sábado, 7 de março de 2009

História: 10 anos do Grande Prêmio da Austrália de 1999


Com a grande mudança no regulamento técnico introduzida no final de 1997, a F1 estava com uma nova equipe dominante. Após anos com a Williams construindo o melhor carro, a McLaren retomava aos momentos de glória e voltava a conquistar um título com Mika Hakkinen, algo que não acontecia desde os aúreos tempos de Ayrton Senna no começo da década. Porém, havia uma explicação. A chegada do mago Adryan Newey no início de 1997, vindo da própria Williams, foi o pontapé inicial para o novo domínio McLariano. O que não mudou era o principal adversário da equipe dominante. Michael Schumacher em sua Ferrari tentaria, pelo terceiro ano seguido, tirar a equipe do jejum de títulos, que já completava incríveis vinte anos. A briga seria verdadeiramente entre Hakkinen e Schumacher, com seus companheiros de equipe, David Coulthard e Eddie Irvine, como coadjuvantes. Isso na teoria...

Após um péssimo ano em que não pôde defender seu título mundial, a Williams resolveu mudar tudo e trocou sua dupla de pilotos por uma novinha em folha. Tentando repetir o que tinha feito três anos antes com Jacques Villeneuve, a equipe de Grove trouxe dos Estados Unidos a grande estrela da CART, Alessandro Zanardi. O italiano tinha uma passagem apagada pela F1 no biênio 1993-94, mas conseguiu um inesquecível bicampeonato na CART e Alex chegava de volta à F1 com moral. Ralf Schumacher saía da Jordan para a Williams tentando mostrar que era muito mais do que o irmão mais novo de Michael. Jacques Villeneuve abandonava a Williams e tentaria a sorte na "nova" BAR, onde era até mesmo sócio. "Nova" porque a equipe era a antiga Tyrrell, comprada por Craig Pollock, empresário de Villeneuve, e pela tabaqueira British American Tabacco. A equipe chegou cantando vitória e com uma pintura para lá de esquisita, já que a FIA proibiu que os dois carros fossem pintados de cores diferentes, e teria o novato Ricardo Zonta como segundo piloto. Já Heinz-Harald Frentzen voltava para a Jordan quase dez anos após ter feito parte da equipe de Eddie Jordan na F3000. O alemão tentava se recuperar após uma passagem decepcionante na Williams e teria ao seu lado o já veterano Damon Hill. Rubens Barrichello continuaria na Stewart, agora com Johnny Herbert, mas com uma maior colaboração da Ford. Além de Zonta, quem também estrearia eram os espanhóis Marc Gene e Pedro de la Rosa.

A McLaren mostrou sua força logo no início, ao dominar os treinos em Melbourne, conseguindo uma boa vantagem sobre o terceiro colocado Michael Schumacher. Assim como tinha acontecido no ano anterior, Mika Hakkinen superou David Coulthard por pouco, mas se sobrepunha ao companheiro novamente. A Stewart-Ford mostrava uma supreedente força ao colocar Rubens Barrichello em quarto, com o brasileiro sempre andando entre os ponteiros no final de semana australiano. No primeiro treino oficial em sua nova equipe, Villeneuve fica num bom décimo primeiro lugar, enquanto Zanardi decepcionava com uma obscura décima quinta posição.

Grid:
1) Hakkinen (McLaren) - 1:30.462
2) Coulthard (McLaren) - 1:30.946
3) M.Schumacher (Ferrari) - 1:31.781
4) Barrichello (Stewart) - 1:32.148
5) Frentzen (Jordan) - 1:32.276
6) Irvine (Ferrari) - 1:32.289
7) Fisichella (Benetton) - 1:32.540
8) R.Schumacher (Williams) - 1:32.691
9) Hill (Jordan) - 1:32.695
10) Wurz (Benetton) - 1:32.789

