Duas paradas obrigatórias? Piorar os pneus para criar uma diferença entre compostos duros e macios? A volta do reabastecimento? Com apenas uma corrida no insosso circuito de Sakhir, todos na F1 clamaram por mudanças após uma corrida monótona no Oriente Médio, mas quando a categoria foi para um circuito que proporciona emoção, vimos uma das melhores corridas dos últimos tempos, que ainda contou a ajuda da velha ajudante para melhorar as corridas da F1: a chuva. Jenson Button, outro que saiu com a imagem arranhada após a primeira etapa do mundial, usou a inteligência para ler primeiro que os outros a mudança de aderência na pista e vencer pela primeira vez na McLaren, mas o inglês não foi o único protagonista da corrida deste domingo.
Na verdade, não faltou emoção, alternativas e destaques na corrida em Melbourne. A chuva fina que melou a pista, como disse Galvão Bueno, proporcionou uma enorme dor de cabeça para pilotos e equipes, mas todos largaram com pneus intermediários, porém a famosa primeira curva de Melbourne fez suas vítimas e a principal foi justamente o vencedor da corrida passada, Alonso. Metros mais tarde, um acidente assustador tirou três pilotos do meio do pelotão: Kamui Kobayashi, Sebastien Buemi e Nico Huckenberg. Ao contrário da expectativa inicial, esse acabou sendo a única entrada do safety-car. E que safety-car! A Mercedes caprichou com o novo carro de interferência. Porém, na medida em que a chuva passou e os pilotos precisariam trocar seus pneus, a emoção aumentou e houve várias brigas e, vejam só, ultrapassagens. Em todos os níveis do pelotão, houve troca de posições e piloto mostrando o bico. No final, a estratégia diferenciada de alguns pilotos trouxe um novo cenário para o final da prova e foi isso que causou uma grande emoção no final da corrida. Se no Bahrein houve uma espécie de conservadorismo exacerbado das equipes, em Melbourne, já houve quem arriscasse mais e de forma surpreendente, os pneus moles duraram muito mais do que o esperado. E foi assim que Jenson Button e os três pilotos que vieram a seguir conseguiram as primeiras posições da corrida. O inglês da McLaren teve uma prova atribulada no seu início, quando se envolveu no toque da largada e fez Fernando Alonso rodar na primeira curva, enquanto o próprio Button perdesse posições. Quando foi ultrapassado pelo seu companheiro de equipe, Lewis Hamilton (que começava seu show), Button tomou a iniciativa de ir aos boxes e colocar pneus slicks, enquanto a chuva parava. Uma saída de pista e parecia tudo perdido para o inglês, mas quando seus pneus chegaram a temperatura ideal, Button passou a andar bem mais rápido do que os demais e quando a maioria dos pilotos foram aos boxes, o inglês pulou de sétimo para segundo. Sorte ou competência? Apesar dos dizeres globais, coloco mais na competência de Button, que usou a experiência para ler mais rápido do que os demais as mudanças nas condições de pista e para segurar o carro numa pista ainda úmida e com pneus frios. Sem condições de ataque sobre Vettel, Button parecia num tranqüilo segundo lugar quando o alemão da Red Bull teve problemas de freios e abandonou a corrida. A partir daí, o que era um tranqüilo segundo lugar se transformou numa tranqüila primeira posição, mas a grande corrida do inglês não havia acabado ainda. Já tendo usado dois tipos de pneus diferentes, Button preferiu ficar na pista com pneus moles, numa situação crítica, em que chegou a andar 2s mais lento do que os pilotos que tinha feito uma segunda troca. Porém, o atual campeão mundial se usou, de forma involuntária, de um grande escudeiro para faturar uma grande vitória e ter a primazia, pelo menos nesse início de campeonato, de conseguir a primeira vitória da McLaren em 2010. Foi uma vitória para dar moral ao inglês, que parecia uma presa fácil para Hamilton, percepção aumentada pela corrida extremamente discreta no Bahrein. Agora com uma vitória e a 3º posição no Mundial de Pilotos, Button deverá ser visto com outros olhos pela cúpula da McLaren.
