segunda-feira, 12 de julho de 2010

A Copa que vi toda!


Posso dizer que um dos principais motivos de tirar férias nesse meio do ano foi para assistir a Copa do Mundo no sossego da minha casa (as outras se referiam a um merecido descanço, tentar curar o meu incurável problema no tornozelo direito e também sentimentais). Assisti a praticamente todos os jogos desta Copa e vi uma primeira rodada preocupantemente ruim, mas a Copa foi melhorando aos poucos, na medida em que os jogos foram ficando decisivos e a vitória era imperativa.

Houve várias reviravoltas, com times evoluindo e outros decepcionando. Inglaterra foi um fiasco impressionante, com seus jogadores importantes fazendo jogos incrivelmente ruins. Mereceu sair de quatro frente a Alemanha, ainda com as penas de Robert Green. Já vi muitas equipes se despedaçarem por causa de jogadores desagregadores, mas a França foi o primeiro caso de um técnico desagregador acabar com um time, onde o resultado foi uma atuação vergonhosa e uma crise anunciada. O vice-campeonato em 2006 apenas mascarou os problemas entre técnico e jogadores. A campeã Itália era um time sem imaginação, cuja lendária defesa caiu justamente por causa do seu grande pilar, Fabio Cannavaro, que fez uma péssima Copa. Sem nenhum meia criativo e atacantes bem mais ou menos, a eliminação na primeira fase foi merecida, entrando na história junto com a França como a primeira dupla de finalista da Copa anterior a cair ainda na primeira fase.

Fomos à segunda fase com algumas surpresas, mas também torci contra times que mostraram um futebol amplamente medroso. Vibrei quando o Chile fez o gol da vitória em cima da Suíça, praticamente tirando o péssimo time europeu da parada. Quando os hélveticos precisavam fazer gol, foram desclassificados contra Honduras. Quando a Grécia ganhou, num belo jogo, da Nigéria temi a repetição da Euro2004, quando os gregos tinham um time fraco, mas foi campeão aos trancos e barrancos. Ainda bem que os reservas da Argentina trataram de derrotar os gregos, que nem precisando fazer gols, saíram da defesa. A Eslovênia até tinha um time organizado, mas feio de se ver. Ganhou na sorte no 'clássico' da primeira fase, contra a Argélia, e protagonizou um belo jogo contra os Estados Unidos. Prevendo sua classificação, os eslovenos não se importaram muito em perder para a Inglaterra, mas os americanos, no outro jogo do grupo, fizeram o gol que tiraram a Eslovênia das oitavas-de-final no finalzinho. E haja chorôrô!

No primeiro grande clássico da Copa, talvez o jogo mais marcante de 2010. Alemanha e Inglaterra fizeram um bom jogo, onde os alemães mostraram um futebol vistoso e os ingleses tentaram se recuperar da péssima primeira fase, mas o gol legítimo não considerado por Jorge Larrionda praticamente sepultou os ingleses, que viram Tomas Müller e Özil os golearem nos temíveis contra-ataques alemães. Mais tarde, outra arbitragem ruim ajudou a agressiva Argentina se classificar para as quartas. O time era envolvente, com Messi jogando bem, mesmo sem marcar gols. Porém, estava claro que, na hora que os portenhos pegasse um time organizado, a defesa entregaria a rapadura. Contra os organizados alemães, a Argentina tomou de quatro e Maradona chorou suas mágoas, enquanto nos lembraremos do seu comportamento espalhafatoso na beira de campo. A parte de cima das oitavas era muito mais forte que a parte inferior. Além de Alemanha e Argentina, ainda havia a Espanha.

Num clássico ibérico, os espanhois derrotaram Portugal, que preferiu sacrificar Cristiano Ronaldo para se defender melhor. A Espanha não começou bem, mas após a surpreendente derrota ante a Suiça, ganhou seu grupo mostrando um futebol vistoso, mas de poucos gols. O resultado de 1x0 sobre os lusos era o exemplo disso. Ao invés da Itália, a Espanha enfrentraria o Paraguai, que de bonito só tinha Larissa Riquelme e sua bela comissão de frente. Após derrotar o Japão num dos piores jogos da Copa nos penaltis, os paraguaios deram muito trabalho a Espanha, perdendo por 1x0 (novamente!) após perder um penalti e um gol cara a cara com Casillas no final da partida.

