terça-feira, 2 de março de 2010

História: 30 anos do Grande Prêmio da África do Sul de 1980


Com um mês separando as duas corridas sul-americanas e a etapa seguinte na África do Sul, a F1 fez um teste em Kyalami, local da única corrida africana do calendário. Algumas equipes usaram a oportunidade para testar seus novos carros, como foi o caso da ATS, que trouxe o promissor suíço Marc Surer para o time. Buenos Aires e Interlagos receberam severas críticas com relação as condições de segurança da pista e Kyalami não parecia muito diferente, quando Alain Prost bateu forte seu novo McLaren durante os testes, destruindo seu carro e machucando o pé. Na quinta-feira, primeiro dia de treinos, o francês voltou a preocupar a todos quando sua McLaren reserva teve a suspensão quebrada e Prost acabou machucando o pulso, ficando de fora do final de semana sul-africano. Porém, a cena mais dramática ocorreu com Surer, quando o suíço saiu reto na curva Club e destruiu a frente do seu ATS. Surer quebrou as pernas e ainda estava preso nas ferragens e produziu uma cena típica de uma época em que a segurança na F1 apenas engatinhava, quando ficou meia hora em pé, enquanto os comissários de pista o tiravam do carro.

Voltando à pista, a altitude de Kyalami somada a enorme reta dos boxes era um prato cheio para a Renault e os franceses não desperdiçaram a oportunidade para conseguirem a dobradinha na primeira fila, com Jean-Pierre Jabouille e René Arnoux sendo, em média, um segundo mais rápido que os demais. Nelson Piquet fez de tudo para acompanhar o ritmo da Renault, mas o máximo que conseguiu foi a 3º posição, seguido de perto dos dois Ligiers, mostrando a força da equipe gaulesa. Carlos Reutemann começava a reclamar da preferência que a Williams dava para seu companheiro de equipe, Alan Jones, e o argentino recebeu como resposta o carro do australiano nos momentos finais da Classificação. O resultado foi Reutemann, mesmo com pouco tempo de pista, ficando à frente de Jones. A Alfa Romeo tinha promovido um 'regime' em seu carro e o modelo italiano perdeu 30 kg, fazendo com que Patrick Depailler ficasse entre os dez primeiros, logo à frente dos representantes da outra equipe italiana da F1, a Ferrari. Outra equipe que havia proporcionado um regime em seu carro foi a Fittipaldi e Emerson estava satisfeito com a 18º posição no grid, mesmo após um teste promissor em Silverstone uma semana antes.

Grid:
1) Jabouille (Renault) - 1:10.00
2) Arnoux (Renault) - 1:10.21
3) Piquet (Brabham) - 1:11.87
4) Laffite (Ligier) - 1:11.88
5) Pironi (Ligier) - 1:12.11
6) Reutemann (Williams) - 1:12.15
7) Depailler (Alfa Romeo) - 1:12.16
8) Jones (Williams) - 1:12.23
9) Scheckter (Ferrari) - 1:12.32
10) Villeneuve (Ferrari) - 1:12.38

O dia primeiro de março de 1980 estava nublado e frio nas redondezas de Johannesburg, mas não havia previsão de chuva para a corrida, porém, o sol abrasador da África do Sul não castigaria os pilotos durante a prova. A Renault ainda sofria bastante com seu retardo no turbo em baixas rotações e a largada era claramente o ponto fraco da equipe, mas ninguém esperava por uma largada tão impressionante como a de Jones, que pulou da quarta fila para ficar ao lado dos dois Renaults na largada. Porém, a reta longa proporcionou que os dois carros amarelos contornassem a primeira curva confortavelmente na frente, com Jabouille à frente de Arnoux. Os dois carros disparavam frente aos demais e logo na primeira volta o 3º colocado Jones já tinha uma desvantagem considerável para Arnoux, que vinha colado em Jabouille.

Mesmo numa pista relativamente curta, o domínio da Renault era aparente e na quinta volta eles já tinham 4s de vantagem sobre Jones, que em troca tinha 1s de vantagem sobre Laffite e Reutemann. A Ligier começava a mostrar sua força quando Laffite ultrapassou Jones para ficar em 3º, enquanto Villeneuve dava mais um show. O canadense tentou uma ultrapassagem otimista sobre Piquet, pela 7º posição, mas Villeneuve acabou rodando e perdendo várias posições. Gilles imprimiu um ritmo fortíssimo e passava um a um, voltando a ocupar a 6º posição, quando seus pneus sentiram o esforço promovido por Villeneuve e o ferrarista começou a perder rendimento. Provando o quão mal estava a Ferrari, o então campeão Scheckter abandonou na volta 14 com o motor quebrado. 1980 seria o pior ano da história da Ferrari na F1.

Jabouille e Arnoux lideravam tranquilos, com uma ampla vantagem sobre Laffite, enquanto Jones quebra seu câmbio na volta 34 e quem vinha 4º era justamente seu companheiro de equipe, Reutemann. Piquet se aproximava do argentino, mas trazia consigo Pironi, que tinha feito uma péssima largada, e estava num ritmo muito forte, tentando a recuperação. A corrida fica estática, até que Jabouille tem um pneu furado na volta 61, apenas 19 para o final, e para azar do francês, seu pneu furou imediatamente após a saída dos boxes. Como tinha acontecido em Interlagos, René Arnoux se aproveitou da má sorte do seu companheiro de equipe e assumia a liderança da corrida de forma folgada, enquanto Emerson Fittipaldi mostrava que ainda podia brilhar em determinadas situações, quando levou uma volta do 2º colocado Laffite e ficou colado atrás do piloto da Ligier até o final da corrida. Era o campeão mostrando que não havia perdido sua habilidade!

Porém, o melhor da corrida ainda estava por vir. Didier Pironi era o carro mais rápido da pista e se aproximava de Piquet, que tinha acabado de ultrapassar Reutemann e assumir a 3º posição. Quando o argentino foi aos boxes trocar seus pneus, Pironi tinha caminho livre para atacar Piquet. Nas últimas voltas, os dois protagonizaram uma disputa eletrizante pelo lugar mais baixo do pódio, com Piquet se segurando com um carro nitidamente inferior. Foram dez voltas até Pironi conseguir a ultrapassagem sobre o brasileiro, quando faltavam apenas quatro voltas para o fim. Arnoux recebe a bandeirada com uma vantagem superior a meio segundo, enquanto Laffite e Pironi completam um pódio todo francês. Arnoux, que até o início da temporada não havia vencido uma única corrida sequer, tinha dois triunfos em três corridas de 1980 e liderava o campeonato com folga, mas muita coisa ainda ia acontecer até o final do ano.

Chegada:
1) Arnoux
2) Laffite
3) Pironi
4) Piquet
5) Reutemann
6) Mass

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