Apesar da grande vitória de Button e do show de Hamilton, para mim o grande piloto deste domingo se chama Robert Kubica. Não devemos esquecer que a F1 tem hoje uma espécie de G4, que engloba as quatro principais equipes do Mundial, no qual a Renault, longe dos seus momentos de glória, não faz parte. Por sinal, se valermos pela pré-temporada, os franceses corriam o risco de ser o fiasco do ano, mas quando se tem um talento como Kubica, certas verdades não são tão absolutas. O polonês já tinha impressionado no Bahrein, quando colocou seu problemático Renault no Q3, mas um toque na largada estragou a corrida do polaco, mas na Austrália, Kubica deu um show de como se defender durante uma prova com um carro muito inferior. Primeiramente, o piloto da Renault já tinha sido inteligente o suficiente para manobras evasivas, quando desviou com maestria das rodadas na largada e pulou de 9º para 4º na primeira volta. Claramente aquele não era o lugar do carro da Renault, mas Kubica usou do seu talento para se segurar de pilotos com carros claramente melhores do que o seu. Primeiro foi Rosberg, depois das paradas, foi a vez do agressivo Hamilton, que não tinha tomado conhecimento de ninguém a sua frente, mas esbarrou em Kubica. Já em 2º lugar, o polonês resolveu seguir Button e ir até o final com os pneus slicks que havia trocado no início da corrida, mas para Kubica essa decisão era ainda mais arriscada, pois seu carro não tinha o equilíbrio dos demais e ainda tinha que agüentar a pressão das duas Ferraris, lideradas por Felipe Massa. O brasileiro se aproximou da Renault de Kubica, mas em nenhum momento o polonês deu alguma brecha ao brasileiro e de forma incrível, Robert Kubica conseguiu um pódio genial, chegando em 2º lugar. Foi uma prova de que Kubica tem condições de brigar por títulos e vitória se tiver um bom carro em mãos, mas ainda que esteja com um carro não considerado favorito, o polonês pode ser tornar a surpresa do ano. Vitaly Petrov foi outro que ganhou várias posições na largada (oito), mas a sua inexperiência fez com que rodasse assim que colocou pneus slicks. Porém, o russo vem mostrando seu valor nesse seu início de F1.
Após uma dobradinha dominante no Bahrein, a Ferrari teve uma corrida difícil em Melbourne, onde o pódio de Felipe acabou sendo um prêmio de consolação. Por sinal, Massa deu o troco em Alonso, quando o brasileiro ultrapassou o companheiro de equipe de forma sensacional na largada, assumindo a segunda posição ainda antes da primeira curva. Mas enquanto Alonso, favorito da Ferrari para conseguir um bom resultado na Austrália rodava, Felipe sofria com a falta de aderência do seu carro. Ele foi ultrapassado com certa facilidade por Webber e era pressionado por Kubica, quando resolveu, junto com praticamente todo o pelotão, colocar slick. Aí, foi a vez de a Ferrari errar de novo e Massa perdeu duas posições, numa manobra em que a TV não mostrou. Felipe Massa ainda foi ultrapassado por Webber novamente, mas se aproveitou da intromissão de Hamilton na disputa para ultrapassar os dois, mas não foi capaz de segura-los mais tarde. Tentando uma estratégia diferente, Felipe emulou a tática de Button e Kubica, ficando na pista com pneus macios. Ainda que Massa não tenha conseguido ultrapassar Kubica quando colou no polonês, ninguém havia conseguido este feito e o pódio, o primeiro na Austrália, foi uma boa forma de marcar bons pontos quando o carro não ajudou. Alonso fez uma corrida agressiva e cheia de ultrapassagens. O espanhol, que parecia ser o único a ter condições de enfrentar as Red Bulls em condições normais, foi tocado por Button na largada e partiu para uma incrível corrida de recuperação. Porém, quando Alonso chegou em Massa, deve ter recebido uma ordem da Ferrari para ter mais calma na disputa e, opinião minha, por