Há certas frases simples e antigas, mas que ainda valem e muito em nossa vida. "Nada como um dia após o outro." Às vezes, nem se precisam de dias, mas apenas de horas. Após a presepada da Ferrari na F1, a transmissão da F-Indy, já no domingo à noite, foi cheia de ironias e os twittadas eram ainda mais ácidas. "Agora vamos ver corrida de verdade", "Aqui não tem ordem de equipe" eram as frases mais ouvidas enquanto a etapa de Edmonton da Indy transcorria com domínio da Penske. Porém, no final da corrida um fato ainda mais inacreditável aconteceu, desta vez protagonizada pela direção da prova e pela própria organização da categoria.
O líder do campeonato e pole na corrida canadense Will Power liderava a prova em Edmonton com facilidade, mas era perseguido de perto pelo companheiro de equipe Helio Castroneves. A equipe Penske dominou inteiramente o final de semana e o terceiro piloto, Ryan Briscoe, chegou a ultrapassar os carros da Ganassi e promover uma tripleta da Penske, mas que foi desfeita durante as paradas. Porém, Power e Castroneves sempre ponteavam a corrida. Na última parada de box, Power saiu com os pneus duros, enquanto Helio voltou à pista com pneus moles. Não devemos nos esquecer que a Indy, assim como na F1, é obrigatório o uso dos dois tipos de pneus. Pois bem, com mais aderência, Helio Castroneves ultrapassou Power sem que o australiano lhe fechasse a porta. Atitude esquisita para quem liderava uma prova, porém mais tarde seria entendida.
Uma última bandeira amarela fez com que uma última relargada fosse realizada no finalzinho da prova e Power partiu para cima do companheiro de equipe, que lhe fechou a porta de forma acintosa, mas longe de ser anti-desportiva. Castroneves apenas deu a parte de fora para Power e o australiano acabou se atrapalhando, perdendo a segunda posição para Scott Dixon. A bandeirada foi dada, mas Tim Cindric, o engenheiro de Helio, parecia preocupado. Antes da corrida, Brian Banhardt, diretor-esportivo da IRL, tinha avisado aos pilotos que, mesmo em disputas por posição, o piloto atacado teria que deixar o lado de dentro para o adversário. Por isso Power praticamente cedeu a posição para Castroneves anteriormente. Apesar de completamente descabida, a punição ao brasileiro foi justa pelas regras totalmente inacreditáveis da IRL. Ultrapassagem é importante no automobilismo, mas a disputa de posição, após manobras agressivas e evasivas são o que dão graça ao automobilismo. Talvez querendo promover as ultrapassagens, a IRL tenha dado um tiro no pé ao tirar dos pilotos a chance de se defender e promover belas disputas na pista.
Contudo, um dos motivos dos quais não sou fã de Helio Castroneves foi mostrado após a corrida. Claramente irritado, o paulista de Riberão Preto foi tirar satisfações com o diretor da corrida e depois agarrou o colarinho de um comissário de pista. Uau! Que atitude! Tudo isso para pedir desculpas aos patrocinadores, equipes e torcedores pelas atitudes destemperadas e no calor do momento. Ah! Vai ser babaca assim lá longe, viu? Ver uma vitória como aquela ir embora daquela forma era para chamar todo mundo pra briga, dar um tapa no molenga Will Power, chamar o vencedor Scott Dixon de 'sem vergonha' por estar comemorando a vitória e dar uma voadora em Banhardt. Agora, pedir desculpas pelo que fez? Para quem? Eu achei foi pouco! Por isso que sempre achei que Helio Castroneves ainda está na Penske pelo seu carisma fora das pistas, aliado ao seu marketing pessoal.
Um pouco mais ao sul, a MotoGP fez sua primeira visita aos Estados Unidos na belíssima pista de Laguna Seca. Acho que a F1 devia correr lá, pois mesmo numa pista em que ninguém passaria ninguém, a curva saca-rolha e o ambiente inóspito traria um charme especial para uma teórica corrida na Califórnia. Jorge Lorenzo e Daniel Pedrosa estavam empatados em números de vitórias na MotoGP (10x10) e a expectativa era de um desempate no domingo. Porém, as estatísticas muitas vezes nos enganam e o que vimos foi um Pedrosa fraco mentalemnte entregar a vitória de bandeja para Lorenzo. Dani fez uma tradicional largada-relâmpago, mas logo foi alcançado por Lorenzo, que largara na pole, mas havia caído para 4º. Porém, quando todos esperavam uma disputa titânica entre os espanhóis, Pedrosa cai sozinho e Lorenzo pôde comemorar, vestido de astronauta, a décima primeira vitória e a certeza de que é melhor piloto espanhol da atualidade. E a questão do título de Lorenzo não mais 'se', mas 'quando'.
Além do acidente espetacular da Formula Truck, também houve a segunda corrida mais importante da Nascar, que é as 400 Milhas de Indianápolis. Sem o mesmo público da tradicional corrida de 500 Milhas da Indy, a Nascar viu Juan Pablo Montoya tentar vencer sua primeira corrida em oval e largando na pole, numa pista em que já venceu (mesmo há dez anos atrás...) o colombiano era um dos favoritos. E Montoya liderou a maior parte da prova, mas um erro de estratégia o jogou na oitava posição e, afobado, acabou se envolvendo num acidente. Para jogar sal na ferida, o vencedor foi seu companheiro de equipe e já desafeto Jamie McMurray, que no começo do ano havia vencido as 500 Milhas de Daytona, a principal prova da Nascar. Juntando com a vitória de Dario Franchitti nas 500 Milhas de Indianápolis, Chip Ganassi completou o triunvirato das principais corridas americanas do ano.
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