sexta-feira, 22 de outubro de 2010

História: 15 anos do Grande Prêmio do Pacífico de 1995


Após sua espetacular vitória em casa, em Nürburgring, Michael Schumacher tinha o título de pilotos em suas mãos, pois precisava apenas de um 4º lugar nas três corridas restantes para se tornar o piloto mais jovem a se tornar bicampeão mundial, com apenas 26 anos. De saída da Benetton rumo ao desafio (muito bem remunerado, por sinal) de tirar a Ferrari de uma interminável crise, Michael Schumacher foi para os confins do mundo para tentar matar seu primeiro match point. O circuito de Aida, que Schumacher venceu em 1994, fica no interior do Japão e de difícil localização, onde parra se chegar, se levam horas. O traçado sinuoso e pequeno não permitia muitas ultrapassagens e por isso a Classificação seria essencial.

A Williams tentava suas desesperadas cartadas nas três provas do oriente e tudo o que Damon Hill precisava era de vitória, mas foi Coulthard que ficou com a pole, com Hill completando a primeira fila, numa Classificação muito acirrada. A FIA tinha decidido que os pilotos poderiam utilizar apenas sete jogos de pneus em todo o final de semana e Michael Schumacher tinha percebido que um set novos de pneus faria muita diferença na corrida. O alemão não fez muitas tentativas nos treinos e ficou com quatro jogos novos para a corrida. A dupla da Williams teria apenas dois jogos de pneus para a corrida. Isso seria fatal!

Grid:
1) Coulthard (Williams) - 1:14.013
2) Hill (Williams) - 1:14.213
3) Schumacher (Benetton) - 1:14.284
4) Alesi (Ferrari) - 1:14.919
5) Berger (Ferrari) - 1:14.974
6) Irvine (Jordan) - 1:15.354
7) Herbert (Benetton) - 1:15.556
8) Frentzen (Sauber) - 1:15.561
9) Panis (Ligier) - 1:15.621
10) Blundell (McLaren) - 1:15.652

O dia 21 de outubro de 1995 estava com um sol tímido no circuito de Aida para o que seria uma batalha entre os pilotos da Williams contra Michael Schumacher. Hill e Schumacher já haviam tido vários problemas ao longo da temporada, inclusive com dois incidentes polêmicos em Silverstone e Monza, quando ambos saíram da corrida. A FIA estava de olho, porém Damon Hill precisava de um bom resultado de qualquer maneira e quando as luzes verdes apareceram, o normalmente contido inglês fez uma largada agressiva, quando se viu na iminência de ser ultrapassado por Schumacher. O piloto da Williams jogou seu carro para cima do alemão, de forma acintosa, o que gerou reclamações de Schumacher após a corrida. A fechada foi tão forte, que abriu caminho para Alesi subir para segundo, enquanto Coulthard assumia a liderança com facilidade. Berger também tentou ultrapassar Hill, mas o inglês parecia estar com o 'cão nos couro', como se diz por aqui e fechou o austríaco da Ferrari, para minimizar o estrago provocado por ele mesmo e permanecer em terceiro, enquanto Schumacher era o maior prejudicado e caía para quinto.

Porém, Schummy não precisava ficar assim tão preocupado com relação ao título, pois Hill nem na liderança da corrida estava e o alemão contava com seus novos jogos de pneus. Isso começou a se manifestar quando o piloto da Benetton ultrapassou Berger ainda na quarta volta, indo para cima de Hill. Mais uma vez, o inglês não se importou muito em dar algumas fechadas no rival e isso fez com que Schumacher ficasse ainda mais irritado com Hill. Aida era um circuito que maltratava muito os pneus e como a corrida tem muitas voltas, alguns pilotos tentaram estratégias diferentes, com Hill e Alesi indo aos boxes já na 18º de 83 voltas de corrida, numa clara indicação que iriam parar duas ou até três vezes. Com Berger parando logo depois, Schumacher assumiu a segunda colocação, mas Coulthard tinha uma vantagem tranquila.

A corrida vinha sendo dominada pelos carros com motor Renault, com a Ferrari ainda tentando, com estratégias diferentes, reagir contra a força dos franceses. Mais atrás, a McLaren mostrava sua decadência com seus dois pilotos andando no pelotão intermediário. Mika Hakkinen ficou de fora por uma operação de apendicite e no seu lugar entrou o piloto de testes Jan Magnussen. O dinamarquês havia vencido o Campeonato Inglês de F3 em 1994 batendo o recorde de vitórias de Ayrton Senna e seu chefe de equipe, Jackie Stewart, disse que Magnussen seria um fenômeno parecido com o brasileiro. A McLaren acreditou na bravata do escocês e o contratou e Magnussen fazia sua aguardada estréia na F1, mas o dinamarquês esteve longe de fazer algo de relevante na corrida. E na sua carreira também...

Quando Coulthard fez sua parada, já tendo passado metade da corrida, Schumacher estava mais de 20s à frente do escocês e essa foi a senha para o alemão acelerar. Se quisesse superar Coulthard e seus adversários, Schumacher precisava 'baixar a bota' e assim o fez. A equipe Benetton foi perfeita e Schumacher estava andando cerca de 2s mais rápido do que qualquer piloto naquele momento. O alemão tinha receio de que Coulthard diminuísse seu ritmo para segurá-lo e trazer Hill nos seus retrovisores. Por isso, mesmo que a vitória não lhe garantisse o título, o alemão precisava sair dos boxes à frente de Coulthard. E assim o fez. O alemão fez as suas ainda não famosas ultrapassagens nos boxes e assumia a liderança da corrida para não mais perdê-la. Os pilotos da Williams ficaram desapontados e diminuíram seus ritmos, enquanto Schumacher recebia a bandeirada em primeiro e conquistava o bicampeonato com estilo. Mesmo com Briatore claramente chateado por ter pedido seu pupilo para a Ferrari, a Benetton vibrou muito com seu segundo título de pilotos e a perspectiva real do primeiro título de construtores. Enquanto Schumacher entrava definitivamente na história como um dos grandes da história ao conquistar dois títulos com um carro inferior, mas ele entraria na categoria de mito anos mais tarde.

Chegada:
1) Schumacher
2) Coulthard
3) Hill
4) Berger
5) Alesi
6) Herbert

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