terça-feira, 22 de junho de 2010

História: 35 anos do Grande Prêmio da Holanda de 1975


Naquele momento da temporada, tudo levava a crer que Niki Lauda conseguiria seu primeiro título na F1. O austríaco vinha de três vitórias consecutivas e vinha fazendo uma temporada impecável em 1975. Nem mesmo o bicampeão Emerson Fittipaldi e muito menos o companheiro de equipe de Lauda na Ferrari, Clay Regazzoni, eram capazes de segurar o ímpeto do austríaco naquele momento. A McLaren não vinha em uma boa fase naquela altura do campeonato, enquanto a Ferrari se concentrava unicamente em Lauda, já que Regazzoni não vinha repetindo o ritmo do ano anterior, quando brigou com Fittipaldi até a última corrida de 1974 pelo título mundial.

Como não poderia deixar de ser, Niki Lauda conquistou sua 13º pole na F1 em Zandvoort, mesma pista que havia vencido em 1974. A verdade é que a Ferrari vinha sobrando em 1975 e Regazzoni corroborou com isso ao completar a primeira fila do grid. As demais equipes grandes não estavam bem na Holanda e James Hunt, com sua psicodélica equipe Hesketh, surgiu em terceiro, à frente de Tyrrell, McLaren e Brabham. Mesmo num carro de um time pequeno, Hunt já tinha mostrado todo o seu talento desde que entrou na F1 através da Hesketh em 1973 e sua ida para um time grande era questão apenas de tempo.

Grid:
1) Lauda (Ferrari) - 1:20.29
2) Regazzoni (Ferrari) - 1:20.57
3) Hunt (Hesketh) - 1:20.70
4) Scheckter (Tyrrell) - 1:20.74
5) Reutemann (Brabham) - 1:20.87
6) E.Fittipaldi (McLaren) - 1:20.91
7) Brise (Hill) - 1:20.94
8) Mass (McLaren) - 1:21.01
9) Pace (Brabham) - 1:21.06
10) Jarier (Shadow) - 1:21.10

Apesar de Zandvoort ser construído praticamente ao lado de uma praia holandesa, o dia 22 de junho de 1975 não estava muito adequado para um lindo de dia a beira do mar. A chuva se fez presente em Zandvoort e a pista estava molhada no momento da largada. Em Zandvoort, o fato de se correr com o piso escorregadio devido a chuva se agravava pelo fato da areia muitas vezes invadir a pista, causando mudanças de aderência a todo instante no asfalto holandês. Isso significava uma corrida com poquíssimo grip e a promessa de muitas emoções. Pensando também em resolver o problema da visibilidade, Lauda faz uma ótima largada e confirma a pole ao contornar a primeira curva na ponta, seguido por um espetacular Jody Scheckter, que havia pulado de 4º para 2º no arranque, deixando Regazzoni e Hunt para trás.

A pista estava claramente molhada no início, mas não chovia mais no momento da largada e até mesmo um tímido sol ajudava a secar o asfalto de Zandvoort. E criar uma enorme dor de cabeça para as equipes. Se hoje o pit-stop é algo comum e corriqueiro, nos anos 70 isso era uma anomalia e muitas vezes as equipes passavam uma temporada inteira sem trocar pneus durante uma corrida. Além disso, a estratégia era um mero fato de ficção científica e eram os pilotos que decidiam a hora de parar nos boxes, seja qual for o motivo. Por isso, em situações como essa no Grande Prêmio da Holanda de 1975, as equipes deviam estar preparadas para receber seus pilotos a qualquer momento, até porque a partir da quinta volta da corrida o piso estava claramente seco.

Praticamente definindo os rumos da prova, James Hunt tomou a iniciativa de ser o primeiro piloto a se aventurar nos boxes para trocar seus pneus para chuva pelos slick para piso seco. A estrutura para se fazer um pit-stop chegava a ser amadora, em comparação a hoje, e por isso não raro pilotos estouravam seus motores por passar tempo demais parado nos boxes, sem que o propulsor recebesse a refrigeração devida. Como esperado, uma romaria de carros foi aos boxes nas voltas seguintes, com as posições sendo trocadas a todo instante, até que na volta 16 a corrida se acalmou e a nova classificação dos seis primeiros tinha, na ordem: Hunt, Jarier, Lauda, Fittipaldi, Scheckter e Regazzoni.

Hunt e Jarier se aproveitaram do maior tempo com pneus slicks e abriram uma boa diferença para Lauda, que tinha o carro mais rápido da pista até começarem as paradas. Com a pista ainda úmida, os pilotos ainda tateavam a melhor forma de andar rápido e por isso não houve muitas trocas de posição, apenas com Fittipaldi sendo ultrapassado por Scheckter e Regazzoni quando a prova atingia sua metade. Sentindo-se cada vez mais confiante, Lauda começava a aumentar seu ritmo e se aproximou da Shadow, que não repetia o bom início de temporada, de Jarier, mas o francês vendeu caro sua posição, até porque Jarier tentava um melhor cockpit para 1976 e aquela era uma ótima chance de aparecer frente aos demais chefes de equipe. O francês segurou a poderosa Ferrari de Lauda até onde pôde, mas o austríaco finalmente efetuou a ultrapassagem na volta 44 e partiu em perseguição a Hunt. Infelizmente, o esforço de Jarier em manter Lauda atrás de si foi demais para seus pneus e o francês acabaria rodando duas voltas mais tarde, após um furo no pneu, acabando sua corrida ali mesmo.

Já com pista seca e o sol brilhando, Lauda foi para cima de Hunt, mas o austríaco sabia que não teria vida fácil. Contemporâneo de Hunt nos tempos de F3, Niki Lauda sabia da agressividade e da vontade do inglês em conseguir vingar no automobilismo e por isso tinha consciência de que Hunt faria o possível e o impossível para se manter na ponta e conquistar sua primeira vitória na F1. Como esperado, Lauda se aproximou de Hunt na volta 60 e a pergunta era: o piloto da pequena Hesketh teria tanta força de vontade em segurar o embalado Niki Lauda em sua poderosa Ferrari por 15 voltas? A resposta foi dade com um pilotagem forte e segura de Hunt, praticamente não dando chances da Lauda, que não ficou mais de que meio segundo atrás da traseira do carro branco de número 24 da Hesketh. James Hunt não se desconcentrou um minuto sequer e conseguiu sua primeira vitória na F1 e da Hesketh, com Lauda três décimos atrás. Com Scheckter tendo o motor estourado no final da prova, Regazzoni completou o pódio. Essa vitória acabaria sendo o último suspiro de competitividade da Hesketh, que sofreria um declínio sem retorno até acabar no final da década. Já Hunt aparecia como grande piloto em potencial e travava sua primeira grande disputa com aquele que seria seu maior rival nas pistas.

Chegada:
1) Hunt
2) Lauda
3) Regazzoni
4) Reutemann
5) Pace
6) Pryce

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