Na parte de baixo da tabela, ninguém duvidava que o Brasil caminharia serelepe rumo a final. Sem possíveis confrontos com França e Inglaterra, o maior adversário do Brasil seria a Holanda até a final. Porém, o principal inimigo da Seleção era o próprio clima formentado por Dunga, que brigou com meio mundo para dizer que estava certo, mesmo quando olhava para o banco e dava de cara com Julio Baptista, Kléberson e Grafite, ao invés de Ganso e Ronaldinho. Foi uma primeira fase em que o Brasil apenas jogou bem contra Costa do Marfim, mas ainda assim perdeu Elano, um dos poucos destaques do time, para o resto da Copa pela violência marfinense. Com Kaká convalescente e Robinho se escondendo nos momentos mais agudos, o Brasil seguiu para enfrentar a Holanda. Ao contrário do que pregariam os adoradores do futebol-arte, Brasil e Holanda não praticariam um futebol bonito. Os dois times estavam mais preocupados em se defender e mesmo com três atacantes, os holandeses eram criticados dentro de casa por causa do seu pragmatismo. Ao invés de um futebol vistoso, era esperado um futebol duro. O Brasil começou bem, vencendo no primeiro tempo, mas uma falha de Júlio César e a esperada presepada de Felipe Melo destruíram os nervos do Brasil, que permitiram a virada da Holanda e o hexa ficou para 2014, onde o Brasil terá a obrigação de superar em organização a África do Sul, que fez uma Copa muito bonita, com certeza, mas com algumas improvisações.

Passando pelo Brasil, o caminho parecia fácil para a Holanda, mas os europeus teriam que encarar a maior surpresa da Copa. O tradicional Uruguai chegou à África com um bom ataque, formado por Luisito Suarez e Diego Fórlan, e uma defesa forte, comandada por Lugano, um xerifão uruguaio genuíno. Porém, todos apostaram que o Uruguai se despediria na primeira fase, perdendo para os anfitriões da África do Sul, da decadente França ou do emergente México. Porém, os uruguaios meteram 3x0 na África do Sul e após uma outra vitória sobre os mexicanos, garantiram o primeiro lugar do grupo para enfrentar a Coréia do Sul, pela primeira vez passando de fase sem a ajuda da arbitragem. Uma vitória sobre os coreanos garantiram o Uruguai a enfrentar Gana e protagonizar um dos momentos célebres da história da Copa. O empate de 1x1 levou o jogo das quartas para a prorrogação. Sem Lugano, machucado, e Fórlan muito cansado, o Uruguai foi pressionado por Gana e no último minuto, Suárez meteu a mão na bola para evitar o gol certo ganês. Penalti e Suárez expulso. Enquanto chorava rumo ao vestiário, Suárez ouviu o chute de Asamoah Gyan se chocar contra o travessão. O mesmo pênalti que mataria os uruguaios, fez a Celeste Olímpica passar para as semis, após 40 anos, com uma cavadinha de El Loco Abreu. Porém, cansados e sem Suárez, o Uruguai não superou a Holanda, mas a velha garra uruguaia deu trabalho aos laranjas, com um 3x2 emocionante. A boa forma de Fórlan acabou fazendo que o uruguaio fosse escolhido o Melhor Jogador desta Copa, numa decisão inacreditável antes do primeiro jogo deste Mundial.

Novamente na final, a Holanda esperava por um novo confronto com a rival Alemanha na finalíssima. Porém, a Alemanha teria que derrotar a Espanha, que havia os batido na final da Eurocopa 2008, e o polvo Paul. Sim, um polvo profeta roubou a cena prevendo os resultados da Seleção alemã e Paul previu que os tedescos perderiam para os ibéricos. E não é que, com mais um 1x0, a Espanha acabou com o sonho do tetracampeonato dos alemães. Porém, a Alemanha acabaria a Copa em terceiro com um belo futebol e as grandes revelações Müller e Özil prevendo um belo futuro para os alemães, mesmo não contando mais com Miroslav Klose, que com seus quatro gols ficou na vice-liderança no ranking de artilheiros da história da Copa do Mundo.

