quinta-feira, 24 de junho de 2010

História: 20 anos do Grande Prêmio do México de 1990


Durante a final da primeira fase da Copa do Mundo de 1990, foi realizado o Grande Prêmio do México de F1 e com todo o circo da categoria na América do Norte, simplesmente nada aconteceu entre a corrida canadense, com amplo domínio da McLaren, e a prova no México. Nos boxes, a única festa era do 100º GP de Ayrton Senna, comemorado com entusiasmo nos boxes da McLaren, com direito a bolo de aniversário na careca de Jo Ramirez.

E a McLaren teria ainda mais o que comemorar com mais uma pole, mas desta vez não com Senna. Gerhard Berger reclamava constantemente que o seu cockpit estava apertado demais e por isso não se sentia a vontade dentro do seu próprio carro, mas quando tinha alguma oportunidade de mostrar velocidade, o austríaco o fazia e conseguiu sua segunda pole no ano. Os motores Renault que empurravam os Williams cresciam a olhos vistos e não era difícil apontar que a equipe inglesa já era a terceira força em 1990 e Patrese ficando na primeira fila era um bom exemplo disso. Mesmo longe do seu habitat natural, a primeira fila, Senna não tinha muito do que reclamar, pois seu maior rival não teve um dia muito bom e Alain Prost largaria em 13º, sua pior posição de largada desde 1980, quando estreou na F1.

Grid:
1) Berger (McLaren) - 1:17.227
2) Patrese (Williams) - 1:17.498
3) Senna (McLaren) - 1:17.670
4) Mansell (Ferrari) - 1:17.732
5) Boutsen (Williams) - 1:17.833
6) Alesi (Tyrrell) - 1:18.282
7) Martini (Minardi) - 1:18.526
8) Piquet (Benetton) - 1:18.561
9) Nakajima (Tyrrell) - 1:18.575
10) Modena (Brabham) - 1:18.592

O dia 24 de junho de 1990 estava nublado na Cidade do México, mas não havia perspectivas de chuva durante a prova, ao contrário do que havia acontecido em Montreal, duas semanas antes. Como era uma prova acontecendo numa altitude muito alta, havia muitos problemas com a perca de potência dos motores e isso poderia ser decisivo durante a prova, fora o próprio cansaço físico dos pilotos. Porém, o único problema foi um cachorro que invadiu a pista durante o warm-up e o perigoso que isso poderia ocasionar, mas ninguém ligou muito quando as luzes verdes apareceram e a largada foi dada. Como tinha acontecido quando largou em primeiro em Phoenix, Berger não sai bem e perde duas posições no entrada da primeira curva. Patrese assume a ponta, mas é fortemente pressionado por Senna, com o italiano chegando a fechar o piloto da McLaren várias vezes durante a primeira volta.

Com a perspectiva de liderar a prova e com Prost ainda se batendo nas posições intermediárias, Senna não queria perder tempo e na saída da última curva, a famosa Peraltada, o brasileiro colocou de lado e ultrapassou Patrese na reta, cruzando a primeira volta em primeiro. Berger segue o embalo do companheiro de equipe e ultrapassa o italiano no final da reta dos boxes, confirmando a boa fase da McLaren e formando uma compacta dobradinha da equipe na ponta da corrida. Patrese parecia não ter pegado o ritmo da corrida e também é ultrapassado por Boutsen e Piquet nas voltas seguintes. O brasileiro da Benetton confirmava a volta da boa forma após duas temporadas apagadas.

Com Senna começando a sumir na frente, trazendo Berger à reboque, todos começam a prestar atenção na rápida evolução de Prost. Em Hungaroring, um circuito muito mais difícil de ultrapassar que o circuito Hermanos Rodriguez, Mansell largou em 12º e chegou a uma emocionante vitória. Mesmo não tenho a agressividade do seu companheiro de equipe, Prost ganhava praticamente uma posição por volta e na 12º volta já aparecia em sétimo, logo atrás de Mansell. Logo após ultrapassar Patrese, não demorou para Piquet deixar a Williams de Boutsen para trás e assumir o terceiro posto, mas o tricampeão logo subiria de posição. Berger tem problemas com um dos seus pneus e tem que ir aos boxes na 13º volta, perdendo várias posições e novamente o Brasil teria uma dobradinha, com Senna em primeiro e Piquet em segundo. Por enquanto...