O dia 7 de março de 1999 estava ensolarado em Melbourne, condições perfeitas para uma corrida de F1. Apesar do domínio na McLaren em todos os treinos, havia a preocupação com a confiabilidade do novo MP4/14. A quebradeira foi tanta na pré-temporada que se pensou em trazer o modelo do ano anterior, mas um sinal de que o dia não seria fácil para a McLaren foi quando Hakkinen saía dos boxes para alinhar seu carro no grid e ele bateu numa conexão de ar, quase provocando um acidente nos boxes da equipe. Quando todos estavam preparados para a largada, uma cena de cortar coração estragou a corrida da equipe Stewart com os dois carros pegando fogo. Barrichello largaria dos boxes com o carro reserva, enquanto Herbert abandonava antes da largada. Como tinha acontecido em Suzuka na última corrida de 1998, Michael Schumacher fica parado no alinhamento para a segunda largada e o alemão teria uma difícil corrida de recuperação pela frente. Quando as luzes vermelhas apagaram, as McLarens dispararam na frente, sendo perseguidas pela Ferrari de Irvine, Frentzen, Ralf Schumacher e Fisichella. Mais atrás, Alesi fica parado no grid com o câmbio quebrado e Hill abandona na primeira curva após levar um toque por trás.

As McLarens voavam com Hakkinen à frente de Coulthard, andando 1.5s mais rápido do que qualquer carro na pista. Michael Schumacher fazia uma corrida agressiva e ganhava uma posição por volta, sendo seguido de perto por Barrichello. Na volta 12, o ferrarista já aparecia em décimo primeiro, com Barrichello logo atrás. Na volta seguinte, Jacques Villeneuve, que corria em oitavo, sofre um perigoso acidente quando sua asa traseira quebra e o safety-car tem que vir à pista. No entanto, um fato ainda mais importante acontecia na frente. Os maiores medos da McLaren acontecem quando Coulthard vai aos boxes para abandonar. Hakkinen tinha 17s de vantagem sobre Irvine antes da intervenção do safety-car e por isso todos sabiam que o irlandês pouco podia fazer para ultrapassar a McLaren. Porém...

Quando o safety-car deixava a pista, a McLaren do finlandês não desenvolve velocidade nenhuma e todos ultrapassam Hakkinen. A McLaren, dominadora em todos os treinos com uma enorme facilidade, deixava a corrida após apenas dezessete voltas. Enquanto isso acontecia, Zanardi rodava e deixava seu carro parado na pista, fazendo com que o safety-car voltasse à pista e mostrando que o italiano ainda teria muito o que aprender. Muitos carros vãos aos pits, mas Irvine continuava na liderança à frente de um próximo Frentzen, seguido por Trulli e os irmãos Schumacher. Porém, a boa corrida do italiano acabaria na volta 25 após um toque no retardatário Marc Gene. Michael Schumacher fazia uma ótima corrida e já estava em quarto quando um pneu furado mostrava que aquele não era um bom dia para o alemão. Para o Brasil, um resultado surpreendente mostrava seus três representantes entre os seis primeiros (Diniz em 4º, Barrichelo em 5º e Zonta em 6º), algo que não se via a tempos.

Enquanto isso, Irvine liderava com propriedade, segurando os ataques de Frentzen. Barrichello continuava com sua corrida problemática recebendo uma penalização por exceder o limite de velocidade nos boxes e saía dos pontos novamente. Numa corrida de sobreviventes, as duas Arrows, que tinham sido um dos carros mais lentos do final de semana, colocava Pedro de la Rosa em quinto e Tora Takagi em sexto, mas não resistiram ao ritmo forte imposto por Barrichello e foram ultrapassados na parte final da prova. No entanto, De la Rosa pontuaria em sua estréia na F1. Aquela não seria uma corrida única e Rubinho se destacaria em várias provas nessa temporada. Nas voltas finais, Irvine sofreu um susto quando o retardatário Ricardo Zonta, com problemas de câmbio que o faria abandonar logo depois, não deu passagem ao irlandês e o ferrarista se viu atacado por Frentzen novamente, mas quando o brasileiro abandonou, Irvine teve pista livre para vencer pela primeira vez na F1 e liderava o campeonato pela primeira vez. Num pódio que ninguém esperava, Irvine teria ao seu lado Frentzen e Ralf Schumacher. Porém, esse foi um sinal de uma temporada que seria emocionante, surpreendente, extremamente complicada para as grandes estrelas da época. E era apenas o começo de uma temporada inesquecível para Eddie Irvine...

Chegada:
1) Irvine
2) Frentzen
3) R.Schumacher
4) Fisichella
5) Barrichello
6) De la Rosa

Um comentário:

Arthur Simões disse...

Nossa.
Até hoje eu imagino como seria surprenedente se o Irvine ganhasse aquele campeonato.

Mas ele foi muito irregular durante o campeonato.