito sucesso. Atualmente, Alex Caffi é instrutor da Subaru nos rallys italianos e em escolas de pilotagem. Golpeado pelo azar em certos momentos, principalmente nos melhores, Alex Caffi foi mais um dos vários italianos que tentaram a sorte na F1, mas não obtiveram sucesso. Porém, não restam dúvidas que esse italiano deixou sua marca na categoria.

Parabéns!
Alex Caffi

Um comentário:

Arthur Simões disse...

SENSACIONAL JC!!!!!!!!

ESTAVA COM SAUDADES DESTAS BIOGRAFIAS SOBRE PILOTOS "MÉDIOS" DA F1!!!!


Tudo bem que o de Cesaris era atrapalhado,mas ele era rápido também.


Abraços JC!!!!