isso não ultrapassou o brasileiro, apesar de ter colocado de lados algumas vezes. Como era o último dos pilotos a não fazer a segunda parada, Alonso teve a indigesta missão de segurar um espevitado Hamilton 2s mais rápido do que ele. Quando o inglês colou na sua traseira, Alonso soube segurar com sua maestria habitual Lewis e ainda contou com a ajuda providencial do trapalhão do dia nas voltas finais. Mesmo fora do pódio, algo em que em condições normais não aconteceria, Alonso tem o que comemorar, pois conseguiu marcar pontos importantes e se manteve na liderança do Mundial. Mesmo fazendo parte do G4, a Mercedes vem se mostrando o elo mais fraco das equipes mais fortes e definitivamente não foi um fator em Melbourne. Nico Rosberg escapou bem dos acidentes da primeira volta, mas o alemão fez uma prova discretíssima e chegou num 5º lugar sem ser muito mostrado, apesar de um ataque final a Alonso nas duas últimas voltas. Uma prova cabal disso foi a performance pífia de Schumacher. Um dos envolvidos no incidente da primeira curva, o alemão teve que troca o bico e caiu para último, mas com Alonso logo à sua frente. A corrida de ambos era de recuperação, mas Alonso se livrou dos adversários com categoria, enquanto Schumacher demorava um pouco mais para se livrar de Hispania, Virgin e Lotus, ficando mais de 50 voltas empacado atrás de Jaime Alguersuari, que tem a metade de sua idade! Quando finalmente deixou o espanhol para trás, com direito a toque de rodas, Schummy passou De La Rosa no final e ainda marcou um pontinho. Uma corrida desastrosa para o alemão, que havia começado tão bem o final de semana. No fundo, Schumacher e Ross Brawn devem ter sentido falta dos reabastecimentos e as estratégias de box.
Lewis Hamilton merece um capítulo a parte nesta corrida. O inglês se envolveu num incidente fora das pistas na sexta-feira e fez uma Classificação que beirou o ridículo no sábado, onde não passou para o Q3. Porém, passados dois dias do problema com a polícia, Hamilton colocou a cabeça no lugar e fez uma prova extremamente agressiva e cheia de ultrapassagens e briga por posições. Lewis deu um show! Apesar de Galvão insistir em culpar o inglês pelas manobras em que saiu da pista, Hamilton não teve culpa em nenhuma delas, pois Webber parecia emocionado demais em estar correndo em casa... O sexto lugar, apesar da batida que levou do australiano por trás nas últimas voltas, foi pouco pelo que Hamilton fez em Melbourne e como Button mostrou que a McLaren tem um bom carro em mãos, Lewis tem tudo para ser um dos favoritos ao título esse ano. De favorita absoluta no sábado, a Red Bull teve uma corrida para esquecer no domingo. Mesmo a leve chuva não ajudando a equipe austríaca no início, Vettel tinha tudo para vencer a corrida australiana, mas outro problema mecânico pôs tudo a perder, quando o alemão perdeu os freios ainda no início da prova, quando liderava com certa folga. Em duas corridas, Vettel liderou ambas, mas a foi a Red Bull que acabou tirando o doce da boca do alemão, podendo influenciar decisivamente no final do campeonato. Como influenciou no ano passado. Mark Webber teve uma corrida para esquecer correndo em casa. A má largada foi corrigida com uma ultrapassagem sobre Massa no início da prova, mas a demora da Red Bull em chamar seus pilotos para colocar os pneus slicks acabou por atrapalhar o australiano, que caiu para o meio do pelotão e não soube lhe dar com os carros mais lentos que o seu. Na verdade, Webber foi um verdadeiro trapalhão, se envolvendo em dois incidentes com Hamilton, sendo que no final acabou acertando a traseira da McLaren a poucas voltas para o fim. Tendo que trocar o bico do seu, Webber caiu para nono e se vê distante na briga pelo Mundial, correndo o risco iminente de se tornar um segundo piloto a favor de Vettel.
