sexta-feira, 18 de junho de 2010

Um dia para esquecer

Para os mais novos, nenhum final de semana foi tão ruim para a F1 como aquele do Grande Prêmio de San Marino de 1994. Foi um piloto seriamente ferido (Barrichello) e dois mortos (Ratzenberger e Senna), com o agravante de um dos mortos ter sido a maior estrela de então. No caso, Senna. Porém, há cinquenta anos atrás houve um final de semana tão trágico como naquela primavera italiana de 1994.

Spa-Francorchamps nos primórdios da F1 era uma pista ainda mais desafiadora do que a atual. E também mais perigosa. Seus 14km escondiam pelas retas e rápidas curvas uma pista insegura e que muitos não gostavam pela falta de garantias de sair vivo após uma saída de pista. E os treinos para a edição da corrida de 1960 começaram de mal a pior. Stirling Moss, a maior estrela da F1 da época, sofreu uma quebra mecânica e seu Lotus saiu da pista. Como não se usava cinto de segurança, Moss foi jogado para fora da pista e o inglês teve as duas pernas quebradas. Pior viria mais tarde. O estreante Mike Taylor, que corria em uma segunda equipe particular da Lotus, sofreu um seríssimo acidente ao se espatifar contra algumas árvores. Taylor sofreu várias fraturas em todo o corpo, mas teve sorte em poder contar história, mesmo com sua carreira no automobilismo tendo terminado naquele mesmo dia.

Com um treino tão acidentado, a F1 não esperava algo pior na corrida. Mas, infelizmente, o domingo seria ainda mais sombrio para a categoria. A promessa inglesa Chris Bristow, com um Cooper particular, fazia uma bela corrida e estava na zona de pontuação, mas sofria ataques ferozes do belga Willy Mairesse, da Ferrari. Na volta 19, um toque de Mairesse fez Bristow perder o controle do seu Cooper na famosa (e perigosa...) curva Malmedy e o inglês acabou sendo jogado para fora do seu carro. Infelizmente, o piloto de 22 anos bateu forte a cabeça e teve morte quase imediata.

Enquanto o corpo de Bristow era retirado da pista de Spa, outra tragédia ocorreria apenas cinco vltas mais tarde. E de uma forma tão trágica como bizarra. Alan Stacey era considerado o segundo piloto da equipe oficial da Lotus e uma espécie de aprendiz, ao lado de Jim Clark. Largando em 16º, Stacey fazia uma boa corrida de recuperação e com o acidente fatal de Bristow, passou a ocupar a 6º posição e se preparava para marcar seu primeiro ponto na F1. Então, na reta Masta, Stacey é atingido na cabeça por... um pássaro. O inglês desmaiou e seu Lotus saiu da pista e seu corpo foi jogado longe. O matando na hora também. Stacey tinha 26 anos.

Mesmo com duas mortes em menos de 25 voltas, o Grande Prêmio da Bélgica continuou e a vitória ficou com Jack Brabham. Mas como ocorreria 34 anos mais tarde, não haveriam comemorações no pódio.

Jim Clark viu dois dos seus melhores amigos morrerem na pista e pensou seriamente em parar de correr, mas o escocês mudou de idéia mais tarde. Porém, Clark passou a odiar o circuito de Spa, mas isso não o impediu que vencesse sua primeira corrida na F1 na pista belga dois anos mais tarde, provando todo seu profissionalismo e talento. Como que provando que o dia 19 de junho não traz muitos boas lembranças à F1, 45 anos depois a categoria chegou a um dos seus piores dias quando 14 dos 20 carros que participariam do Grande Prêmio dos Estados Unidos de 2005 desistiram após a volta de apresentação devido a um defeito crônico nos pneus Michelin durante os treinos. Apenas seis carros correram naquele dia e aquele fiasco selou o fim do Grande Prêmio dos Estados Unidos apenas dois anos mais tarde.

De formas diferentes, foram dois dias tristes para a F1. Muito se falou que o 'F1asco', como ficou conhecido o episódio em Indiánapolis, tinha sido o pior momento da F1, mas o que aconteceu em 1960 é considerado por muitos como o final de semana mais negro da história da F1.

Um comentário:

Ivam disse...

Como diria o Sr Omar: "Trágico"