Holanda e Espanha fizeram uma final às avessas. O futebol vistoso era esperado pela Espanha, enquanto o pragmatismo ficaria para os holandeses. Para alegria dos catedráticos do futebol, o polvo Paul previu uma vitória espanhola. E os espanhois foram para frente, fazendo que a Holanda apenas se defendesse no primeiro tempo. Algumas vezes com violência, fazendo com que essa final fosse a que tivesse mais cartões amarelos na história das finais. Porém, a Holanda quase marcou duas vezes com a combinação Sneijder-Robben, com o segundo perdendo dois gols cara a cara com Casillas, o melhor goleiro deste mundial. Chegou a prorrogação e com ela, o cansaço da defesa holandesa, que apelava e viu Heitinga expulso. A Espanha perdia chances, mas um lançamento de Fabregas achou Iniesta, que tinha ido mal no tempo normal, mas desabrochado na prorrogação, na grande área, desmarcado e o meia do Barcelona marcou o gol do título quando faltavam quatro minutos para o fim.

Espanha Campeã Mundial! Casillas levantou o trófeu emocionado e depois beijou outro 'trófeu', sua bela namorada. Apesar de ter Xavi, Villa, um dos artilheiros deste mundial, além do próprio Iniesta, a Espanha ficará marcada por um volume de jogo coletivo impressionante, onde seus jogadores de meio-campo fizeram a diferença, retendo a posse de bola e fazendo a bola rodar. Seu ataque, desfalcado de um Fernando Torres totalmente fora de forma, não foi um campeão de bolas nas redes, mas o time funcionou na hora certa e mereceu este título pelos ótimos jogadores que tem e pelo seu estilo de jogo.

Pois bem, esta Copa assisti quase que na íntegra. Me decepcionei nos primeiros jogos, mas valeu a pena ver ter ficado em casa vendo ótimos jogos, como os que envolveu a Alemanha, a Argentina, os emocionantes Uruguai x Gana, Espanha x Paraguai, EUA x Eslovênia, Grécia x Nigéria, Uruguai x Holanda e por aí vai. As férias acabaram, mas se tornaram férias eternas quando voltei a empresa, mas estou mais do que preparado e confiante para essa nova fase em minha vida. Apesar das 15 sessões de fisioterapia, meu tornozelo ainda incomoda, mas ei de melhorar. Quanto ao problema sentimental... bem, esse está complicado, pois agora estou longe, mas ficarei bem, tenho certeza! De qualquer forma, 2014 está logo ali e será aqui. Se Deus quiser, estarei presente, até mesmo nas arquibancadas do Castelão. Até lá, teremos quatro anos em que nossas vidas mudarão e tenho fé que para melhor!

3 comentários:

Arthur Simões disse...

Ao contrário de você,essa foi uma das Copas que eu menos vi e a que eu fiquei menos empolgado.

Já não via a hora de tudo acabar para voltar a ver jogos do meu time de verdade.E ver se o novo treinador é bom mesmo.
Você deve conhece-lo melhor,né?hehehehe

Sobre a Copa,só fiz questão de assistir os jogos das seleções africanas.
Toda Copa torço para elas,mas está difícil...
Por sinal,estou pior que o Mick Jagger.Em TODOS(!!) os jogos que vi,a seleção que torci perdeu.Menos,é claro,os jogos vencidos pelo Brasil,Gana e EUA.
Espero que a urucubaca saia e o Vasco se recupere no Brasileiro...

Estou com uma sensação estranha.
Parece que o ano vai começar realmente agora.

Boa sorte com tudo por aí.

Abraço!

João Carlos Viana disse...

Tb torço Vasco, mas ñ me conformei em ter visto o PC saindo do meu Vozão...

Ron Groo disse...

Sortudo por um lado. Viu a copa na tranquilidade.

Azarado por outro. Pareceu campeonato paulita de 90. Muita ruindade e final entre dois times pequenos.