Novamente Liuzzi conseguiu uma boa corrida após ser superado por Sutil na Classificação. O italiano apareceu ultrapassando De La Rosa, foi mais rápido do que Barrichello durante a prova e ainda ganhou uma posição com o incidente de Webber. Mesmo mais lento de Sutil, que abandonou ainda no início da prova, Liuzzi marcou todos os pontos da Force Índia em 2010 e ainda está a frente de Webber no campeonato. Rubens Barrichello ficou logo atrás de Kubica com a confusão da primeira volta, mas ao contrário do polonês, não segurou o rojão e foi sendo ultrapassado pelos pilotos que o atacavam e acabou bem longe do polaco. Em mais um discurso precipitado, Barrichello errou novamente quando disse que a Williams tinha voltado a ser uma grande equipe. Ainda falta muito para a tradicional equipe voltar aos bons dias e Barrichello, com toda a sua experiência, deveria saber disso e voltar a fazer boas corridas, algo que não aconteceu hoje. De La Rosa podia ter marcado o primeiro ponto da Sauber na temporada, mas o espanhol acabou ultrapassado por Schumacher no finalzinho da corrida e acabou em 11º, tendo que esperar um pouco mais para pontuar. A Sauber, que muitos diziam que poderia surpreender, vem se tornando cada vez mais uma equipe média para pequena, com sua falta de investimento. Jaime Alguesuari deverá guardar o dia de hoje em sua memória após ter segurado a corrida inteiro a lenda Michael Schumacher com seu humilde Toro Rosso. O jovem espanhol fez uma corrida correta e só foi ultrapassado quando cometeu um pequeno erro e ainda assim tocou rodas com o alemão para então ceder a posição. Na segunda divisão, a mesma Lotus que parecia melhor que todo mundo sofreu com um problema com o carro de Trulli, que por isso nem largou. Kovalainen apareceu levando voltas de todos e quase foi crucificado por Galvão quando Massa quase perde a posição para Alonso enquanto era ultrapassado pelo brasileiro, mas o finlandês pouco pôde fazer no momento. A Virgin ainda sofre com seus problemas de confiabilidade e Karun Chandhok, devagar e sempre, conseguiu a proeza de levar seu carro até o final da corrida sem quebras, algo que não tinha sido visto até então na pequena equipe espanhola. Bruno Senna abandonou no início, enquanto Di Grassi demorou um pouco mais. Uma lástima para ambos.
Foi um corridão hoje em Melbourne e o novo regulamento já mostrou sua cara com uma corrida onde houve quem parasse um ou duas vezes. Apesar da chuva no início, a prova foi movimentada em todo momento e as ultrapassagens que faltaram no deserto do Bahrein, sobraram em Melbourne, uma pista mais apertada, mas muito mais divertida. Outro fato interessante foi a pontuação, com a valorização da vitória fazendo com que Button subisse de sétimo para terceiro no Mundial com a vitória, enquanto Alonso permaneceu na liderança com sua vitória. Isso pode indicar uma ainda maior procura pela vitória, mas a F1 mostrou que pode surpreender quando todos a criticam. Hoje ninguém pode reclamar de falta de emoção, enquanto Melbourne, com sua bela paisagem e sua pista incrível, fazendo com que tenhamos sempre ótimas corridas, continua linda!
Na verdade, não faltou emoção, alternativas e destaques na corrida em Melbourne. A chuva fina que melou a pista, como disse Galvão Bueno, proporcionou uma enorme dor de cabeça para pilotos e equipes, mas todos largaram com pneus intermediários, porém a famosa primeira curva de Melbourne fez suas vítimas e a principal foi justamente o vencedor da corrida passada, Alonso. Metros mais tarde, um acidente assustador tirou três pilotos do meio do pelotão: Kamui Kobayashi, Sebastien Buemi e Nico Huckenberg. Ao contrário da expectativa inicial, esse acabou sendo a única entrada do safety-car. E que safety-car! A Mercedes caprichou com o novo carro de interferência. Porém, na medida em que a chuva passou e os pilotos precisariam trocar seus pneus, a emoção aumentou e houve várias brigas e, vejam só, ultrapassagens. Em todos os níveis do pelotão, houve troca de posições e piloto mostrando o bico. No final, a estratégia diferenciada de alguns pilotos trouxe um novo cenário para o final da prova e foi isso que causou uma grande emoção no final da corrida. Se no Bahrein houve uma espécie de conservadorismo exacerbado das equipes, em Melbourne, já houve