sexta-feira, 8 de outubro de 2010

História: 10 anos do Grande Prêmio do Japão de 2000


O belíssimo circuito de Suzuka poderia ser mais uma vez o palco de uma decisão de campeonato na F1. Se Michael Schumacher vencesse no Japão, o ferrarista conquistaria seu 3º título, não importando a posição do seu rival Mika Hakkinen. A Ferrari estava em uma ótima fase, com Schumacher vencendo as duas corridas anteriores, mas Hakkinen tinha recordações mais felizes do circuito japonês, quando conquistou seus dois títulos em Suzuka.

Como não poderia deixar de ser, Schumacher e Hakkinen dominaram todos os treinos e isso se repetiu na Classificação. O duelo pela pole foi muito emocionante com Hakkinen e Schumacher tomando a pole um do outro durante toda a sessão, mas o alemão acabou ficando com a posição de honra, mesmo tendo feito uma tentativa a menos do que Hakkinen. Em sua última tentativa, o finlandês ficou apenas nove décimos atrás do seu rival, mas isso significaria oito menos de desvantagem com relação a Schumacher no grid. Com a disputa tão polarizada entre os dois contendores ao título, o resto era apenas isso. O resto.

Grid:
1) M.Schumacher (Ferrari) – 1:35.825
2) Hakkinen (McLaren) – 1:35.834
3) Coulthard (McLaren) – 1:36.236
4) Barrichello (Ferrari) – 1:36.330
5) Button (Williams) – 1:36.628
6) R.Schumacher (Williams) – 1:36.788
7) Irvine (Jaguar) – 1:36.899
8) Frentzen (Jordan) – 1:37.243
9) Villeneuve (BAR) – 1:37.267
10) Herbert (Jaguar) – 1:37.329

O dia 8 de outubro de 2000 estava nublado em Suzuka e a previsão de chuva a qualquer momento. Porém, a pista estava seca quando os pilotos completaram a volta de apresentação. Mesmo Suzuka sendo um circuito de ultrapassagens possíveis, quem conseguisse uma melhor posição na largada levaria uma ótima vantagem durante a prova e Hakkinen vinha se especializando em largadas relâmpagos. Confirmando as últimas corridas, o finlandês consegue uma ótima saída, contornando a Ferrari de Schumacher e lhe fechando a porta antes da primeira curva. Houve quem reclamasse da manobra de Hakkinen, mas o fato era que o finlandês conseguia uma vantagem decisiva sobre Schumacher. Coulthard permanecia na 3º posição e ficaria ali o restante da prova, enquanto Barrichello largava mal e caía para 6º, mas recuperaria duas posições durante as paradas, completando a corrida onde largou.

O que importava, naquele momento, era cada metro percorrido por Hakkinen e Schumacher no que poderia ser a decisão do campeonato ou o adiamento da luta pelo título entre os dois bicampeões. Mesmo com carros diferentes, Hakkinen e Schumacher andavam como relógios na rápida pista de Suzuka, com a diferença nunca diminuindo de 1s. Havia rumores que, conquistando 3º título consecutivo, Hakkinen se aposentaria da F1, enquanto Schumacher lutava para tirar a Ferrari do longo jejum de 21 anos sem comemorar um título de pilotos. Havia muito em jogo! Na décima volta, as primeiras gotas de chuva começam a cair, mas não a ponto de molhar a pista. Na volta 21, Hakkinen faz sua primeira visita aos boxes, completando seu pit em 6.8s. Era a primeira chance de Schumacher de tirar a liderança de Hakkinen, mas a Ferrari é um pouco mais lenta que a McLaren e as posições permanecem as mesmas.

A chuva fina intermitente e as ultrapassagens em cima dos retardatários permitiam Schumacher se aproximar ainda mais de Hakkinen. A corrida era ao mesmo tempo estática e tensa, pois McLaren e Ferrari não se desgrudavam e ainda havia uma parada a ser feita. Quando Hakkinen fez sua parada na volta 37, o finlandês tinha perdido 1s atrás de Pedro de la Rosa e Schumacher quase foi tirado da corrida por Zonta, com um toque acidental entre os dois enquanto o alemão colocava uma volta no piloto da BAR na chicane. Ao contrário da parada anterior, Schumacher permaneceu mais de uma volta na pista após o pit-stop de Hakkinen. O gênio Ross Brawn tinha colocado mais combustível para Schumacher ficar mais tempo na pista e o alemão andava o máximo que podia. Na volta 39, quando Schumacher se aproximava da entrada dos boxes, dá de cara com a Benetton de Alexander Wurz parada. O austríaco tinha acabado de rodar, mas Schumacher passa impávido por Wurz. A Ferrari trabalha de forma perfeita e Schumacher volta à pista com uma diferença de quase uma reta sobre Hakkinen.

A tabela de tempos revelou que Schumacher e Hakkinen registraram o mesmo tempo de entrada dos boxes e de permanência do pit-lane, mas Schumacher tinha sido 4.5s mais rápido que Hakkinen na volta de saída dos boxes. Hakkinen diria que teve problemas com seus pneus novos e a chuva havia aumentado um pouco naquelas três voltas cruciais. Porém, o que importava era que Schumacher estava na posição que queria. Faltando dez voltas para o final, Schummy tinha 5s de vantagem sobre Hakkinen, que ainda lutava para reverter um caso praticamente terminal. Tudo o que Schumacher fez foi levar sua Ferrari ‘para casa’ e receber a bandeirada que lhe confirmava como Campeão Mundial de 2000. O alemão vibrou como nunca e ao chega aos boxes foi abraçado por Jean Todt, Rubens Barrichello e Mika Hakkinen, magnânimo no momento da derrota. Apesar da alegria, Schumacher também dava sopros de alívio, pois o alemão sabia que havia tirado um peso enorme em cima dos seus ombros. Quando chegou a Ferrari no final de 1995, havia prometido que devolveria o títulos aos italianos em três anos, mas muita coisa aconteceu e Schummy chegou a quebrar uma perna tentando dar o título à Ferrari. Com dois anos de atraso, Michael Schumacher pagava sua aposta. Em Maranello, milhares de tifosi vibravam com o triunfo da Ferrari e esperavam por mais. Quando perguntado se agora podia relaxar, Schumacher disse que não e lançou um desafio. “Essa vitória pode ser o início de uma dinastia da Ferrari na F1.” Os anos seguintes provariam que essa frase era premonitória.

Chegada:
1) M.Schumacher
2) Hakkinen
3) Coulthard
4) Barrichello
5) Button
6) Villeneuve

Um comentário:

Sidney Andreato disse...

Uma das minhas corrida favoritas de todos os tempos e um momento histórico para o esporte!