terça-feira, 8 de junho de 2010

História: 40 anos do Grande Prêmio da Bélgica de 1970


Spa-Francorchamps era sinônimo de emoção para os pilotos desde o início da F1. Uma verdadeira pista de estrada, a rodovia que ligava Spa a Francorchamps, passando por pequenas cidades trazia muita adrenalina aos pilotos ao longo dos seus mais de 14 quilometros, porém, a falta de segurança também tinha tirado algumas vidas e provocado sérios acidentes. Em um deles, em 1966, deixou Jackie Stewart seriamente ferido e o escocês começou a empreender uma luta feroz por mais segurança nas pistas. Como não podia deixar de ser, o primeiro circuito visado por Stewart foi Spa e o circuito belga não recebeu a F1 em 1969. Foram feitas várias reformas e Spa-Francorchamps retornava ao calendário da F1 em 1970.

A rápida pista que cortava a floresta das Ardennes trazia um ultraprofissional Jackie Stewart mostrando que, mesmo ainda contrariado com as condições de segurança em Spa, ele poderia ser rápido e marcou mais uma pole em sua vitoriosa carreira. A Lotus levou à Bélgica o modelo 72, para desgosto de Rindt, que achava os carros inseguros, mas o austríaco também mostrava a velocidade do modelo e marcava o segundo tempo. Enquanto a March-Tyrrell teria um carro a menos com a aposentadoria precoce de Johnny Servoz-Gavin, por um insólito acidente de estrada, a Ferrari agora teria dois carros, com o segundo bólido ficando com o italiano Ignazio Giunti. E o italiano não fez feio, ficando entre dez primeiros, a poucas posições da estrela da equipe, Jacky Ickx.

Grid:
1) Stewart (March) - 3:28.0
2) Rindt (Lotus) - 3:30.1
3) Amon (March) - 3:30.3
4) Ickx (Ferrari) - 3:30.7
5) Brabham (Brabham) - 3:31.5
6) Rodriguez (BRM) - 3:31.6
7) Stommelen (Brabham) - 3:32.0
8) Giunti (Ferrari) - 3:32.4
9) Peterson (March) - 3:32.8
10) Siffert (March) - 3:32.9

O dia 7 de junho de 1970 tinha um clima firme em Spa e por isso, não havia grandes riscos de chuva, pois o tempo volátil na Bélgica era conhecido de todos. Assim como a primeira fila, com Stewart, Rindt e Amon, poderia trazer grande emoção para a largada. Como na época a primeira fila largava alingada, tudo o que Rindt teve que fazer foi acelerar mais rápido e chegar a Eau Rouge na frente, deixando seus companheiros de primeira fila para trás. Porém, Chris Amon usou a potência do seu Cosworth, mas a boa aerodinâmica do March, para superar o austríaco ainda na reta Kemel. Stewart, com o mesmo carro de Amon, mas de equipes diferentes, também ultrapassou Rindt e pulou para segundo.

Apesar dos parcos resultados, ninguém duvidava do talento de Amon e o neo-zelandês começou a imprimir um ritmo forte, enquanto Stewart lutava para permanecer na briga. Os dois trocaram de posições na briga pela ponta da corrida nas voltas iniciais. As longas retas proporcionavam o vácuo, algo notório em ovais e em Monza, antes das chicanes. Porém, Pedro Rodriguez se aproximava do pelotão da frente, usando a força do motor BRM, que junto com a Ferrari e Matra, quebrava o monopólio da Ford-Cosworth na F1. Com um pesado, mas potente V12, o mexicano ultrapassou Rindt ainda na terceira volta e rapidamente se juntou a Amon e Stewart. Em voltas consecutivas, Pedro Rodriguez assumiu a primeira posição na 5º volta, sendo fortemente pressionado por Amon, enquanto Stewart perdia contato com os líderes.

Jack Brabham fazia outra corrida belíssima, após o seu pesadelo pessoal em Mônaco e rapidamente passou a atacar Rindt, Ickx e Stewart na briga pela 3º posição. Quando finalmente ultrapassou Stewart na nona volta, Brabham saiu da pista quando não viu uma poça de óleo, mas o australiano voltou à pista rapidamente e em pouco tempo ultrapassou Ickx e Stewart, já que Rindt havia abandonado a pouco tempo. As posições ficam estáticas, mas logo haveriam mudanças, quando Stewart e Brabham abandonaram em poucas voltas e isso fazia com que Ickx assumisse a terceira posição, seguido pelos dois carros da Matra, Jean-Pierre Beltoise e Henri Pescarolo. Os dois franceses faziam um ótimo trabalho, já que haviam largado nas últimas posições.

E o trabalho da Matra ficou ainda mais aparente quando Ickx tem problemas em sua Ferrari e tem que ir aos boxes para consertos. Isso significava que Beltoise assumiu um lugar no pódio, seguido de perto por Pescarolo. Após uma briga feroz com Chris Amon, Rodriguez segurou a ponta por toda a corrida e repetiu o resultado que havia conquistado com a Porsche no Mundial de Marcas, vencendo em grande estilo em Spa. Amon se contentou com a segunda posição e até diminuiu o ritmo nas voltas finais, pois seu carro já apresentava problemas de câmbio. A festa da Matra só não ficou completa porque Pescarolo teve problemas elétricos na última volta da corrida, mas Beltoise completou o pódio, enquanto Giunti marcava pontos logo em sua estréia pela Ferrari. Spa proporcionou uma bela corrida em 1970, mas os pilotos não estava satisfeitos com o nível de segurança na famosa pista belga. Tanto a GPDA pressionou que Spa passou treze anos fora da F1. E esta acabaria sendo a última corrida da categoria no tradicional traçado de 14 quilometros.

Chegada:
1) Rodriguez
2) Amon
3) Beltoise
4) Giunti
5) Stommelen
6) Pescarolo

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