quem arriscasse mais e de forma surpreendente, os pneus moles duraram muito mais do que o esperado. E foi assim que Jenson Button e os três pilotos que vieram a seguir conseguiram as primeiras posições da corrida. O inglês da McLaren teve uma prova atribulada no seu início, quando se envolveu no toque da largada e fez Fernando Alonso rodar na primeira curva, enquanto o próprio Button perdesse posições. Quando foi ultrapassado pelo seu companheiro de equipe, Lewis Hamilton (que começava seu show), Button tomou a iniciativa de ir aos boxes e colocar pneus slicks, enquanto a chuva parava. Uma saída de pista e parecia tudo perdido para o inglês, mas quando seus pneus chegaram a temperatura ideal, Button passou a andar bem mais rápido do que os demais e quando a maioria dos pilotos foram aos boxes, o inglês pulou de sétimo para segundo. Sorte ou competência? Apesar dos dizeres globais, coloco mais na competência de Button, que usou a experiência para ler mais rápido do que os demais as mudanças nas condições de pista e para segurar o carro numa pista ainda úmida e com pneus frios. Sem condições de ataque sobre Vettel, Button parecia num tranqüilo segundo lugar quando o alemão da Red Bull teve problemas de freios e abandonou a corrida. A partir daí, o que era um tranqüilo segundo lugar se transformou numa tranqüila primeira posição, mas a grande corrida do inglês não havia acabado ainda. Já tendo usado dois tipos de pneus diferentes, Button preferiu ficar na pista com pneus moles, numa situação crítica, em que chegou a andar 2s mais lento do que os pilotos que tinha feito uma segunda troca. Porém, o atual campeão mundial se usou, de forma involuntária, de um grande escudeiro para faturar uma grande vitória e ter a primazia, pelo menos nesse início de campeonato, de conseguir a primeira vitória da McLaren em 2010. Foi uma vitória para dar moral ao inglês, que parecia uma presa fácil para Hamilton, percepção aumentada pela corrida extremamente discreta no Bahrein. Agora com uma vitória e a 3º posição no Mundial de Pilotos, Button deverá ser visto com outros olhos pela cúpula da McLaren.
Apesar da grande vitória de Button e do show de Hamilton, para mim o grande piloto deste domingo se chama Robert Kubica. Não devemos esquecer que a F1 tem hoje uma espécie de G4, que engloba as quatro principais equipes do Mundial, no qual a Renault, longe dos seus momentos de glória, não faz parte. Por sinal, se valermos pela pré-temporada, os franceses corriam o risco de ser o fiasco do ano, mas quando se tem um talento como Kubica, certas verdades não são tão absolutas. O polonês já tinha impressionado no Bahrein, quando colocou seu problemático Renault no Q3, mas um toque na largada estragou a corrida do polaco, mas na Austrália, Kubica deu um show de como se defender durante uma prova com um carro muito inferior. Primeiramente, o piloto da Renault já tinha sido inteligente o suficiente para manobras evasivas, quando desviou com maestria das rodadas na largada e pulou de 9º para 4º na primeira volta. Claramente aquele não era o lugar do carro da Renault, mas Kubica usou do seu talento para se segurar de pilotos com carros claramente melhores do que o seu. Primeiro foi Rosberg, depois das paradas, foi a vez do agressivo Hamilton, que não tinha tomado conhecimento de ninguém a sua frente, mas esbarrou em Kubica. Já em 2º lugar, o polonês resolveu seguir Button e ir até o final com os pneus slicks que havia trocado no início da corrida, mas para Kubica essa decisão era ainda mais arriscada, pois seu carro não tinha o equilíbrio dos demais e ainda tinha que agüentar a pressão das duas Ferraris, lideradas por Felipe Massa. O brasileiro se aproximou da Renault de Kubica, mas em nenhum momento o polonês deu alguma brecha ao brasileiro e de forma incrível, Robert Kubica conseguiu um pódio genial, chegando em 2º lugar. Foi uma prova de que Kubica tem condições de brigar por títulos e vitória se tiver um bom carro em mãos, mas ainda que esteja com um carro não considerado favorito, o polonês pode ser tornar a surpresa do ano. Vitaly Petrov foi outro que ganhou várias posições na largada (oito), mas a sua inexperiência fez com que rodasse assim que colocou pneus slicks. Porém, o russo vem mostrando seu valor nesse seu início de F1.
