quarta-feira, 25 de março de 2009

História: 25 anos do Grande Prêmio do Brasil de 1984


Desde a introdução do turbo, a F1 se preocupava com o aumento progressivo da potência dos carros. A temporada de 1983 tinha sido mais tranqüila com relação ao mortífero ano de 1982, mas velocidade dos carros só aumentavam e algo havia de ser feito. Para isso, a FISA resolveu abandonar os reabastecimentos e limitar o tanque de combustível em 220 litros e assim, os pilotos teriam que diminuir o ritmo de corrida para terminar a prova. Afora isso, os carros eram idênticos ao ano anterior, mas havia muitas mudanças nas equipes. Dois dias após perder um dos títulos mais ganhos da história, Alain Prost anunciou que estava saindo da Renault e retornaria a McLaren após três anos, no lugar do aposentado John Watson para ficar ao lado de Niki Lauda. O francês saiu reclamando do péssimo ambiente da equipe francesa, mas as más línguas diziam que o real motivo da saída do vice-campeão de 1983 seria um rumoroso caso que o piloto estava tendo a esposa de Gerard Larrousse, chefe de equipe da Renault...

A Renault mudava tudo e trazia da Ferrari Patrick Tambay, mantendo a tradição de ter sempre um piloto francês na equipe, e Derek Warwick, que havia se destacado na Toleman. A Ferrari mantinha o terceiro colocado de 1983 René Arnoux e trazia o italiano Michele Alboreto, um velho sonho da escuderia que finalmente se realizava. A Tyrrell tinha pouco dinheiro e seria a única equipe a usar os motores aspirados, mas teria as jovens revelações Martin Brundle e Stefan Bellof. Após perder Warwick, a Toleman se expandiria a dois carros e teria o venezuelano Johnny Cecotto, além de um jovem brasileiro que havia sido um assombro nas categorias de base inglesas: Ayrton Senna. O novato havia treinado com a Williams, McLaren e Brabham, mas acabou na equipe Toleman, tendo que mostrar seu talento numa equipe média. Continuando as mudanças, até mesmo a campeã Brabham via modificações, com a saída de Riccardo Patrese para a Alfa Romeo, enquanto o bicampeão Nelson Piquet permanecia intacto dentro do time de Bernie Ecclestone e teria o italiano Teo Fabi ao seu lado, com a benção da Parmalat. Entre as equipes que não mudaram seus pilotos, havia a Lotus (Elio de Angelis e Nigel Mansell) e a Williams (Keke Rosberg e Jacques Laffite).
A Lotus havia feito um bom final de ano em 1983 e mostrava que a boa fase continuava com a pole de Elio de Angelis, a primeira do italiano, à frente do recém-contratado Michele Alboreto. Era a primeira vez em muitos anos de uma primeira fila totalmente italiana. A segunda fila era toda dos estreantes, com Warwick (Renault) e Prost (McLaren), enquanto Mansell confirmava a boa fase da Lotus em quinto. O atual campeão Nelson Piquet largava apenas em sétimo e Senna era um distante décimo sexto colocado em sua primeira corrida na F1.

Grid:
1) De Angelis (Lotus) - 1:28.392
2) Alboreto (Ferrari) - 1:28.898
3) Warwick (Renault) - 1:29.025
4) Prost (McLaren) - 1:29.330
5) Mansell (Lotus) - 1:29.364
6) Lauda (McLaren) - 1:29.854
7) Piquet (Brabham) - 1:30.149
8) Tambay (Renault) - 1:30.554
9) Rosberg (Williams) - 1:30.611
10) Arnoux (Ferrari) - 1:30.695

O dia 25 de março de 1984 estava quente e com muito sol, o que era normal no Rio de Janeiro. O autódromo de Jacarepaguá estava lotado para ver o campeão Nelson Piquet, que havia nascido na cidade, mas a corrida do piloto da Brabham acaba ainda na largada, quando seu Brabham ficou parado no grid. Demonstrando uma grande forma, Alboreto pula na frente, enquanto o pole De Angelis era engolido pelo pelotão, caindo para quinto. Lauda também largou bem e pulava para quarto, colado na Lotus de Mansell. Ainda na segunda volta, o austríaco deixou o inglês para trás, enquanto Prost, que largara mal e tinha caído para décimo, já ultrapassava seu ex-companheiro de equipe Eddie Cheever, que estreava na Alfa Romeo, e começava uma forte corrida de recuperação. Mais atrás, Piquet recuperava posições com ferocidade, enquanto na briga pela décima terceira posição, Bellof consegue ultrapassar Senna na briga dos novatos. A corrida do brasileiro acabaria na oitava volta, com o turbo do seu carro quebrado.

Enquanto Prost escalava o pelotão, Lauda partia para cima da Renault de Warwick e na décima volta, assumiu a segunda posição na freada da curva Sul, porém, quando efetuava a manobra, os dois se tocaram e isso traria problemas para Warwick mais tarde. Alboreto liderava com muita tranqüilidade, mas na volta 12 o italiano roda. Quando volta à pista, seu freio dianteiro direito saía muita fumaça e na volta seguinte ele rodaria novamente. A Ferrari ia aos boxes, mas a corrida de Alboreto acabara ali. Quando Lauda fez uma ótima corrida na última etapa de 1983 em Kyalami, todos sabiam que a McLaren voltava aos bons tempos e ninguém ficou admirado com a imagem do austríaco na liderança e Prost já em quarto. Na volta 16, o francês demonstra a superioridade da McLaren ao ultrapassar Mansell pela terceira posição e alcançar Warwick, da sua antiga equipe.

Apenas algumas voltas depois Prost assumia a segunda posição e a McLaren fazia uma dobradinha no Rio de Janeiro. Patrick Tambay inaugura os pit-stops, agora apenas para troca de pneus, na volta 27, mas o francês se atrapalha e roda dentro dos boxes, mas sem atropelar ninguém. Arnoux termina o final de semana de forma discreta e abandona com o turbo quebrado, encerrando o final de semana que parecia promissor para a Ferrari. Piquet já aparecia próximo da zona de pontuação quando seu motor BMW entregou os pontos na trigésima volta e o brasileiro teve que abandonar, para tristeza da torcida brasileira. Mas esse não seria a última quebra do motor alemão...

A McLaren liderava com tranquilidade e a dobradinha parecia favas contadas, mas quando seus pilotos foram fazer suas paradas, uma sucessão de erros quase estragou a corrida da equipe de Ron Dennis. Prost pararia antes de Lauda, mas o austríaco tem problemas elétricos e encosta nos boxes bem no momento em que o francês chegava para fazer seu pit-stop. No caos que se tornou o box da McLaren, Prost perde tempo enquanto a McLaren retirava o carro de Lauda. Com isso, Warwick assumia a liderança da prova e tinha a corrida sobre controle. Porém, o toque que havia tido com Lauda mais cedo cobrou seu preço e na volta 51 a suspensão dianteira da Renault do inglês quebrou e Prost reassumia a liderança com muita folga sobre Tambay, mas o francês da Renault tinha que conservar combustível e acabou ultrapassado por Rosberg. O finlandês vinha fazendo uma prova discreta com sua Williams e acabaria no pódio. No fim, não adiantou nada a economia de Tambay e ele acabaria abandonando na última volta sem combustível. Seria uma cena muito repetitiva ao longo do ano...

Prost iniciava sua nova relação com a McLaren da melhor forma possível e vencia pela segunda vez em Jacarepaguá. Pela primeira vez na pista! O francês mostrava que sua polêmica troca foi acertada. "Eu estou satisfeito, pois a McLaren é tão competitiva quanto a Renault. Eu quero ganhar esse título!" Desde cedo ficou claro que a McLaren era o carro a ser batido durante o ano, mas 1984 traria ainda muitas histórias para contar.

Chegada:
1) Prost
2) Rosberg
3) De Angelis
4) Cheever
5) Brundle
6) Tambay

2 comentários:

Anônimo disse...

Foi nessa corrida que o "Tema da Vitória" tocou para o Prost.

Anônimo disse...

25 de Março de 2014 completou-se 30 anos da estreia de Ayrton Senna na Fórmula 1. Estrearam também:

- franceses Philippe Alliot e François Hesnault, o alemão Stefan Bellof e o inglês Martin Brundle (disputou a Fórmula 3 Inglesa com Ayrton Senna em 1983).