As Ferrris se aproximavam rapidamente do pelotão da frente e o duo Mansell/Prost andavam juntos e se aproximava das Williams, que também andavam juntas. Com um terço de prova, os carros vermelhos se aproximaram dos carros azuis e amarelos e em dez voltas Mansell e Prost deixavam Boutsen e Patrese para trás. Piquet não estava muito longe e não foi surpresa ver o piloto da Benetton sucumbindo com a força extraordinária da Ferrari naquele dia. Mas será que eles alcançariam Senna?

Ainda faltavam 25 voltas quando as Ferraris começaram a fatiar a enorme vantagem que Senna tinha sobre eles. A corrida se mostrava bastante desgastante para os pneus e Piquet e Patrese foram aos boxes, dando a Berger a chance de se aproximar do pelotão da frente numa boa corrida de recuperação do austríaco. A verdade era que Senna tinha um problema em seu pneu traseiro direito e teve que diminuir o ritmo. Prost, mais cuidadoso com seus pneus, vê uma chance de vitória se aproximar de suas pequenas mãos e ultrapassa Mansell, que já sofria com seus pneus. Faltando dez voltas para o final, Prost se aproxima de Senna e ultrapassa a McLaren de forma fácil, mas o motivo seria visto algumas voltas depois. O pneu traseiro direito da McLaren de Senna estoura e o brasileiro tentava levar o carro de volta aos boxes, mas o problema ocorreu bem no começo da volta e isso significava que Senna teria que andar mais de 4km para chegar aos boxes. O brasileiro conseguiu levar seu carro até o seu objetivo, mas infelizmente o carro estava danificado demais para que uma simples troca de pneus devolve-se o piloto da McLaren de volta à pista e Senna estava fora da corrida.

Prost partia rumo a uma vitória que parecia incerta, mas ainda não havia acabado as emoções dessa famosa corrida no México. Mansell sofria com seus pneus desgastados e via a rápida aproximação de Berger, que fazia uma ótima corrida de recuperação. O piloto da McLaren encostou nas voltas finais e efetuou uma bela ultrapassagem sobre o Leão no final da reta dos boxes. Porém, ninguém poderia subestimar o inglês. Mansell, totalmente no limite, permaneceu próximo a Berger e na mesma volta realizou uma das ultrapassagens mais bonitas e corajosas de todos os tempos. Na entrada da Peraltada, em quinta marcha e a mais 200 km/h, Mansell colocou sua Ferrari por fora e não tirou o pé. Berger ficou com a decisão de tirar ou não o pé, sabendo que um acidente grave poderia acontecer a qualquer momento. Conhecendo bem Mansell, o austríaco tirou o pé e deixou o piloto da Ferrari o passar por fora, numa manobra formidável. As últimas duas voltas foram de suspense para saber se haveria troco de Berger, que acabou não acontecendo e a TV pôde mostrar Prost recebendo a bandeirada em primeiro, conseguindo uma de suas vitórias mais combativas da carreira. Após o domínio da McLaren no Canadá, a Ferrari mostrava força no México com uma dobradinha. O campeonato pegava fogo!

Chegada:
1) Prost
2) Mansell
3) Berger
4) Nannini
5) Boutsen
6) Piquet

Um comentário:

Anônimo disse...

Ainda bem que o jogo da Copa 90 das Oitavas-de-Final, a seleção alemã venceu os holandeses no tempo normal, porque ainda deu pra assistir o restante da prova que estava muito emocionante. Pena que a TV a Cabo estava dando seus primeiros passos no Brasil, porque para os aficionados da Fórmula 1, essa corrida tem que ser assistida sem cortes do começo ao final.

Grande vitória e estratégia com dobradinha nos dois carros da equipe Ferrari sobre a concorrência.