domingo, 8 de março de 2009

História: 5 anos do Grande Prêmio da Austrália de 2004


A temporada de inverno de 2004 foi uma das mais animadas da história da F1. Schumacher havia vencido o título de 2003 com muito dificuldade e todos apostavam nas equipes "alemãs" para derrubarem o ferrarista. Nos meses anteriores ao início do campeonato, Williams-BMW e McLaren-Mercedes bateram todos os recordes das pistas espanholas, juntamente com a surpreendente BAR-Honda de Jenson Button. Raikkonen? Montoya? Ralf? Até mesmo Coulthard, que permanecia mais um ano na McLaren era considerado favorito ao título, enquanto a Ferrari trabalhava calada em Maranello. No último teste coletivo antes das equipes partirem para a Oceania, em Ímola, a Ferrari foi mais rápida e o próprio Coulthard suspirou: Estamos perdidos...

E como estavam! Logo no primeiro treino livre em Melbourne, Schumacher bateu o recorde da pista em sua primeira volta rápida, colocando mais de 2s sobre o primeiro carro não-Ferrari, na ocasião, a Renault de Jarno Trulli. Ao final do primeiro dia de treino, ficou a sensação de que o campeonato tinha acabado ali. No sábado, a Ferrari apenas ratificou um domínio esperado e colocou seus dois carros na primeira fila, com um combativo Montoya em terceiro. A McLaren decepcionava enormemente com Raikkonen em décimo e Coulthard duas posições atrás. Em sua reestréia na F1, Felipe Massa se metia entre as duas McLarens, com Cristiano da Matta duas posições atrás. As principais equipes mantiveram os seus pilotos de 2003, mas 2004 já iniciava bastante diferente da competitiva temporada anterior.

Grid:
1) M.Schumacher (Ferrari) - 1:24.408
2) Barrichello (Ferrari) - 1:24.482
3) Montoya (Williams) - 1:24.998
4) Button (BAR) - 1:24.998
5) Alonso (Renault) - 1:25.699
6) Webber (Jaguar) - 1:25.805
7) Sato (BAR) - 1:25.851
8) R.Schumacher (Williams) - 1:25.925
9) Trulli (Renault) - 1:26.290
10) Raikkonen (McLaren) - 1:26.297

O dia 7 de março de 2004 estava frio em Melbourne, condições que favoreciam claramente os pneus Bridgestone, dando ainda mais vantagem a Ferrari. Com uma primeira curva muito fechada, as largadas em Melbourne costumam trazer mudanças no pelotão, mas não foi o que aconteceu na primeira fila, com as Ferraris saindo maravilhosamente bem e Schumacher contornando a primeira curva tranquilamente na ponta, seguido pelo fiel escudeiro Rubens Barrichello. Como todos sabiam, o sistema de largada da Renault era espetacular e Alonso consegue uma ótima saída, pulando para terceiro, enquanto Montoya não larga tão bem, mas o colombiano não desiste e trava tudo na primeira curva, mas alarga a curva, caindo para sétimo, atrás do seu companheiro de equipe Ralf Schumacher. Mais atrás, Sato toca na traseira de Trulli e o japonês tem que trocar o bico do carro quando ele fez sua primeira parada programada.

Já no complemento da primeira volta, ficava claro que ninguém segurava as Ferraris, com os dois carros vermelhos ganhando terreno a cada parcial em cima de Alonso, que pouco podia fazer para evitar que as Ferraris ficassem longe da sua visão. Tentando perder o menor tempo possível, Montoya parte para cima de Ralf e consegue a ultrapassagem ainda na segunda volta. Os dois, que nunca se deram bem, tiveram mais um motivo para brigar, já que Ralf acusou Montoya de ser agressivo demais, no entanto, o colombiano pareceu não ligar muito, talvez já pensando em 2005, quando já estava contratado pela McLaren. O ritmo da Ferrari era tão avassalador, que na sexta volta Schumacher já tinha virado um tempo 2s mais rápido que a pole de 2003!

Mais atrás, as McLarens sofriam com a falta de rendimento e Raikkonen, em décimo primeiro, era pressionado pela Sauber de Felipe Massa. As McLarens estava andando em média 3.5s mais lenta que as Ferraris. Massa, com seu jeito agressivo, tentou de todas as formas, mas quando a ultrapassagem já estava sendo completada, o motor Mercedes do finlandês se entregou ainda na nona volta e ficou a verdade dura e cruel. Além de lento, o McLaren também era muito inconfiável. Como os pilotos largavam com tanque que haviam treinado no sábado e o limite de velocidade nos boxes tinha subido para 100 km/h, as primeiras paradas programadas ocorriam ainda no início e na décima volta já tinha carro indo aos pits. Schumacher permanece em primeiro, com Barrichello perdendo contato com o companheiro após a primeira parada. As Minardis continuavam com seus problemas com Gianmaria Bruni e Zsolt Baumgartner ficando várias voltas atrás com problemas mecânicos.

Enquanto a Ferrari continuava o seu domínio, mais atrás haviam algumas disputas, com Ralf se aproximando de Button e Montoya se aproximando de Trulli, mas nenhum dos carros Williams e seu nariz de barbeador foram capazes de ultrapassar seus adversários na pista. Felipe Massa era o grande animador da corrida, saindo da pista, escorregando, mas isso acabbou custando caro com o motor do seu Sauber estourando na volta 44. Lá na frente, o quarto colocado Button já aparecia 30s atrás de Alonso, que estava a distância parecida de Barrichello. Montoya pressionava Trulli e ele tentaria a ultrapassagem na segunda parada de box, mas um problema no pneu traseiro esquerdo pôs tudo a perder. Ao final da segunda rodada de paradas, as Ferraris tinham meio minuto de vantagem sobre Alonso.

Agora Montoya pressionava Button na briga pela quinta posição e o colombiano acabaria ultrapassando o inglês na curva 13 do circuito australiano, mas Montoya não estava nada satisfeito com que estava acontecendo. Como Galvão Bueno dizia naquele início de madrugada brasileiro, "o mundo era vermelho". A Ferrari tinha construído uma vantagem tão absurda, que Schumacher diminui o ritmo, deixa Montoya e Button recuperarem uma volta, apenas para cruzar a linha em primeiro, numa corrida em que dominou como quis. Ainda faltavam dezessete corridas para o final daquela temporada, mas poucos duvidavam que o título de 2004 era de Michael Schumacher, que debaixo do capacete deve ter sorrido e dito no canto da boca: Quem mandaram me menosprezar?

Chegada:
1) M.Schumacher
2) Barrichello
3) Alonso
4) R.Schumacher
5) Montoya
6) Button
7) Trulli
8) Coulthard

Nenhum comentário: