quinta-feira, 17 de junho de 2010

História: 25 anos do Grande Prêmio do Canadá de 1985


Montreal receberia a F1 novamente após um mês sem corridas, mas com muita movimentação. Na verdade, entre as corridas em Monte Carlo e Montreal, estava marcado o Grande Prêmio da Bélgica em Spa-Francorchamps e seu clima instável. Pensando nisso, os organizadores recapearam toda a pista de Spa para que houvesse uma maior drenagem em caso de pista molhada, porém, aquela final de semana estava de forma não usual muito quente e o asfalto começou, literalmente, a se esfarelar. Os treinos foram realizados sobre protestos e Michele Alboreto acabou sendo o mais rápido, mas a situação estava tão crítica que foi o próprio italiano quem liderou um levante feito pelos pilotos para que a prova fosse adiada. O asfalto se soltava até mesmo passando o dedo sobre ele e por isso Bernie Ecclestone ficou sem saída e acabou postergando a corrida belga para o outono.

A Ferrari mostrava força e já estava no mesmo nível da McLaren. Para melhorar a vida dos italianos (e aumentar a torcida), Michele Alboreto era o líder natural da equipe e teria todo o time ao seu redor. Contudo, em ritmo de treino ninguém estava conseguindo parar a Lotus e seu motor Renault turbo especial de Classificação. Senna já havia feito várias poles seguidas usando essa arma e em Montreal quem melhor utilizou-a foi Elio de Angelis, voltando a fazer a pole após vários anos, mas para corroborar com o predomínio da Lotus nos treinos, Senna completou a primeira fila, enquanto as Ferraris mostravam seu crescimento ao dominar a segunda fila. Prost, por enquanto sem ter Lauda no seu encalço, sabia que teria que reagir para não morrer na praia novamente.

Grid:
1) De Angelis (Lotus) - 1:24.567
2) Senna (Lotus) - 1:24.816
3) Alboreto (Ferrari) - 1:25.127
4) Johansson (Ferrari) - 1:25.170
5) Prost (McLaren) - 1:25.557
6) Warwick (Renault) - 1:25.622
7) Boutsen (Arrows) - 1:25.846
8) Rosberg (Williams) - 1:26.097
9) Piquet (Brabham) - 1:26.301
10) Tambay (Renault) - 1:26.340

O dia 16 de junho de 1985 estava nublado e não raro chovia em Montreal, trazendo a perspectiva de chuva durante a corrida, mas a pista estava seca na hora da largada. Se todos conheciam o potencial da Lotus na Classificação, também sabia-se que o ritmo de corrida dos carros negros não era o mesmo e por isso ficar próximo de Senna e De Angelis era uma boa no começo de prova. Principalmente por que ambos largavam muito bem. Confirmando as expectativas, os dois carros da Lotus partem muito bem, com Elio de Angelis segurando o ímpeto de Senna, enquanto Alboreto os seguia de perto.

Na única surpresa da largada, Derek Warwick pula de 6º para 4º e o inglês da Renault, que não estava fazendo uma boa temporada, ficou firme atrás de Alboreto até sair da pista ainda na terceira volta, perdendo várias posições e a chance de dar o primeiro bom resultado a equipe francesa. Lá na frente, o duo da Lotus liderava, mas não demorou a aparecer os problemas. Senna entrou nos boxes ainda na quinta volta de forma bem lenta. Seu turbo não havia resistido. Isso deixava De Angelis sem seu escudo contra as duas Ferraris, que começavam a se aproximar. Na décima volta Alboreto começou a atacar seu compatriota na luta pela primeira posição e sempre que podia, colocava o bico de sua Ferrari ao lado da Lotus. Foram várias tentativas em vão!

O circuito de Montreal de 25 anos atrás tinha uma diferença para o atual. No lugar da reta oposta, onde a largada era dada, havia um 'esse' de altíssima velocidade e foi nesse local que Alboreto deu o bote em cima de Elio de Angelis, numa belíssima ultrapassagem, que fez o italiano da Lotus tirar o pé e ver Alboreto disparar à sua frente. Porém, ambos já tinham aberto uma ótima diferença para o terceiro colocado, Johansson, e a corrida ficou bastante estática nesse momento, sem muitas modificações entre os primeiros. Porém, Montreal era uma pista de alto consumo de combustível e não demorou para que alguns pilotos diminuíssem seu ritmo. Alboreto e De Angelis foram os primeiros, fazendo com que Johansson se aproximasse do piloto da Lotus. O motor Renault tinha muita potência, mas seu apetite voraz fez com que De Angelis perdesse não apenas a 2º posição, como também outras até o fim da prova. Porém, ainda havia mais drama.

O ritmo forte de Alboreto estava cobrando seu preço e o italiano praticamente se arrastava no final da prova, fazendo com que Johansson colasse na Ferrari de número 27. Briga pela primeira posição? Nunca com a Ferrari! Com Alboreto na liderança, a Ferrari colocou a velha placa 'SLOW' para seus pilotos, para que eles tirassem o pé e economizassem combustível, mas para bom entendedor, esse recado só um único destinatário: Johansson, não passe Alboreto! Contudo, o italiano estava tão lento que Johansson ficou preso e viu a rápida aproximação de Prost no final da corrida, mas o piloto da McLaren pouco fez para efetuar a ultrapassagem e assim a Ferrari conseguia sua primeira dobradinha em dois anos. Metros após a bandeirada, a resposta do pouco ímpeto de Prost foi dado quando o francês encostou seu carro na grama... sem combustível. Alboreto subia ao alto do pódio e começava a colocar uma diferença razoável em cima de Prost no campeonato, mas esse seria o melhor momento da Ferrari e de Alboreto na temporada.

Chegada:
1) Alboreto
2) Johansson
3) Prost
4) Rosberg
5) De Angelis
6) Mansell

2 comentários:

João Carlos Osório disse...

Maravilhosos anos '80!... Recordo essa corrida como se fosse hoje. A primeira dobradinha da Ferrari, na minha geração. Magnífico!
Antes dos problemas com o asfalto em Spa, onde mostrou que também seria candidato a vencer, Alboreto foi simplesmente imperial nas ruas de Monte Carlo. Não venceu mas conquistou a minha admiração para sempre. Foi épico!
Que saudades, Michele...

Anônimo disse...

- Relatos da prova:

- Foi a terceira e última pole na carreira do italiano Elio de Angelis na Fórmula 1;

- Primeiro podium com o 2º lugar do sueco Stefan Johansson (poderia ser a vitória se não fosse impedido pela equipe Ferrari de ultrapassar seu companheiro Alboreto (que claramente era o piloto para ganhar o campeonato mundial de pilotos) e

- A partir desta corrida e pouco percebido é que o Williams do inglês Nigel Mansell estava com o número 5 pintado de vermelho ("Red Five") no bico.