Após uma dobradinha dominante no Bahrein, a Ferrari teve uma corrida difícil em Melbourne, onde o pódio de Felipe acabou sendo um prêmio de consolação. Por sinal, Massa deu o troco em Alonso, quando o brasileiro ultrapassou o companheiro de equipe de forma sensacional na largada, assumindo a segunda posição ainda antes da primeira curva. Mas enquanto Alonso, favorito da Ferrari para conseguir um bom resultado na Austrália rodava, Felipe sofria com a falta de aderência do seu carro. Ele foi ultrapassado com certa facilidade por Webber e era pressionado por Kubica, quando resolveu, junto com praticamente todo o pelotão, colocar slick. Aí, foi a vez de a Ferrari errar de novo e Massa perdeu duas posições, numa manobra em que a TV não mostrou. Felipe Massa ainda foi ultrapassado por Webber novamente, mas se aproveitou da intromissão de Hamilton na disputa para ultrapassar os dois, mas não foi capaz de segura-los mais tarde. Tentando uma estratégia diferente, Felipe emulou a tática de Button e Kubica, ficando na pista com pneus macios. Ainda que Massa não tenha conseguido ultrapassar Kubica quando colou no polonês, ninguém havia conseguido este feito e o pódio, o primeiro na Austrália, foi uma boa forma de marcar bons pontos quando o carro não ajudou. Alonso fez uma corrida agressiva e cheia de ultrapassagens. O espanhol, que parecia ser o único a ter condições de enfrentar as Red Bulls em condições normais, foi tocado por Button na largada e partiu para uma incrível corrida de recuperação. Porém, quando Alonso chegou em Massa, deve ter recebido uma ordem da Ferrari para ter mais calma na disputa e, opinião minha, por isso não ultrapassou o brasileiro, apesar de ter colocado de lados algumas vezes. Como era o último dos pilotos a não fazer a segunda parada, Alonso teve a indigesta missão de segurar um espevitado Hamilton 2s mais rápido do que ele. Quando o inglês colou na sua traseira, Alonso soube segurar com sua maestria habitual Lewis e ainda contou com a ajuda providencial do trapalhão do dia nas voltas finais. Mesmo fora do pódio, algo em que em condições normais não aconteceria, Alonso tem o que comemorar, pois conseguiu marcar pontos importantes e se manteve na liderança do Mundial. Mesmo fazendo parte do G4, a Mercedes vem se mostrando o elo mais fraco das equipes mais fortes e definitivamente não foi um fator em Melbourne. Nico Rosberg escapou bem dos acidentes da primeira volta, mas o alemão fez uma prova discretíssima e chegou num 5º lugar sem ser muito mostrado, apesar de um ataque final a Alonso nas duas últimas voltas. Uma prova cabal disso foi a performance pífia de Schumacher. Um dos envolvidos no incidente da primeira curva, o alemão teve que troca o bico e caiu para último, mas com Alonso logo à sua frente. A corrida de ambos era de recuperação, mas Alonso se livrou dos adversários com categoria, enquanto Schumacher demorava um pouco mais para se livrar de Hispania, Virgin e Lotus, ficando mais de 50 voltas empacado atrás de Jaime Alguersuari, que tem a metade de sua idade! Quando finalmente deixou o espanhol para trás, com direito a toque de rodas, Schummy passou De La Rosa no final e ainda marcou um pontinho. Uma corrida desastrosa para o alemão, que havia começado tão bem o final de semana. No fundo, Schumacher e Ross Brawn devem ter sentido falta dos reabastecimentos e as estratégias de box.
Lewis Hamilton merece um capítulo a parte nesta corrida. O inglês se envolveu num incidente fora das pistas na sexta-feira e fez uma Classificação que beirou o ridículo no sábado, onde não passou para o Q3. Porém, passados dois dias do problema com a polícia, Hamilton colocou a cabeça no lugar e fez uma prova extremamente agressiva e cheia de ultrapassagens e briga por posições. Lewis deu um show! Apesar de Galvão insistir em culpar o inglês pelas manobras em que saiu da pista, Hamilton não teve culpa em nenhuma delas, pois Webber parecia emocionado demais em estar correndo em casa... O sexto lugar, apesar da batida que levou do australiano por trás nas últimas voltas, foi pouco pelo que Hamilton fez em Melbourne e como Button mostrou que a McLaren tem um bom carro em mãos, Lewis tem tudo para ser um dos favoritos ao título esse ano. De favorita absoluta no sábado, a Red Bull teve uma corrida para esquecer no domingo. Mesmo a leve chuva não ajudando a equipe austríaca no início, Vettel tinha tudo para vencer a corrida australiana, mas outro problema mecânico pôs tudo a perder, quando o alemão perdeu os freios ainda no início da prova, quando liderava com certa folga. Em duas corridas, Vettel liderou ambas, mas a foi a Red Bull que acabou tirando o doce da boca do alemão, podendo influenciar decisivamente no final do campeonato. Como influenciou no ano passado. Mark Webber teve uma corrida para esquecer correndo em casa. A má largada foi corrigida com uma ultrapassagem sobre Massa no início da prova, mas a demora da Red Bull em chamar seus pilotos para colocar os pneus slicks acabou por atrapalhar o australiano, que caiu para o meio do pelotão e não soube lhe dar com os carros mais lentos que o seu. Na verdade, Webber foi um verdadeiro trapalhão, se envolvendo em dois incidentes com Hamilton, sendo que no final acabou acertando a traseira da McLaren a poucas voltas para o fim. Tendo que trocar o bico do seu, Webber caiu para nono e se vê distante na briga pelo Mundial, correndo o risco iminente de se tornar um segundo piloto a favor de Vettel.
