Apesar de aparentemente Monza, Zeltweg e Hockenheim serem os circuitos mais rápidos da F1 até a década de 80, principalmente por causa de suas enormes retas, a verdade era que Silverstone era o circuito mais veloz da Formula 1 naqueles tempos, por causa de suas rapidíssimas curvas e poucas freadas fortes. Apenas a chicane Woodcote travava um pouco o veloz traçado de Silverstone e não por coinscidência, era um dos favoritos dos pilotos naquele momento.
No auge dos motores turbo e suas especificações especiais de Classificação, a expectativa era enorme para a um tempo muito baixo na Classificação. A BMW era conhecida pelos seus extremamente potentes motores especiais de Classificação e vinha motivada com a vitória de Piquet na última corrida na França. Nelson Piquet diria anos mais tarde que nunca se soube a real potência desses motores porque o dinâmometro só marcava até 1.250 cavalos. E o motor continuava debitando potência! Porém, a Honda era o motor do momento e proporcionou a Keke Rosberg, com seu Williams, a incrível média de 259,005 km/h e o finlandês ficou quase 20 anos como o recordista de média de velocidade na F1. O detalhe foi que Rosberg completou a volta com um dos pneus furados...
Grid:
1) Rosberg (Williams) - 1:05.591
2) Piquet (Brabham) - 1:06.249
3) Prost (McLaren) - 1:06.308
4) Senna (Lotus) - 1:06.324
5) Mansell (Williams) - 1:06.675
6) Alboreto (Ferrari) - 1:06.792
7) De Cesaris (Ligier) - 1:07.448
8) De Angelis (Lotus) - 1:07.581
9) Tabi (Toleman) - 1:07.678
10) Lauda (McLaren) - 1:07.743
O dia 21 de julho de 1985 estava nublado em Silverstone, mas apesar do temor inicial de uma chuva fazer parte da prova, a pista estava seca e não havia perspectiva de chuva durante a prova. Além de ser ótimo em uma volta rápida, outra característica importante de Senna que estava ficando claro em seus primeiros anos como piloto de ponta era como ele sempre largava bem. Perfeccionista ao extremo, o brasileiro queria ficar à frente o mais rápido possível e disparar na ponta. Sempre que podia, Senna fazia isso. Mesmo largando em quarto, Ayrton consegue uma largada espetacular, se aproveitando da indecisão dos protagonistas da primeira fila, que patinaram bastante, em particular Piquet. Apesar da péssima largada, Rosberg acabou atrapalhando Prost e ainda segurou a segunda posição, fazendo que o francês fosse ultrapassado por Mansell e caísse para quarto. Piquet havia caído para sexto.
Um acidente no meio do pelotão envolvento quatro carros ainda na primeira curva não atrapalhou o andamento da prova e Senna rapidamente se distanciava do pelotão da frente, enquanto uma surpresa azul vinha detrás. Apesar de italiano, Andrea de Cesaris fez toda sua carreira de base na Inglaterra e conhecia Silverstone como poucos. Com um bom motor Renault em seu Ligier, o italiano largou bem e na segunda volta ultrapassou Prost para assumir o 4º posto. Não demorou e De Cesaris estava pressionando Mansell, que vinha numa temporada apagada até então, e tomou do inglês a 3º posição. Prost assistia toda a disputa de camarote, preferindo conservar pneus e, principalmente, combustível. Como era um circuito em que a potência era usada quase que na totalidade, o consumo era muito alto e não raro, pilotos abandonavam corridas em Silverstone com pane seca.
Porém, quando viu um Mansell escorregar numa poça de óleo na Stowe, Prost aumentou seu ritmo e após herdar a posição do inglês da Williams, que também sofria com problemas de embreagem, Prost passou a atacar De Cesaris, ultrapassando o italiano algumas voltas mais tarde numa bonita manobra na chicane Woodcote. Apesar da potência do motor Honda, os pilotos da Williams ainda sofriam com a baixa confiabilidade do propulsor japonês e por isso Rosberg preferiu não atacar Senna de imediato, mas não tardou ao turbo do seu carro apresentar problemas e o finlandês diminuiu seu ritmo. Prost aproveitou a deixa e rapidamente se aproximou do piloto da Williams, o ultrapassando limpamente na freada da Woodcote. Com seu estilo limpo de guiar, Prost começava a se aproximar de Senna. Grandes pilotos, os estilos de pilotagens de Senna e Prost eram totalmente diferentes, praticamente o extremo entre técnica (Prost) e habilidade (Senna).
Mais atrás, Rosberg abandonava a corrida na volta 21 quando o turbo do seu carro finalmente deu adeus e isso deixava Lauda, que tinha tido problemas na largada e caído para as últimas posições, assumir o 3º posto em mais uma excepcional corrida de recuperação do tricampeão. De Cesaris permanecia numa ótima 4º posição, mas quando o italiano não sofria um acidente, algo acontecia com ele e o piloto da Ligier abandonou com problemas de embreagem no terço final da prova. Isso fazia com que Alboreto, que batalhava ponto a ponto com Prost no campeonato, assumisse a quarta posição após uma dura disputa com Piquet. Contudo, Lauda tem problemas elétricos no final da corrida e deixa o lugar no pódio para Alboreto, aumentando a tensão na briga pelo campeonato. Restava a Prost fazer sua parte e vencer a corrida.
Prost sabia que para triunfar em Silverstone, teria que derrotar um piloto audacioso e determinado, como Senna havia demonstrado quando o francês tentou a ultrapassagem na chicane Woodcote e o brasileiro não teve pudor algum em fechar a porta com vontade. Prost passou a estudar as linhas de Senna, esperando um erro do piloto da Lotus, colado na traseira do mítico carro preto. Claramente Senna forçava muito seu Lotus, enquanto Prost apenas o perseguia, mas nas últimas voltas a briga esquentou de vez quando Prost ultrapassou o Senna e o brasileiro deu o troco na volta seguinte. A briga leventou a torcida e havia muitos retardatários a ultrapassar. Senna foi agressivo quando tentou colocar uma volta na Brabham de Marc Surer e foi fechado, fazendo com que Prost aproveitasse o vacilo de Senna e o ultrapassasse novamente. Na chicane Woodcote, Senna tentou deixar Surer para trás, mas o suíço o fechou novamente. Essa foi a deixa para que Prost conseguisse uma vantagem sobre Senna, que não se deu por vencido e forçou tudo na tentativa de recuperação. Porém, isso teve um preço. Forçando em demasia desde o início, Senna não se preocupou com o consumo de combustível e ficou a pé quando faltava cinco voltas. Pane seca. Prost vencia ao seu modo, utilizando a inteligência para saber quando atacar na hora certa, sem destruir seu carro. Era o típico Alain Prost. Porém, o francês pela primeira vez teve um encontro com um piloto que marcaria para sempre sua carreira.
Chegada:
1) Prost
2) Alboreto
3) Laffite
4) Piquet
5) Warwick
6) Surer
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