Faziam seis anos que o Brasil não sentia o gostinho de um compatriota seu ganhar o Grande Prêmio local. Após a morte de Senna, Rubens Barrichello sempre competiu em equipe pequenas e nunca teve chances reais de vencer a corrida em Interlagos, que ficava muito próximo a sua casa. Agora na Ferrari, o povo brasileiro se vestiu de vermelho e pintou de rubro as arquibancadas de Interlagos, na esperança de Barrichello derrotar as McLarens e, principalmente, Michael Schumacher, que jogou uma pelada no Maracanã, mas toda a mídia tratou de antipatizar ainda mais o alemão frente ao público brasileiro. Para muitos, se quisesse vencer, Barrichello teria que ganhar do alemão.
Porém, o que marcou aquela corrida no Brasil foi o vexame que aconteceu durante a Classificação. Os pilotos tinham pressa em tentar marcar um tempo, pois os céus paulistanos eram ameaçadores e chuva poderia cair a qualquer momento. Quando a dupla da McLaren já ponteava o treino, uma placa de publicidade caía suavemente dentro da pista, provocando a primeira bandeira vermelha. Quando a pista foi liberada, todos os pilotos foram à pista na medida em que o céu ficava cada vez mais escuro, mas outra placa publicitária caiu e o pano vermelho foi novamente mostrado. Placa recolocada, Barrichello estava com parciais que lhe dariam a pole, quando uma terceira placa publicitária caiu bem no momento em que Alesi vinha a toda na reta. O francês ainda atingiu a placa da Marlboro e o treino foi interrompido mais uma vez. De forma inacreditável, Galvão Bueno disse que a placa da Marlboro poderia cair, pois era ela quem pagava o salário de Barrichello... Me poupe! Como castigo, a chuva finalmente veio e o brasileiro ficou em 4º, frutrando a torcida brasileira e deixando os organizadores embaraçados, inclusive com acusações de sabotagem de grupos políticos querendo derrubar Celso Pitta da prefeitura. Houve ameaças de Interlagos sair do calendário, mas muito mais do que sabotagem, ficou evidente a falta de cuidado no qual a cidade de São Paulo tinha com seu autódromo na época.
Grid:
1) Hakkinen (McLaren) - 1:14.111
2) Coulthard (McLaren) - 1:14.285
3) M.Schumacher (Ferrari) - 1:14.508
4) Barrichello (Ferrari) - 1:14.636
5) Fisichella (Benetton) - 1:15.375
6) Irvine (Jaguar) - 1:15.425
7) Frentzen (Jordan) - 1:15.455
8) Villeneuve (BAR) - 1:15.484
9) Button (Williams) - 1:15.490
10) Zonta (BAR) - 1:15.515
O dia 26 de março de 2000 estava quente e nublado, havendo inclusive chance da chuva que atrapalhou a Classificação poder voltar durante a corrida. Desde os tempos de Senna, Interlagos não via tanta gente nas suas arquibancadas e todo o público tinha uma certeza: Barrichello colocaria Schumacher no bolso e venceria na frente de ua torcida, ávidos por uma vitória consagradora do brasileiro, que ainda perseguia sua 1º vitória na F1. Desde os primeiros treinos, ficava claro e evidente que a vitória ficaria entre os pilotos de McLaren e Ferrari, que dominavam as duas primeiras filas e uma boa largada seria essencial. Por isso, Schumacher partiu com tudo para cima de Coulthard e como o escocês deixou seu carro patinar, o alemão já estava em 2º antes da primeira curva. Hakkinen cruzou a primeira volta em primeiro, mas com Schumacher em seu vácuo e numa clássica manobra de ultrapassagem em Interlagos, o alemão deixou o piloto da McLaren para trás no final da reta dos boxes, enquanto mais atrás Barrichello fazia exatamente a mesma coisa com Coulthard, assumindo a 3º posição.
Imediatamente Schumacher passou a imprimir um ritmo alucinante e em poucas voltas tinha uma diferença significativa para Hakkinen, que tentava segurar Barrichello, que o pressionava fortemente. O brasileiro chegou a errar e perder a 3º posição para Coulthard, retomando logo depois. Com o tempo, estava ficando claro que as duas Ferraris estavam mais leves e parariam mais cedo, mas enquanto Schumacher fazia sua parte, Barrichello era atrasado por Hakkinen. Apenas na 15º volta, o brasileiro consegue assumir a 2º posição, mas já estava incríveis 16s atrás do companheiro de equipe. Schumacher, confirmando as expectativas, pára cedo e indica sua estratégia de três paradas.
Após sua parada nos boxes, Barrichello estava em 4º, mas seu acelerador passou a não funcionar direito. Para piorar, outros acionamentos hidráulicos começaram a falhar e na volta 28, após um pequeno incêndio, o piloto brasileiro encostou no box da Ferrari para abandonar. Parte da torcida brasileira, frustrada, também abandonava Interlagos. E uma quebra começava a cair na boca das equipes de F1: problema hidráulico. Porém, nem tudo era ruim para a Ferrari, quando Mika Hakkinen chega aos boxes lentamente quatro voltas mais tarde para abandonar mais uma vez, ficando zerado em pontos. Para melhorar a vida de Schumacher, o segundo colocado Coulthard estava tendo problemas de câmbio, já tendo perdido a primeira e a terceira marchas.
Lá na frente, Schumacher estava sem pressão, mas ainda assim andando muito rápido e fixando o recorde da pista de Interlagos de então e após sua última parada, Michael tinha uma vantagem confortável e venceu com enorme tranquilidade, liderando o campeonato com 100% de aproveitamento. Coulthard marcava os primeiros pontos da McLaren, mas a vistoria após a corrida indicou que vários carros estavam irregulares, inclusive a Ferrari de Schumacher e a McLaren de Coulthard. Contudo, apenas a McLaren do escocês foi punida por estar com o aerofólio baixo demais e o escocês, assim como a equipe de Ron Dennis, saía do Brasil com as mãos abanando. Com a desclassificação de Coulthard, um jovem inglês de 20 anos marcava um ponto pela primeira vez na F1. Seu nome? Jenson Button.
Chegada:
1) M.Schumacher
2) Fisichella
3) Frentzen
4) Trulli
5) R.Schumacher
6) Button
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