Novamente Liuzzi conseguiu uma boa corrida após ser superado por Sutil na Classificação. O italiano apareceu ultrapassando De La Rosa, foi mais rápido do que Barrichello durante a prova e ainda ganhou uma posição com o incidente de Webber. Mesmo mais lento de Sutil, que abandonou ainda no início da prova, Liuzzi marcou todos os pontos da Force Índia em 2010 e ainda está a frente de Webber no campeonato. Rubens Barrichello ficou logo atrás de Kubica com a confusão da primeira volta, mas ao contrário do polonês, não segurou o rojão e foi sendo ultrapassado pelos pilotos que o atacavam e acabou bem longe do polaco. Em mais um discurso precipitado, Barrichello errou novamente quando disse que a Williams tinha voltado a ser uma grande equipe. Ainda falta muito para a tradicional equipe voltar aos bons dias e Barrichello, com toda a sua experiência, deveria saber disso e voltar a fazer boas corridas, algo que não aconteceu hoje. De La Rosa podia ter marcado o primeiro ponto da Sauber na temporada, mas o espanhol acabou ultrapassado por Schumacher no finalzinho da corrida e acabou em 11º, tendo que esperar um pouco mais para pontuar. A Sauber, que muitos diziam que poderia surpreender, vem se tornando cada vez mais uma equipe média para pequena, com sua falta de investimento. Jaime Alguesuari deverá guardar o dia de hoje em sua memória após ter segurado a corrida inteiro a lenda Michael Schumacher com seu humilde Toro Rosso. O jovem espanhol fez uma corrida correta e só foi ultrapassado quando cometeu um pequeno erro e ainda assim tocou rodas com o alemão para então ceder a posição. Na segunda divisão, a mesma Lotus que parecia melhor que todo mundo sofreu com um problema com o carro de Trulli, que por isso nem largou. Kovalainen apareceu levando voltas de todos e quase foi crucificado por Galvão quando Massa quase perde a posição para Alonso enquanto era ultrapassado pelo brasileiro, mas o finlandês pouco pôde fazer no momento. A Virgin ainda sofre com seus problemas de confiabilidade e Karun Chandhok, devagar e sempre, conseguiu a proeza de levar seu carro até o final da corrida sem quebras, algo que não tinha sido visto até então na pequena equipe espanhola. Bruno Senna abandonou no início, enquanto Di Grassi demorou um pouco mais. Uma lástima para ambos.
Foi um corridão hoje em Melbourne e o novo regulamento já mostrou sua cara com uma corrida onde houve quem parasse um ou duas vezes. Apesar da chuva no início, a prova foi movimentada em todo momento e as ultrapassagens que faltaram no deserto do Bahrein, sobraram em Melbourne, uma pista mais apertada, mas muito mais divertida. Outro fato interessante foi a pontuação, com a valorização da vitória fazendo com que Button subisse de sétimo para terceiro no Mundial com a vitória, enquanto Alonso permaneceu na liderança com sua vitória. Isso pode indicar uma ainda maior procura pela vitória, mas a F1 mostrou que pode surpreender quando todos a criticam. Hoje ninguém pode reclamar de falta de emoção, enquanto Melbourne, com sua bela paisagem e sua pista incrível, fazendo com que tenhamos sempre ótimas corridas, continua linda!
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