terça-feira, 31 de março de 2009

História: 35 anos do Grande Prêmio da África do Sul de 1974


Os dois meses entre as corridas sul-americanas e a etapa na África do Sul resultou em várias novidades. Inclusives tristes. Num testes de pneus realizado no próprio circuito de Kyalami, o americano Peter Revson perdeu sua vida e por isso a sua equipe, a Shadow, não estaria participando dessa corrida em respeito a memória de um dos pilotos mais populares do paddock na época. Após fazer sua estreia com um March modificado, a Hesketh estrearia seu carro próprio projetado por Harvey Postlewaithe para o cada vez mais promissor James Hunt. Se Lord Hesketh injetava boa parte de sua fortuna em sua equipe para ver Hunt correr, a Williams sofria com a falta de dinheiro e Frank Williams estreava um segundo carro que seria alugado para qualquer piloto que chegasse com dinheiro o suficiente para comprar um cockpit para o final de semana.

Niki Lauda já havia demonstrado força no começo da sua primeira temporada na Ferrari e não foi surpresa ver o austríaco marcar sua primeira pole na única corrida africana do ano. As surpresas viriam depois. Ninguém duvidava do talento de José Carlos Pace, mas o problema do brasileiro estava no seu pouco competitivo Surtees, mas Pace mostrou todo o seu talento no rápido circuito de Kyalami e pôs seu limitado carro na primeira fila, seguido de perto pelo Iso-Marlboro de Arturo Merzario, na equipe de Frank Williams. Se as três primeiras posições eram ocupadas por pilotos pouco habituados a correrem nas primeiras filas, a partir de então as posições eram preenchidas pelos pilotos de ponta da época, como Emerson Fittipaldi, que havia vencido uma corrida não-oficial em Brasília e Jacky Ickx, vencedor da Corrida dos Campeões em Brands Hatch. O que poucos sabiam era que essa havia sido a última vitória do talentoso belga numa corrida de F1.

Grid:
1) Lauda (Ferrari) - 1:16.58
2) Pace (Surtees) - 1:16.63
3) Merzario (Iso-Marlboro) - 1:16.79
4) Reutemann (Brabham) - 1:16.80
5) E.Fittipaldi (McLaren) - 1:16.82
6) Regazzoni (Ferrari) - 1:16.85
7) Stuck (March) - 1:16.98
8) Scheckter (Tyrrell) - 1:16.99
9) Hulme (McLaren) - 1:17.11
10) Ickx (Lotus) - 1:17.18

O dia 30 de março de 1974 estava perfeito para uma corrida de F1 o sol forte africano dava o tom para mais uma etapa do Mundial em terras africanas. Havia alguma expectativa em ver como se comportariam alguns pilotos que não costumavam sair tão à frente, mas Lauda demonstrou enorme categoria quando sai perfeitamente e toma a primeira curva na ponta, enquanto seus colegas não tiveram a mesma sorte. Pace tem problemas no motor e saí pessimamente, sendo engolido pelo pelotão, enquanto Merzario tem destino semelhante e no final da primeira volta, ambos estavam, respectivamente, em décimo primeiro e nono. Mais atrás, por muito pouco não houve um sério acidente quando a Lotus de Peterson fica com o acelerador preso e atinge... seu companheiro de equipe Jacky Ickx! A Lotus, definitivamente, não começava bem a temporada e começava a se perguntar se tinha feito bem em praticamente dispensar Emerson Fittipaldi. A esperança era o novo Lotus 76, que só estrearia mais tarde.

Lauda liderava pela primeira vez uma corrida de F1, mas atrás dele vinha outro piloto seco para conquistar seu primeiro triunfo na F1. Reutemann esteve muito perto de vencer na Argentina e fez um ótimo início de prova no Brasil, mas em ambos o argentino acabou sucumbindo devido as circunstâncias. O piloto da Brabham perseguia Lauda de perto, com ambos já conhecendo dos tempos do Europeu de F2, com Reutemann sempre se dando melhor do que o austríaco. A Ferrari mostrava sua boa fase com Regazzoni em terceiro, seguido pelo local Jody Scheckter, enquanto Hunt mostrava que seu novo carro era bom o suficiente para ficar à frente de Emerson, que fazia uma prova de espera em sexto. Reutemann esperou até a nona volta para superar Lauda e logo imprimir um ritmo forte, deixando a Ferrari para trás. Então começou uma série de problemas para os ponteiros.

O primeiro foi Hunt, que acabandonou na décima quarta volta quando seu carro tem o semi-eixo quebrado, ainda fruto do noviciado da sua máquina. Depois foi a vez de Scheckter ter problemas de vibração em seu Tyrrell e perder várias posições, enquanto Mike Hailwood subia posições e já estava atrás do seu companheiro de equipe Emerson Fittipaldi, em quinto. Nesse momento a corrida fica bem estática, com poucas movimentações entre os pilotos. Reutemann liderava à frente de duas Ferraris, duas McLarens e duas Tyrrells. Quem tentava acabar com o status quo era Jean-Pierre Beltoise, que, com seu limitado BRM, ganhava posições aos poucos e já encostava na Tyrrell de Patrick Depailler para brigar pela sétima posição. Emerson começa a ter problemas com seus pneus e é ultrapassado por Hailwood na volta 49, enquanto Beltoise já havia realizado as ultrapassagens sobre Depailler e Scheckter, que ainda se matinha na pista, apesar das fortes vibrações em seu Tyrrell.

Reutemann liderava com folga e a tranquilidade do argentino aumentaria ainda mais quando as Ferraris sucubem no final da prova, Regazzoni na 66º volta e Lauda na 74º, ambas com problemas no motor. Com isso, o final de semana das surpresas continuava no sábado (tradicional dia do GP da África do Sul), com Hailwood assumindo o segundo posto, tendo Beltoise e Depailler logo atrás. Fittipaldi e Sheckter perderiam ainda mais rendimento no final e ficariam fora dos pontos, dando a chance para Hans-Joachim Stuck (March) e Arturo Merzario acabarem a corrida na zona de pontuação. Porém, isso não importava para Reutemann, que finalmente conquistava sua primeira vitória na F1 e a primeira de Bernie Ecclestone como dono de equipe.

Chegada:
1) Reutemann
2) Hailwood
3) Beltoise
4) Depailler
5) Stuck
6) Merzario

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