terça-feira, 5 de outubro de 2010

Batendo no vento?


Normalmente não gosto de diminuir feitos de grandes pilotos, como é o caso de Sebastien Loeb. O francês acabou de conquistar seu sétimo título seguido do Mundial de Rally numa festa inesquecível para ele, pois garantiu a taça com mais uma vitória na França, passando inclusive por sua cidade natal. Tudo muito bonito, mas vejo muitos poréns nesse título de Loeb.

O domínio do francês da Citröen foi brutal nesses últimos anos, a ponto de hoje Loeb ter o dobro de vitórias no ranking histórico do WRC, com 60 triunfos, ante as 30 vitórias de Marcus Grönholm, seu último grande rival e hoje está aposentado. E é aí aonde quero chegar. Sebastien Loeb deixou de ser um piloto especialista em asfalto no início da carreira para se tornar um piloto completo a ponto de vencer qualquer tipo de rally, mas o francês também se aproveitou de uma entressafra de talento no Mundial de Rally. Grönholm correu junto com Loeb até 2008, quando anunciou sua aposentadoria. O outro campeão em atividade em 2010, Petter Solberg, corre em uma equipe particular e claramente só anda bem no cascalho.

Nesse ano, os maiores adversários de Loeb foram pilotos muito jovens ou simplesmente de qualidade duvidosa. O vice-campeão Sebastien Ogier é tido como o substituto de Loeb dentro da Citröen e fez esse ano sua primeira temporada completa. O outro piloto da Citröen, Dani Sordo, vem se tornando um enorme cheque sem fundos, pois de piloto extremamente promissor, o espanhol só mostra algo a mais no asfalto, pisto de terreno que hoje é minoria no WRC. Os pilotos da Ford também tem seus problemas. Jari-Matti Latvala se tornou o piloto mais jovem a vencer uma etapa do Mundial em 2008, mas o finlandês sofre acidentes a uma taxa alarmante, principalmente para um piloto com alguma experiência como ele. Mikko Hirvonen, que fez uma ótima temporada em 2009, foi dispensado da Subaru em 2005 no meio da temporada por deficiência técnica...

E outro problema é justamente a falta de equipes de fábrica. Com apenas Citröen e Ford na disputa, ainda com a obrigação de alinhar apenas dois carros, a briga pela vitória muito restrita, bem ao contrário do que acontecia até pouco tempo atrás. No começo da década, além das duas montadoras citadas, também havia a Peugeot, Subaru, Hyundai e Mitsubishi. Cada uma alinhando, em média, três carros por rally. Isso indicava que havia pelo menos dez pilotos com chances reais de vitória, com diferentes carros. Por isso que em 2004 a briga pelo ranking de maior vitorioso da história da WRC entre as lendas Carlos Sainz, Colin McRae e Tommi Makkinen, não chegava a 27 vitórias. A briga na época era árdua e não havia a dominação que vemos com Loeb hoje em dia.

O francês tem seus méritos e hoje é uma lenda. Em 2003, de terceiro piloto da Citröen, derrotou os companheiros de equipe Sainz e McRae e brigou pelo título com Solberg. Em seu primeiro título, em 2004, Loeb derrotou Solberg e toda a força da Subaru, a equipe mais popular da história do WRC. Uma espécie de Ferrari off-road. Entre 2006 e 2008, enfrentou um Marcus Grönholm forte no seu Ford. E bateu o finlandes em todas as disputas. Ou seja, Sebastien Loeb é uma lenda do esporte a motor. Mas ultimamente sua parada está cada vez mais fácil.

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